quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Arroz de safio com courgette e a história de umas compras


Há dias em que chego a casa com um saco de compras na mão e o Ricardo enche-se de suores frios. - O quê? Mais coisas para o blogue?! - é a pergunta que lhe salta logo da boca, seguido de quanto é que eu gastei.

Comprar coisas a pensar no blogue, ou melhor no modo de apresentar a comida, é algo que se torna viciante. Ora é um paninho, ora é um prato e mais outro e outro, mais uma chávena, uns talheres, uns guardanapos, e a lista e a vontade de comprar não param. E claro, o que se tem nunca chega.

Ontem, trouxe um saco de compras para casa a pensar no blogue. Não resisti a uns tachinhos lindos, amorosos, numas cores apelativas, que vi numa loja. Gostei tanto deles que o jantar  foi feito para usar logo um.


Ingredientes:
700g de safio
4 tomates (aprox. 550g)
1 courgette cortada em em pequenos cubinhos
1 cebola picada
4 dentes de alho picados
1dl de azeite
400g de arroz carolino
1,2L do caldo de cozedura do safio
1 malagueta (facultativo)
1 ramo de salsa picada


1. Cozer o safio em água temperada com sal.

2. Depois de cozido, limpar o peixe de peles e espinhas.

3. Num tacho refogar, no azeite, a cebola e o alho.

4. Juntar o tomate cortado, limpo de peles e sementes. Deixar refogar um pouco.

5. Passar o refogado por um passe-vite.

6. Colocar o puré do refogado novamente no tacho. Levar ao lume e adicionar o arroz e o caldo de cozedura do safio.

7. Temperar com sal a gosto. Juntar a malagueta.

8. A meio da cozedura adicionar a courgette e o peixe.

9. Assim que o arroz estiver cozido, retirar do lume e servir com um ramo de salsa picada.


O arroz ficou delicioso e a courgette deu-lhe um toque especial. Ainda não usei os tachinhos todos mas já estou a pensar nas próximas compras! ;)

terça-feira, 29 de novembro de 2011

O Fado e uma receita de frango assado no forno com maçãs


A cultura é tudo o que acrescentamos à natureza. Materialmente, uma casa, uma ponte. Imaterialmente, uma crença, uma canção. A cultura é o conjunto de hábitos, costumes, normas, tradições que passamos de geração em geração. Recebemos dos nossos antepassados, modificamos, acrescentamos, recriamos e passamos às gerações futuras. A cultura é factor de humanização, nela aprendemos a ser aquilo que nos caracteriza enquanto pessoas. Traçamos a nossa personalidade. Aprendemos uma língua. Aprendemos os hábitos e os costumes da nossa sociedade. A cultura molda-nos. Somos o resultado da cultura onde estamos inseridos.

A cultura é também um conjunto de símbolos, é a resposta que encontrámos para os problemas com que nos fomos confrontando. Por isso foram nascendo as ciências e as artes. E Portugal, terra de navegadores, os astronautas das caravelas que enfrentaram com valentia os oceanos e nos deram a conhecer novos mundos, terra de grandes pescadores, a pesca do atum e do bacalhau marcam a nossa história, terra de touros e cavaleiros, terra de poetas e de fadistas.

O fado tornou-se no domingo património imaterial da Humanidade. E isso é um grande motivo de orgulho para todos nós. Pensa-se que terá nascido na segunda metade do século XIX, em Lisboa, associado a um ambiente de boémia e de tabernas. Maria Severa, foi um dos primeiros ícones do fado, a que se seguiram muitos outros nomes como por exemplo, Alfredo Marceneiro, Hermínia Silva, Fernando Farinha, Fernando Maurício, Amália Rodrigues que levou o fado a várias partes do mundo com a sua maravilhosa voz, Carlos do Carmo - adoro ouvi-lo - e agora a nova geração de fadistas como Mariza, Camané, Mísia, Ana Moura, Aldina Duarte, Carminho, Marco Rodrigues, entre muitos outros.

O fado começou nos bairros típicos da cidade principalmente, Mouraria, Alfama, Madragoa e Bairro Alto e hoje é parte da nossa identidade. E associado ao fado está também a comida. Nasceu nas tabernas e hoje ouve-se nas diversas casas de fado, espalhadas pelos bairros típicos da cidade, especialmente a seguir a uma refeição. Para comemorar o reconhecimento do fado como património imaterial da Humanidade aqui fica um delicioso frango assado no forno com maçãs:


Ingredientes:
1 frango do campo
1/2 limão
3 hastes de alecrim
5 dentes de alho
2 colheres de sopa de manteiga
1 colher de chá de paprica
1,5 dl de vinho branco
500 g de batatas
6 cebolinhas ou chalotas
6 maçãs (Royal Gala ou Fuji)
Sal e pimenta-preta q.b.


1. Pré- aquecer o forno a 180ºC.

2. Rechear o frango com o limão, 3 dentes de alho e o alecrim.

3. Espremer os restantes dois dentes de alhos.

4. Misturar os alhos espremidos com a manteiga, a paprika, uma pitada de sal e pimenta a gosto. Com esta pasta barrar o frango.

4. Colocar o frango num tabuleiro de forno. Em volta dispor as batatas cortadas e as cebolinhas. Regar com o vinho branco.

5. Levar a assar durante aproximadamente 1h45 a 2h ou se usarem termómetro, até atingir os 180ºC. A meio, dispor as maçãs em volta e deixar acabar de assar.


Recomenda-se que esta refeição seja saboreada ao som de um fado. Qual seria a vossa escolha?

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Arroz de abóbora e agrião com bacalhau assado em azeite


Uma das coisas que gosto na cozinha é a liberdade. Liberdade de escolha de ingredientes, liberdade para reproduzir receitas, liberdade para escolher o que quero fazer, liberdade para criar, inventar e experimentar a meu belo prazer. Fazer combinações menos usuais, arriscar, ousar novos sabores. Para mim, os momentos de criatividade na cozinha são pura diversão.

A receita que hoje vos apresento é uma das consequências da liberdade exercida na minha cozinha. A ideia nasceu da vontade de experimentar a conhecida junção do puré de abóbora com arroz. Mas quando estava a cozinhar, dei por mim a ter a necessidade de juntar outros ingredientes, como o agrião, os coentros e que finalizasse com as lascas de bacalhau em azeite. Acreditam que ao fazer este arroz fiquei com vontade de fazer outro mas agora servido com amêijoas à Bulhão Pato. Não vos parece bem? Há dias em que a minha cabeça não pára. Espero que gostem.


Ingredientes:
1 cebola picada
2 dentes de alho picados
1dl de azeite
350g de arroz carolino
100g de azeitonas verdes às rodelas
600g de abóbora cozida
70g de folhas de agrião
25g de coentros frescos
sal e pimenta
9dl de caldo de legumes
2 postas de bacalhau assado em azeite


1. Refogar a cebola e o alho no azeite.

2. Adicionar o arroz e deixar fritar um pouco. Acrescentar um pouco de caldo de legumes e deixar cozinhar.

3. Triturar a abóbora com o agrião e os coentros. Adicionar esta mistura ao arroz. Acrescentar mais caldo. Temperar com sal e pimenta. Ir acrescentando caldo de legumes à medida que o arroz vai cozendo.

4. Uns minutos antes de retirar do lume, adicionar as azeitonas verdes.

5. Servir o arroz com lascas de bacalhau assado em azeite.


Para assar o bacalhau, coloquei duas postas num tabuleiro de forno. Reguei generosamente com azeite e levei ao forno a 200ºC durante aproximadamente 25 minutos. Depois lasquei o bacalhau. Juntei ao azeite onde assou e servi com o arroz.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Bolo de canela


Aos fins-de-semana costumo, regularmente, ir visitar os meus pais que vivem numa aldeia perto da cidade de Santarém. E como sei que a minha mãe adora um bolo de fatia para o lanche, sempre que posso procuro dar-lhe este pequeno mimo. O último que fiz para ela foi um bolo de canela. Um bolo simples, mas muito agradável. Óptimo para acompanhar um chá ou um café.


Ingredientes:
8 ovos médios (6 se forem grandes)
250g de açúcar
3 colheres de sopa de aguardente velha
1 colher de café de canela em pó
raspa de 1 limão
250g de farinha de trigo com fermento
margarina e farinha para a forma


1. Separar as gemas das claras.

2. Bater muito bem as gemas com o açúcar. Aromatizar com a canela, a aguardente e a raspa de limão.

3. Bater as claras em castelo.

4. Adicionar a farinha aos poucos envolvendo-a delicadamente e alternando-a com as claras batidas.

5. Colocar a massa numa forma untada com margarina e polvilhada com um pouco de farinha.

6. Levar ao forno pré-aquecido a 185ºC durante 35 a 40 minutos.


Esta receita encontrei-a no livro Doces Conventuais de A a Z da Biblioteca Activa.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Beringelas com cuscuz e molho de iogurte com açafrão


A vida torna-se mágica quando somos surpreendidos por alguma coisa boa. Não é preciso ser uma coisa valiosa. O importante é que seja especial e que nos faça sentir bem. Algo que nos faça sorrir ou que torne o nosso dia mais feliz. Isso acontece quando descobrimos coisas boas de pessoas com quem convivemos. Adoro descobrir talentos ou afinidades nas pessoas que me rodeiam. Sinto-me bem com isso. É ótimo descobrirmos laços que nos unem aos outros. Por outro lado, gosto também, quando me fazem a mim sentir especial. Quem não gosta?

Um destes dias de manhã, bem cedo, cheguei à minha secretária, no local onde trabalho, e tinha uma fotografia com uma dedicatória muito simpática. Este pequeno gesto transformou o meu dia. Fez-me sorrir. Fez-me sentir feliz, especial. Gostei tanto desta surpresa, feita pela mão do Nuno Capela, um já grande fotógrafo, que o meu dia correu muito melhor.

( Foto da autoria de Nuno Capela )

Mas quem gosta de receber surpresas acaba também por gostar de surpreender os outros. Estabelecer laços. Criar ligações. Ser feliz, surpreendendo e fazendo os outros sentirem-se especiais.

No domingo fui ao mercado sozinha e trouxe para casa dióspiros, maçãs vermelhas suculentas, beterrabas, tomate, entre outras frutas e legumes. Mas, uma das coisas especiais que comprei para surpreender o Ricardo foi beringelas. Estavam frescas e apetitosas. E foi assim que comprei 3 para lhe preparar um prato especial. Um pequeno gesto. Um pequeno nada. Mas são todas estas pequeninas coisas que dão cor à vida.


A ideia para estas beringelas veio do blogue What's For Lunch Honey? e, principalmente, a receita do molho de iogurte.


Beringelas assadas no forno

Ingredientes:
3 beringelas grandes
sal e pimenta

1. Cortar as beringelas ao meio. Em cada metade, fazer cortes de modo a fazer um xadrez.

2. Temperar com sal e pimenta.

3. Regar com 1,5dl de azeite.

4. Levar ao forno pré-aquecido a 220ºC durante 40 minutos.

O tempo de assar das beringelas varia de acordo com o tamanho.


Cuscuz com abóbora manteiga e bagos de romã

Ingredientes:
200g de cuscuz
2dl de água quente
sal e pimenta q.b.
40g de manteiga sem sal
200g de abóbora assada em azeite
1 raminho de salsa
1 raminho de coentros
50g de amêndoas torradas
5 colheres de sopa de bagos de romã

1. Colocar os cuscuz numa taça. Regar com a água quente. Deixar a descansar durante aproximadamente 5 minutos.

2. Colocar a manteiga numa frigideira. Levar ao lume. Assim que a manteiga esteja derretida, adicionar os cuscuz. Mexer muito bem de modo a que os grãos se separem.

3. Cortar a abóbora assada em pequenos cubos. Picar a salsa e os coentros.

4. Colocar os cuscuz numa taça. Juntar a abóbora, a salsa e os coentros picados, as nozes e os bagos de romã. Temperar com um pouco de sal e pimenta. Mexer.

5. Servir com as beringelas e o molho de iogurte com açafrão.


Molho de iogurte com açafrão

Ingredientes:
1 pitada de açafrão em fios (em infusão durante 5 minutos em 3 colheres de sopa de água quente)
180g de iogurte grego
1 a 2 dentes de alho espremidos
sumo de 1 limão
3 colheres de sopa de azeite

1. Envolver com uma vara de arames o iogurte com a infusão de açafrão. Mexer. De seguida adicionar os restantes ingredientes e mexer.

2. Reservar no frigorífico até à altura de servir.


Nesta receita o molho de iogurte faz toda a diferença. Fica muito saboroso. Em relação à receita original diminui a quantidade de limão usado e não me arrependi. Gostei tanto que fiquei com vontade de o usar noutras receitas.

O Ricardo adorou estas beringelas e, curiosamente, eu também. Eu que nem era grande apreciadora, agora dou por mim a gostar de beringelas! Bem, assim começo a não ter desculpas para não fazer mais vezes beringelas!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Sopa de legumes assados com agrião


Faço pelo menos uma sopa por semana. Habituei-me e gosto de ter sopa feita. Havendo sopa, há alturas em que faço uma refeição rápida num instante, especialmente naqueles dias em que chego a casa mais tarde. Uma sopa acompanhada com uma sandes ou com pão torrado e umas fatias de queijo, cai muito bem e cá em casa, não dizemos que não!

A sopa desta semana é uma sopa com legumes assados - ando mesmo fã! - a que juntei folhas de agrião que comprei frescas, no domingo, no mercado. Espero que gostem.


Ingredientes:
1 cebola cortada em meias luas
400g de alho-francês sem rama cortado
750g de abóbora manteiga cortada em cubos (1 abóbora pequena)
1,5dl de azeite
sal e pimenta
1,3L de água quente
120g de folhas de agrião


1. Colocar num tabuleiro a cebola, o alho-francês e a abóbora. Temperar com sal e pimenta. Por fim regar com o azeite.

2. Levar a assar em forno pré-aquecido a 200ºC durante 40 minutos, a meio mexer os legumes.

3. Depois dos legumes assados, colocá-los numa panela juntamente com a água quente. Triturá-los com a ajuda da varinha-mágica.

4. Levar a panela ao lume. Adicionar as folhas de agrião e deixar cozer. Se necessário retificar o sal.


A sopa fica com um sabor intenso muito agradável.

Outras sopas com legumes assados:
- Creme de batata-doce com avelãs torradas;
- Creme de legumes assados;
- Sopa de couve-flor e abóbora assadas com coentros;
- Sopa de tomate assado;
- Sopa de tomate assado com beringela.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Costeletas de vitela com pesto e chips de beterraba


As pessoas quando se encontram têm sempre alguma coisa para dizer. As conversas dizem, são como as cerejas, vêm umas atrás das outras. E quando as pessoas se encontram e têm afinidades, a conversa nunca mais acaba. Há sempre assunto. Fala-se da vida, da nossa e muitas das vezes, da dos outros, das últimas notícias, das últimas compras, de um filme ou livro a não perder, do que temos feito ou do que gostaríamos de fazer. Quando vamos começar a fazer as compras de Natal. A vida faz-se destes pequenos momentos. Dos pequenos encontros que quebram a rotina. Destes pequenos nadas, que fazem a diferença a cada dia.

Quando as pessoas se encontram, falam de comida. Fala-se do último bolo que fizemos e correu muito bem e, do próximo que vamos experimentar. Explicamos como fizemos a receita e de como iremos fazer da próxima vez. Fala-se do que foi o almoço e o que será o jantar.

Quando as pessoas se encontram falam muito de comida. Eu nunca me canso de falar - já devem ter reparado nisso! - e de ouvir falar de comida. Por isso, tenho que vos falar de comida. O meu almoço de sábado foi costeletas de vitela grelhadas com pesto e chips de beterraba.


Costeletas de vitela grelhadas

Ingredientes:
2 costeletas de vitela
Sal q.b.

1. Grelhar as costeletas de vitela.

2. Depois de grelhadas temperar com sal.


Pesto de manjericão e limão

Ingredientes:
2 mãos cheias de folhas de manjericão
2 dentes de alho
Sal e pimenta-preta q.b.
1 colher de sopa de pinhão
2 colheres de sopa de queijo Grana Padano ralado
2 colheres de sopa de azeite
Sumo de 1/2 limão pequeno

1. Num almofariz trabalhar as folhas de manjericão com o alho, sal, pimenta e pinhão.

2. Assim que formar uma pasta adicionar o queijo ralado e o azeite. Mexer.

3. Por fim adicionar o sumo de limão. Mexer.


Chips de beterraba

Ingredientes:
3 beterrabas médias
Sal e pimenta-preta q.b.
Spray para untar

1. Pré-aquecer o forno a 170ºC.

2. Com um mandolim cortar as beterrabas previamente descascadas em rodelas finas.

3. Colocar a beterraba cortada numa taça e temperar com sal e pimenta a gosto.

4. Colocar uma folha de papel vegetal num tabuleiro de forno. Com o spray untar o papel. Dispor as rodelas de beterraba sem as sobrepor.

5. Levar ao forno durante aproximadamente uma hora. A meio voltar as rodelas de beterraba e voltar a hidratá-las com o spray.


Em vez do spray podem usar um pouco de azeite, tal como indicado na receita onde me inspirei, do blogue Angie's Recipes, para fazer estas chips. Para isso, basta acrescentar o azeite quando se temperam as rodelas de beterraba com sal e pimenta. A gordura ajuda a que as chips fiquem brilhantes.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Da terra do Pinóquio até Montecatini


Ficámos duas noites em Montecatini Terme. A primeira noite chegámos cansados e recolhemos logo aos quartos. A segunda noite já nos permitiu dar um passeio com calma pelas ruas centrais desta cidade termal. Eram quase onze da noite e ainda havia lojas e cafés abertos. Imensas pessoas a passear na rua. Qualquer cidade em Itália tem movimento. Pessoas na rua. Comércio. Cafés e restaurantes com clientes.

O passeio deste dia tinha começado em Lucca. Depois de Lucca seguimos viagem até Collodi, terra do carpinteiro Gepeto que deu vida a Pinóquio. Ali existe um parque temático do Pinóquio e os jardins históricos de Garzoni, para além de vendedores com bonecos do Pinóquio de todos os tamanhos e preços. A nossa visita foi curta. A noite estava quase a chegar e ainda queríamos visitar Montecatini Alto


O caminho até Montecatini Alto é feito a subir. Uma subida com algumas curvas fechadas, que às vezes nos deixam o coração apertado, mas com uma vista fabulosa e inspiradora para o vale que rodeia esta localidade. Assim que chegámos e saímos do carro, eis que se aproximam uns noivos e os seus fotógrafos. Não resisti a tirar uma foto.


Depois de um breve passeio por Montecatini Alto, de ver o funicular a chegar, de subir até perto da torre, decidimos jantar na praça principal. Ao princípio da noite, grande parte dos restaurantes já tinham as suas esplanadas cheias. Nós lá conseguimos arranjar lugar num dos restaurantes e para jantar eu optei por uma sopa de farro, muito deliciosa, fiquei com vontade de a reproduzir. Para a mesa veio também zonzellone con prosciutto, uma salada Caprese e pratos de pasta.


Depois do passeio nocturno pelas ruas movimentadas de Montecatini Terme, regressámos ao hotel. No dia seguinte esperava-nos um passeio de barco pelas Cinco Terras.

domingo, 20 de novembro de 2011

Em Lucca a falar português


Chegámos a Lucca, na viagem de férias de Agosto, a meio da manhã de sábado, no dia a seguir de termos jantado em Pisa. A maior parte das lojas estava fechada, mas nas ruas circulavam muitos turistas. Lucca, como quase todas as cidades italianas, tem um passado histórico rico. Foi fundada pelos Etruscos, os Romanos estabeleceram ali uma colónia e, em 1799 foi conquistada por Napoleão. O centro histórico de Lucca está dentro de muralhas.

Depois de um passeio pelas ruas da cidade, de espreitar algumas lojas com pasta fresca à venda, de passar pela Piazza dell'Anfiteatro, um dos ex-libris da cidade, eis que o estômago começa a dar horas e antes que seja tarde, o melhor é encontrar um restaurante para almoçar.


Nem sempre aquilo que nos parece fácil o é. Nesta nossa viagem a Lucca encontrar o restaurante previamente escolhido revelou-se uma verdadeira saga com tantos caminhos percorridos quase como os episódios da série de TV Dallas.

Quando visitamos uma cidade, uma das primeiras coisas que procuramos fazer logo é arranjar um mapa para nos conseguirmos orientar. Em Lucca, quando chegámos, o ponto de informação turística estava fechado. Pensámos que estando Lucca dentro de umas muralhas não nos deveria ser difícil encontrar o que quer que fosse. Por isso, andámos de rua em rua à procura do restaurante escolhido para o nosso almoço. Mas estávamos bem enganados. Lucca tem muitas ruas, umas largas, outras bem estreitas e muitas, umas parecidas com as outras, especialmente aos olhos de uma pessoa que ali vai pela primeira vez. É já ali. Afinal não era. Se calhar é para acoli e não era. Mais uma tentativa. E mais outra. Isto tudo com o Ricardo a não querer perguntar indicações - mas porque é que os homens acham sempre que conseguem descobrir um local numa terra estranha sem perguntar aos locais?


Eu já farta de tanto andar e voltar ao mesmo sítio sem encontrar o tão desejado restaurante resolvi meter conversa com um jovem que estava parado com a sua bicicleta, cheio de sacos, em frente a uma loja. Meti conversa em italiano, a frase decorada para perguntar onde é, mas eis que o moço não me entende. Nisto, apercebe-se que sou portuguesa e diz-me que o melhor é falarmos em português, pois de certo que nos iríamos entender muito melhor. Eu, cheia de fome e cansada de andar às voltas, achei que era uma fantástica ideia. E foi assim que conheci o Stefano.

O Stefano esteve um ano em Portugal, na cidade do Porto, a estudar. Para ele, esta foi uma excelente oportunidade para colocar em prática os seus conhecimentos de português. Amavelmente, disponibilizou-se a servir-nos de guia até ao restaurante Vecchia Trattoria Buralli, situado numa praça pacata, longe da confusão dos turistas. Durante o percurso, Stefano falou-nos de Lucca, das suas noventa igrejas, e é que comum as pessoas perderem-se ali pois há muitas ruas, falou-nos da diferença entre Portugal e Itália. Disse-me que cá em Portugal, as pessoas falam com mais calma e que ele gosta imenso disso. Durante o percurso, Stefano ia-nos trauteando algumas das conhecidas óperas de Puccini e de Luigi Boccherini, ambos filhos da terra.

Já no restaurante, fizemos os nossos pedidos e para a mesa veio bruschetta com tomate e outra com lardo, javali com polenta, que já tinha comido, noutra viagem, em Bolonha, carne de porco assada com batatas, salmão grelhado e pasta com molho de tomate. O vinho escolhido foi Il Selvatico, de Montecarlo, uma localidade próxima de Lucca. Aqui uma vez mais, achei que o pão que serviram deixou muito a desejar. Achei-o seco e quase sem sal. Bom pão, tínhamos comido nós em Florença.


Depois do almoço ainda houve tempo para visitar a Catedral. Uma das coisas curiosas de Lucca é a torre Guinigi. É uma torre com árvores no topo. Segundo o nosso anfitrião, na altura da construção da torre, como não podia ser mais alta, colocaram árvores, para assim estarem mais perto do céu.


E assim, a falar português saímos de Lucca. A terra do pai do Pinóquio esperava por nós.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Bolo de medronhos para um chá ao final da tarde


Depois de uma conversa com a minha colega Sofia Trindade sobre o Alentejo e sobre alguns produtos que dificilmente se encontram à venda, eis que chego na quarta-feira à minha secretária e tenho uma caixa cheia de medronhos. Medronhos? Conseguem imaginar o meu entusiasmo!?

A última vez que me lembro de ver medronhos foi há já uns bons anos quando ia uma vez por semana a Arganil em trabalho. Mas agora ter uma caixa com eles à minha disposição era algo que me deixava muito contente e cheia de ideias. Sofia, muito obrigada!


Base do bolo

Ingredientes:
200g de açúcar
175g de manteiga sem sal à temperatura ambiente
200g de farinha com fermento
60g de amêndoa ralada sem a pele
5 ovos médios
0,5dl de leite
35 a 40 medronhos
manteiga ou margarina para untar e farinha para polvilhar a forma


1. Bater a manteiga com o açúcar.

2. Adicionar um ovo de cada vez. Bater muito bem entre cada adição.

3. Juntar a amêndoa ralada e mexer.

4. Adicionar metade da farinha e mexer. Juntar o leite, mexer e de seguida juntar a restante farinha.

5. Colocar metade da massa numa forma redonda previamente untada com manteiga e polvilhada com farinha. Dispor os medronhos previamente polvilhados com farinha. Por cima colocar a restante massa.

6. Levar ao forno a 180ºC durante 40 minutos. Antes de retirar do forno verificar através do teste do palito se está ou não cozido.

7. Deixar arrefecer e desenformar.

8. Servir o bolo barrado com doce de medronhos.


Se preferirem podem colocar a massa na forma e depois os medronhos por cima. Quando a massa entrar no forno, os medronhos vão ser "engolidos" por ela.


Doce de medronhos para cobertura

Ingredientes:
300g de medronhos
sumo de 1/2 limão
1 pau de canela
75g de açúcar


1. Colocar num tacho todos os ingredientes.

2. Levar ao lume e mexer regularmente até obter ponto estrada.

3. Passar o doce por um coador de modo a limpá-lo das sementes duras.

4. Barrar o bolo com o doce.


A receita de doce de medronho que apresento não fica muito doce para combinar na perfeição com o bolo. Os medronhos podem ser substituídos por mirtilos, framboesas ou outras bagas a gosto.

Fiz este bolo ontem à noite, mas hoje ao final da tarde tenho a certeza que irá combinar muito bem com uma chávena de chá. São servidos?

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Arroz de pato com marmelo assado


Assar uma ave apenas para dois, cá em casa, dá para várias refeições. Foi o que aconteceu com o pato assado publicado ontem. Comemos os peitos e as pernas. Limpei a carne das asas e do pescoço. Com os ossos fiz um caldo bastante simples. Cozi-os numa panela com água juntamente com uma cebola e uma cenoura cortada. Deixei ferver até a cebola e a cenoura estarem bem cozidas. De seguida coei o caldo e reservei. Foi com esse caldo e com a carne que aproveitei do pato assado que fiz este arroz.


Arroz de pato

Ingredientes:
2 chalotas picadas
2 colheres de sopa de manteiga
350g de arroz arbório
1dl de vinho branco
250g de carne de pato assado desfiada
1,1L de caldo de carne
sal e pimenta
queijo grana padano ralado para servir


1. Refogar a cebola numa colher de sopa de manteiga.

2. Adicionar o arroz e deixar fritar um pouco. Refrescar com o vinho branco.

3. Adicionar um pouco de caldo e a carne de pato desfiada. Temperar com sal e pimenta. Ir acrescentando o caldo à medida que o arroz for necessitando.

4. Assim que o arroz estiver cozido, adicionar uma colher de sopa de manteiga.

5. Servir o arroz polvilhado com queijo grana padano e gomos de marmelo assado.


Marmelo assado com tomilho e vinagre balsâmico

Ingredientes:
2 marmelos cortados em gomos
2 colheres de sopa de azeite
2 colheres de sopa de vinagre balsâmico
1 colher de sopa de folhas de tomilho ou 1 raminho de tomilho


1. Pré-aquecer o forno a 180ºC.

2. Num recipiente de forno colocar o marmelo cortado. Regar com o vinagre e o azeite. Polvilhar com o tomilho. Mexer bem e levar ao forno durante aproximadamente 50 minutos ou até o marmelo estar assado. A meio, virar as fatias de marmelo.


Decidi acompanhar este arroz com marmelo, tal como fiz com o pato assado. Mas quando estava a preparar esta receita fiquei indecisa se deveria acompanhar com marmelo salteado, que adoro e combina muito bem com carnes, ou assado. Mas assado, como? Entretanto lembrei-me de uma receita de marmelo assado que tinha achado muito interessante do blogue Scandi Foodie e decidi fazer igual, acrescentando apenas o tomilho.

Arroz de pato com marmelo assado pode à primeira vista ser uma combinação que cause estranheza, mas para quem adora marmelo como eu, de certo que vai fazer sucesso. E arroz doce com marmelo? A experimentar, brevemente.

Bons cozinhados!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Pato assado com laranja e vinho do Porto


Escrever um blogue quase todos os dias é um exercício de grande imaginação e criatividade. Exige rigor, disciplina e muita, muita motivação. Muitas são as vezes em que me questiono sobre o que me leva a fazê-lo, a pensar numa publicação praticamente diária, a fazer receitas o mais variadas possível, a misturar ingredientes, a cada vez procurar mais fontes de inspiração, a contar pedaços da minha vida, a inventar histórias, a criar personagens, a relatar viagens, a falar dos livros e dos filmes que escolho ler e ver.

Quando me questiono a resposta a que chego é quase sempre a mesma. Fazer o Cinco Quartos de Laranja dá-me imenso prazer, posso até dizer que me deixa feliz. É um factor extra que alegra os meus dias. Penso que isto poderá parecer estranho, mas a verdade é que este blogue já faz parte do meu dia-a-dia. Adoro ler os comentários e as sugestões que me enviam, mesmo que às vezes não consiga responder com a rapidez que gostaria. Por outro lado, o blogue permite-me realizar o sonho de aventura, de satisfazer a minha curiosidade por experimentar novos sabores, novas combinações, aprender técnicas e fazer coisas novas. Explorar e partilhar. O blogue tornou-se um dos caminhos para eu aprender muitas coisas mais. E eu gosto disso. Torna-se até viciante.

Foi a motivação de fazer coisas diferentes, de misturar sabores que me levou a fazer este pato com laranja e vinho do Porto. Não segui nenhuma receita. A minha inspiração veio da infância. Lembro-me que quando era miúda passou um filme na televisão que se chamava Pato com Laranja. Ouvi falar do filme com grande entusiasmo, mas os meus pais não mo deixaram ver. Penso que tinha umas cenas "picantes"! Curiosamente acabei por nunca ver o filme, mas a ideia do pato com laranja ficou. Devem existir inúmeras receitas, mas esta que hoje vos apresento é a minha versão.


Ingredientes:
1 pato com 2,4Kg
3 dentes de alho picados
1 cebola pequena picada
1/2 laranja cortada em pedaços com a casca
1 ramo de tomilho
sal e pimenta
1 colher de sopa de manteiga
sumo e raspa de 2 laranjas
1 estrela de anis
1 pau de canela
1dl de vinho do Porto
2 colheres de sopa de mel
150g de abóbora manteiga
300g de uvas
2 marmelos


1. Aquecer o forno a 180ºC.

2. Numa taça colocar sal, pimenta, o alho, a cebola, o tomilho e a 1/2 laranja cortada. Misturar e rechear o pato com esta mistura.

3. Colocar o pato num prato de forno e barrá-lo com uma colher de sopa de manteiga misturada com uma pitada de sal.

4. Levar ao forno durante 45 minutos.

5. Misturar o sumo de laranja com o mel, a estrela de anis, o pau de canela e o vinho do Porto. Levar ao lume e deixar ferver durante cinco minutos.

6. Regar o pato com metade da mistura anterior e deixar assar durante mais 20 minutos.

7. Colocar em volta do pato o marmelo descascado e cortado em fatias, a abóbora cortada e as uvas. Regar o pato com o restante molho. Levar ao forno durante mais 55 minutos para acabar de assar.


Este pato ficou muito saboroso. A carne combinou deliciosamente com o marmelo, a abóbora e as uvas. Quando assei o pato não o virei, o que levou que a parte de cima ficasse mais tostada do que a parte de baixo. Mas se preferirem que o pato fique dourado por inteiro, recomendo que o virem quando vai ao forno nos primeiros 45 minutos.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Creme de cenoura e batata-doce com pesto e chips de maçã


A sopa faz parte regularmente das refeições cá de casa. Ultimamente tenho explorado os sabores dos legumes assados e têm sido uma agradável surpresa. São extremamente deliciosos. Cresci com a minha mãe a fazer sopa de legumes cozidos, agora quando lhe digo que faço sopas com legumes assados no forno, ela sorri e no fundo sei que acha estranho. Às vezes ri-se e diz-me, "as coisas que tu fazes, filha", num misto de orgulho e de surpresa.

Mas nem só de sopas com legumes assados vive a minha cozinha. Continuo também a fazer sopas com legumes cozidos ou refogados primeiro. Para a sopa de hoje optei por juntar cenoura e batata-doce num creme servido com pesto e chips de maçã. Parece-vos interessante?


Creme

Ingredientes:
2 cebolas picadas
4 dentes de alho
1 dl de azeite
500 g de cenoura cortada em cubos
500 g de batata-doce cortada
1,1 l (aproximadamente) de água quente
Sal q.b.


1. Refogar a cebola e o alho no azeite. De seguida adicionar a cenoura e a batata-doce, temperar com sal e deixar cozinhar durante uns minutos.

2. Adicionar a água quente e deixar acabar de cozer os legumes. Assim que estejam cozidos, triturar com a ajuda da varinha mágica.

3. Servir a sopa com uma colherada de pesto e chips de maçã.


Pesto de manjericão e coentros

Ingredientes:
2 dentes de alho
1 mão cheia de folhas de manjericão
1 mão cheia de folhas de coentros
1 colher de sopa de pinhão
Sal grosso e pimenta q.b.
1 colher de sopa de queijo grana padano ralado
Azeite q.b.


1. Trabalhar num almofariz o alho, sal, pimenta, as folhas de manjericão e de coentros e o pinhão. Trabalhar até opter uma pasta.

2. Adicionar o queijo e um pouco de azeite, de modo a ligar todos os ingredientes. Envolver muito bem.


Chips de maçã

Ingredientes:
2 maçãs Royal Gala
Gengibre em pó q.b.
Noz-moscada e pimenta-de-caiena q.b.


1. Aquecer o forno a 100ºC.

2. Cortar as maçãs em fatias muito finas.

3. Colocar as maçãs numa taça e temperar com um pouco de gengibre em pó e de noz-moscada, e uma pitada de pimenta-de-caiena.

4. Colocar as fatias de maçã, sem as sobrepor, num tabuleiro forrado com uma folha de papel vegetal.

5. Levar ao forno durante 1h45 a 2 horas.


O creme de cenoura e batata-doce fica delicioso, no entanto fica ainda melhor quando se junta uma generosa colher de pesto e se acompanha com as chips de maçã, estas com um ligeiro toque exótico das especiarias e da pimenta-de-caiena, que nos deixa a boca a saltitar.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Salada de fruta com um toque de Outono


Segunda-feira. Este ano gosto das segundas-feiras. É o dia da semana de trabalho em que consigo almoçar em casa e nem imaginam como fico contente por isso. Há segundas-feiras em que chego a casa e ainda tenho que preparar um almoço rápido, outras em que já tenho tudo pronto, basta aquecer. Nestas, como tenho mais disponibilidade, ainda há tempo para preparar um pequeno miminho de boca. A escolha de hoje foi uma salada de frutas, com o dióspiro e a romã, frutas características do Outono.


Ingredientes:
1 dióspiro brilhante descascado e cortado em cubos
4 colheres de sopa de bagos de romã
1 pêra descascada e cortada
2 fatias de melão cortadas, sem a casca, em cubos
sumo de 1 laranja
1 colher de sopa de mel (facultativo)
folhas de hortelã picadas


1. Numa taça colocar as frutas e as folhas de hortelã picadas.

2. Adicionar o mel e o sumo de laranja. Mexer e servir.


Esta salada fica muito saborosa. Excelente, para saborear enquanto o sol dá um ar da sua graça e as nuvens e a chuva aguardam pacientemente as decisões do vento do Outono.

Boa segunda-feira!

domingo, 13 de novembro de 2011

20 receitas com abóbora e o coche da Cinderela


Eu adoro abóboras, especialmente grandes e com formas estranhas. Tenho pelas abóboras um fascínio especial, como se elas escondessem segredos ou possuíssem características que as deixassem à mercê de poderes mágicos. Mas este fascínio deve ter uma razão de ser, não acham? A nossa imaginação e as ideias que construímos sobre as coisas e sobre o mundo começa logo na infância, por exemplo, com as histórias infantis e depois nunca mais para. Sinto-me mais descansada, pensar que este fascínio é algo puramente cultural e não fruto de uma qualquer avaria psicológica.

A primeira referência cultural de que me lembro foi retirada da história da Cinderela, que povoa o imaginário de qualquer criança. Quem é que não sonha em ser princesa, nem que seja por um dia, e casar com um príncipe encantado? A Cinderela consegue. A rapariga pobre, mal tratada pela madrasta e pelas terríveis irmãs, com a ajuda de uma fada madrinha consegue ir ao baile e dançar com o príncipe. E o que é que a fada madrinha transforma em coche para levar a Cinderela ao baile? Uma abóbora. E de certeza que a fada madrinha não escolheu a abóbora mais pequena para fazer o coche? Nem uma muito bonitinha? Eu não acredito que tenha sido!

De há uns anos a esta parte, chegou até nós a tradição anglo-saxónica do dia das Bruxas, onde as abóboras são esvaziadas e transformadas em lanternas vegetais. Recortam-se os olhos e a boca e são colocadas à noite para meter medo, para afastar os espíritos errantes do mal, tal como reza a lenda.

Na cozinha a abóbora é muito versátil e rentável. Numa abóbora, pode-se aproveitar a polpa, a casca (para servir uma sopa, por exemplo), as sementes e as flores. Podemos consumi-la de variadas formas, desde cozida, assada, guisada e em sobremesas. Cá por casa procuro ter sempre abóbora. Quando tenho em abundância corto-a em cubos e congelo, para depois ir usando, principalmente nas sopas.

Para aproveitar as abóboras da época, hoje, deixo-vos 20 receitas em que este fruto é protagonista:

Sopas e cremes:
- Creme de abóbora com gengibre e crocante de presunto;
- Creme de abóbora, funcho e cominhos;
- Creme de legumes assados;
- Dias de céu azul e uma sopa de abóbora;
- Sopa de abóbora assada com grão;
- Sopa de abóbora com azeite de coentros;
- Sopa de abóbora com gengibre;
- Sopa de abóbora e cenoura;
- Sopa de abóbora e tomate assado;
- Sopa de couve-flor e abóbora assadas com coentros.

Pratos:
- Arroz com abóbora e tomate assado;
- Arroz de abóbora manteiga com folhas de manjericão;
- Caril de vaca com batata-doce e abóbora;
- Frittata de peixe com abóbora;
- Porco assado com batata-doce e abóbora;
- Salada de abóbora manteiga assada com lentilhas.

Sobremesas:
- Bolo de abóbora;
- Bolo de abóbora com cobertura de chocolate;
- Doce de abóbora;
- Queques de abóbora.

Bons cozinhados com abóbora!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Dia de São Martinho e um delicioso bolo de chocolate


Hoje é dia São Martinho. Por cá a tradição exige castanhas, quentinhas, assadas ou cozidas com erva-doce, um copo de água-pé ou jeropiga. Eu prefiro sempre as castanhas assadas. Adoro o cheirinho da castanha assada, de as segurar nas mãos quentinhas e depois descascadas. O trabalho de lhes tirar a casca, compensa.

Para comemorar o dia de São Martinho, a seguir às castanhas, sugiro um delicioso bolo de chocolate, que encontrei na revista Delicious. de Outubro de 2009. Cá por casa tem sido feito sempre em ocasiões especiais e hoje é um dia especial.


Ingredientes:
225g de manteiga sem sal à temperatura ambiente
225g de açúcar
4 ovos grandes
100g de farinha com fermento
1 colher de chá de fermento em pó
2 colheres de sopa de cacau em pó
2 colheres de sopa de leite
manteiga para untar a forma

Cobertura:
140g de chocolate negro
100g de manteiga sem sal
55g de açúcar em pó


1. Aquecer o forno a 180ºC. Untar o fundo com manteiga e forrar duas formas de 20cm ou de 24 cm com papel vegetal. Untar com margarina também o papel.

2. Numa taça bater a manteiga com o açúcar até ficar um creme fofo.

3. Adicionar os ovos uma a um e bater entre cada adição.

4. Adicionar o leite, a farinha, o fermento e o cacau. Mexer muito bem.

5. Dividir a massa pelas duas formas. Levar ao forno durante 25 minutos. Depois de cozido, retirar do forno e deixar arrefecer.

6. Para preparar a cobertura: derreter o chocolate com a manteiga em banho-maria. Depois do chocolate derretido e já fora do lume, adicionar o açúcar em pó e mexer muito bem com uma vara de arames. Deixar arrefecer um pouco e depois barrar o bolo.

7. Colocar uma das bases do bolo num prato de servir. Regar com o molho de chocolate. De seguida, colocar a outra base do bolo e cobrir com o restante molho de chocolate.


Este bolo dá para 6 a 10 pessoas. Não fica muito grande. Decorei com fisalis ou como se diz nos Açores, tomate-capucho (acho o nome uma delícia!). O dourado destas bagas sobressai em bolos de chocolate.

Já agora, a receita original sugere que se derreta o chocolate em banho-maria e que se bata o açúcar com a manteiga e depois se misture tudo. Eu optei por fazer de maneira diferente e gostei do resultado.

Votos de um bom dia de São Martinho!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Beringelas assadas no forno com mistura de ervas


Decidi, ontem, que não fazia jantar. Quando cheguei a casa depois do trabalho não me preocupei com o que havia no frigorífico ou se tinha deixado alguma coisa a descongelar que era preciso cozinhar. Nada. Descansada. O jantar seria um misto do que havia no frigorífico e que sobrou de outras refeições. Mas afinal, não foi nada assim!

O Ricardo decidiu, curiosamente, passar pelo supermercado antes de chegar a casa. Telefonou-me a perguntar se precisava de alguma coisa. Ele só passava para comprar iogurte grego que estava em falta. Mas quando chegou a casa, fez-me uma surpresa. Comprou beringelas!

Como já algumas vezes aqui referi, o Ricardo adora beringelas, mas eu, nem por isso. Está sempre a pedir-me para cozinhar beringelas e eu lá vou adiando o pedido com as desculpas possíveis. Mas desta vez, como as beringelas estavam mesmo frescas, bonitas, bem brilhantes, lá acedi. Afinal ia cozinhar.


Ingredientes:
3 beringelas
3 dentes de alho
1 raminho de coentros
1 raminho de tomilho
3 colheres de sopa de sementes de abóbora
sal grosso
pimenta de moinho
1dl de azeite
vinagre balsâmico
120g de queijo feta
tomate e salada de verdes para acompanhar


1. Aquecer o forno a 200ºC.

2. Num almorafiz trabalhar até fazer uma pasta o alho, os coentros, o tomilho, as sementes de abóbora, o sal a pimenta.

3. Cortar ao meio as beringelas. Fazer cortes de modo a fazer um xadrez em diagonal.

4. Barrar as beringelas com a pasta preparada.

5. Colocar as beringelas num tabuleiro de forno. Regar com o azeite e levar ao forno durante 50 minutos.

6. Ao as beringelas do forno regá-las com o azeite que ficou no fundo do tabuleiro.

7. Servir as beringelas com queijo feta ligeiramente desfeito com a ponta dos dedos, um fio de vinagre balsâmico, tomate e uma salada de verdes.


Reconheço que gostei muito deste prato. As beringelas ficaram bem assadas e a mistura de ervas, azeite e queijo feta tornaram-nas muito saborosas. A pouco e pouco começo a achar que afinal até gosto (muito) de beringelas!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Caril de vaca com batata-doce e abóbora


A grande maioria dos pratos que faço é o resultado do que tenho no frigorífico ou no congelador. No sábado, decidi descongelar um pedaço de carne de vaca que tinha reservado para assar no forno. A ideia era fazer um assado no forno com legumes. Não tinha nenhuma ideia definida. Na altura de confeccionar logo resolveria. Às vezes, assim de improviso saem pratos deliciosos, não acham?

Acaso dos acasos, nesse dia procurei uma revista onde tinha um bolo que estava na minha lista de receitas a voltar a fazer. Ao folhear a revista, Delicious de Outubro de 2009, vejo um caril de vaca com batata-doce. A ideia pareceu-me muito interessante. Juntar carne de vaca, batata-doce e caril parecia-me muito apetitoso. Ao tempo que já não comia um caril. Estava decidido! O assado de carne de vaca ficaria para outro dia.


Ingredientes:
1Kg de carne de vaca cortada em cubos
4 colheres de sopa de óleo
sal e pimenta q.b.
2 cebolas picadas
2 dentes de alho picados
2 tomates grandes maduros
2 colheres de sopa de concentrado de tomate
1 malagueta
120g de pasta de caril verde
1 colher de chá de gengibre em pó
2 cardamomos
200ml de leite de coco
250g de batata-doce cortada (aprox. 2)
220g de abóbora-manteiga cortada aos cubos (1 abóbora pequena)
400ml de água quente
sumo de 1/2 limão
coentros picados para servir
arroz basmati cozido


1. Temperar a carne com sal e pimenta.

2. Colocar 2 colheres de sopa de óleo numa frigideira. Levar ao lume. Assim que estiver quente, colocar a carne e deixar alourar.

3. Retirar a carne e reservar.

4. Na mesma frigideira colocar o restante óleo. Adicionar a cebola picada e o alho. Assim que a cebola quebrar adicionar o tomate picado, limpo de peles e sementes, e o concentrado de tomate. Deixar cozinhar um pouco.

5. Adicionar a pasta de caril, o gengibre, o cardamomo e a malagueta cortada. Mexer.

6. Juntar a carne ao preparado anterior. Mexer. De seguida adicionar a água quente, a abóbora, a batata-doce e o leite de coco. Tapar e deixar cozinhar.

7. Antes de retirar do lume, adicionar sumo de 1/2 limão. Servir com coentros picados e arroz basmati cozido.


Gostei muito das adaptações que fiz à receita original, especialmente ter usado a abóbora-manteiga que é muito saborosa e combinou muito bem com a batata-doce. Ficou um prato delicioso!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Sopa de couve-flor e abóbora assadas com coentros


Comecei, ontem ao final da tarde, a ler o livro Fisiologia do Gosto de Brillat-Savarin. Uma das coisas que achei logo curiosa na obra foram alguns dos seus aforismos:

- Os animais pastam, o homem come. Só o homem de espírito sabe comer;

- Diz-me o que comes, dir-te-ei quem és;

- A mesa é o único lugar onde nunca nos entediamos durante a primeira hora;

- A descoberta de um novo manjar causa mais felicidade ao género humano do que a descoberta de uma estrela;

- Uma sobremesa sem queijo é como uma bela mulher a quem falta um olho;

- Entreter um convidado é encarregar-se da sua felicidade durante todo o tempo que passar sob o nosso teto.


Comer, como sabemos, não é só uma forma de satisfazermos as nossas necessidades enquanto seres vivos. Comer para o Homem, envolve muitos outros fatores. O saber comer. O saber apreciar. O saber escolher. Envolve prazer, felicidade. Envolve o paladar e o gosto. A comida caracteriza-nos por um lado, enquanto membros de uma cultura e por outro, revela os nossos hábitos, a nossa relação com os alimentos.

O que dirá, a comida que faço, de mim, dos meus hábitos, da minha maneira de viver e de estar? Uma das coisas que procuro é que nunca falte na minha cozinha legumes. Por isso, hoje deixo-vos uma sopa de legumes assados que resultou muito bem.


Ingredientes:
500g de couve-flor
550g de abóbora cortada em cubos
3 dentes de alho
1 cebola cortada em meias luas
pimenta e sal q.b.
1dl de azeite
1 ramo de coentros
1,4L de água quente ou caldo de legumes
1 colher de chá mal cheia de gengibre em pó
1/2 colher de chá de cominhos em pó


1. Aquecer o forno a 200ºC.

2. Colocar num tabuleiro de forno a abóbora, a couve-flor cortada, o alho e a cebola. Temperar com sal e pimenta a gosto. Regar com o azeite e levar ao forno durante 45 minutos. Sensivelmente a meio do tempo, mexer os legumes.

3. Colocar numa panela um ramo de coentros picados. Juntar os legumes assados, reservando uns floretes cortados de couve-flor para servir, e 1 dl de água a ferver. Triturar a mistura.

4. Adicionar a restante água e mexer a sopa. Temperar com o gengibre e os cominhos. Se necessário retificar o sal.

5. Servir a sopa com uma fatia de couve-flor assada.


Esta sopa tem um delicioso aroma a coentros e ligeiro toque das especiarias, o que a torna excelente, para além de ficar muito cremosa. Uma delícia, portanto!


P.S.: A partir de hoje, é possível seguir o Cinco Quartos de Laranja no Google+.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Gelado de romã com mel e iogurte grego


O fim de semana passou depressa. É sempre assim, não é? No sábado, fiquei em casa, o dia estava chuvoso e nem apeteceu sair. Há dias assim, em que gosto de ficar em casa, nas calmas, longe até do computador. Aproveitei para acabar de ler o livro de Ruth Reichl, Garlic And Sapphires: The Secret Life of a Food Critic, onde Ruth nos conta as suas aventuras enquanto crítica do New York Times, que para fazer o seu trabalho teve que se disfarçar, ao som do que foi a música deste fim-de-semana, She's Always A Woman cantada por Billy Joel, uma música que fica no ouvido.

O domingo chegou com sol. Eu aproveitei para ir ver, com a família, no Museu Calouste Gulbenkian a exposição A Perspectiva das Coisas. A Natureza-morta na Europa [1840 - 1955] com obras de Latour, Matisse, Van Gogh, Dali, Duchamp, entre outros. O dia estava mesmo convidativo a um passeio. Soube bem aproveitar.


Para o almoço fiz um gelado de romã com mel e iogurte grego que todos adoraram.


Ingredientes:
250ml de sumo de romã
200ml de iogurte grego
180g de mel
200ml natas com 35% de gordura
1 colher de sopa de açúcar
1 colher de sopa de sumo de limão
bagos de romã para servir


1. Misturar o sumo de romã com o iogurte e o mel. Bater bem com uma vara de arames.

2. Bater as natas frias com o açúcar e o sumo de limão.

3. Adicionar as natas ao preparado anterior. Envolver bem.

4. Colocar a mistura na máquina de fazer gelados seguindo as indicações do fabricante.

5. Servir o gelado com bagos de romã.


Levar ao congelador de um dia para ou outro ou pelo menos duas horas. Para fazer o sumo de romã usei duas romãs grandes, que descascadas renderam 350g de bagos.

O gelado de romã fica com uma cor muito bonita, um rosa suave, que nos desperta atenção. O sabor é muito agradável. É daqueles gelados que nos obriga a repetir!

domingo, 6 de novembro de 2011

35 receitas de forno para domingos felizes


O domingo é por excelência o dia da família, pelo menos para mim. Lembro-me que foi sempre o dia de estar com a minha família, sem pressas, de usar roupa nova, de fazer coisas diferentes. Era o dia escolhido para receber visitas ou irmos visitar outros familiares. Sempre que havia algum dia especial para comemorar, esse dia passava normalmente para o domingo. Agora, às vezes, ainda é assim.

Ao domingo havia sempre um prato especial, normalmente de forno, confecionado com tempo ou melhor com mais tempo. A mesa enchia-se de gente e de vez em quando depois do almoço ainda se juntava um ou outro vizinho que passava e que aparecia para cumprimentar a família. Enquanto os adultos conversavam, as crianças corriam de um lado para o outro, mesmo na rua, sem os perigos que hoje se avistam. Os domingos, eram dias felizes.

Às vezes, quando paro para pensar parece que foi ontem, mas quando faço as contas até me assusto! Como os anos passam! As memórias das coisas boas ficam e marcam. Guardamos alguns acontecimentos pelas recordações do bem-estar e do paladar. Especialmente o paladar. À medida que os anos passam é notório que o tempo mudou as nossas vidas, mas o domingo continua a ser o dia privilegiado para juntar a família à volta da mesa.

Para domingos felizes com a família, aqui ficam 35 receitas para usar o forno.

Entradas:
- Bruschetta de tomate cereja assado com vinagre balsâmico;
- Cogumelos no forno com atum;
- Tomate com mozzarella;
- Vieiras gratinadas para uma amiga.

Peixe:
- Bacalhau com broa de milho e couve lombarda;
- Besugo assado no forno com coentros e tomate cereja;
- Corvina assada no forno;
- Embrulhos de peixe com legumes e erva-doce;
- Goraz assado no forno com laranja e tomilho;
- Medalhões de pescada à Minhota;
- Pescada assada à Algarvia;
- Polvo assado no forno com batata-doce;
- Salmão em crosta aromática;
- Salmão em papillote.

Carne:
- Aba de novilho assada;
- Borrego assado no forno com tomilho e vinho da Madeira;
- Borrego no forno com marmelos;
- Carne de vaca assada no forno e a chegada da chuva;
- Costeletas de porco no forno com mel e sálvia;
- Entrecosto assado com tomilho fresco e laranja;
- Entrecosto de vitela assado;
- Entrecosto no forno;
- Entrecosto no forno acompanhado de maçãs com queijo da ilha;
- Entrecosto no forno com alecrim;
- Frango assado no forno com aipo e cenoura;
- Frango assado no forno com laranja e tomilho;
- Frango do campo assado com tomate, abóbora manteiga e azeitonas;
- Lombo de porco à Frei António;
- Pá de porco assada no forno com alecrim e laranja;
- Perna de borrego assada com mostarda e ervas;
- Perna de borrego assada no forno com azeitonas pretas;
- Perna de borrego assada no forno com mostarda em grão;
- Pernas de coelho com presunto, tomilho e alecrim;
- Pernas de coelho recheadas com morcela;
- Vitela assada no forno.

Votos de um domingo feliz!