quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Um almoço de peixe grelhado ou a estória de um adeus ao quintal ...

Não me lembrava do quão difíceis são as mudanças. O tempo que gastamos a seleccionar o que se quer e o que já não vale a pena guardar, de seguida colocar em caixotes, caixotes e mais caixotes. Mas o mais difícil ainda é decidir sobre as coisas a que não sabemos dar destino. Ao longo dos anos vamos acumulando coisas que achamos que nos serão muito úteis, usamos uma ou duas vezes e ficam caídas no esquecimento de uma prateleira ou de uma gaveta. Com as mudanças reaparecem - quase como um milagre! - e colocam-nos num dilema: guardar ou não guardar? Mesmo sabendo que as usámos apenas duas ou três vezes em anos a fio e que o mais provável é não voltarmos a usar, no final ainda temos dúvidas!? É curioso como nos agarramos aos objectos e pensamos sempre que talvez um dia, num futuro (muuuuito) distante, poderemos vir a precisar! :)

Nos últimos dias estive de volta das arrumações para a mudança, que ainda não está concluída, mas já falta muito pouco. Desta casa, uma das coisas que me vai deixar saudades é o quintal. Sempre que recebia visitas, pela primeira vez, em casa, regra geral tocavam primeiro para o andar debaixo e só depois de saberem que estavam enganados, tocavam para o (nosso) segundo. Curioso, um segundo andar ter quintal no meio de Lisboa, não é?

O quintal é um espaço mesmo muito especial. No meio da cidade, mas resguardado do reboliço citadino, com várias árvores, flores, ervas aromáticas e onde passei muitos bons momentos com a família e alguns amigos, quase sempre à volta da mesa. E antes de sair, no domingo passado aproveitei para ter o último almoço, a dois, no quintal. Como era no quintal, não poderia deixar de ser um grelhado. O peixe escolhido foi o sargo e a receita encontrei-a no livro de José Carlos Rodrigues, Grelhados - Um saber bem português, editado pela Casa das Letras, que muito nos acompanhou nas aventuras da grelha.


Ingredientes:
sargos para grelhar
sal
azeite
um raminho de poejos

1. Temperar os sargos colocando sal nas guelras.

2. Untar os peixes, se escamados, com azeite. Levar a grelhar.

3. Depois do peixe grelhado, salpicar com o poejo fresco picado e um fio de azeite.

O peixe fica muito agradável com o sabor do poejo. Acompanhei o peixe com uma salda mista de tomate, rábano e pimento verde assado.

O dia esteve solarengo e bonito. A refeição deixou-nos satisfeitos e reconfortados com a ideia da partida. No próximo sábado fazemos a despedida com a família.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Creme de batata-doce com avelãs torradas


A primeira vez que comi sopa de batata-doce assada com avelãs torradas foi no LA Caffé, na Avenida da Liberdade, em Lisboa. Na altura jantei com os meus amigos de sempre, a Sandra e o Nuno, e a seguir fomos ao Maxime ver um espectáculo do Miguel Guilherme onde, obviamente, me fartei de rir. Mas dessa noite guardei a vontade de experimentar fazer uma sopa de batata-doce assada.


Ingredientes:
1 kg de batata-doce assada
300 g de abóbora manteiga assada
1 chuchu cortado em pedaços pequenos
2 cebolas picadas
1 dl de azeite
avelãs torradas


1. Retirar a pele à batata-doce e à abóbora.

2. Numa panela, refogar a cebola picada no azeite. Adicionar o chuchu, deixar cozinhar um pouco em lume brando e com a panela tapada.

3. Adicionar a batata-doce e a abóbora. Temperar com sal a gosto. Tapar de água e deixar ferver um a dois minutos.

4. Triturar a base do creme. Servir com avelãs torradas.

A minha versão de creme de batata-doce com avelãs torradas é diferente da que comi no LA Caffé. Mas é mesmo isso, uma versão que destaca os dois ingredientes, a batata-doce e as avelãs.

A sopa fica muito agradável e a avelã torrada dá-lhe textura.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Bolo de marmelo assado com nozes


As receitas que se fazem, cá por casa, ultimamente são fruto da necessidade de gastar o que tenho. Não me agrada mudar de casa e ir com caixotes cheios de comida. Também será impossível consumir, no curto espaço que resta, o que tenho na despensa, mas mesmo assim vou tentando. :)

Da última vez que fui a Santarém trouxe um saco de marmelos com o objectivo de fazer marmelada. Mas o tempo tem passado, surgem outras prioridades e os marmelos continuam à espera. Um destes dias fiz um assado no forno e acabei por assar uns quantos marmelos. Deliciei-me com eles quentinhos, que adoro, e ainda sobraram. Com os que sobraram resolvi fazer um bolo.


Ingredientes:
2 copos de nozes picadas
2 copos de marmelo assado
2 copos de farinha com fermento
2 copos de açúcar
2 colheres de sopa de licor de marmelo
1/2 copo de óleo
7 ovos
2 colheres de chá de canela


1. Assar dois marmelos no forno. Limpá-los de peles e sementes de modo a que fique só a polpa.

2. Esmagar o marmelo para o bolo com um garfo.

3. Colocar todos os ingredientes numa taça e envolvê-los muito bem.

4. Levar ao forno numa forma untada com margarina.


O bolo fica meio húmido, saboroso e as nozes dão-lhe uma agradável textura. Excelente para um lanche.

A receita deste bolo de marmelo com nozes foi feita a partir deste bolo de noz com maçã assada que encontrei no Sapo Sabores, apenas substitui a maçã por marmelo e acrescentei o licor.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Jantar de flammes no Storik

No passado sábado fui jantar ao restaurante Storik, no Chiado, com a Margarida que nesse dia passou por Lisboa, a Carlota e a Manuela. A escolha do restaurante foi suada. Não calculava que fosse tão difícil marcar restaurante para um grupo de sete pessoas num sábado à noite. Depois de passarmos por alguns atendedores de chamadas, de telefonemas não atendidos, de restaurantes com mesas disponíveis só depois das 22h, a Carlota, ao passar no Chiado, acabou por marcar no Storik, que como já conhecia achou que iríamos gostar do conceito.

A imagem de marca do restaurante são as flammekueche - "flammes" para os entendidos ;) - prato alsaciano do norte de Estrasburgo, uma espécie de piza, com uma massa de pão bem fina e estaladiça, e com diferentes coberturas. As flammes, na base, não levam o molho de tomate, mas sim, crème fraiche e fromage blanc.

Começámos a nossa refeição com uma entrada de queijo mozzarella, tomate e rúcula. Fresca e agradável, mas sem surpresas.

Nas flammes, cada um pediu uma diferente para depois podermos partilhar. Para a mesa vieram flammes:

de presunto com melão e redução de vinho do Porto

de queijo da Serra com doce de abóbora

de morcela com maçã e canela

de chévre e mel

de parmesão e rúcula

de salmão com alcaparras e anchovas

de champignon.

Acompanhámos a nossa refeição com um vinho branco da Alsácia, Trimbach Riesling de 2008.

Gostei de descobrir as flammes. A base fez-me lembrar as bolachas de água e sal fininhas, e gostei imenso de algumas coberturas. Mas quem vai ao Storik a pensar que vai encontrar pizas, vai obviamente ao engano.

Para sobremesa escolhemos:

morangos salteados com vinho do Porto e gelado de baunilha, muito agradável,

tarte tatin de maçã, muito bem servida

e petit gâteau acompanhado com gelado.

O restaurante tem um ambiente moderno, cuidado, e o serviço é muito atencioso. No entanto, ficámos na sala com outro grupo, que se veio a revelar, muito barulhento! :(

O jantar foi muito animado, com conversas à volta dos blogues, de livros e leituras (fiquei com vontade de ler a obra Os vários sabores da vida, depois da descrição feita pela Margarida) e de ir ver, no cinema, a adaptação da obra Comer, Orar, Amar, que li nas últimas férias de verão.

Que venham mais encontros destes! ;)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Salada de Outono

Ao fazer zapping na televisão, ontem, apanhei o final de um programa com a jornalista Judite de Sousa sobre o fabrico de vinho na região do Douro. A parte que vi mostrava um lagar, um grupo de homens a pisar as uvas e a explicarem como o processo evoluiu ao longo dos tempos, o vinho a fermentar e o modo como se faz a escolha das uvas. Quando era miúda lembro-me de ajudar nas vindimas e de assistir, no lagar, à pisagem da uva e de ver os homens - esta era uma tarefa de homens - com as pernas manchadas de roxo avermelhado, pelas uvas. Deste processo também guardo o cheiro, intenso, simultaneamente doce com picos de azedo. Agora o processo mudou e a máquina faz quase tudo.

No feriado de 5 de Outubro, quando fui a Santarém, o meu irmão convidou-me a visitar a Quinta da Cortiçada, onde tive a possibilidade de assistir ao processo de fabrico do vinho, desde a chegada das uvas, a fermentação e por fim, a cave com os barris de carvalho americano e francês, onde fica a estagiar.

Se o Verão é a estação da abundância, o Outono também nos presenteia com o vinho, o azeite, a castanha, os dióspiros e as romãs. No sábado, encontrei dióspiros à venda e não resisti. Ontem, para o jantar resolvi fazer uma salada para quebrar a ditadura imposta pela despensa, que a mudança de casa exige.

Ingredientes:
1 dióspiro cortado em fatias finas
1 queijo mozzarella fresco cortado às rodelas
queijo feta
folhas de agrião
4 colheres de sopa de bagos de romã
cebolinho fresco picado
3 colheres de sopa de pistácios torrados
pimenta de moinho
azeite de trufa ou outro a gosto

1. Num prato ou taça misturar os ingredientes. Temperar com pimenta e azeite de trufa a gosto.

Já há algum tempo que deixei de colocar sal nas saladas. No início estranha-se um pouco, parece que a salada não está completa, mas pouco a pouco habituei-me e agora, acho que consigo tirar mais proveito do sabor dos ingredientes.

Esta salada foi inspirada nesta receita do sítio Williams-Sonoma.

domingo, 17 de outubro de 2010

20 Bolos apetitosos para fins-de-semana gulosos ...

Sabe tão bem sentir o aroma de um bolo a cozer no forno. Os fins-de-semana são a altura ideal para ir para a cozinha e preparar um miminho para partilhar com a família ou deliciarmo-nos, num lanche de final de tarde, com uma boa chávena de café ou chá.

- Bolo de ananás e coco;
- Bolo de cenoura;
- Bolo de chocolate com mascarpone;
- Bolo de claras;
- Bolo de coco e mel;
- Bolo de iogurte com sementes de papoila e limão;
- Bolo de laranja;
- Bolo de marmelo com canela, laranja e amêndoa;
- Bolo de maçã e canela;
- Bolo de maçã e coco ralado;
- Bolo de natas e laranja;
- Bolo de nozes;
- Bolo de peras caramelizadas;
- Bolo de ricotta com arandos secos;
- Bolo inglês com farinha de alfarroba e frutos secos;
- Bolo Mármore;
- Bolo pudim;
- Bolo tiramisù;
- Brownie de chocolate e avelãs;
- Gâteau Lawrence.

Bons bolos!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Quiche de mascarpone, espinafres e morcela

Em dias de refeições rápidas, uma quiche é uma excelente opção. A combinação de ingredientes é quase infinita e resultam sempre bem. Esta quiche serviu para aproveitar uns espinafres frescos, de folhas carnudas, que trouxe de Santarém, assim como uma embalagem de queijo mascarpone que andava a ocupar demasiado espaço no meu pequeno e temporário frigorífico.

Ingredientes:
1 embalagem de massa folhada fresca
1 embalagem de queijo mascarpone
5 ovos (M)
1/2 molho de espinafres
1 tomate coração de boi médio
1 cebola picada
1 raminho de coentros
rodelas de morcela ibérica
pimenta
noz-moscada

1. Arranjar as folhas dos espinafres. De seguida escaldá-las durante dois a três minutos. Escorrer e picar as folhas grosseiramente.

2. Bater os ovos com o queijo mascarpone. Adicionar a cebola picada, os espinafres, os coentros picados, o tomate e mexer muito bem.

3. Temperar com pimenta e noz moscada a gosto.

4. Estender a massa folhada numa forma, seguindo as indicações da embalagem. Verter metade do preparado na forma, dispor as rodelas de morcela e terminar com o resto do preparado.

5. Levar ao forno.

Acompanhei esta quiche com arroz cozido e salada de tomate. A quiche fica óptima. Foi a primeira vez que usei mascarpone em vez de natas e gostei bastante. O tomate, os espinafres e a morcela combinam de forma muito agradável.

A morcela ibérica foi uma oferta da minha querida amiga Ana Assis que, no meu aniversário, me presenteou com um saco cheio de produtos adquiridos ao longo das suas viagens, nas férias de verão.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Omeleta de batata-doce

A minha cozinha anda a meio gás. A despensa está quase vazia, o espaço do meu frigorífico combinado deu lugar a um mini-bar, que para o que eu estava habituada é mesmo mini, e como tal, não posso comprar as coisas que gostaria. O que se comprar, rapidamente tem que ser consumido. Pela casa vão-se acumulando caixotes e mais caixotes.

Numa altura de mudanças, as refeições são cada vez mais rápidas e ligeiras. Como sabem, eu adoro ovos mexidos e qualquer pretexto é uma óptima oportunidade para bater uns ovos e misturar alguns ingredientes na frigideira.

Ingredientes:
1 cebola picada
5 colheres de sopa de azeite
1 batata-doce pequena
5 ovos
sal q.b
folhas de manjericão frescas

1. Levar o azeite numa frigideira ao lume com a cebola e a batata-doce cortada em pedaços pequenos. Deixar cozinhar um pouco, de modo a que a batata coza.
2. Bater os ovos com uma pitada de sal a gosto.

3. Deitar os ovos na frigideira e mexer. Antes de retirar adicionar folhas de manjericão cortadas.

Acompanhar com uma salada mista.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Lisboa Restaurant Week IV Edição - restaurantes Bistro 100 Maneiras, Casa da Dízima e Tágide


Na quinta-feira, dia 30 de Setembro, o jantar, no âmbito da iniciativa Lisboa Restaurant Week, foi marcado no Bistro 100 Maneiras do chef Ljubomir Stanisic, responsável pelo conhecido 100 Maneiras, no Bairro Alto em Lisboa. A reserva foi feita pouco depois das nove da manhã e só conseguimos mesa para as 22h. Quando chegámos a casa estava cheia e mesmo depois de jantarmos, por volta das 23h30, ainda chegavam pessoas para jantar.

O espaço é muito bonito, moderno, dominado pelo branco e pelo preto. Nós ficámos numa mesa situada junto a uma janela com uma vista magnífica para a Rua da Misericórdia.

Depois de nos sentarmos e de sentirmos um pouco o ambiente do restaurante, todas as mesas estavam cheias, os empregados de mesa com fardas cinzentas e verde e com um semblante a combinar com a farda, sem sorrirem, andavam atarefados de um lado para o outro, a limpar mesas, a receber pedidos, a servir a comida.

A ementa do restaurante é apresentada com umas designações originais: No picanço (entradas); O resto é conversa (prato principal) e Final feliz (sobremesas). Na Lisboa Restaurant Week não estava disponível, mas no menu encontrava-se também uma outra proposta, Para corajosos, em que se podia escolher algumas iguarias para apreciadores tais como rins, túbaros, molejas, mioleira, etc.

Eu, para prato de entrada escolhi atum braseado e adorei. O atum estava magnífico, suculento, saboroso e combinava divinamente com o molho. O Ricardo optou pelo burek jugoslavo de queijo fresco e espinafres que foi servido numa pequena frigideira, enrolado. A forma fez-me lembrar os bolos conhecidos como caracol. A massa filo estava estaladiça e o recheio era óptimo.

Para prato principal escolhemos marmita de peixe que foi servida num tacho Le Creuset. A marmita tinha peixe variado e notava-se um agradável sabor a funcho. O Nuno optou pelo bife com batatas Milfontes e estava muito bem servido.

As sobremesas não foram assim um final tão feliz, escolhi o falso cheesecake e não me convenceu, a base deveria estar mais sólida. O Ricardo optou pela sopa de ananás e fez muito bem, pois estava muito agradável.

O vinho escolhido foi uma sugestão do sommelier, pois a carta apresentava apenas 11 tintos, mas pelo que percebi e pela garrafeira, uma sala em vidro, que vemos assim que subimos as escadas para o primeiro andar, existem muitas mais opções. O vinho sugerido foi Meandro do Vale Meão de 2008 que agradou.

Ljubomir Stanisic procura com este seu Bistro 100 Maneiras oferecer pratos da cozinha tradicional portuguesa e do seu país de origem, a Jugoslávia, mas com um toque de requinte e bom gosto. Os talheres e o serviço de pratos são da Vista Alegre e os copos da Atlantis. Se por um lado, achei a comida excelente, uma dos melhores desta temporada do Lisboa Restaurant Week, por outro lado, houve aspectos que o Bistro terá que melhorar. Não nos foi servido couvert e o serviço revelou-se muito desatento e demorado.

No dia 1 de Outubro, sexta-feira, jantámos em Oeiras, na Casa da Dízima onde trabalham os chefs Artur Santos e Nuno Rebelo. Assim que entrei chamou-me logo a atenção as mesas e cadeiras de madeira que transmitem uma ideia de solidez e elegância, e as paredes e o tecto, em abóboda, que se apresentam em bruto com a pedra e o tijolo.

Aqui a ementa foi fixa. Serviram-nos pão de cereais, trigo e broa de milho, feitos na casa. A entrada foi queijo Camembert panado em tomilho-limão sobre compota de pimento vermelho que estava bem servido e muito agradável, especialmente pelo contraste do panado com a compota de pimento.

O prato principal foi folhado estaladiço de bacalhau e camarão sobre legumes salteados e redução de vinho da Madeira. Óptimo. Bem servido.

Para a sobremesa foi-nos servido bavaroise de frutos do bosque. Achei que deveria ter sido servida um pouco mais fria, assim tornou-se excessivamente doce.

O vinho que escolhemos para acompanhar a nossa refeição foi o tinto Quinta da Bacalhôa 2007, que foi uma excelente escolha.

A Casa da Dízima revelou-se um restaurante que se nota que tem curriculum, com experiência, uma casa que sabe servir. A voltar!

No sábado dia 2 de Outubro, o local escolhido para jantarmos foi o restaurante Tágide no Chiado, em Lisboa. Antes de nos sentarmos à mesa para degustar a comida do chef Luís Santos, subimos a elegante escadaria até ao primeiro andar e esperámos pela Sandra, enquanto esperávamos, aproveitámos para tomar uma bebida no espaço de bar, junto à sala de refeições.

A nossa mesa ficou junto a uma das portas que dá para a varanda e fomos brindados com uma vista fabulosa sobre a Praça do Município, toda a encosta do Castelo São Jorge, o Tejo e a outra margem.

A decoração da sala assenta em motivos clássicos, lustres de cristal, candeeiros ou velas nas mesas, e algumas jarras com estrelícias.

Começámos a nossa refeição com pãezinhos, azeite e azeitonas marinadas. Escolhemos o vinho, tinto para não variar, Esporão Reserva 2007.

Para entrada optei pelo creme de castanhas com queijo Niza que estava divino. Uma excelente escolha, com sabores equilibrados da castanha com o queijo. O Ricardo, optou pelos ovos mexidos com castanhas e trufas pretas sobre rúcula que estavam bem confeccionados.

Para prato principal saboreei bochechas de porco preto em cozedura lenta com canela e cardamomo, migas de legumes e uvas caramelizadas. Excelente. Bem confeccionado. Saboroso e as uvas davam-lhe um toque muito especial. Em alternativa poderia ter escolhido marisco, chocos e sua tinta com arroz em falso risotto.

Para sobremesa optei pelo pudim de coco com espuma de licor Beirão que ficou aprovadissímo. O Ricardo escolheu o requeijão com gelado de mel e nozes que também não desiludiu.

Dos sete restaurantes que visitei nesta IV edição do Lisboa Restaurant Week, o Tágide fica claramente no topo das preferências, seguido da Casa da Dízima e em terceiro lugar o OPAQ. Os critérios para esta classificação prenderam-se com a comida, o serviço e o ambiente.

Apercebi-me que muitos restaurantes aderem a esta semana, mas depois não estão devidamente preparados, falhando principalmente na qualidade do serviço prestado.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Sopa de lentilhas e tomate

Assim que os dias de chuva se instalam, cá por casa começam a apetecer sopas reconfortantes e substanciais.

Fiz esta sopa, inspirada numa do livro How to Cook Italian Step-by_step, por um lado para aproveitar os últimos tomates coração de boi que chegaram à minha cozinha e, por outro, um resto de lentilhas que tinha na despensa.


Ingredientes:
3 dentes de alho picados
1 folha de louro
1 dl de azeite
1 kg de tomate maduro
3 cenouras cortadas aos cubinhos
250 g de lentilhas
1,3 L de água ou caldo de galinha
1 ramo de salsa picada
sal

1. Limpar o tomate de peles e sementes. Se seguida, picá-lo.

2. Refogar a cebola e o alho no azeite. Adicionar o tomate, a folha de louro e deixar refogar um pouco.

3. Adicionar a cenoura, as lentilhas e a água. Deixar cozinhar.

4. Antes de retirar do lume adicionar um ramo de salsa picada.

A sopa fica muito agradável. O tomate e as lentilhas combinam muito bem.

Esta sopa fica mais rica e com um sabor ainda mais especial se acrescentarem talo de aipo cortado.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Bolo de amêndoa e figos secos

Na terça-feira, dia 5 de Outubro, feriado, deixei as comemorações dos 100 anos da implantação da República em Portugal e rumei até Santarém, para almoçar com os meus pais.

Como sei que a minha mãe adora que eu leve um bolinho para a sobremesa, para o almoço, fiz este bolo. Ela fica mesmo muito contente e como desta vez não lhe disse que levava, a surpresa ainda foi maior.

Pensei em fazer uma receita de bolo de amêndoa dos açúcares RAR, mas ao fazer a receita, que já tinha começado apercebi-me que não levava ovos. Huummm .... não me apetece fazer um bolo sem ovos - pensei eu - especialmente para levar para a minha querida mãe. Este foi o pretexto para dar volta à receita. ;)

Ingredientes:
225 g de farinha de trigo com fermento
100 g de açúcar amarelo
2 ovos
1 colher de café de baunilha em pó
125 g de margarina ou manteiga
250 ml de leite
100 g de amêndoa ralada com a pele
150g de figos secos picados

1. Misturar o açúcar com a margarina e a baunilha. Depois de bem envolvido, adicionar os ovos, um a um.

2. Juntar a farinha, o leite, a amêndoa e os figos picados envolvidos num pouco de farinha.

3. Colocar o preparado numa forma previamente untada com margarina.

4. Levar ao forno cerca de 40 minutos a 180ºC.


O bolo fica muito agradável. Não é muito doce, a amêndoa e o figo combinam na perfeição.

Os figos usados nesta receita foram oferecidos no cabaz de produtos algarvios, pela Associação do Sotavento Algarvio, no âmbito do programa Paladares ao Sul.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Filetes de peixe-porco no forno

O meu pai há uns tempos apanhou, nas suas idas à pesca, dois peixes-porco, que são óptimos para filetes e ofereceu-mos. A princípio fiquei encantada: dois peixinhos para filetes, que bom! Tentei escamá-los, mas nada. Nem uma escama saiu! O meu pai ao ver o que eu estava a fazer, riu-se e disse-me que o peixe-porco não é escamado, a pele como é áspera, tipo lixa, deve ser removida.

Assim que os dias começam a ficar mais frescos, é inevitável a minha preferência por pratos feitos no forno. Estes filetes não poderiam ter outro destino.

Ingredientes:
4 filetes de peixe-porco
2 dentes de alho
zestes de meio limão
colorau
200 ml de natas
azeite
sal e pimenta
tomilho fresco
um raminho de salsa pequeno

1. Colocar azeite num tabuleiro de forno. Colocar ai os filetes sem os sobrepor.

2. Polvilhar os filetes com sal, pimenta, um pouco de colorau, zestes de limão, os dentes de alho espremidos, tomilho e um pouco de salsa picada.

3. Regar com as natas e levar ao forno, brando, durante cerca de 20 minutos.

Acompanhei os filetes, que ficaram deliciosos, com brócolos cozidos.

A receita original é do livro As 100 maneiras de cozinhar bacalhau e outros peixes de Francisco Guedes, Publicações Dom Quixote.

Quem preferir pode colocar nozes de manteiga por cima das natas antes de colocar o tabuleiro no forno, tal como é recomendado na receita original. Eu como coloquei azeite suficiente, suprimi a manteiga.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Lisboa Restaurant Week IV Edição - restaurantes Lust e OPAQ


O relato da participação na IV edição do Lisboa Restaurant Week continua. Na segunda-feira passada, o restaurante escolhido foi o Lust, em Santos-o-Velho, Lisboa. O restaurante fica no primeiro andar de um prédio e quando chegámos fomos encaminhados para uma pequena sala onde aguardámos que o resto do grupo chegasse. À primeira vista, o espaço agradou-me e até reparei nas diferentes garrafas de vodka Absolut em exposição. Acho as garrafas de Absolut muito interessantes e das que estavam em exposição, a forrada a lantejoulas vermelhas destacava-se pela exuberância. Depois do grupo reunido, fomos encaminhados para a sala de refeições que tem vista para o largo Vitorino Damásio. A refeição começou com o que é habitual. O pedido de água natural e vinho, escolhemos o tinto Quinta do Côtto de 2007 e o couvert.

O couvert consistia numa manteiga de hortelã, que nos agradou bastante, patê de grão, azeitonas e pãezinhos com sementes. Bem apresentado. Apetitoso. Mas os pãezinhos estavam molhados! :( Reclamação. Voltam a trazer outros pãezinhos. Comentámos entre nós que o pão era congelado e que deveria ter sido uma pequena falha, mas a manteiga até estava boa, a conversa estava óptima e não ligámos a este pequeno e evidente sinal do tipo de serviço que nos iria esperar durante o jantar.

Entre o couvert e a entrada notámos que o serviço era demorado, muito demorado. Os empregados passavam, até pareciam simpáticos, mas teimavam em não conversar connosco ou até dar-nos uma pequena explicação para tanta demora. Quando chegou a entrada, escolhi cannelloni de açorda de camarão e lima com o seu próprio molho e azeite de coentros, o Ricardo optou por uma salada de espinafres com vinagrette de frutos vermelhos e tosta de queijo de cabra gratinada, sorrimos de contentes. Finalmente! Por breves momentos ficámos felizes. A minha entrada estava excelente, e a do Ricardo, mesmo sem surpresas, não estava mal. Entre a entrada e o prato principal voltámos a notar que o serviço não era demorado, era lento. Mais uma eternidade à espera! Questionámo-nos que talvez ali se praticasse o verdadeiro conceito de Slow Food, começa hoje e acaba amanhã! :)

Quando o prato principal foi servido, a minha amiga Sandra achou por bem dar graças pela comida que estávamos a receber, tal já era o seu desespero. O prato principal escolhido, pela maioria, foi tataki de salmão com sésamo e aromatizado com citrinos, acompanhado de risotto de espinafres e eu, que quis ser diferente, escolhi escalopes de veado e javali acompanhado de puré de batata. O salmão, apesar de quase frio, estava agradável e o risotto de espinafres era óptimo. Os escalopes, estavam um pouco rijos demais, mesmo considerando que os animais fossem de caça.

Depois do prato principal, voltámos a esperar pela sobremesa. Sentámo-nos para jantar por volta das 21h e às 24h estávamos a brindar a um novo dia e ainda não tínhamos a sobremesa. Quando finalmente chegou, veio por fases. Foram servidas primeiro três pessoas e as outras duas esperaram. Esperaram. Em conversa referimos, em tom de brincadeira, que Stephen King começou a escrever livros de terror, de certeza, depois de ter estado num restaurante como este. O serviço era de meter medo.

A sobremesa era tarte tatin de nectarina com gelado de iogurte. O meu prato quando chegou à mesa vinha com uma parte do gelado já derretido, e no que não estava notava-se as palhetas de gelo. A tarte tatin de nectarina era dura, como não consegui parti-la convenientemente, desisti, antes que saísse dali com uma conta no dentista.

Como imaginam, pensámos que no café, não haveria surpresas. Café é café. É difícil errar com os pedidos de café. Pensávamos nós! Dois dos cafés eram descafeínados e como não havia, o empregado de mesa achou por bem tirar uns cafés mais fraquinhos e trazer para a mesa aquilo que parecia uma água suja. Só nos disse desta sua iniciativa, depois de o questionarmos sobre o assunto e lhe pedirmos para trazer outros. Que ousadia!

Um restaurante dito de luxo é a combinação de vários factores, espaço, ambiente, serviço e a comida. No Lust a comida não brilha devido ao serviço desatento, desorganizado e demorado que por lá se faz. Em resumo, uma oportunidade perdida.

Na quarta-feira o restaurante escolhido foi o OPAQ e tivemos o prazer de ter connosco, para além do grupinho já habitual, o Mário. O restaurante está dividido em duas salas, a sala branca, mesas, candeeiros e paredes brancas e outra, para grupos, dominada pelo preto, o que lhe confere um ambiente moderno, cosmopolita.

O couvert consistiu em tostas (de compra!), broa de milho e pasta de azeitona preta. Como amuse-bouche foi-nos servida uma salada de polvo que estava muito agradável.

Para entrada escolhi folhado de polarda do campo num guisado, salada verde, uvas e vinagreta de sultanas. O guisado de polarda estava saboroso, apenas achei o vol-au-vent folhado um pouco seco. O Ricardo escolheu o aveludado de couve-flor, crocante de farinheira de Mação e legumes sauté, que estava muito agradável. Foi a escolha acertada!

Para prato principal escolhi polvo em arroz cremoso e cheiros de coentros. O polvo estava tenro e o arroz cozido no ponto certo. Mas os secretos de porco ibérico sobre migas soltas de grelos, tomate e bacon deixaram-me de olhos arregalados. Primeiro pela apresentação e depois pela confecção. A carne estava saborosa e as migas eram magníficas. O polvo estava muito bom, mas os secretos e as migas estavam ainda melhores.

Para sobremesa o Ricardo escolheu requeijão de Seia, doce de abóbora caseiro, cornflakes e pólen da Serra de Portel que estava agradável. Eu escolhi pêra rouge, areias, espuma de coco, lima e pimenta rosa com redução de Porto. Praticamente o que pedi foi um pêra bêbada. Mas quando achamos que não vamos ser surpreendidos, a vida dá-nos a volta. O modo como a pêra foi servida surpreendeu-me! Pois em vez da pêra inteira, vinha cortada em quatro. A fantástica apresentação modificou o meu conceito de pêra bêbada.

O vinho que acompanhou a nossa refeição foi o tinto Monte da Peceguina de 2009. O Mário chamou-nos a atenção para um simpático desenho no rótulo do vinho. Disse-nos que os rótulos têm desenhos feitos pelos filhos dos proprietários da Herdade da Malhadinha Nova. O deste tinto foi desenhado pela Francisca.

Apesar de algumas pequenas falhas de serviço, imediatamente ultrapassadas pela simpatia, atenção e disponibilidade dos empregados de mesa, o OPAQ é um restaurante a que vale a pena ir.

domingo, 3 de outubro de 2010

24 sopas para o Outono


Outubro é o mês do Outono. As manhãs e as noites tornam-se frescas, começam a exigir agasalho. As árvores, lentamente, deixam que as folhas amareleçam e caiam. Por toda a cidade os passeios começam a ter as folhas caídas das árvores. Começam os primeiros dias de chuva, que nos obrigam a mudar o guarda-roupa e, a pedir na mesa comida quente e fumegante que nos reconforte e aqueça.

E porque sopa combina com os dias frescos e chuvosos do Outono, deixo-vos 24 receitas de sopa que poderão fazer neste Outono:
- Creme de abóbora com gengibre e crocante de presunto;
- Creme de batata e alho-francês;
- Creme de brócolos;
- Creme de castanhas, abóbora e batata-doce;
- Sopa com feijão de debulhar;
- Sopa da horta com cotovelinhos;
- Sopa de abóbora com grão e nabiças;
- Sopa de aipo, alho-francês e coentros;
- Sopa de batata com salsa e ovo;
- Sopa de castanhas;
- Sopa de cenoura com batata-doce;
- Sopa de cenoura com feijão verde;
- Sopa de cenoura e gengibre;
- Sopa de couve-flor e agriões;
- Sopa de feijão com carne e couve galega;
- Sopa de feijão encarnado com couve;
- Sopa de feijão verde com cenoura e batata;
- Sopa de legumes com arroz;
- Sopa de legumes com feijão branco;
- Sopa de lentilhas com cenoura, chuchu e couve;
- Sopa de lentilhas vermelhas;
- Sopa de nabiças com feijão branco;
- Sopa de tomate com cherovia, cenoura e lentilhas vermelhas;
- Sopa rica de feijão verde.

Boas sopas!