A nossa história e localização liga-nos ao mar e às artes da pesca. Ser português é sinónimo de gostar de peixe. E a nossa gastronomia é tão rica que de norte a sul encontramos os mais variados pratos de peixe e marisco, que as mãos sábias de gerações e gerações foram apurado e melhorando.
Hoje em dia, na divulgação da nossa gastronomia e do nosso peixe, o papel dos chefs e das boas obras de cozinha são determinantes. Por isso fiquei muito contente quando vi publicada a obra Portugal, O Melhor Peixe do Mundo de Fátima Moura, pela Assírio & Alvim. Foi dos livros que coloquei logo na minha lista de livros a ler. Na minha opinião, há muito que o nosso peixe merecia um obra assim.
Uma das coisas deliciosas da vida são as improbabilidades, os acasos. E a vida deu uma volta e colocou-me num final de tarde à conversa com Fátima Moura. Falámos sobre livros, comida, chefs, restaurantes. Gostei tanto da nossa conversa, de ter descoberto múltiplas afinidades com a autora que decidi fazer-lhe uma entrevista, que desde já agradeço.
A Fátima Moura nasceu em Angola, passou algum tempo no Brasil e actualmente vive em Portugal na zona de Cascais. Já foi professora, assistente de bordo, tradutora e editora. Neste momento, escreve na área da gastronomia: os livros ( O Grande Livro dos Chefs, Cataplana Experience e Portugal, O Melhor Peixe do Mundo ), uma página no Facebook e crónicas.
Entrevista a Fátima Moura, autora do livro Portugal, O Melhor Peixe do Mundo:
1. A gastronomia sempre foi uma paixão?
Sempre gostei de estar na cozinha. Em pequena tinha muita curiosidade de estar a ver trabalhar o Rodrigues, que foi nosso cozinheiro quase 20 anos em Luanda e que tinha muita paciência para me ensinar. A minha mãe era muito criativa na cozinha e tinha "fases" como os pintores, em que fazia variações sobre o mesmo ingrediente. Lembro-me da fase da cenoura, que durou quase dois meses e em que tudo era cor de laranja.
2. Sei que é licenciada em filosofia. Como passou desse mundo das letras para o mundo da gastronomia?
Em 1984 fiz um curso de cozinha profissional na Escola Hoteleira do Estoril. Depois aproveitei esses conhecimentos para os livros. Comecei por traduzir e depois editar livros ligados à cozinha, para as Selecções do Reader's Digest.
3. O Grande Livro dos Chefs, Cataplana Experience e Portugal, O Melhor Peixe do Mundo não são apenas livros de receitas. Como os define e como os prepara?
Gosto de dar informação nos livros que faço. Tenho imenso prazer no tempo que passo a investigar e adoro ir ao terreno, como tenho feito no livro que estou a fazer agora. Corro o país todo com o Mário Cerdeira, um grande fotógrafo, à procura das melhores fontes e para cruzar a informação. Por outro lado, as receitas são complementos que me permitem trabalhar e aprender mais com os chefs.
4. Portugal, O Melhor Peixe do Mundo - porquê?
Porque o peixe é um dos grandes tesouros no Portugal virado para o turismo gastronómico. Todos nós Portugueses somos guardiões desse tesouro e temos de ter consciência de que só o conseguiremos manter se pensarmos sempre em termos de sustentabilidade. É indispensável controlarmos a pesca e o consumo, sabermos quando é aconselhável comer certas espécies, quais as épocas da reprodução e defeso e consumirmos uma grande diversidade de espécies.
5. Como seleccionou os chefs para o melhor peixe do mundo?
Foi muito difícil, visto que nós temos muitos chefs de topo e optei por apenas cinco. O critério foi optar pelos que trabalham mais o peixe, seja de um modo mais tradicional seja de maneira mais vanguardista.
6. Na elaboração do seu livro assistiu à preparação dos pratos pelos chefs? Houve algum momento especial que possa partilhar?
Começamos sempre por uma ou mais reuniões para escolher os pratos a preparar. Depois assisto e participo sempre em todas as sessões de fotografia. Lembro-me de uma sessão no estúdio com o Bertílio Gomes. Tínhamos começado às 3 da tarde e já eram duas da manhã e ainda faltava a cataplana de cavala fumada. Era preciso que o fumo fosse bem visível na fotografia e o Mário lembrou-se de que o mais fácil seria fumo de cigarro. Como nenhum de nós fumava lá foi ele à procura de uma bomba de gasolina para comprar um maço. E depois lá me pus eu a fumar e, claro, acabou tudo em risota e com tanta fome que comemos os pratos fotografados!
7. A identidade gastronómica portuguesa é marcada pela riqueza e variedade dos nossos pratos de peixe. Quais, na sua opinião, são os mais representativos?
O mais representativo é mesmo a qualidade do nosso peixe. A grelha é icónica, mas não podemos esquecer os assados, as açordas, as sopas e as frituras.
8. O melhor peixe português é ... ?
Não consigo escolher um, mas gosto muito de salmonete, sardinha e robalo.
9. O próximo projecto será?
Está em curso e é um livro para a colecção de Filatelia (livros com selos) dos CTT sobre enchidos. Tenho especial carinho por uma página de gastronomia que criei recentemente no Facebook e que se chama Conversas à Mesa com Fátima Moura.
Obrigada Isabel por esta oportunidade de aparecer no seu blogue, que costumo seguir regularmente e que muito aprecio.
Do livro Portugal, O Melhor Peixe do Mundo fiz a receita de Polvo assado com batata-doce de Aljezur do chef Bertílio Gomes.
Ingredientes:
2 cebolas às rodelas
4 tomates maduros em rodelas
2 dentes de alho
1 ramo de salsa
1 polvo com 2kg inteiro e arranjado
2 dl de azeite
600 g de batata-doce
sal
para a fritada de tomate:
1 dl de azeite
2 cebolas médias, em cubos
4 tomates maduros em cubos, limpos de peles e sementes
1. Pré-aquecer o forno a 200ºC.
2. Num tabuleiro fazer uma cama de legumes: as rodelas de cebola, as rodelas de tomate, o alho e o ramo de salsa. Dispor o polvo e regar com o azeite.
3. Tapar com papel de alumínio e levar ao forno a assar durante 1h30. Noutro tabuleiro, colocar a batata-doce com casca. Temperar com sal grosso. Tapar com papel de alumínio e levar a assar ao forno durante 45 minutos.
4. Depois de assado, cortar o polvo em pedaços irregulares e reservar.
5. Depois de assadas as batatas-doces, descascar e cortar em cubos.
6. Para a fritada de tomate, colocar numa frigideira grande que possa ir ao forno e o azeite e a cebola. Levar ao lume e refogar. Juntar o tomate e fritar.
7. Adicionar a batata-doce e levar ao forno até alourar.
Nesta receita usei polvo congelado, que descongelei previamente antes de usar.
A fritada de tomate e a batata-doce tornaram-se um acompanhamento perfeito para o polvo, que ficou tenro e delicioso. O polvo que usei foi dos congelados.
Ter um bom produto não chega. Mas ter um bom produto e saber cozinhá-lo com arte e paixão, é algo sublime e magnífico. Por isso e por muito mais, podemos afirmar que Portugal tem o melhor peixe do mundo!
Hoje em dia, na divulgação da nossa gastronomia e do nosso peixe, o papel dos chefs e das boas obras de cozinha são determinantes. Por isso fiquei muito contente quando vi publicada a obra Portugal, O Melhor Peixe do Mundo de Fátima Moura, pela Assírio & Alvim. Foi dos livros que coloquei logo na minha lista de livros a ler. Na minha opinião, há muito que o nosso peixe merecia um obra assim.
Uma das coisas deliciosas da vida são as improbabilidades, os acasos. E a vida deu uma volta e colocou-me num final de tarde à conversa com Fátima Moura. Falámos sobre livros, comida, chefs, restaurantes. Gostei tanto da nossa conversa, de ter descoberto múltiplas afinidades com a autora que decidi fazer-lhe uma entrevista, que desde já agradeço.
A Fátima Moura nasceu em Angola, passou algum tempo no Brasil e actualmente vive em Portugal na zona de Cascais. Já foi professora, assistente de bordo, tradutora e editora. Neste momento, escreve na área da gastronomia: os livros ( O Grande Livro dos Chefs, Cataplana Experience e Portugal, O Melhor Peixe do Mundo ), uma página no Facebook e crónicas.
Entrevista a Fátima Moura, autora do livro Portugal, O Melhor Peixe do Mundo:
1. A gastronomia sempre foi uma paixão?
Sempre gostei de estar na cozinha. Em pequena tinha muita curiosidade de estar a ver trabalhar o Rodrigues, que foi nosso cozinheiro quase 20 anos em Luanda e que tinha muita paciência para me ensinar. A minha mãe era muito criativa na cozinha e tinha "fases" como os pintores, em que fazia variações sobre o mesmo ingrediente. Lembro-me da fase da cenoura, que durou quase dois meses e em que tudo era cor de laranja.
2. Sei que é licenciada em filosofia. Como passou desse mundo das letras para o mundo da gastronomia?
Em 1984 fiz um curso de cozinha profissional na Escola Hoteleira do Estoril. Depois aproveitei esses conhecimentos para os livros. Comecei por traduzir e depois editar livros ligados à cozinha, para as Selecções do Reader's Digest.
3. O Grande Livro dos Chefs, Cataplana Experience e Portugal, O Melhor Peixe do Mundo não são apenas livros de receitas. Como os define e como os prepara?
Gosto de dar informação nos livros que faço. Tenho imenso prazer no tempo que passo a investigar e adoro ir ao terreno, como tenho feito no livro que estou a fazer agora. Corro o país todo com o Mário Cerdeira, um grande fotógrafo, à procura das melhores fontes e para cruzar a informação. Por outro lado, as receitas são complementos que me permitem trabalhar e aprender mais com os chefs.
4. Portugal, O Melhor Peixe do Mundo - porquê?
Porque o peixe é um dos grandes tesouros no Portugal virado para o turismo gastronómico. Todos nós Portugueses somos guardiões desse tesouro e temos de ter consciência de que só o conseguiremos manter se pensarmos sempre em termos de sustentabilidade. É indispensável controlarmos a pesca e o consumo, sabermos quando é aconselhável comer certas espécies, quais as épocas da reprodução e defeso e consumirmos uma grande diversidade de espécies.
5. Como seleccionou os chefs para o melhor peixe do mundo?
Foi muito difícil, visto que nós temos muitos chefs de topo e optei por apenas cinco. O critério foi optar pelos que trabalham mais o peixe, seja de um modo mais tradicional seja de maneira mais vanguardista.
6. Na elaboração do seu livro assistiu à preparação dos pratos pelos chefs? Houve algum momento especial que possa partilhar?
Começamos sempre por uma ou mais reuniões para escolher os pratos a preparar. Depois assisto e participo sempre em todas as sessões de fotografia. Lembro-me de uma sessão no estúdio com o Bertílio Gomes. Tínhamos começado às 3 da tarde e já eram duas da manhã e ainda faltava a cataplana de cavala fumada. Era preciso que o fumo fosse bem visível na fotografia e o Mário lembrou-se de que o mais fácil seria fumo de cigarro. Como nenhum de nós fumava lá foi ele à procura de uma bomba de gasolina para comprar um maço. E depois lá me pus eu a fumar e, claro, acabou tudo em risota e com tanta fome que comemos os pratos fotografados!
7. A identidade gastronómica portuguesa é marcada pela riqueza e variedade dos nossos pratos de peixe. Quais, na sua opinião, são os mais representativos?
O mais representativo é mesmo a qualidade do nosso peixe. A grelha é icónica, mas não podemos esquecer os assados, as açordas, as sopas e as frituras.
8. O melhor peixe português é ... ?
Não consigo escolher um, mas gosto muito de salmonete, sardinha e robalo.
9. O próximo projecto será?
Está em curso e é um livro para a colecção de Filatelia (livros com selos) dos CTT sobre enchidos. Tenho especial carinho por uma página de gastronomia que criei recentemente no Facebook e que se chama Conversas à Mesa com Fátima Moura.
Obrigada Isabel por esta oportunidade de aparecer no seu blogue, que costumo seguir regularmente e que muito aprecio.
Do livro Portugal, O Melhor Peixe do Mundo fiz a receita de Polvo assado com batata-doce de Aljezur do chef Bertílio Gomes.
Ingredientes:
2 cebolas às rodelas
4 tomates maduros em rodelas
2 dentes de alho
1 ramo de salsa
1 polvo com 2kg inteiro e arranjado
2 dl de azeite
600 g de batata-doce
sal
para a fritada de tomate:
1 dl de azeite
2 cebolas médias, em cubos
4 tomates maduros em cubos, limpos de peles e sementes
1. Pré-aquecer o forno a 200ºC.
2. Num tabuleiro fazer uma cama de legumes: as rodelas de cebola, as rodelas de tomate, o alho e o ramo de salsa. Dispor o polvo e regar com o azeite.
3. Tapar com papel de alumínio e levar ao forno a assar durante 1h30. Noutro tabuleiro, colocar a batata-doce com casca. Temperar com sal grosso. Tapar com papel de alumínio e levar a assar ao forno durante 45 minutos.
4. Depois de assado, cortar o polvo em pedaços irregulares e reservar.
5. Depois de assadas as batatas-doces, descascar e cortar em cubos.
6. Para a fritada de tomate, colocar numa frigideira grande que possa ir ao forno e o azeite e a cebola. Levar ao lume e refogar. Juntar o tomate e fritar.
7. Adicionar a batata-doce e levar ao forno até alourar.
Nesta receita usei polvo congelado, que descongelei previamente antes de usar.
A fritada de tomate e a batata-doce tornaram-se um acompanhamento perfeito para o polvo, que ficou tenro e delicioso. O polvo que usei foi dos congelados.
Ter um bom produto não chega. Mas ter um bom produto e saber cozinhá-lo com arte e paixão, é algo sublime e magnífico. Por isso e por muito mais, podemos afirmar que Portugal tem o melhor peixe do mundo!