segunda-feira, 30 de abril de 2012

Tagine de borrego com ovos e avelãs


De vez em quando gosto de mergulhar no sabor de outras cozinhas. Conhecendo outras cozinhas, acabamos por perceber melhor a nossa e também sabe muito bem viajar através dos sabores, imaginar outras paragens que combinem com o espírito do prato que iremos degustar. Eu adorava visitar Marrocos, ir, principalmente, a Marraqueche, Casablanca e Fez. Há qualquer coisa de exótico e misterioso nestas cidades, que me atraem e despertam a imaginação. Os mercados cheios de gente, as cores, as especiarias, tudo isto me soa a aventura e a histórias de mil e uma noites.

A cozinha escolhida para hoje foi a marroquina. A receita foi inspirada numa da revista BBC Good Food de Janeiro de 2001. Nesta cozinha, de que ainda só fiz pratos salgados, gosto do modo como usam as especiarias, como as misturam especialmente com a carne de borrego. A novidade desta tagine é que leva ovos.


Ingredientes:
25g de manteiga
0,5dl de azeite
1 cebola picada
1 colher de café de gengibre em pó
1 pitada de açafrão em fios
500g de borrego sem osso cortado em cubos
2 dentes de alho picados
3 cardamomos
1 raminho de coentros ou salsa picados
sal e pimenta
3dl de água (quente)
6 ovos de codorniz cozidos ou 4 ovos pequenos
50g de avelãs torradas


1. Colocar num tacho a manteiga com o azeite. Assim que a manteiga derreter, juntar a cebola, o açafrão, o gengibre, sal e pimenta a gosto. Deixar cozinhar até as cebolas ficaram transparentes.

2. Adicionar a carne e o alho. Deixar cozinhar durante 3 minutos e de seguida acrescentar a água, de preferência quente. Deixar cozinhar em lume brando até a carne estar cozida.

3. Servir com os ovos abertos ao meio, as avelãs torradas, coentros picados ou salsa. Acompanhar com cuscuz.


O que me chamou a atenção nesta receita foi os ovos. Pareceu-me uma combinação pouco usual, mas o que é certo é que os ovos ficaram deliciosos com o borrego.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Tarde de chuva e bolo de chocolate ...


Na passada quarta-feira, dia 25 de Abril, dia da Liberdade, foi feriado em terras Lusas. Este ano, ao contrário de outros, acabei por ficar em casa. O dia estava cinzento, choveu e sem mais nem menos, dei por mim, com vontade de passar o tempo de pijama e pantufas, a olhar a chuva da janela da sala. Tinha intenções de começar a escrever um relatório sobre o meu trabalho, mas a cozinha e o conforto de um bolo de chocolate chamaram mais alto. E ainda bem, passei uma verdadeira tarde de chuva e chocolate!


Bolo de chocolate e castanhas


Ingredientes:
200g de chocolate com 70% de cacau partido aos pedaços
175g de manteiga sem sal
5 ovos grandes (as claras separadas das gemas)
175g de açúcar
uma pitada de sal
100g de puré de castanhas sem açúcar (enlatado)
cacau em pó, para polvilhar


1. Aquecer o forno previamente a 180ºC.

2. Derreter em banho-maria o chocolate com a manteiga.

3. Bater, com uma batedeira eléctrica, as gemas de ovo com 100g de açúcar o sal numa tigela durante cinco minutos, até obter uma consistência parecida com a mousse.

4. Desfazer o puré de castanhas com uma colher e de seguida acrescentá-lo à mistura dos ovos.

5. Bater as claras em castelo numa taça. Juntar o resto do açúcar, um quarto de cada vez.

6. Com uma colher envolver a pouco e pouco, e ao de leve a mistura de chocolate nas gemas. Por fim, acrescentar as claras batidas em castelo. Mexer com suavidade para manter tanto ar na massa quanto possível.

7. Colocar o preparado numa forma com 23cm e 6cm de altura, com aro superior amovível, untada com óleo e tendo na base papel vegetal. Levar ao forno previamente aquecido durante 40 a 45 minutos.

8. O bolo vai crescer bastante dentro do forno, mas quando arrefecer abate no meio. Depois de frio e já fora da forma, servir polvilhado com cacau em pó.


Antes de colocar a massa no forno, acreditem que me apeteceu comê-la às colheradas. Estava tão boa. Com um sabor forte a chocolate e um travo adocicado a castanha, a consistência assemelhava-se à da mousse e foi um regalo para as minhas papilas gustativas as duas ou três colheradas a que não resisti! A receita é do livro Bolos para a Família de Sarah Randell.

Este bolo fica uma verdadeira tentação. Macio, leve e húmido. Simplesmente, irresistível.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Queijadas de leite


Nos últimos dias pouco tenho cozinhado. Estive uns dias em Aveiro depois disso, mergulhei no Peixe em Lisboa. Este ano procurei aproveitar ao máximo, de acordo com a minha disponibilidade, esta iniciativa. Nestes dias, passei novamente pelo restaurante da Justa Nobre e descobri, no aniversário da minha amiga Susana Santos, a Tasca do Sol na Graça, que adorei. Por isto tudo, a minha cozinha tem estado quase parada. Nestes últimos dias só houve tempo para fazer umas queijadinhas de leite, a pedido de uma leitora.


Ingredientes:
1 l de leite (usei gordo)
800 g de açúcar
200 g de farinha
8 ovos
Raspa de 1 limão
50 g de manteiga derretida e à temperatura ambiente


1. Ferver o leite num recipiente e deixar amornar.

2. Numa tigela, colocar um pouco de leite. Juntar o açúcar e a farinha peneirada. Mexer bem com uma vara de arames.

3. Acrescentar os ovos e a raspa de limão.

4. Depois de misturar bem todos os ingredientes, adicionar o restante leite.

5. Juntar a manteiga e mexer.

6. Untar formas pequenas com manteiga ou margarina e polvilhar com farinha.

7. Encher as formas com a massa e levar ao forno pré-aquecido a 200ºC durante 35 minutos.

8. Depois de cozidas, deixar arrefecer e depois desenformar.


Esta receita deu para trinta queijadas. A receita é da revista Nova Cozinha Tradicional de Julho de 2009.

Estas queijadas ficaram deliciosas. Eu gosto delas morninhas. Uma delícia!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Os críticos e a crítica e uma harmonização de vinhos, no Peixe em Lisboa 2012

No Peixe em Lisboa, a 16 de Abril 2012, decorreu a Peixeirada, uma conversa com jornalistas, críticos gastronómicos e outros interessados nesta temática, nomeadamente, Alexandra Prado Coelho, Joana Haderer, Manuel Gonçalves da Silva, Mariana Correia de Barros, Miguel Pires, António Moura, João Cavaleiro Ferreira, João Ceppas e Manuel Magalhães e Silva, moderada por Paulina Mata.

Nesta conversa questionou-se o papel dos críticos gastronómicos e procurou-se desmistificar a ideia que "o crítico é alguém que come, bebe e não paga".


A crítica gastronómica é uma actividade que envolve conhecimentos técnicos, o crítico até pode não saber cozinhar - mas ajuda! - no entanto, para falar de um prato ou refeição é importante que saiba sobre processos técnicos e que domine as várias cozinhas. O papel do crítico é fazer formação junto do público.

Foi referido que «a crítica deveria prestar mais atenção aos bons restaurantes, aqueles que vamos e ficamos satisfeitos, com a alma cheia. A crítica deveria ajudar estes restaurantes a fazer ainda mais sucesso e a serem uma inspiração para os outros». «São os críticos que nos dão a conhecer coisas que de outro modo possivelmente não conheceríamos. O crítico revela-nos com a mesma dignidade um caldo verde e uma gelatina quente e não pode ignorar que está no centro de uma actividade económica.» O crítico ao fazer o seu trabalho é importante que use o bom senso, pois pode colocar em risco a viabilidade do espaço. Miguel Pires, crítico e autor do guia Lisboa à Mesa, referiu que as coisas sérias são importantes serem ditas, que costuma fazer crítica a uma refeição e quando alguma coisa está menos bem, não hesita em referi-la e para isso, usa muitas vezes o humor. Manuel Gonçalves da Silva, crítico da Visão, reforçou esta ideia dizendo que para dizer mal de um restaurante tem-se que ter muito mais segurança. Miguel Pires, referiu também que o crítico tem que construir uma reputação, que é importante escrever com emoção e ser justo nas suas considerações, porque o público é também ele crítico.

Alexandra Prado Coelho, do jornal Público e autora do blogue Mais Olhos Que Barriga, chamou para a conversa o tema da alimentação. A importância de uma alimentação dita sustentável, preocupada com a qualidade e a origem dos produtos é algo que chegou cá nos últimos anos e que há cada vez mais restaurantes preocupados com esta questão.

Nesta conversa falou-se ainda da atribuição de estrelas Michelin, da actuação dos inspectores em Portugal, dos restaurantes premiados e dos que os críticos consideram que reúnem todas as condições, falou-se da importância dos blogues - que são um importante veículo de comunicação que chega rapidamente às pessoas - e que efectivamente a comida está na moda.

No final da conversa, confirmei que fazer crítica gastronómica é algo sério e que envolve grandes conhecimentos técnicos, pois só assim é possível avaliar de forma credível uma refeição. Que a nossa realidade é ainda muito pequena, mas que pouco a pouco o público começa a querer saber, começa a querer estar informado. Enquanto assistia a esta conversa, lembrei-me de Ruth Reichl e do seu livro Garlic and Sapphires, onde a autora relata as peripécias da sua vivência como crítica do New York Times. Ruth ia quatro a cinco vezes a um restaurante, pagas pelo jornal, e para fazer uma crítica isenta, chegou a disfarçar-se com perucas, roupas diferentes, etc. Precisava de ter a certeza do que o que iria escrever correspondia à realidade do restaurante e não a um mau dia do estabelecimento ou a uma representação para o crítico. Ruth sabia que podia colocar em causa a viabilidade da casa. Podia arrasar ou colocar na moda determinado restaurante. Por cá os nossos críticos, não chegam, penso eu ao ponto de se disfarçarem, mas mesmo com as dificuldades que os jornais parecem estar a passar, fiquei com a ideia que procuram valorizar a nossa gastronomia e o que de bom por cá se faz.

No Peixe em Lisboa tive ainda a possibilidade de participar nas conversas sobre vinho com Manuel Moreira, sommelier e colaborador da revista Wine. Manuel Moreira para cada vinho que nos dava a provar falava dos diferentes pratos que poderiam "casar" com o vinho em questão. Falava dos vinhos e da comida com uma paixão verdadeira e contagiosa. Se, por exemplo, falava de um peixe para acompanhar determinado vinho, acrescentava sempre como o poderíamos temperar e que ervas é que combinavam bem com ele. Achei que falou de uma forma inspiradora.


No sábado, dia 21 Abril 2012, participei na harmonização de vinhos da José Maria da Fonseca, com a presença do produtor Domingos Soares Franco, com a cozinha do chef Nuno Diniz do restaurante A Confraria, do hotel York House.

O chef Nuno Diniz, com a colaboração de três alunos da Escola de Hotelaria e Turismo Lisboa, serviu para entrada empadas de lampreia com massa folhada, servidas com uma salada de bola de aipo e salsa. O vinho servido foi Pasmados 2008, branco. O prato principal, trocando as voltas aos organizadores do evento, consistiu em costeletas de borrego acompanhadas com puré de batata com baunilha. O vinho que acompanhou este borrego foi um vinho tinto da região do Douro Domini Plus de 2008. Finalizámos esta refeição com um brownie três chocolates e um copo de vinho DSF Moscatel Roxo, que merece todos os elogios.


Soares Franco, antes de iniciarmos a harmonização, referiu que as coisas boas equilibram-se. Não é preciso andar à procura do que é que liga com o quê, o importante é haver bom senso e que a comida e o vinho vão nesse caminho. A cozinha do chef Nuno Diniz revelou-se verdadeiramente boa. Gostei de todos os pratos apresentados e se me têm deixado ainda tinha repetido o puré de batata com baunilha e o brownie, mais uma ... ou duas vezes! Estavam muito bons! Lá terei que ir um destes dias ao restaurante A Confraria. O chef era uma verdeira simpatia, um bom conversador e muito disponível para explicar os pratos que nos apresentou.

Gostei muito desta edição do Peixe em Lisboa. Já estou a preparar as minhas papilas gustativas para o evento do próximo ano!

terça-feira, 24 de abril de 2012

As últimas apresentações de chefs no Peixe em Lisboa 2012

No sábado passado assisti, no Peixe em Lisboa, às apresentações dos chefs Leonel Pereira do restaurante Panorama e do milanês, Augusto Gemelli, há vários anos em Portugal.

Passado, presente e futuro. A cozinha, a sala e o cliente foram os aspectos trabalhados pelo chef Leonel Pereira na sua apresentação. O chef procurou recriar a sala, com clientes, que foram servidos com os pratos confeccionados. O primeiro prato, do passado, foi Sabores da Terra e do Mar, um cremoso de batata com trufa branca, lagostins com suas ovas, trufa laminada, pata negra desidratado e por fim, a simular a terra, um pó de cogumelos. Em relação ao presente, escolheu um prato que vai estar na carta do restaurante, um falso tártaro de atum. Para este prato usou beterraba curada, creme de iogurte natural com sementes de pepino, marmelada de beterraba e telhas de azeitona. O efeito visual é fabuloso.

Em relação ao futuro, o chef Leonel Pereira apresentou aquilo que definiu como snacks, pois ainda estão em teste e o resultado final, pode vir a não corresponder ao que foi ali apresentado.

O primeiro prato do futuro foi apresentado numa pedra polvilhada com colorau de camarão, com ostras de carabineiro e uma falsa maionese também de camarão. Este snack foi servido com cerveja modificada, primeiro branca e no final preta. Este prato caracteriza-se pela explosão de sabor concentrado a camarão.

O último prato, foi o mais surpreendente. Colocou numa taça semelhante a uma ostra aberta, caracóis do mar, feitos de alga, a lembrar os burriés agarrados às rochas e algas. Finalizou-o com camarões pequeninos vivos.


A cozinha do chef Leonel Pereira é uma cozinha de experiências, mais até do que emoções, que procura recriar ambientes e permitir associações. Reproduzir a ideia do mar numa concha aberta, onde as ondas depositam livremente algas, areia, onde os burriés encontram um local para se fixarem. Uma concha que abriga vida, que segue o ritmo das marés. Ali, quase que ouvimos o barulho do mar, as ondas a chegarem à praia, os salpicos da água quando bate nas rochas. Os camarões a saltarem transformam aquele prato cheio de mar, em algo vivo. Vivemos o que comemos, foi o que senti ao ver este último prato.

A última apresentação a que assisti foi à do chef Gemelli. Os ingredientes principais que escolheu para a sua apresentação foi camarão tigre, salmonete de Setúbal e salmão. A ideia subjacente a todos os pratos foi a de aproveitar os produtos na totalidade, evitar o desperdício. O primeiro prato foi um dueto de camarão tigre num polme de tinta de choco com aromas exóticos, onde usou abacate. O segundo prato foi salmonete 360º, com rúcula fresca e frita e tomate. O último prato foi o do salmão. No prato colocou trufas de salmão passadas num pó de azeitona, fatias de salmão desidratado e um hambúrguer de salmão. Decorou com flores de rúcula. Gemelli durante a sua apresentação foi interagindo e provocando com humor o apresentador Duarte Calvão.


Nestas apresentações, não é só cozinhar. Os chefs vão explicando o que estão a cozinhar e dão dicas dos produtos utilizados. Ao descrever as confecções dos vários chefs tenho a nítida consciência que simplifiquei todos os processos que foram realizados. Pois, para fazer uma gelatina, ou um pó, ou um molho, os processos são complexos e demorados. O resultado final de um prato, ao nível da alta cozinha, esconde muitas técnicas e produtos que não usamos nas nossas cozinhas. É por isso, que ir a um destes restaurantes vale não só pela comida, mas principalmente pela experiência.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Três chefs com estrela Michelin no Peixe em Lisboa

No grande auditório Silampos, na passada segunda-feira, dia 16 Abril 2012, no Peixe em Lisboa decorreu a apresentação do chef francês, Jacques Le Divellec, premiado com uma estrela Michelin.

Divellec revelou-se um grande apreciador da qualidade do nosso peixe. Na sua apresentação confeccionou um tártaro de vieiras com chalotas, cebolinho, sumo de limão, azeite e flor de sal. O seu segundo prato foi vieiras com cogumelos. Começou por colocar manteiga numa taça de forno, de seguida polvilhou com sal e pimenta. Cortou as vieiras em rodelas finas que entremeou com cogumelos brancos laminados. Por cima colocou mexilhões sem casca. Por fim, regou com um molho feito com água de abrir os mexilhões e manteiga e levou ao microondas. Referiu que serve este prato no seu restaurante mas, em vez dos cogumelos, usa trufas.

O prato que mais sucesso fez foi um robalo ao sal com tabaco. O chef começou por colocar uma cama de sal grosso misturado com tabaco num tabuleiro. De seguida, em cima colocou o peixe e mais sal até cobrir o robalo com excepção da cabeça e levou ao forno. O motivo pelo qual deixa a cabeça sem sal, é para que os clientes, no seu restaurante consigam identificar o peixe que lhes é servido. Depois de retirar o tabuleiro com o peixe do forno, colocou-lhe uma pequeno charuto na boca e acendeu-o para gáudio da assistência.


O chef Jacques Le Divellec confeccionou ainda um carpaccio de vitela com vieiras laminadas e uma posta de cherne na frigideira, cozinhada de forma unilateral. Confesso que não fiquei muito convencida com esta técnica pois a posta era muito alta e grande parte dos sucos foram perdidos.

Jacques Le Divellec fez uma apresentação muito simpática, sempre em diálogo com o público, com sentido de humor e no final, fez questão de a assistência provar o que confeccionou.

Na quinta-feira, dia 19 Abril 2012, o chef Ricardo Costa do restaurante The Yeatman, em Vila Nova de Gaia, premiado com uma estrela Michelin, passou pelo Peixe em Lisboa, na quinta-feira. Apresentou uma entrada onde juntou leitão, lavagante e ostras, um prato de atum e uma caldeirada sashimi. Surpreendeu o apresentador Duarte Calvão e a assistência, no final, com uma caldeirada de enguias na cataplana. Ricardo Costa não cozinhou, foi explicando, apenas, a realização dos pratos pelos seus assistentes. Confesso que tinha gostado muito mais de ver este chef em acção.


Na sexta-feira, dia 20 Abril 2012, o Peixe em Lisboa recebeu a visita do chef italiano Luca Collami, do restaurante Baldin em Génova, Itália. Na sua apresentação este chef confeccionou um carpaccio de bacalhau fresco servido com pesto de majericão, um prato com legumes, peixe, biscoitos de farinha e água ligados com um molho verde, referiu que este é um daqueles pratos que sabe ainda melhor no dia seguinte. Por fim, surpreendeu-nos com um prato de cavala fumada.


Mais uma vez, saí desta edição do Peixe em Lisboa com o estômago e a alma a salivarem!

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Apresentação de chefs no Peixe em Lisboa

Nos últimos dias tenho procurado aproveitar o melhor que posso a iniciativa Peixe em Lisboa, que decorre de 12 a 22 de Abril 2012, no Pátio da Galé, no Terreiro do Paço em Lisboa, como já referi.

Não é todos os dias que se tem a possibilidade de provar especialidades de alguns dos melhores restaurantes da actualidade, sem ser a preços proibitivos e de assistir às apresentações de vários chefs de renome, tanto nacionais como estrangeiros.

No domingo passado, assisti à apresentação de uma das duplas de chefs mais conhecida em Portugal e estou a falar de Nuno Bergonse e de Diogo Noronha, do restaurante Pedro e o Lobo, onde já tive a possibilidade de jantar e que recomendo vivamente. Nuno Bergonse e Diogo Noronha conheceram-se no no restaurante Moo, do hotel Omm em Barcelona, e quando regressaram a Portugal decidiram apostar no seu próprio restaurante.


É notório o modo como esta dupla está em sintonia quer seja pelo processo criativo quer pela inovação que colocam nos pratos que elaboram. Nas suas demonstrações procuraram usar alguns dos produtos da estação, como as favas, e o resultado final foram pratos coloridos e primaveris. Ao ver o trabalho desenvolvido por esta dupla, fica a certeza de que ir para as apresentações de chefs de estômago vazio não é uma boa opção. Dá uma fome!

Foi também com enorme entusiasmo que assisti à apresentação do chef austríaco, Hans Neuner, premiado com duas estrelas Michelin e responsável pela cozinha do restaurante Ocean do Hotel Vita Parc, no Algarve.


A alta cozinha tem alterado o conceito de comida. Ao ver a apresentação de Hans Neuner, tem-se a confirmação disso mesmo. A chamada alta cozinha vive de conceitos e de técnicas que ultrapassam a dita simplicidade de juntar ingredientes. A alta cozinha, para além do apoio de técnicas sofisticadas, vive do modo como se apresenta e conjugam, no prato, os ingredientes. Vive do processo criativo dos chefs e das sensações que transmitem a quem as degusta. É a este nível que podemos dizer que a cozinha se aproxima da arte, em que ultrapassa a necessidade e o fim primário, básico, a que se destina. Não é uma natureza-morta, mas uma obra que interpela o espectador-comensal. Entra no campo da contemplação e do prazer. É pura fruição para os sentidos. E arte foi o que Hans Neuner fez na sua apresentação, como um pintor que elabora com técnica e naturalidade uma grande obra. Como se fosse fácil e simples. Os grandes chefs são assim!

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Há peixe e grandes chefs em Lisboa


Portugal tem o melhor peixe do mundo. É importante dizê-lo, mas não basta. Para uns é necessário valorizar este património com que a situação geográfica do país nos honrou, seja com bons pratos ou com técnicas adequadas de modo a respeitar este excelente produto. Para muitos é importante mostrar e divulgar o nosso peixe e o trabalho inovador e criativo dos chefs. Para todos, é importante fazer do nosso peixe uma imagem de marca da gastronomia portuguesa, cá dentro e lá fora. É neste espírito que acredito em iniciativas como o Peixe em Lisboa, que se realiza no Pátio da Galé, no Terreiro do Paço em Lisboa, até ao próximo domingo, dia 22 Abril de 2012.

O Peixe em Lisboa oferece-nos a possibilidade de podermos provar algumas das iguarias de grandes chefs da nossa praça, de visitar um mercado gourmet, com vinhos, azeites, sal, queijos, doçaria tradicional, conservas, utensílios de cozinha e até um espaço de peixaria com peixe fresquinho, aulas de cozinha e assistir a apresentações de chefs prestigiados, tanto nacionais como estrangeiros, alguns premiados com as conhecidas estrelas Michelin.

Encontramos nas ementas dos restaurantes ali representados - Peixaria da Esquina de Vítor Sobral, Bocca, Eleven, G-Spot, José Avillez, Nobre/Spazio Buondi de Justa Nobre, Ribamar, Tasca do Joel, Umai de Paulo Morais e Anna Lins, e 100 Maneiras de Ljubomir Stanisic - uma enorme variedade de pratos em que o peixe é a estrela principal. Desde o bacalhau, esse fiel e velho amigo, passando pela cavala, um peixe redescoberto e enaltecido como bem merece por vários chefs, até ao atum, à dourada, ao cantaril, ao cherne, para além das opções de marisco.


A magia do espaço está na enorme esplanada central, ladeada por sofás individuais, que convidam a sentar. As mesas estão decoradas com candeeiros, o que torna ainda o espaço mais acolhedor e mais próximo de uma sala de restaurante elegante.

A minha experiência no Peixe em Lisboa começou com uma aula de cozinha com Anna Lins, que se revelou uma simpatia. Na aula, a Anna explicou-nos como arranjar o peixe para o sushi, desde o amanhar até ao corte. Mas a parte mais divertida é sempre a de fazer o rolo.

Esta foi a única aula em que participei, pois, os horários das aulas coincidem na grande maioria dos dias com as apresentações de chefs, e para mim são oportunidades únicas assistir. Como imaginam ver o José Avillez a apresentar alguns dos seus pratos e a explicar-nos a história por detrás do prato, é algo especial para quem se interessa por comida. Na sua apresentação, reconheci o quão é importante perceber um prato. O modo como surgem as ideias, as inspirações, as referências, tudo isso é fundamental para compreender a cozinha de José Avillez. Ao sabermos a história percebemos o porquê, a origem dos ingredientes e da composição do nosso prato. Aqui já não é só o que se come, é algo mais que está relacionado com os conceitos que dão vida ao que nos é apresentado. É o tipo de cozinha que se tem que perceber primeiro para a seguir se degustar com o palato desperto. Os pratos de José Avillez são autênticos poemas para serem saboreados.

A segunda apresentação a que assisti foi a do chef Carlos Martins do restaurante do Hotel Aviz, onde está desde 2006 e onde já passei numa das edições da Lisboa Restaurant Week. Antes esteve nas unidades hoteleiras da Quinta da Marinha & Villas Golf Resort, Lawrence's Hotel, Caesar Park Penha Longa Golf & Resort e Hotel da Lapa. A cozinha do chef Carlos Martins é uma cozinha dita mais clássica, com influências do receituário do Mestre João Ribeiro.


O chef Carlos Martins apresentou-nos a confecção de dois pratos, Bacalhau à Conde da Guarda e um risotto com camarões e vieiras. Assistir à confecção destes pratos deliciosos deu-me uma fome e uma vontade enorme de experimentá-los cá em casa.

Para quem gosta de peixe e não só, ainda pode passar pelo Pátio da Galé.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

A cozinhar com cereais Fitness da Nestlé no Kiss the Cook


Na última sexta-feira de Março, como já vos tinha referido, tive o prazer de ir a um workshop ao Kiss the Cook, um espaço inovador, na Lx Factory a convite da Nestlé. O objectivo do workshop era mostrar uma outra vertente dos cereais Fitness, que para além de serem óptimos nos pequenos-almoços, lanches ou em refeições leves, com leite ou iogurte, agora iriam ser utilizados na confecção de pratos, doces e salgados.

Quando aceitei o convite sabia poucos pormenores do que seria a ementa portanto, quando me apercebi que íamos cozinhar com os cereais fiquei bastante curiosa. Comecei-me logo a questionar quais seriam as receitas. É sempre interessante descobrir novos usos para um determinado produto que estamos habituados a usar sempre da mesma maneira. Eu, neste workshop apercebi-me que estava prestes a descobrir que estes cereais podem ser utilizados de forma bastante inovadora e que resultam muito bem, tanto em pratos salgados como em doces.

O cozinheiro de serviço no espaço Kiss The Cook é o Rodrigo Meneses, que nos cativou desde o primeiro momento com simpatia, boa disposição e várias conversas interessantes sobre comida. O Rodrigo é quem dirige os workshops, foi ele quem criou as receitas que elaborámos.


A primeira receita que confeccionámos, seguindo as indicações do Rodrigo, foi peito de frango crocante servido com salada. Para esta receita, começámos por triturar grosseiramente cereais Fitness com queijo parmesão e salsa. De seguida, temperámos os peitos de frango com sal e pimenta preta de moinho. Mergulhámos os peitos de frango em leite e depois na mistura de cereais com salsa e queijo. Entretanto, colocámos uma frigideira ao lume com um fio de azeite. Assim que aqueceu colocámos os peitos de frango e deixámos cozinhar de um lado e depois do outro.

Eu depois do workshop tentei logo reproduzir a receita em casa e o resultado foi igualmente bom. Os cereais ficam crocantes e ligeiramente caramelizados, o que combina muito bem com o frango.

Frango crocante com cereais Fitness da Nestlé

Receita de Rodrigo Meneses


Ingredientes:
2 peitos de frango
35g de cereais Fitness Nestlé
20g de queijo parmesão
1 raminho de salsa
leite q.b.
pimenta preta de moinho
sal
azeite


1. Triturar grosseiramente os cereais com o queijo e a salsa.

2. Passar os peitos de frango pelo leite e depois pela mistura de cereais, queijo e salsa.

3. Colocar um fio de azeite numa frigideira e levar ao lume. Assim que estiver quente colocar os peitos de frango e deixar cozinhar de um lado e do outro.

4. Servir os peitos de frango com salada de verdes temperada com azeite.


O segundo prato confeccionado foi salmão na sauté com legumes suados no tacho. Colocámos um fio de azeite num tacho, assim que aqueceu juntámos legumes cortados finamente, alho-francês e cenoura. Temperámos com sal a gosto. Depois de os legumes quebrarem, tapámos o tacho e deixámos acabar de cozinhar em lume brando. O salmão foi temperado com sal e depois passado na frigideira com um pouco de azeite. O Rodrigo preparou um molho à base de natas e vinho branco para acompanhar o prato. O molho era divino.

Para sobremesa, picámos grosseiramente maçã reineta e uma barrita de cereais Fitness da Nestlé com trigo integral. Colocámos a mistura numa taça. Polvilhámos com canela e levámos ao forno. Acompanhámos com morangos frescos.

Gostei imenso de participar no workshop e agradeço desde já o amável convite da Nestlé. O ambiente que se criou foi muito agradável e bem disposto. Nada melhor do que cozinhar e logo de seguida sentarmo-nos à mesa para saborearmos o nosso trabalho, entre boas conversas e pessoas animadas. Aprendi também que os cereais podem ser utilizados em vários pratos e que resultam muito bem.

Deste workshop saiu a vontade de continuar a conversar com o Rodrigo Meneses e dessa vontade nasceu a entrevista que a seguir vos apresento.

O Rodrigo Meneses tem entre as suas paixões a cozinha. Para quem não sabe, é um dos ex-concorrentes do Masterchef e tem actualmente o programa Gosto de Portugal na canal 24 Kitchen. É um adepto ferrenho dos tachos & panelas. Adora tudo o que são ingredientes e descobrir a melhor forma de transformar algo banal numa iguaria. É segundo as suas palavras, obstinado pelas coisas boas. Gosta de aprender técnicas e receitas. E de falar muito sobre isso. Sente-se uma pessoa feliz quando consegue juntar à mesa uma boa conversa, um copo de um bom vinho e de iguarias que nos façam viajar pelos sentidos. Tem uma paixão pelo que faz. E isso é o mais importante para que se sinta bem. E é entre facas e frigideiras que se sente bem. Como qualquer outra pessoa a quem a cozinha falou mais alto no coração.


1. O que significa para ti cozinhar?

Cozinhar é algo que me relaxa. Sim. Por incrível que possa parecer. É na cozinha que me sinto bem. Porque cozinhar é verdadeira alquimia. É tornar ingredientes bons em algo ainda melhor. Cozinhar é sentir. E dar a sentir aos outros. É a partilha. A felicidade de estar com os outros à mesa. A cozinha tem algo de mágico e é isso que me apaixona. Descobrir sabores e ver o sorriso estampado na cara de quem come aquilo que preparamos.


2. Como descobriste o gosto pela cozinha?

Não vou mentir quando digo que é algo relativamente recente na minha vida. E começou com uma epifania em casa de um dos meus melhores amigos. Ele cozinhou algo diferente. Um bife de atum braseado com creme fraiche e uma salada de tomate cherry, espargos e azeitonas pretas. Foi aí. Ao provar algo que nunca tinha comido que percebi que a comida era algo mais do que simples alimentação. Foi um despertar dos sentidos e lembro-me de ter ido para casa determinado a mudar algo na minha vida: Iria aprender a cozinhar. Era esta a minha missão. E assim foi.


3. Estás sempre a pensar em comida?

Não. Claro que não. Embora a cozinha ocupe um lugar de destaque no meu coração tenho tantas outras coisas que gosto de fazer. Fotografar por exemplo. Ou tocar baixo: o meu instrumento preferido. Acho que a vida é demasiado grande para ficarmos apenas com uma paixão. E fazer outras coisas também me ajuda a ser melhor na cozinha. Porque é quando me distancio que me ocorrem algumas ideias. Mas posso dizer que a cozinha, mais do que a comida, é uma parte central da minha vida.


4. Participar no Masterchef foi, por certo, um momento marcante. Como avalias essa participação?

Foi engraçado. O Masterchef é um programa de TV interessante para quem participa. Gostei de conhecer mais pessoas com a mesma paixão que eu. Simples mortais que dedicam uma grande parte do seu tempo a essa mesma paixão. Foi engraçado entrar nas provas. Foi muito engraçado mesmo. Diverti-me imenso!


5. A participação no Masterchef trouxe-te novas oportunidades? Foi o caminho para uma mudança de vida?

Não diria que foi o caminho. Foi algo que me aproximou mais desta paixão. E foi essa aproximação que me levou a mudar de vida. O Kiss the Cook teve a maior parte da influência. Um projecto fantástico de Nuno Luís e Sandra Ribeiro. E foi do convite deles que surgiu a mudança de vida. Iria deixar de ser publicitário e dedicar-me apenas aos Tachos entre workshops e afins. Foi muito bom ter conhecido gente que tem uma visão inovadora. E daí até dar o salto bastaram alguns dias.


6. Dos três chefes envolvidos no programa – Justa Nobre, chef Cordeiro e Ljubomir Stanisic – qual o que sentes que mais te influenciou?

Cada um tinha características diferentes, o que dava um grande colorido ao programa. Os três tinham personalidades engraçadas e maneiras próprias de ver a cozinha e a gastronomia. Aproveitei o que pude de cada um deles. E fiquei com uma boa relação com eles.


7. Colaboras com o Kiss the Cook. Para quem não sabe, como descreves este projecto?

Como dizia atrás, o Kiss the Cook é um espaço tão inovador que me fez dar o salto para mudar de vida. É um local onde os workshops de cozinha são diferentes de tudo o que havia até então em Portugal. Um espaço que é a extensão da casa das pessoas. Boa música, um bom copo de vinho e boa cozinha. Entre sorrisos e conversas animadas. Os nossos workshops são diferentes porque toda a gente cozinha do princípio ao fim. E é muito engraçado ver a reacção das pessoas quando se aproximam dos alimentos e os transformam em algo bom. É nisso que me alimento. Na energia de ter vinte e quatro pessoas à volta das placas a cozinhar. Sou uma espécie de Maestro. E vou guiando as pessoas nos passos a darem para fazerem um brilharete. Têm de experimentar. Acredito que vão adorar e ficar viciados!


8. Para quem gosta de cozinhar e queira aprender, por onde deve começar?

Pelo básico. Acho que o mais importante é mesmo conhecer algumas bases. Começo sempre por dizer que o primeiro que devem comprar é uma boa faca. E quando digo boa, digo mesmo uma muito boa faca. Escolham a melhor que puderem comprar e tratem-na bem. É com ela que vão aprender os cortes essenciais para preparar bons pratos. É com ela que vão apurar a técnica. E depois é praticar muito. Comprar alguns livros de técnicas culinárias, ver vídeos no YouTube, ver bons programas na TV e acima de tudo querer aprender. Depois é só deixar fluir. E vão ver que num ápice estão a dominar a cozinha. E a divertirem-se muito no processo. Podem também fazer alguns workshops para aprenderem coisas mais específicas e ficaram com uma ideia prática do que devem fazer com determinados ingredientes. Temos que nos dedicar. E como comer faz parte do dia a dia, temos de nos empenhar para que esses momentos em que temos de o fazer, sejam bons momentos. Coloquem boa música na cozinha, abram um bom vinho e atirem-se para o desconhecido.


9. Gosto de Portugal é o nome do teu programa no canal 24 Kitchen. Para quem ainda não viu, como o descreves?

Como uma viagem de sonho pela gastronomia do nosso país. Um programa que mostra a boa comida, seja ela do restaurante estrela do bairro ou estrela Michelin. O que importa é que tenha boa comida. E eu vou lá estar para provar e para conversar com o chef enquanto comemos o que ele preparou. Lá está a minha ideia de relaxamento: a partilha de uma boa conversa e de uma boa mesa! Assim é o Gosto de Portugal. Assim sou eu.


10. Como surgiu a ideia para o Gosto de Portugal?

Foi uma ideia simples e que se tornou num gigante. Quando me abordaram com o conceito eu disse imediatamente que sim. É um sonho. Daí até começarmos a escrever o programa foi um ápice. E as ideias vão nascendo ao sabor da vontade de mostrar o que melhor temos por cá.


11. Para o teu programa, como escolhes os locais a visitar?

Tenho a sorte de ter na minha equipa uma das pessoas que mais sabe da matéria: O Miguel Pires do blogue Mesa Marcada. Eu e o Miguel somos amigos há vários anos. E como nos conhecemos, é fácil encontrar os sítios para irmos. Temos ideias do que queremos mostrar, e daí é só encontrar os lugares mais relevantes e que sejam bons para mostrar. Todos os locais que escolhemos têm algo de especial. E é isso que nos guia: mostrar o que temos de melhor cá pelo nosso burgo.


12. Gosto de Portugal porque ... ?

Porque temos tantos sabores por cá que só podem mesmo provocar paixão. Gosto de Portugal por tudo o que ele representa. Pelo modo de vida e de comer. Porque todos somos gastrónomos. Todos nós adoramos comer e andamos pelo país de restaurante em restaurante. Basta conversar com alguém sobre alguma cidade, aldeia ou local e vamos logo ter referências de onde se come bem por aquelas bandas. Somos assim. Apaixona-nos a comida. E a mim apaixonam-me as pessoas que gostam disto tanto quanto eu. Por isso, eu Gosto de Portugal!

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Bolinhos de amêndoa


Para os dias de festa da Páscoa fiz, para além das queijadas de amêndoa e da tarte de amêndoa e leite condensado, uns apetitosos bolinhos ... também de amêndoa! A receita veio da revista Saberes & Sabores de Abril de 2004.

Ingredientes:
250 g de farinha
1 saqueta de levedura seca/fermento de padeiro em pó (4,6 gramas)
100 g de amêndoa pelada e finamente ralada
150 g de açúcar fino
1 colher de sobremesa de erva doce
1 pitada de sal
1 ovo
0,5 dl de leite
80 g de manteiga sem sal


1. Misture a farinha com a amêndoa, o açúcar, a erva doce, uma pitada de sal e a levedura seca.

2. Mexer o ovo.

3. Derreter a manteiga com o leite.

4. Misturar o ovo com a manteiga derretida com o leite.

5. Abrir uma cavidade ao centro da mistura da farinha com a amêndoa e deitar aí a mistura de ovo, leite e manteiga. Amassar muito bem.

6. Tapar o recipiente e deixar repousar durante 3 horas.

7. Untar um tabuleiro com manteiga ou margarina.

8. Voltar a amassar a massa e moldar pequenos bolinhos.

9. Colocar os bolinhos no tabuleiro. Deixar repousar durante 30 minutos.

10. Levar ao forno pré-aquecido a 180ºC durante 20 minutos.


Estes bolinhos são deliciosos. Comem-se uns a seguir aos outros sem qualquer esforço. A todos, votos de bom fim-de-semana.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Cogumelos Portobello recheados com queijo Feta e legumes


Entre tantos exageros alimentares cometidos no fim-de-semana da Páscoa, agora, sinto um certo peso de consciência, especialmente pelas várias amêndoas de chocolate que não consegui deixar de comer, e esta semana, procurei optar por pratos mais leves. Ontem, ao jantar preparei estes cogumelos recheados que nos souberam muito bem.


Ingredientes:
4 cogumelos Portobello grandes
1 dente de alho
100g de tomate cereja cortado em quatro
150g de courgette cortada aos cubos
75g de queijo Feta
1 raminho de salsa picada
0,5dl de azeite
sal


1. Com uma faca retirar a pele escura dos cogumelos e o pé. Reservar.

2. Aquecer o azeite numa frigideira. Adicionar o alho e deixar frigir um pouco. De seguida acrescentar o tomate, a courgette e os pés dos cogumelos.

3. Temperar com sal a gosto. Assim que os legumes estejam tenros, adicionar um ramo de salsa e retirar do lume.

4. Juntar o queijo Feta cortada em pequenos cubos.

5. Dividir o preparado pelos cogumelos.

6. Colocar os cogumelos recheados num tabuleiro de forno.

7. Levar ao forno pré-aquecido a 180ºC durante 15 minutos.

8. Servir os cogumelos recheados com uma salada de verdes.



Estes cogumelos recheados ficaram deliciosos. Cá em casa serviram como prato principal, mas poderão transformar-se numa interessante entrada. Os legumes utilizados podem ser substituídos por outros a gosto.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Queijo Chèvre panado com coulis de pimento vermelho


Eu adoro queijo panado. Já comi em vários restaurantes mas nunca tinha experimentado fazer. Ontem, como tinha cá em casa um queijo Chèvre, decidi que estava na altura e coloquei as mãos à obra.


Queijo Chèvre panado

Ingredientes:
1 queijo Chèvre (utilizei da marca Palhais) acabado de sair do frigorífico
1 ovo
2 colheres de sopa de pão ralado
70g de manteiga ou margarina


1. Cortar o queijo às rodelas com aproximadamente 1 cm. Entre cada rodela, lavar e secar a faca para o queijo não pegar.

2. Passar as rodelas de queijo pelo ovo batido e depois pelo pão ralado.

3. Colocar a manteiga numa frigideira e levar ao lume. Assim que estiver quente, fritar as rodelas de queijo.


Coulis de pimento

Ingredientes:
1 pimento vermelho assado limpo de peles e sementes
2 colheres de sopa de sumo de limão
1 colher de chá de mel
1 pitada de pimenta caiena


1. Colocar todos os ingredientes num copo alto e triturar.

2. Servir com as rodelas de queijo Chèvre e uma salada de verdes.


O queijo quentinho, derretido, é uma verdadeira tentação. O molho de pimento ajuda a cortar o sabor forte e intenso do queijo.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Tarte de amêndoa e leite condensado


Esta Páscoa as sobremesas que escolhi fazer todas levaram amêndoa. Outra particularidade, é que saíram também todas da revista Saberes & Sabores de Abril de 2004. Comprar revistas e livros de cozinha é um hábito que tenho e que adquire contornos muito regulares. Não há mês que não compre várias revistas. Nos livros, e dado o preço, já sou um pouco mais comedida.

Nos últimos anos tenho cada vez mais comprado revistas em inglês, adoro a BBC GoodFood, a Olive, a Fabulous Food e uma vez por outra, a revista do Jamie Oliver. Em língua francesa, opto pela Saveurs. Em relação às revistas portuguesas, a primeira que comprei foi a Teleculinária, de que ainda guardo alguns exemplares, bem velhinhos. Depois seguiu-se Os Segredos de Cozinha, uma revista em formato A5. Tenho também alguns exemplares da Mulher Moderna na Cozinha, e muitos da Saberes & Sabores, que é uma revista que de vez em quando ainda compro. Nos últimos tempos, também gosto de ver o trabalho realizado pelas revistas das grandes cadeias de supermercados nacionais.

Com tantas revistas, estrangeiras e nacionais, uma vez por outra, selecciono umas quantas, um dos critérios é por exemplo o mês e folheio-as à procura de receitas que posso confeccionar. Nesta Páscoa foi o que fiz.


Ingredientes:
200g de bolacha tipo digestiva
60g de manteiga sem sal
100g de amêndoa pelada e finamente ralada
1 lata de leite condensado
4 ovos
2dl de natas


1. Ligar o forno a 200ºC.

2. Triturar grosseiramente as bolachas. Misturar as bolachas trituradas com a manteiga.

3. Forrar o fundo de uma forma de tarte com fundo removível, com a mistura de bolachas e manteiga. Com os dedos pressionar bem o fundo.

4. Bater a amêndoa ralada com o leite condensado. Juntar os ovos um a um, batendo sempre. Por fim, adicionar as natas e bater.

5. Deitar este preparado na base de bolacha. Levar ao forno durante 30 minutos.


Esta tarte fica mesmo muito boa!

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Queijadas de amêndoa

Hoje é dia de regresso ao trabalho. Os últimos dias foram aproveitados para estar com a família, sempre na presença da mesa.

O domingo de Páscoa passei-o com os meus pais, na zona de Santarém. Para o almoço tivemos cabrito assado no forno a lenha e à mesa, a família mais próxima. Depois do almoço dei um pequeno passeio como sempre gosto de fazer sempre que ali vou. Sob um céu azul bonito, fui espreitar as árvores em flor, as sementeiras que já rebentaram, vi galinhas a comer, recolhi ovos acabados de pôr e não resisti a tirar uma foto a um gato estendido ao sol, que com o clique da máquina fugiu logo de seguida, incomodado.


Para o almoço de Páscoa eu fiz as sobremesas. Das três que levei todas tinham amêndoa. Uma delas foram estas queijadas que encontrei na revista Saberes & Sabores de Abril de 2004.


Ingredientes:
500g de massa folhada (usei 2 embalagens de massa folhada fresca)
150g de amêndoa finamente ralada
180g de açúcar
6 ovos
200g de queijo fresco em creme
2dl de natas
açúcar em pó e canela para polvilhar


1. Ligar o forno e regulá-lo para os 250ºC.

2. Estender a massa folhada com o rolo de modo a que fique com 0,5 cm de espessura. Enrolar como se fosse uma torta. Cortar em fatias com cerca de 1 cm.

3. Colocar os círculos de massa nas formas de queques. Esticar a massa com os polegares de modo a forrar o interior das formas.

4. Colocar as formas com a massa num tabuleiro de forno.

5. Misturar a amêndoa com o açúcar, os ovos, o queijo fresco em creme e as natas. Bater até obter um creme homogéneo.

6. Distribuir o creme pelas formas e levar ao forno a cozer durante 20 minutos.

7. Depois de cozidas, desenformar e deixar arrefecer as queijadas. Servir polvilhadas com açúcar em pó e canela.


Esta receita rendeu vinte queijadas, que ficaram deliciosas. Nós, cá em casa, assim que acabaram de sair do forno não resistimos e provámos logo! Quem é que resisti a uma queijada quentinha?

Boa semana!

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Ovos mexidos com chouriço e agriões


Para o jantar de ontem resolvi fazer uns ovos mexidos. Penso que já partilhei convosco o quanto adoro ovos mexidos. São uma excelente opção quando se quer fazer um prato rápido e, na minha opinião, fica sempre delicioso.

Acompanhei os ovos mexidos com pão fresco e uma generosa salada mista.


Ingredientes:
8 ovos
50g de manteiga com sal
0,5dl de água
50g de chouriço de carne cortado às rodelas finas
80g de agriões
sal e pimenta de moinho
fatias de pão fresco ou torrado para acompanhar


1. Bater os ovos com a água. Temperar com sal e pimenta a gosto.

2. Colocar a manteiga numa frigideira e levar ao lume. Assim que derreter juntar o chouriço e deixar frigir um pouco.

3. Acrescentar os ovos e mexer. Antes de retirar os ovos do lume, juntar os agriões, mexer e servir.


Bom apetite!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Orecchiette com brócolos e camarão


Os italianos ensinam-nos que o segredo das massas está na simplicidade. Não são precisos muitos ingredientes para fazer um delicioso prato de massa.

A massa orecchiette trouxe-a na bagagem da minha última visita a Itália. E que saudades! A primeira vez que comi orecchiette foi em Bolonha, a minha primeira cidade italiana. Das três vezes que fui a Itália, passei sempre por Bolonha. Em bolonha come-se muito bem, mesmo.

E com um cheirinho a nostalgia e aos bons momentos que passei em Itália, hoje deixo-vos um prato de massa simplesmente delicioso e muito fácil de confeccionar.


Ingredientes:
250g de orecchiette ou outra massa a gosto
1dl de azeite
3 dentes de alho
50g de pimento vermelho picado
250g de camarão sem casca
400g de brócolos
sal q.b.
queijo grana padano ralado


1. Cozer a massa em água temperada com sal.

2. Colocar o azeite numa frigideira. Levar ao lume, assim que o azeite estiver quente adicionar o alho picado. Deixar frigir um pouco e juntar o pimento picado. Deixar cozinhar um pouco em lume brando.

3. Adicionar o camarão e mexer. Assim que o camarão esteja cozinhado, retirar do lume.

4. Numa taça colocar os brócolos cozidos e separados por raminhos, a massa e o camarão com o azeite e pimento. Mexer. Se necessário rectificar o sal.

5. Servir com queijo grana padano ralado.


Muito bom!

terça-feira, 3 de abril de 2012

Filetes de sargo com pão ralado e amêndoa


Com um pai pescador, por passatempo, a quantidade do mesmo peixe que me chega a casa, muitas das vezes é considerável, tendo em conta que somos apenas dois. Um dos peixes que me chega às dúzias, como se costuma dizer, é o sargo.

O sargo é óptimo grelhado e assado no forno. Confesso que nos últimos tempos ando um pouco cansada do sargo assado no forno e por isso decidi começar a fazer filetes. As espinhas e cabeças aproveito-as para fazer um caldo com um talo de aipo e uma cenoura.

Para o almoço de domingo fiz estes filetes no forno que resultaram muito ao nosso agrado.


Ingredientes:
4 a 6 filetes de sargo com a pele ou de outro peixe
sumo de 1 limão pequeno
3 colheres de sopa de pão ralado
1/2 colher de chá de paprika
1 raminho de tomilho-limão picado
1 dente de alho espremido
sal, pimenta e azeite q.b.
amêndoa laminada


1. Pré-aquecer o forno a 180ºC.

2. Num pirex colocar um pouco de azeite, o suficiente apenas para cobrir o fundo. De seguida, dispor os filetes com a pele virada para baixo.

3. Temperar com sal e pimenta a gosto. Regar com o sumo de limão.

4. Numa taça misturar o pão-ralado, o tomilho, o alho espremido e o tomilho. Polvilhar os filetes com uma camada generosa desta mistura.

5. Dispor por cima de cada filete, amêndoa laminada.

6. Levar ao forno durante 10 minutos.

7. Servir os filetes com legumes estufados.


Legumes estufados

Ingredientes:
1 alho-francês sem rama cortado às rodelas
40g de pimento vermelho cortado em pequenos cubos
1 courgette cortada em palitos
1 cenoura cortada
0,5dl de azeite
sal q.b.


1. Colocar o azeite numa numa frigideira com tampa ou sauté. Levar ao lume, assim que estiver quente adicionar o pimento. Mexer e deixar cozinhar um pouco.

2. Adicionar os restantes legumes, mexer. Temperar com sal a gosto.

3. Baixar o lume. Tapar o recipiente e deixar cozinhar os legumes.


Os legumes cozinhados assim devem ficar tenros e crocantes.

Este prato transformou o nosso almoço de domingo numa refeição especial e com as amêndoas a dar-lhe já um toque de Páscoa.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Tarte húmida de chocolate


Adoro a sensação de chegar à segunda-feira e pensar que tive um daqueles fins-de-semana preenchidos, que me envolvi em muitas coisas. Há fins-de-semana que gosto de ficar em casa, mas agora que os dias são maiores sinto uma outra energia. Tenho ainda mais vontade de fazer coisas. E quanto mais coisas faço, mais quero ter para fazer.

Na sexta-feira estive num workshop, a convite da Nestlé, no Kiss the Cook e adorei. Já tinha ouvido falar no espaço e estava curiosa. Correspondeu inteiramente às minhas expectativas. Mas um destes dias eu conto-vos o que andei por lá a fazer com mais detalhe.

Participei na discussão do livro Orgulho e Preconceito no grupo de leitores da livraria Bertrand, a convite da minha amiga Paula Freire. A partilha de ideias em volta de um tema do agrado de todas as pessoas é algo especial. E aprende-se imenso.

Consegui finalmente ver o filme A Dama de Ferro (The Iron Lady). O óscar para Maryl Streep foi justamente atribuído. Tem uma interpretação fabulosa. A história centra-se na vida de Margaret Thatcher que esteve à frente do governo de britânico entre 1979 e 1990. O filme é um remoinho de memórias e recordações de uma Margaret já octogenária. As memórias passam da sua vida pessoal, o casamento com Denis, os gémeos e a sua carreira política, com vitórias e derrotas. No fim, fica a confirmação que Margaret foi uma mulher à frente do seu tempo e com convicções de ferro.

Fiquei muito contente com o artigo no Público com referência ao Cinco Quartos de Laranja dos jornalistas, Ivone Barreira e Luís Mendes. Estas pequenas coisas dão-me uma alegria incrível.

No sábado a minha sobrinha Marta fez anos e houve tempo para um piquenique com a família e amigos. Para a festa fiz esta tarte húmida de chocolate, receita da revista Fabulous Food de Abril/Maio de 2012, que toda a gente adorou. E digo-vos, não sobrou migalha para contar a história!

Tarte húmida de chocolate


Ingredientes:

Base
80g de manteiga sem sal
60g de chocolate
225g de bolachas digestivas
manteiga para untar

Recheio
180g de manteiga sem sal
180g de chocolate partido em pedaços
4 ovos médios
180g de açúcar amarelo
180ml de natas
açúcar em pó para polvilhar
framboesas, morangos e mirtilos para servir


1. Para a base, derreter o chocolate com a manteiga em banho-maria.

2. Triturar as bolachas.

3. Numa taça misturar as bolachas com o chocolate derretido.

4. Untar com manteiga uma forma com 24 cm de fundo removível.

5. Colocar a mistura de bolacha e chocolate na forma. Pressionar com os dedos de modo a formar uma base compacta.

6. Levar ao frigorífico durante 30 minutos.

7. Pré-aquecer o forno a 180ºC

8. Para o recheio, derreter o chocolate com a manteiga em banho-maria. Depois de derretido, reservar.

9. Bater os ovos com o açúcar e as natas. Adicionar o chocolate derretido. Envolver muito bem.

10. Retirar a base do frigorífico e colocar por cima o preparado anterior.

11. Levar ao forno durante 45 minutos.

12. Depois de frio, decorar com frutas e polvilhar com açúcar em pó.


Para além das frutas, esta tarte pode ser servida com natas batidas ou gelado de nata. Durante a cozedura, a tarte cresce, mas depois de sair do forno baixa.

Esta tarte é uma verdadeira perdição. É impossível comer uma fatia só. Não acreditam? Então tentem fazer em casa e digam-se se tenho ou não razão.

Votos de boa semana!