quinta-feira, 30 de junho de 2011

Goraz assado no forno com laranja e tomilho


O meu pai é pescador. Pescador não de profissão, mas por hobbie. De há uns anos para cá, adora ir pescar e quando combina com os amigos, deixa tudo para trás, como se costuma dizer. Costuma pescar ao largo da zona da Nazaré e em Peniche. Pelo que me explicou, o tipo de peixe que se pesca num lado é diferente do outro. E quem vai à pesca nem sempre apanha, e quando apanha, nem sempre é o peixe que mais se aprecia. Mas quem corre por gosto, como se costuma dizer, não cansa.

Não sei que bicho morde nos pescadores ou que ares respiram no meio do mar alto, o que é certo é que o meu pai prefere oferecer o peixe que pesca do que servi-lo à sua mesa. O que dá, por vezes, algumas dores de cabeça à minha mãe! No início estranhei esta atitude, mas até consigo compreender. O que lhe dá prazer é todo o processo de pescar, de partilhar e o convívio com os colegas. Nós, a família chegada, acabamos por apreciar e valorizar materialmente muito mais o que ele pesca. Eu valorizo! Saber que cozinho um peixe apanhado pelo meu pai, é uma honra que não tem nome. Tudo é diferente e sabe muito melhor. A refeição transforma-se numa pequena festa!


Ingredientes:
1 goraz
1 laranja cortada às rodelas
3 batatas
1,5dl de vinho branco
1,5dl de azeite
40g de tomate seco em azeite
1 ramo de tomilho
cebolinho
sal e pimenta q.b.


1. Descascar e cortas as batatas às rodelas finas.

2. Regar com um fio de azeite a base de um pirex e colocar as batatas. Juntar o tomate seco cortado em pedaçinhos. Temperar com sal e pimenta a gosto.

3. Temperar o peixe com sal e pimenta a gosto.

4. Na barriga do peixe, colocar do duas rodelas de laranja, tomilho e cebolinho.

5. Colocar duas rodelas de laranja no pirex onde já estão as batatas e dispor o peixe por cima.

6. Em cima do peixe colocar tomilho e cebolinho e duas rodelas de laranja.

7. Regar com o vinho branco e o azeite.

8. Levar ao forno pré-aquecido a 190ºC a assar durante 40 minutos.


Este peixe ficou delicioso. A laranja e as ervas deram-lhe um toque especial.


Outra receita de peixe com laranja:
- Dourada no forno com laranja e tomilho.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sumo de laranja com ameixa, figos e hortelã


Esta altura do ano, é uma altura de abundância, especialmente de fruta. Encontramos uma enorme variedade que sabe muito bem e que inevitavelmente temos que aproveitar. Em dias de calor sabe tão bem comer uma ameixa fresca, doce, a explodir de sumo. Daquelas bem vermelhinhas e perfumadas.

No passado fim-de-semana fui a Santarém, a casa dos meus pais que têm um quintal muito simpático com várias árvores de fruto e assim chegaram à minha cozinha ameixas, laranjas e figos. Para aproveitar a fruta, quase todos os dias ao final da tarde temos feito um sumo. Assim, dou como oficialmente aberta a época de sumos aqui no Cinco Quartos de Laranja. ;)


Ingredientes:
5 laranjas (aproximadamente 250ml de sumo)
1 nectarina
250g de ameixas maduras sem a casca
5 figos maduros sem a casca
5 a 7 folhas de hortelã
12 cubos de gelo


1. Colocar os ingredientes num liquificador e triturar.

2. Servir em copos.


As ameixas quando usadas em sumos, compotas ou sobremesas, revelam o seu lado obscuro, a sua acidez, por isso, poderão querer acrescentar algum adoçante. Por cá a nectarina e os figos foram suficientes para cortar a acidez das ameixas, mas obviamente, os gostos são diferentes.

Com gostos iguais ou diferentes, aproveitem esta altura do ano e façam sumos. Contem-me, quais são os vossos preferidos?

terça-feira, 28 de junho de 2011

Os vários sabores do café e um pudim


Qual o sabor do café? Já alguma vez pensaram em descrever o sabor do café? Ora tentem lá!

Eu tentei e cheguei a pouco, mais ou menos isto: um sabor amargo torrado viciante, com um aroma delicioso e caramelizado. Às vezes áspero, especialmente quando está torrado demais e que nos obrigada a fazer uma careta de arrepio!

Ler o romance Os Vários Sabores da Vida de Anthony Capella, para mim, foi uma viagem aos vários aromas do café. O romance leva-nos a descobrir a vida de Robert Wallis nos seus diferentes momentos. Jovem, impulsivo, dado aos prazeres boémios da vida. Trabalha com Emily na firma do pai desta, com o intuito de criar um descritor dos vários sabores do café. O objectivo de Mr. Pinker era: «Arranjem-me as palavras que captem ... que uniformizem ... o esquivo sabor do café, para que duas pessoas em partes diferentes do mundo possam telegrafar uma descrição uma à outra, sabendo exactamente o que quer dizer.» Parte para África para plantar café e aí vive uma paixão que o cega de amor. Mais tarde regressa a Londres, onde acaba por encontrar o seu próprio caminho. Mas o que adorei no livro, para além de conhecer Robert, Emily e as suas irmãs, Mr. Pinker, Hector e a escrava Finke foi mesmo descobrir os vários sabores do café.

Pelo livro, o café poderá saber a:

«Porque uma chávena de café bem feito é o começo perfeito de um dia de ócio. O seu aroma é cativante, o seu sabor é doce; contudo, apenas deixa amargura e mágoa. (...) Sorvi mais um gole do café (...). Embora, neste caso - acrescentei -, não pareça saber a nada senão a lama. Talvez um leve ressaibo a damascos podres.»

«O aroma do café atingiu-me como uma lufada de especiarias. Oh, aquele aroma... O edifício continha mais de mil sacos de café e Pinker mantinha os seus grandes torradores de tambor rotativo a trabalhar de dia e de noite. Era um aroma com algo de fazer crescer água na boca e de fazer os olhos aguar, um cheiro tão escuro como o alcatrão a ferver, um perfume amargo, negro cativante que se prendia no fundo da garganta, enchendo as narinas e o cérebro. Um homem podia viciar-se neste cheiro (...)»

Café pode ter um sabor floral, um sabor quase fumado, sabor a ferrugem ... laivos de torrada queimada. Mas continua. Leiam:

«Era como se a própria essência do café estivesse concentrada naquela pequena quantidade de líquido. Cinzas carbonizadas, fumo de lenha e fogos de carvão dançaram-me na língua, prenderam-se-me no fundo da garganta e daí pareceram precipitar-se directamente para o cérebro ... e no entanto, não era acre. A textura era como mel ou melaço e continha uma vaga doçura abiscoitada que persistia, como o chocolate mais negro, como o tabaco. Bebi o café da pequena chávena em duas goladas mas o sabor pareceu intensificar-se e aprofundar-se (...).»

Relacionado com o sabor está também a visão e até o odor:

«Lineu agrupa os cheiros em sete categorias, dependendo das suas propriedades hedónicas, isto é, aprazíveis. Assim, temos Fragrantes, os odores fragrantes, como o açafrão ou a lima-brava; Aramaticos, os aromáticos, como o limão, o anis, a canela e o cravo-da-índia; Ambrosíacos, os ambrosíacos ou cheiros almiscarados; Alliaceous, os odores do alho ou dos bolbos de cebola; Hircinos, os cheiros caprinos, como o queijo, a carne ou a urina; Tetros, os odores fétidos, como excrementos ou nozes; e Nauseosos, os cheiros nauseabundos, como a resina da planta assa-fétida.»

«Todos os cafés, quando considerados atentamente, possuem um vago odor a cebolas assadas: alguns, sem sombra de dúvida, contêm também fuligem, linho lavado ou relva cortada. Alguns desprendem o cheiro frutado e fermentado das maçãs acabadas de descascar, enquanto outros possuem o gosto feculento e acídulo das batatas cruas. Outros evocam mais do que um sabor: descobrimos um café que combinava o aipo com as amoras, outro que aliava o jasmim ao pão de especiarias, um terceiro que conjugava o chocolate com a indefinível fragrância de pepinos frescos e crocantes.»

Para além de ter bebido mais uns quantos cafés, este livro levou-me a fazer receitas com café. O pudim de hoje, foi uma dessas.


Ingredientes:
9 dl de leite
400 g de açúcar
6 g de café solúvel
2 colheres de café expresso
4 ovos
4 gemas
1 pacotinho de açúcar baunilhado (aprox. 7g)
caramelo para barrar as formas


1. Deitar o leite, o açúcar e o café numa caçarola, mexer, e levar ao lume. Deixar ferver um pouco, mexendo regularmente. Apagar o lume.

2. Bater as gemas com os ovos. Juntar em fio ao preparado anterior, mexendo sempre. Continuar a bater durante aproximadamente um minuto para que fique tudo bem misturado. Adicionar o açúcar baunilhado. Mexer.

3. Colocar o pudim numa forma ou em pequenas formas untadas com caramelo. Colocar as formas num tabuleiro com água.

4. Levar ao forno pré-aquecido a 180ºC durante uma hora.

5. Retirar o pudim do forno e do tabuleiro, deixar arrefecer. Para desenformar, passar a lâmina de uma faca pelas paredes das formas e agitar um pouco, para ter a certeza que o pudim se deslocou. Colocar o prato em que o vai servir sobre a forma e volte-a.


Esta receita é do livro Paixão pelo Café de Patricia McCausland-Gallo, que recomenda o uso de 3 colheres de sopa de café solúvel com sabor a amaretto, como não tinha adaptei a quantidade de café.

O pudim resultou muito bem. Fica delicioso e com um travo a café muito agradável.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

51 dicas para fintar a crise na cozinha

Em tempos de crise fala-se muito mais de poupança do que noutras alturas. Por norma é assim. E quando se fala em poupar é em todas as áreas, nomeadamente na comida. Como é que podemos poupar na cozinha sem perder a qualidade da nossa alimentação?

Poupar na cozinha passa pelo rentabilizar e aproveitar os produtos que compramos, principalmente.

As 51 dicas que a seguir apresento, algumas das quais não são novidade, outras são retiradas da minha prática pessoal ou da minha família e espero que sejam uma ajuda a quem quer poupar na cozinha.

1. Cozinhar em casa - Cozinhar é uma forma de poupar e de comer de forma mais saudável. Mesmo as sobremesas. As coisas feitas por nós têm mais valor e normalmente são mais saudáveis. A comida feita em casa é uma forma de poder!

2. Aproveitar os produtos da estação. Como se sabe, na época os produtos chegam ao mercado em abundância, são mais saborosos e o preço baixa. Como diz Nigel Slater, quem é que quer comer melancia em Janeiro?! Mas como aproveitar os produtos da estação?

Rentabilizá-los em refeições: Há legumes muito versáteis que fazem refeições em conta, por exemplo a courgette. Pode ser usada em sopas, arrozes, pode ser recheada ou servir como acompanhamento. Pode-se numa época comer o mesmo legume de diversas maneiras. E as batatas? Tradicionalmente usamos as batatas em sopa, saladas e acompanhamento. Já experimentaram fazer delas um prato principal, por exemplo recheadas?

Congelar: Pode-se congelar tomate, abóbora, courgette, pimento, cebola, alho-francês, cenoura, etc. Ao congelar deverão cortar os legumes a pensar na forma como os irão usar. Que tal fazer molho de tomate e congelar em caixinhas pronto a usar?

Fazer compotas e/ou conservas são outras excelentes formas de rentabilizar a fruta da época.

Desidratar, pode ser também uma opção. Podem-se desidratar frutas e/ou legumes. 

3. Tomar o pequeno-almoço em casa. Uma torrada, um iogurte, uma peça de fruta e um café, em casa sai mais barato do que um galão e uma sandes numa pastelaria. Esta é a refeição mais importante do dia.

4. Levar o almoço para o trabalho pelo menos duas a três vezes por semana. Se conseguir, veja o dinheiro que poupa.

5. Levar, para o local de trabalho, os lanches (uma peça de fruta (a maçã é ideal), uma sandes, iogurte líquido, bolachas Maria - elementos práticos, que se ingerem rapidamente e não deixam cheiro, uma mão cheia de frutos secos, um copo de gelatina). Ao final do mês, vai notar a diferença.

6. Reservar partes de legumes, folhas, talos, cascas, etc, para fazer caldos.

7. Reservar por exemplo, as cabeças de peixe, ossos de porco, vaca ou galinha para fazer caldo, juntamente com alguns legumes e ervas aromáticas.

8. Aproveitar os caldos de cozedura (por exemplo o caldo de cozedura do bacalhau, camarão, legumes, carne ou peixe). Colocá-los em caixinhas com a indicação da quantidade ou usar sacos de gelo, para depois usar à medida em sopas ou arrozes.

9. Ervas aromáticas - colocar em vasinhos as suas ervas aromáticas preferidas e ir usando. Acontece que compramos um raminho, usamos pouco e quando nos apercebemos já se estragaram. As ervas aromáticas também poderão ser congeladas. Se for em grande quantidade poderão fazer piso ou pesto. Costumo guardar as ervas frescas num copo com água no frigorífico, tapadas com um saco de plástico.

10. Congelar as claras de ovo. Quando fazemos uma receita que exige gemas, não temos que obrigatoriamente dar logo uso às claras. Estas podem ser congeladas e usadas mais tarde em sobremesas, omeletas ou até mesmo acrescentar num bacalhau à Brás. Indicar no recipiente o número de claras que contém.

11. Limão. Quando se usa a raspa de limão poderão congelar o sumo em couvetes e depois usar, por exemplo em limonadas. A raspa também poderá ser congelada.

12. Congelar o resto das natas que não se usaram. Se forem para o frigorífico o mais certo é estragarem-se.

13. Nas compras comparar preços. Não ir só a uma superfície. Se variar, vai perceber que há produtos mais baratos numa superfície comercial do que noutra. Visitar regularmente os mercados de frutas e legumes da zona.

14. Comprar os produtos a granel. Embalados são geralmente mais caros, para além de trazermos uma quantidade de embalagens desnecessariamente. O valor do IVA é mais alto para produtos processados.

15. Fazer compras por exemplo uma vez por semana com uma lista. A lista ajuda a que haja mais controlo no que é realmente necessário.

16. Preparar as ementas da semana a partir de promoções ou dos produtos da estação. Só comprar o que vai realmente cozinhar.

17. Preparar menus económicos.

18. Escolher produtos de marca própria, que são mais baratos e geralmente, de boa qualidade.

19. Congelar a comida em recipientes de vidro que depois possam ir ao forno, sem sujar mais loiça.

20. Ter atenção ao preço por quilo. As embalagens maiores nem sempre são as mais baratas.

21. Aproveitar as promoções e os cupões de descontos que valham mesmo a pena.

22. Não ir às compras com fome ou com as crianças. (Quando vou com fome não resisto a trazer um saquinho de pães com chouriço e sumo, para comer pelo caminho!)

23. Lavar as suas próprias saladas e reaproveitar a água, para regar plantas, por exemplo, ou as ervas aromáticas. As saladas embaladas e pré-lavadas ficam mais caras. Fazer o investimento num centrifugador de legumes, pode ser uma execelente forma de poupar a longo prazo.

24. Moderar o consumo de carne e de peixe.

25. Usar as leguminosas (grão, feijão, lentilhas). São uma excelente alternativa às proteínas animais.

26. Comer sopa. Sempre! As sopas são uma excelente maneira de iniciar a refeição ou poderão constituir só por si uma refeição.

27. Aproveitar o molho de um assado ou de um guisado e usar por exemplo na confeção de um arroz.

28. Usar o pedaço de queijo seco que ficou esquecido no frigorífico para aromatizar uma sopa. Assim, como o osso do presunto. Quando vejo que não vou gastar um queijo em tempo útil, ralo-o, coloco num saco e congelo.

29. Aproveitar o pão duro para fazer pão ralado, açordas, pudins ou até mesmo rabanadas.

30. Fazer regularmente uma inspeção à despensa. Não deixar que os produtos cheguem ao fim da validade.

31. Reaproveitar sobras. Sobrou frango assado ao almoço, fazer ao jantar uma frittata. Se sobraram legumes cozidos, que tal salteá-los em azeite, alho e ervas aromáticas? Até peixe grelhado poderá ir para uma salada.

32. Utilizar a fruta madura. As bananas muito maduras poderão ser usadas em bolos, gelados ou sumos. As peras e as maçãs podem usar usadas em tartes ou em puré como acompanhamento. Compotas são sempre uma alternativa. A fruta pode ser também congelada e depois, usar, por exemplo em sumos ou batidos.

33. Ter atenção ao tipo de carne que se compra. As costeletas do cachaço de porco são por norma mais baratas que as do lombo. A pá de porco é mais barata que a perna.

34. Comprar carne em quantidade fica mais barato. Se tiver uma arca congeladora poderá comprar 1/4 de porco ou 1/2. O mesmo se diz do borrego. Dividir é uma opção. Fale com um familiar ou amigo. Esta prática caiu em desuso, mas já foi muito comum em tempos idos.

35. Comprar um peixe inteiro fica mais barato do que comprar às postas.

36. O peixe congelado pode ser uma alternativa mais barata ao peixe fresco e igualmente bom.

37. Há peixes que caíram em desuso, exemplo carapaus, e fazem óptimas refeições. Usar a imaginação ou fazer uma pesquisa em blogues de cozinha.

38. Desligar o fogão uns minutos antes de terminar de cozinhar algo. Deixar o recipiente fechado que acaba de cozinhar. A tampa ajuda a reduzir o tempo de cozedura.

39. Adeqúe o recipiente ao bico. Não coloque um tacho pequeno no bico grande. Parte da energia perde-se.

40. Demolhar o seu próprio bacalhau. Comprar bacalhau demolhado congelado é muito prático, mas fica mais caro.

41. Uma vez por outra procurar cozinhar com o que se tem em casa. Temos sempre mais coisas do que pensamos. Vai ver que saem excelentes refeições.

42. Para reaquecer a comida dê preferência ao micro-ondas.

43. Aos domingos fazer um almoço tardio e servir ao jantar uma sopa ou salada, algo mais leve.

44. Ao jantar procurar fazer refeições com menos hidratos de carbono e proteínas animais.

45. Sobrou um resto de vinho, no frigorífico oxida e depois já ninguém quer beber. Congelar e usar em assados, guisados ou arrozes.

46. Cozer leguminosas em quantidade. Reservar em embalagens e congelar à medida do que se pretende.

47. Valorize nas suas refeições alguns produtos económicos: massas, arroz, cenouras, batatas, frango, algumas conservas, leguminosas, ovos, bananas, maçãs e peras.

48. O almoço de domingo foi cozido à Portuguesa. O que fazer com o que sobrou? Com o resto dos legumes e enchidos fazer uma sopa. Adicionar massa e um raminho de hortelã. Com a carne magra, picar e fazer croquetes. Fazer uma bôla com os restos do cozido, pode ser uma excelente forma de aproveitar as carnes que sobraram.

49. Descongelar ao natural. Sem água e sem o uso do micro-ondas.

50. Abrir o frigorífico ou o congelador o menos possível. De uma só vez retirar o que se precisa. Quando mais vezes se abrir, mas tempo demora até atingir a temperatura ideal.

51. Fazer pão em casa sem o recurso a farinhas pré-preparadas.


Podemos ainda aumentar a lista. Quais as vossas dicas?!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Salada de bacon com queijo feta e tomate


Há dias em que me apetecem refeições rápidas, especialmente quando tenho pouco tempo ou chego cansada a casa e não me apetece estar na cozinha. Cozinhar sem vontade, normalmente não me traz bons resultados. Por isso opto sempre por algo que não haja margem para falhar e fique saboroso. Na passada terça-feira foi um desses dias. Abri o frigorífico vi o que tinha disponível e fiz esta salada.


Ingredientes:
folhas de espinafres
agrião para salada
100g de bacon cortado em tirinhas
queijo feta
tomate cereja
azeitonas pretas
azeite e vinagre q.b.


1. Numa frigideira anti-aderente saltear o bacon.

2. Num prato dispor as folhas de espinafre e de agrião. Por cima colocar o tomate cortado ao meio, as azeitonas, o bacon e o queijo feta desfeito com a mão.

3. Temperar com pimenta, azeite e vinagre a gosto. Servir.


Na salada não coloquei sal, pois o bacon e as azeitonas para mim já têm sal suficiente.

Para dias em que se pretende algo rápido, esta salada é uma excelente opção. Os espinafres e os agriões poderão ser substituídos por outros verdes a gosto.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Voltar a Sevilha


Calor. Apanhei imenso calor. Ao pôr-do-sol, na Andaluzia estavam por volta dos trinta graus centígrados! Mesmo com calor foi bom voltar a Sevilha, agora sem o peso da tradição pascal e a funcionar em pleno. Visitar uma cidade em festa, não nos permite perceber como é que respira, como é o seu pulsar. Agora sim, teria essa oportunidade.

Sevilha é uma cidade com ritmo, com gente, com história e boa comida. Gosto das várias esplanadas que encontramos pela cidade. As esplanadas são reveladoras de como os habitantes se relacionam com o chamado "viver a cidade". A meio da tarde, o calor exige a sombra de uma esplanada, algumas borrifadas com pequenos jactos de gotículas de água que ajudam a refrescar. Sentados na esplanada, o calor pede como uma fera faminta a frescura de uma bebida. Eu não me contentava só com uma. Primeiro optava por uma água com limão e depois por um copo de limonada, que naquele calor, para quem não está habituado, sabiam como água no deserto.


Em Sevilha almoça-se e janta-se tarde, comparativamente com os nossos horários e por isso, os sevilhanos passam muito tempo na rua. Isto sem esquecer a sua hora da siesta, feita normalmente entre as 14h e as 17h00, onde tudo fecha, à exceção de bares, restaurantes e algumas lojas de cadeias internacionais.

Sevilha tem imenso comércio. Lojas e mais lojas, de muitas marcas que por cá e por quase todas as grandes cidades encontramos facilmente. O desafio é procurar e encontrar alguma que seja um pouco diferente. Por isso num dos passeios pelas ruas da cidade voltei a uma lojinha deliciosa de bolinhos e chocolates - La Cure Gourmande - que por cá ainda não vi! As lojas de regalitos estão por todo o lado, anunciadas com referências às Sevilhanas, especialmente aos seus fatos com folhos e bolinhas, os abanicos e as t-shirts com alusões à festa dos touros. Nesta visita, voltei também à Praça de Espanha, onde as andorinhas se fizeram notar, ora cruzando o céu azul, ora chilreando intensamente de uma felicidade quase louca, ao Real Alcazar e tinha intenções de visitar a Catedral, mas encontrava-se encerrada temporariamente. Mais um pretexto para voltar a Sevilha! ;)

Em Sevilha há passeios de charrette. Por várias vezes parei para ver os cavalos com o seu pêlo luzidio. São mesmo bonitos! Ali parados, juntos, entre a Catedral e o Real Alcazar, ou junto à Praça de Espanha, com as charrettes cuidadas, com as rodas pintadas de preto e amarelo, dão um ar ainda mais interessante à cidade.


No sábado foi dia de casamentos em Sevilha. Encontrámos pelos menos cinco. Entre eles, houve uma noiva que me chamou a atenção. O que me prendeu o olhar não foi o vestido, nem o ramo e nem mesmo o véu. De aliança no dedo, sentada junto à berma de uma praça, foi a sua expressão que me fez querer registar a sua imagem. Pelo olhar, pelo rosto não vi indicações de que estivesse a sonhar com o doce encanto da noite de núpcias. E o noivo? Onde estaria? Ali sentada, acendeu um cigarro e bafurada atrás de bafurada, revelou que os seus pensamentos estariam longe daquela praça, longe do encanto de ser princesa por um dia. Em que estaria a pensar esta noiva de olhar caído?


Mas nem só de compras e passeios vive uma pessoa, é importante também escolher os locais para comer. No primeiro dia, optei pela simpática sugestão do Join Nets e fui almoçar ao restaurante Eslava. Quando lá chegámos, estava cheio. Cheio, a abarrotar, como costumamos dizer. Nem ao balcão tínhamos um espacinho. Já eram quase três da tarde e tivemos que esperar por uma mesa isto entre umas canhas, uns pires de tremoços com azeitonas e o barulho cantado dos castelhanos que nos rodeavam.

Mas quando é um bom restaurante a espera vale a pena. Eu antes mesmo de me sentar, dizia que dali já não saía sem comer um apetitoso ovinho sobre um bolo de boletos e vinho caramelizado, que estava constantemente a ser servido. Quando vou a um restaurante gosto de ver o que as outras pessoas pedem, gosto de ver o aspecto dos pratos e aquele ovinho simpático e amoroso não me saía da cabeça. Dito e feito. Foi a primeira tapa que pedi. Eu, o Ricardo e os amigos que nos acompanharam nesta viagem.


Os nuestros hermanos quando se trata de mesa, têm por hábito compartilhar. Um prato, que pode ser uma tapa ou uma ración, vários garfos e assim, acompanhados de uma canha ou um copo de vinho vão comendo, falando alto, rindo. E imbuídos deste espírito de partilha, pedimos para a mesa gaspacho, salmorejo, espetada de carne de boi sobre molho de mel, vieiras sobre creme de algas, peito de pato com pão de queijo e marmelada de laranja. Partilhámos ainda uma tarte de chocolate com essência de laranja e um gelado de torrón com chocolate quente. Depois deste repasto magnífico só apetecia procurar a sombra de uma laranjeira e dormir a sesta! Mas em vez disso, mergulhámos nas ruas estreitas e frescas do bairro de Santa Cruz, a judiaria de Sevilha.


Outra das nossas refeições memoráveis foi no restaurante Robles Placentines. Aqui refastelámo-nos com tortitas de choco fritas, ovos revueltos da matanza, queijo brie frito com creme de framboesa, rollitos robles com mostarda fresca, salada de lagostins, espinafres com grão e delícias de ibérico que estava, nem vos digo! A carne simplesmente maravilhosa, desfazia-se ao mais leve toque do garfo.


Antes de sairmos de Sevilha ainda jantámos no restaurante Taberna Azafrán, perto do hotel onde ficámos e estava cheio. A opção foi tapas e como os sevilhanos fazem tapas de tudo, foi mais uma vez uma excelente oportunidade para provar vários pratos. Aqui pedimos calamares recheados com ovas, polvo ao pimentão La Vera, almôndegas de choco na sua tinta, ventresca de atum ao brandy, bife de porco com bacon e molho diabla, alcachofras recheadas com presunto e ovo, salmão com picadinho de alcaparras, salada de gambas e rolitos de beringela e queijo. Depois do jantar foi obrigatório darmos uma voltinha ao quarteirão!


Nesta visita houve a promessa de visitar o terraço do hotel EME, que se destaca, perto da catedral, por um certo encanto exótico e uma atmosfera luxuosa. Mas o cansaço do final do dia, não nos permitiu fazer jus à nossa vontade. Bem, lá terá de ficar para a próxima!

Nesta visita a Sevilha não descobri nenhum mercado de frutas e legumes, não vi nenhuma tourada. No entanto, fiquei ainda mais enamorada pela cidade do pintor de Las Meninas, das elegantes Carmencitas e dos aspirantes a Don Juan.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O que leva afinal, na cesta, o Capuchinho Vermelho?


A jovem alta, morena do 3º C, de cintura fina, era conhecida como a menina do Capuchinho Vermelho. Apesar de já ter deixado de andar de tranças e de saias rodadas com folhos, como tanto gostava a sua mãe de a vestir, o que é certo é que continuava a ser conhecida no bairro como a menina do Capuchinho Vermelho. Aquele casaco com capuz, feito pela sua querida avó que ganhava a vida a costurar para fora, era usado nos dias de inverno frios, chuvosos, em que ia para a escola ao fundo da rua. Gostava tanto do seu casaquinho, que em certos dia de verão chegou a ser vista com ele.

A menina do Capuchinho Vermelho vivia em casa dos pais e não gostava de cozinhar. Não gostava de andar entre tachos e panelas, nem entre assados no forno, cozidos ou grelhados. Tinha mais em que pensar, argumentava ela.

A sua mãe desgostosa gostaria que a filha aprendesse e ela nada. A cozinha, dizia ela, é como um lobo mau escondido numa floresta, com olhos e orelhas grandes, e com uma boca ainda maior pronta para me comer. A mãe, preocupada questionava-se onde é que ela ia buscar aquelas ideias. De certeza que só poderiam vir dos livros que lia a toda a hora. Como qualquer adolescente, a Capuchinho Vermelho preferia visitar a sua página no Facebook. Andar de bicicleta. Ir às compras. Namorar com o vizinho do prédio do lado.

Os anos passaram-se e um dia chegou a notícia que a sua avozinha, que vivia no outro lado da cidade estava doente. A menina do Capuchinho Vermelho para ajudar a sua querida avó, decidiu que lhe levaria todos os dias um lanche. Mas para isso era preciso aprender a cozinhar! E assim fez. Falou com as vizinhas, viu programas na televisão, pesquisou na Internet e pediu ajuda à mãe, que se sentia muito feliz com esta mudança da filha. Capuchinho Vermelho aventurou-se na enorme floresta que lhe parecia a cozinha e conseguiu enfrentar o lobo mau que via em cada apetrecho. Para ajudar a sua avozinha aprendeu a fazer sopas, bolos, doces, sumos e pataniscas. Ah! As pataniscas de camarão, eram um dos petiscos preferidos da sua avó.

Pataniscas de camarão


Ingredientes:
550g de camarão com casca
3 ovos
175g de farinha de trigo
1 colher de café de fermento em pó
1 cebola picada
1 dente de alho picado
1dl de caldo de camarão
1 colher de sopa de azeite
2 colheres de sopa de leite
1 raminho de salsa picada
óleo para fritar
sal q.b.
pimenta q.b.


1. Descascar o camarão. Cozer as cabeças e triturar. Coar o caldo. Deixar arrefecer.

2. Numa tigela misturar a farinha, o azeite, sal, pimenta e os ovos. Mexer com uma vara de arames e a pouco e pouco adicionar o caldo de camarão e por fim, o leite. Mexer bem.

3. Incorporar na massa a cebola, a salsa e por fim o camarão cortado em pedaços.

4. Tapar o fundo de uma frigideira com óleo. Quando estiver quente, fritar às colheradas, deixando alourar as pataniscas dos dois lados.

5. Ao tirar as pataniscas da frigideira, deixar escorrer e colocar sobre papel absorvente.

O caldo que sobrou da cozedura das cabeças de camarão pode ser congelado e usado, por exemplo, na confecção de um arroz de peixe ou de marisco. Se verificarem ao fritar que a massa das pataniscas está muito líquida deverão acrescentar um pouco de farinha.


A avó não podia, diziam os médicos, mas uma vez por outra a menina do Capuchinho Vermelho colocava na sua cesta, para acompanhar as pataniscas, uma garrafinha de vinho, de preferência tinto - dizia a avozinha! ;)

Esta história responde ao desafio que a Bélinha Gulosa colocou para festejar o quarto aniversário do seu blogue.

Bélinha, muitos parabéns!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Uma ideia, duas saladas


Um destes dias para continuar a usar a produção do magnífico Reino das Courgettes, resolvi fazer uma salada do livro Vegetables from an Italian Garden: Season-by-season recipes, que comprei recentemente e do qual me apetece fazer todas as receitas. Adoro comprar livros a pensar que vou fazer imensas receitas a partir deles, que os vou usar convenientemente!

Acontece também às vezes comprar livros que depois acabam por morrer nas estantes, à espera de serem ressuscitados através de uma receita, de uma inspiração. Podemos ter muitos, mas acabamos por consultar sempre aqueles de que gostamos mais, que se revelam mais úteis.

Adoro comprar livros, de ler livros, de quase respirar livros mas cada vez mais procuro ser exigente nas minhas aquisições. O Vegetables from an Italian Garden foi sem dúvida uma boa compra.


Ingredientes:
2 courgettes pequenas
300g de feijão branco cozido
200g de camarão cozido sem a casca
5 colheres de sopa de azeite
1 colher de sopa de sumo de limão
1 colher de sopa de vinagre de vinho branco
1 mão cheia de azeitonas pretas
sal e pimenta q.b.


1. Escaldar as courgettes em água a ferver durante 5 a 7 minutos.

2. Cortar as courgettes às rodelas.

3. Colocar numa taça as courgettes, o feijão, o camarão e as azeitonas.

4. Temperar com sal e pimenta a gosto. Regar com o azeite e com o vinagre misturado com o sumo de limão.


Depois de fazer esta salada e como ainda tinha courgettes, resolvi fazer uma nova versão. Substitui o feijão por grão cozido, o camarão por queijo feta cortado em pequenos cubos. Uma mudança de ingredientes e eis que surge uma nova salada!

terça-feira, 14 de junho de 2011

Bolo de café do Mississipi para a Ana


Desde que li o livro Os Vários Sabores da Vida de Anthony Capella que só penso em fazer sobremesas de café. O livro, a que voltarei uma outra vez, não nos fala de sobremesas mas de café, do negócio do café, de um romance, de um jovem que queria ser escritor e que se vê envolvido num compromisso que o leva a África e ao Brasil, e a descobrir o amor. O livro captou-me a atenção pelos vários aromas do café. Eu, que adoro café, fiquei impelida a fazer receitas com café, principalmente sobremesas. A este tipo de livros eu costumo classificar como perigosos, não pelo conteúdo em si, mas pelo facto de me seduzirem a cozinhar! :)

Quando vi que a Ana desafiava os seus leitores a festejar o seu aniversário com um bolo, soube logo que me iria associar à festa com um bolo de café. A receita é do livro As Melhores Receitas com Café, Edições Asa.


Ingredientes:
225g de farinha com fermento
300ml de café forte, quente
50ml de brandy
150g de chocolate para cozinhar
225g de manteiga partida aos pedaços
225g de açúcar
2 ovos
1 1/2 colher de chá de essência de baunilha
1 pitada de sal
cacau em pó para polvilhar
margarina ou spray para untar a forma
natas batidas ou gelado para acompanhamento


1. Pré-aquecer o forno a 140ºC.

2. Peneirar a farinha para uma taça. Adicionar o sal.

3. Aquecer o café, o brandy, o chocolate e a manteiga em banho-maria. Mexer até estarem ligados. Deitar esta mistura numa taça grande. Adicionar aos poucos o açúcar e bater até estar completamente dissolvido.

4. Juntar a farinha, misturando muito bem, depois os ovos um a um, e por fim a essência de baunilha. Bater até estar tudo bem ligado.

5. Deitar o preparado num forma previamente untada com margarina e polvilhada com cacau. Levar ao forno a cozer durante aproximadamente 65 minutos ou até que um palito inserido no bolo saia seco.

6. Deixar arrefecer na forma durante 15 minutos. Desenformar e depois de frio, polvilhar com cacau em pó.

7. Servir acompanhado de natas batidas ou gelado.


Este bolo fica compacto, intenso, húmido, com um agradável sabor a café.

Espero que este bolo tenha ajudado a tornar mais doce e mais especial a comemoração do aniversário da Ana.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Salada de bacalhau com laranja à andaluza


Quando viajo faço-me sempre acompanhar de um livrinho preto, como na brincadeira costumo dizer. Um livrinho preto? - dito assim até parece algo estranho, mas não é. É simplesmente um moleskine onde gosto de apontar o que como, onde e algumas impressões da viagem. Mesmo quando por cá vou aos restaurantes, acompanha-me sempre!

Na minha última viagem, que foi na Páscoa à Andaluzia, comi pela primeira vez uma salada de bacalhau com laranja, em Ronda, uma cidade cheia de romantismo. O que me surpreendeu foi a laranja. Curioso juntar laranja a uma salada de bacalhau. Mas não é que fica bom, muito bom até. Não acreditam? Então experimentem e digam-me de vossa justiça.


Ingredientes:
650g de batatas cortadas em quadrados cozidas
2 postas de bacalhau cozidas e desfiadas
4 ovos cozidos
3 dentes de alho
2 cebolas
1,5dl de azeite
2 laranjas
1 raminho de salsa ou coentros picados
azeitonas pretas (facultativo)


1. Numa frigideira colocar o azeite. Levar ao lume e adicionar a cebola e o alho. Deixar frigir até a cebola quebrar.

2. Colocar as batatas, o bacalhau e os ovos cozidos cortados numa taça.

3. Quando o refogado de cebola estiver pronto, retirar do lume e regar com ele, depois de deixar arrefecer um pouco, a mistura de batata. Mexer. Temperar com sal e pimenta a gosto.

4. Adicionar as azeitonas, um raminho de salsa ou de coentros picados. Juntar as laranjas, previamente descascadas e cortadas.

A salada que comi em Ronda não tinha azeitonas, mas eu como adoro, achei que não ficava nada mal!

Daqui a umas horas parto novamente em viagem para a Andaluzia. Passarei por Sevilha com destino a Granada. Estou com imensas expectativas em relação a Granada. Alguma sugestão? Restaurantes? Locais a não perder? Depois conto-vos a minha viagem.

Bons feriados!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Um workshop com sabor a Laranjinha


Há ideias que surgem nem sabemos muito bem como. Conversa e mais conversa, partilha de ideias, as coisas normalmente vão em crescendo e quando damos por ela estamos com uma ideia nas mãos e um compromisso assumido. Passo então a explicar do que falo.

Um destes dias em conversa com o meu cunhado Hugo e com a Cláudia - o conhecido casalinho Maravilha - surgiu a ideia de dar explicações sobre como confeccionar uma ementa, algo simples, elegante e se possível, rápido, a pessoas que gostariam de aprender a cozinhar. Ou seja, ensinar a preparar uma refeição com entrada, prato principal e uma sobremesa. Uma espécie de workshop previamente combinado e de acordo com as necessidades de quem quer aprender. Ora se bem se falou, mais rapidamente se marcou! Quando dei por mim, já tinha a agenda aberta e a marcar uma data. Um sábado. Dia 4 de Junho. Workshop para dois. Ementa pedida: um amuse-bouche, uma sopa fria, um prato principal e uma sobremesa de colher. Houve ainda um pedido adicional, para utilizar vieiras como ingrediente no prato principal. Ui! Engoli em seco e pensei, não querias fazer um workshop? Ora, aqui tens! Toca a trabalhar e a escolher o que vais ensinar a fazer.

Uma semana antes enviei o que iríamos confeccionar assim como a lista de ingredientes. Eis então a ementa do nosso workshop:

      Amuse-bouche: Queijo feta com maracujá, alecrim e um fiozinho de azeite;

      Sopa fria: Shot frio de beterraba e melão;

      Prato principal: Risotto de ervilhas com vieiras salteadas em manteiga;

      Sobremesa: Pudim de citrinos.

No sábado cheguei a casa dos meus cunhados bem cedinho. Já estava tudo pronto para o workshop. A casa impecavelmente arranjada. A Cláudia, quis registar cada momento da confeção em fotografias.

Depois de explicar novamente qual seria a ementa, começámos a trabalhar. A primeira coisa a fazer foi a sobremesa. O pudim de citrinos é uma receita muito rápida de preparar e não tem mesmo nada onde errar. Seguro, portanto. O Hugo, com uma ou outra indicação minha fez o pudim na perfeição. Enquanto o pudim estava no forno, seguimos para o shot frio, receita publicada na revista Sabe Bem nº1 de Maio/Junho de 2011.

Shot frio de beterraba e melão


Ingredientes:
2 beterrabas cozidas (150g)
1 laranja
300g de melão limpo
flor de sal
pimenta preta de moinho
talos de aipo para decorar


1. Num copo liquidificador colocar a beterraba e o melão cortados aos pedaços e o sumo de laranja. Triturar muito bem.

2. Se ficar muito espesso adicionar um pouco de água.

3. Servir em copos com os talos de aipo, salpicado de flor de sal e de pimenta moída.


O shot fresquinho soube muito bem. Apenas duplicámos a receita, dado que éramos 6.

Ao prepararmos o amuse-bouche começámos por cortar o queijo feta em pequenos rectângulos que colocámos nas colheres de servir. De seguida cortámos ao meio um maracujá e com uma colher de chá, o Hugo colocou as sementes em cima do queijo. Finalizou com uma folha de alecrim e umas gotas de azeite. Esta entradinha foi feita a partir da servida em Estremoz, no restaurante A Cadeia Quinhentista. A última coisa a preparar foi o risotto.

Risotto de ervilhas com vieiras salteadas


Ingredientes:
500g de arroz
4 chalotas
3 dentes de alho
azeite
vinho branco
ervilhas (usámos congeladas)
cebolinho
queijo parmesão ralado
manteiga
vieiras frescas sem a casca
2 cubos de caldo de peixe
água quente


Começámos por picar a cebola e os dentes de alhos. De seguida colocámos a cebola num tacho com azeite e levámos ao lume. Assim que a chalota quebrou adicionámos o arroz e deixámos fritar um pouco. De seguida refrescámos com vinho branco e desligámos o fogão.

Como o arroz é algo que deve ser feito e levado imediatamente para a mesa e como ainda faltavam dois convidados para o almoço, a Caterina e o Pedro, parámos o processo e fomos tratar das vieiras.

Temperámos as vieiras com sal e pimenta. Colocámos a manteiga numa frigideira e levámos ao lume. Assim que ficou quente colocámos as vieiras e deixámos alourar de um lado e depois do outro. Retirámos e reservámos.

Quando os outros convidados chegaram e enquanto provávamos o amuse-bouche e o shot frio de beterraba, que fica com uma cor linda, acabámos de cozinhar o arroz.

Adicionámos os cubos de caldo de peixe, usados pois não havia tempo para fazer caldo de peixe, adicionámos água quente e as ervilhas. Temperámos com sal e à medida que o arroz o exigia adicionávamos um pouco de água, mexendo de vez em quando. Assim que o arroz ficou cozido, retirámos do lume, adicionámos uma colher de sopa de manteiga e cebolinho picado. Servimos o arroz polvilhado com queijo parmesão e as vieiras. Seguiu para a mesa. E todos gostaram.

Acho que me safei! Este já está. Que venham mais!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Bolo de alperces frescos


Alperces. Carnudos, suculentos e com um perfume agradável, que nos despertam a vontade de comer. Gosto de comer alperces. É uma fruta sensível, preciosa, dourada. Quando penso em alperces, penso no quintal dos meus pais há muitos, muitos anos atrás. Naquela altura, as férias de Verão eram mesmo férias de Verão. Lembro-me que houve anos em que as férias iam de Junho/Julho a Outubro. Quando regressava à escola já tinha saudades. No quintal, os meus pais tinham uma ameixoeira e dois damasqueiros. A ameixoeira carregava todos os anos, às vezes até os troncos partiam de tão carregados que estavam. Agora os damasqueiros, enchiam-se de folhas e poucos eram os anos em que davam frutos. Em anos que percebíamos que tinham damascos, eu e o meu irmão, não nos tirávamos de volta das árvores para ver se já estavam maduros. E quando chegávamos lá e tinham caído? Ou quando os pássaros os descobriam primeiro do que nós? Oh! Desilusão. :) Eram poucos mas valiam a pena. Tão saborosos!

A minha amiga Ana Assis todos os anos por esta altura oferece-me alperces. Já se tornou uma pequena tradição entre nós.

E todos os anos eu faço uma receita de alperces em sua homenagem. Este ano a receita escolhida foi esta de Bill Granger.


Ingredientes:

Base de caramelo
100g de margarina sem sal
12 alperces cortados ao meio e sem caroço
sumo e raspa de 1 limão
200g de açúcar
1 colher de chá de essência de baunilha

Bolo
100g de manteiga sem sal
200g de açúcar
1 colher de chá de essência de baunilha
300g de farinha com fermento
4 ovos separados


1. Colocar a manteiga, o açúcar, o sumo e raspa de limão numa forma redonda sem buraco. Levar ao lume e deixar derreter. Mexer de vez até formar caramelo.

2. Retirar a forma do lume e colocar os alperces com a parte cortada para baixo.

3. Aquecer o forno a 180ºC.

4. Numa taça, bater a manteiga e o açúcar. Adicionar as gemas, uma a uma, batendo sempre.

5. Juntar a baunilha. Mexer.

6. Adicionar, misturando, a farinha alternadamente com as claras batidas em castelo.

7. Colocar a massa por cima dos alperces. Levar ao forno durante aproximadamente 45 minutos.

8. Depois de retirar do forno deixar arrefecer durante 5 minutos e depois desenformar, virando a forma para um prato de bolos.

O bolo fica uma delícia, a parte da fruta com o caramelo, ligeiramente ácida e simultaneamente doce, combina na perfeição com a parte do bolo. Os alperces frescos em bolos demonstram em pleno a sua acidez. Para quem não for apreciador deste travo característico do alperce deverá aumentar a quantidade de açúcar.


Outras receitas com alperces frescos:
- Alperces grelhados com gelado de baunilha;
- Batido de alperce;
- Tarte Tatin de alperce;
- Bolo de alperces;
- Doce de alperce;
- Tarte de requeijão com alperces.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Sopa de courgette com ovos mexidos


Vegetables from an Italian Garden: Season-by-season recipes é a minha mais recente aquisição para a estante de livros de cozinha cá de casa. Apesar de já ter um lugar reservado na estante, o que é certo é que ainda parou por lá muito pouco tempo. Isto de ter um livro novo, cheio de receitas não é para estar parado na estante! Enquanto o encantamento durar, vou querer descobri-lo o mais que puder. Pelo menos, tem sido assim nestes últimos dias.

O livro está organizado pelas quatro estações do ano. Em cada estação apresenta receitas com os legumes da época, de maneira a que consigamos desfrutar da frescura dos produtos e comer, muitas das vezes de forma mais económica. O livro possui por estação um marcador colorido, verde para a Primavera, amarelo para o Verão, castanho para o Outono e cinzento para o Inverno. Para além disso, apresenta uma breve explicação dos produtos e de como os devemos cultivar no nosso quintal. Que pena só ser sobre legumes, gostava imenso que tivesse receitas de fruta por estação. Um livro de receitas de fruta por estação será que encontro?

Das duas vezes que estive em Itália, uma das coisas que me chamou a atenção nos mercados foi a variedade de legumes. Encontrávamos alcachofras como quem por cá encontra couves. Rúcula e radicchio como encontramos alface. Courgettes de várias cores e feitios. Por cá, quanto muito encontramos muitas da mesma qualidade. Cogumelos e tomate seco, eram muito comuns. Para além de muitos outros legumes que nem sabia o nome. Recordo-me da frescura das cebolas, das variedades de tomate e até de encontrar uns morangos pequeninos silvestres. Ir aos mercados é sempre uma experiência magnífica. Ajuda a perceber em muito a cultura de um povo.

Num curto espaço de tempo já fiz duas receitas do livro e adivinhem com que ingrediente? Courgettes, claro está! O meu pequeno reino das courgettes continua a dar que falar na minha cozinha, desta vez é uma sopa.


Ingredientes:
7 courgettes pequenas
3 colheres de sopa de azeite
3 ovos
30g de queijo parmesão ralado
1 raminho de coentros picados ou de manjericão
1,2L de água
sal e pimenta q.b.

1. Colocar o azeite numa frigideira anti aderente e levar ao lume. Adicionar as courgettes cortadas em cubinhos. Deixar cozinhar em lume médio, mexendo de vez em quando até estarem macias.

2. Colocar as courgettes numa panela e tapar com água. Temperar com sal e pimenta. Levar ao lume.

3. Bater os ovos com o queijo e os coentros picados. Temperar com sal e pimenta.

4. Colocar os ovos na frigideira ainda quente, fora do lume. Levar ao lume para acabar de cozinhar os ovos, mexendo de vez em quando.

5. Adicionar os ovos mexidos às courgettes na panela e servir.

Quando li a receita achei muito estranho fazer um caldo com courgettes e depois servi-lo com ovos mexidos! Reli várias vezes a receita e era mesmo assim. Como nestas coisas gosto de quebrar os meus preconceitos avancei e ainda bem que o fiz. A sopa ficou óptima. A mistura do caldo, com as courgettes e o ovos fica muito saborosa. Os ovos como levam o queijo e os coentros (não tinha manjericão) ajudam a dar corpo à sopa.

Mais uma receita para homenagear o reino das courgettes!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Focaccia de alecrim com cogumelos Porcini e alperces


Já há algum tempo que queria fazer uma focaccia. Mas ora passa hoje, ora passa amanhã e nunca mais fiz a focaccia. Até que sexta-feira chegou!

A minha amiga Ana Assis ofereceu-me dois sacos de alperces fresquinhos e carnudos, como faz sempre todos os anos. Com tantos alperces resolvi espreitar alguns dos meus livros de cozinha à procura de receitas deliciosas e dignas de serem feitas com tão preciosa fruta. Ao procurar na A Enciclopédia da Culinária de Patrik Jaros e Gunter Beer eis que encontro uma focaccia. E o que me salta à vista na foto? Alperces! Naquele momento, saí do sofá em direção à cozinha a pensar: - a receita está escolhida. Parece-me excelente!

Depois de colocar o livro aberto na mesa da cozinha, li com atenção as instruções e não é que me enganei?! A receita levava alperces mas eram secos! Oh, santa cabeça desatenta! :( Mesmo assim, não desisti e resolvi fazer a focaccia. Não ia deixar escapar esta oportunidade.


Ingredientes:
500g de farinha
20g de fermento de padeiro
250ml de água
1 pitada de sal
50ml de azeite
1 ovo
40g de cogumelos porcini secos
1 colher de sopa de óleo vegetal
200g de alperces secos
2 colheres de sopa de vinagre de sidra de maçã
1 pezinho de alecrim fresco
7 a 10 folhas de louro
1 colher de chá de sal grosso
3 colheres de sopa de mel


1. Peneirar a farinha para uma tigela larga. Fazer um sulco no centro e adicionar 50ml de água e o sal, de seguida o fermento desfeito e mexer até formar a base de uma massa. Misturar essa base com farinha suficiente para obter uma massa macia. Tapar e deixar levedar durante 15 minutos.

2. Deixar de molho os cogumelos.

3. Escorra e pique grosseiramente os cogumelos. Adicioná-los à massa juntamente com o ovo e o azeite. Em seguida ir acrescentando a restante água e ir amassando, até a massa ficar elástica.

4. Formar uma bola com a massa, polvilhar com farinha e tapar. Deixar a levedar até triplicar de volume, aproximadamente 1h30.

5. Colocar os alperces numa tigela e deitar o vinagre por cima. Tapar e deixar macerar.

6. Depois da massa lêveda, colocá-la num tabuleiro untado com óleo vegetal. Esticá-la até aos rebordos com as duas mãos.

7. Polvilhar a massa com as agulhas de alecrim. Pressionar ligeiramente os alperces marinados e as folhas de louro na massa. Polvilhar com sal marinho grosso. Por fim, regar com o mel.

8. Pré-aquecer o forno a 180ºC. Deixar a massa levedar durante mais 15 minutos. Cozer durante 35 minutos. Retirar e deixar arrefecer no tabuleiro. Servir cortado.


Fiz apenas uma alteração na massa. Na receita original está indicado que se deve bater a massa sensivelmente a meio do processo de levedura, mas eu não o fiz.

O resultado final surpreendeu. A focaccia ficou muito saborosa. Assim que saiu do forno, deixámos arrefecer um bocadinho e veio para a mesa ainda quentinha. Foi o complemento a uma sopa que fiz para o jantar nesse dia.

Nesta focaccia, a cada dentada dão-se pequenas explosões de sabor. Ora por um lado, sentimos o perfume do alecrim e do louro (eu retirei as folhas na altura em que parti a focaccia), ora o adocicado dos alperces e de vez em quando, toda esta festa de sabor é surpreendida por uma pedrinha de sal, que dá imensa piada. É como se fosse o fogo de artifício de uma festa de Verão.

Boa Semana!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Costeletas de borrego com massa de pimentão e tomilho


Porque hoje é sexta-feira, aqui fica uma sugestão prática, rápida e muito agradável. É principalmente uma sugestão colorida com elementos da terra. A carne, o pimentão, o tomilho e um raminho de flores do campo. Ontem, a cidade de Lisboa foi invadida por vendedoras de raminhos de flores alusivos ao dia de espiga, desde a Estefânia ao Cais do Sodré, por onde passei a caminho do Museu das Comunicações, ao Chiado, havia raminhos de flores do campo por todo o lado. São muito bonitas e fazem-me lembrar tanto a minha infância!


Ingredientes:
750g costeletas de borrego
1 colher de sopa bem cheia de massa de pimentão
1 colher de chá de tomilho
sumo de 1 limão
sal e pimenta q.b.
1dl de azeite
2 chalotas cortadas em meias luas


1. Temperar as costeletas com sal, pimenta, massa de pimentão, o tomilho e o sumo de limão.

2. Levar ao lume o azeite, adicionar as costeletas e o molho, e as chalotas cortadas em meias luas. Deixar cozinhar. Se necessário rectificar o sal.

3. Servir as costeletas com cuscuz.


A massa de pimentão e o limão dão um toque muito especial às costeletas de borrego.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Courgettes balsâmicas


Enquanto a época das courgettes durar, eu quero aproveitá-la muito bem. Posso dizer sem qualquer problema: - sou fã de courgettes! Quero continuar a experimentar, testar e provar receitas, de preferência sempre diferentes, feitas com esta simpática abobrinha.

A receita de hoje encontrei-a na revista Continente Magazine de Maio de 2011.


Ingredientes:
2 courgettes cortadas às rodelas
4 colheres de sopa de vinagre balsâmico
2 dentes de alho picados
1 colher de sopa de açúcar
3 colheres de sopa de azeite
sal e pimenta q.b.
pimentos vermelhos de conserva ou assados

1. Untar as courgettes com um pouco de azeite.

2. Grelhar as rodelas de courgette.

3. Temperar com sal e pimenta a gosto.

4. Preparar o molho: juntar o azeite, o vinagre, o alho picado e o açúcar.

5. Regar as courgettes grelhadas com o molho.

6. Cortar os pimentos às tiras.

7. Servir as courgettes com os pimentos por cima.


Estas courgettes foram um excelente acompanhamento a um prato de carne. Para mim, ficaram óptimas. Mas sabem que eu sou suspeita, não sabem? ;)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Uma história e 16 sugestões de bolos com fruta para o Dia da Criança


Era uma vez um reino distante. Situado longe do tempo e do espaço. Entre a memória e a imaginação. Entre a chuva e o arco-íris. Desse reino, conta-se que era habitado por uns seres, que tinham a capacidade de assumir diferentes formas, a que davam o nome de espíritos da gastronomia. Não havia zangas, nem teimas. Nem choros, nem birras. Viviam em harmonia e eram felizes.

O espírito da Sede era irmão do espírito da Fome. Onde estava um, mais cedo ou mais tarde chegava o outro. Gostavam de andar lado a lado e às vezes de competir um pouco entre si, mas de forma saudável, claro está! Se um gostava de comer chocolate, o outro adorava limonada. Se um se perdia pelo cheiro do pão no forno, o outro encantava-se com o aroma do café acabado de tirar e assim, com divergências, viviam em perfeita harmonia.

Em cima de uma árvore gigante, quase sem fim, vivia o espírito da Curiosidade Gastronómica. Velho, por vezes rabugento, mas muito exigente. Não tinha barbas, mas se as tivesse seriam, por certo, grandes, muito grandes e brancas. Gostava de saber tudo e tinha um interesse inesgotável por comida. Vivia rodeado de livros e de instrumentos estranhos que só ele percebia para que serviam. Há quem diga que eram tachos, panelas, conchas, escumadeiras, corta-bolachas e outros apetrechos que tais! Para o ajudar, na tarefa infinita de saber, tinha dez pequenos anõezinhos que todos os dias recolhiam raízes, frutos, bagas, folhas e outras coisas mais para Curiosidade usar nas suas experiências. Do seu laboratório, havia dias em que saía um cheiro intenso e convidativo. Despertava todos os sentidos do espírito da Fome, que ficava numa inquietação incrível!

Mas neste reino, existia ainda um outro espírito. O espírito da Comida. Vivia feliz e sentia-se satisfeito com todas as iguarias do reino. Saciava-se com o cheiro dos poejos, com a suculência de uma ameixa madura, com o doce de uma pêra acabada de colher, entre muitas outras coisas deliciosas. Os cheiros, os sabores e as texturas eram a sua perdição! Quando o encontravam estava sempre a comer.

Tudo corria bem neste reino escondido entre a memória e a imaginação, entre a chuva e o arco-íris. Até o espírito da Dieta, prima da Fome e da Sede, vivia em perfeita harmonia com todos os espíritos do reino. Tudo corria bem até ao dia em que chega àquelas terras uma criatura estranha e bizarra que se intitulava Saciedade. Oh! Pela memória, pela imaginação, como foi possível enviarem semelhante criatura para o nosso reino? - diziam os habitantes revoltados, quase enjoados e já com leves sintomas de fastio.

Saciedade quis dominar os espíritos da Fome e da Sede. Quis acabar com a Comida e fazer desaparecer a Curiosidade Gastronómica. Noite e dia, Fome e Sede viviam em agonia. Um chorava para Norte, o outro, gritava para Sul. E nisto andávamos. Até que um dia, Comida, farta de ser perseguida por tão vilã criatura, decidiu reunir os seus amigos, incluindo a Dieta, a prima direita dos Lights e dos Seres Sem Açúcar e uma decisão foi tomada!

No dia seguinte partiriam. Decidiram passar para a outra margem do rio que banhava as terras do reino, aventurar-se na densa floresta e chegar ao outro lado das montanhas. Aquele outro lado onde vivem pessoas. Seres estranhos, é certo, mas que gostam de saciar a Sede e a Fome. Que têm imensa Curiosidade Gastronómica e que adoram provar coisas novas, mesmo quando estão em Dieta. Onde as crianças se riem quando vêem Comida. Um lugar onde os espíritos desse reino sem nome, irão por certo ser felizes!


E com esta pequena história, desejo a todos - nós! ;) - um feliz Dia da Criança! E como em qualquer comemoração que se preze, tem que haver bolo. Para festejarmos este dia, aqui ficam dezasseis sugestões de bolos com fruta:

- Bolo de alperces;
- Bolo de ananás;
- Bolo de ananás e coco;
- Bolo de banana;
- Bolo de figos frescos;
- Bolo de laranja;
- Bolo de maçã e canela;
- Bolo de maçã e coco ralado;
- Bolo de marmelo assado com nozes;
- Bolo de marmelo com canela, laranja e amêndoa;
- Bolo de mascarpone com maçã;
- Bolo de natas e laranja;
- Bolo de nêspera;
- Bolo de peras caramelizadas;
- Bolo de tangerina;
- Torta de laranja.