Que bem que soube estar em
Bragança. No fim-de-semana de 3 e 4 de Novembro de 2012 estive nesta cidade para participar na
Feira Norcaça - Norpesca & Norcastanha, a convite da organização do evento. Esta foi a primeira vez que fui a Bragança e trago de lá muito boas recordações.
Assim que cheguei, uma das coisas que percebi logo é que por terras de
Trás-os-Montes é-se muito bem recebido e que se come muito bem. No festival tive a possibilidade de provar diversas iguarias e produtos da região. Começando pelas castanhas, quentinhas que iam sendo distribuídas aos visitantes e a que eu nunca dizia que não. Adoro castanhas assadas. Sabem tão bem. Não resisti a uma feijoada, ao javali, à posta de vitela grelhada, ao galo do campo no tacho, aos marmelos em vinho tinto, que estavam tão bons e uns ouriços com pasta doce de castanha que eram de comer e pedir por mais, da
Sweet Gourmet, entre muitas outras coisas boas que partilhei à mesa com os meus anfitriões e os restantes convidados do evento.
Nesta feira tive a possibilidade de assitir a vários showcookings, apresentados e moderados pela
Fátima Moura. O desafio colocado aos
chefs que visitaram o evento foi confeccionarem pratos onde privilegiassem os produtos da região, desde a caça, a pesca, os enchidos e as castanhas.
A primeira apresentação a que assisti foi à do
chef Hélio Loureiro, do restaurante do
Hotel Porto Palácio, que nos surpreendeu com filetes de truta servidos com compota de cebola roxa, broa de milho frita e tomate-cereja salteado, e veado com marmelos salteados com maçã, puré de batata-doce com castanhas. O
chef Hélio Loureiro é um filho da terra e partilhou com a audiência algumas das suas lembranças à volta da comida desta região, desde a memória do pão, dos folares, do presunto, dos enchidos e da boa carne.
O
chef José Cordeiro, do
restaurante Feitoria, fez duas apresentações no sábado, e ao seu lado esteve o
chef Paulo Abreu, da
Casa da Lavandeira. Numa delas cozinhou lebre em vinho tinto com cuscos. No final da sua apresentação dedicou este prato a Bragança, na qual tem parte das suas raízes. O segundo prato foi azedo com molho de pimento vermelho e grelos. O
chef Cordeiro conquistou a audiência com as suas apresentações.
O
chef Pedro Sequeira, do
Hotel Intercontinental do Porto, apresentou-nos truta arco-íris marinada e fumada com casca de castanha, com puré de tupinambo ou alcachofra de Jerusalém e com beterraba. O
chef finalizou o prato com alho-francês frito, crocante. Remeteu a apresentação deste prato para as suas memórias de infância que viveu na
Lousã. Desde a pesca no rio, até ao fumo do peixe grelhado.
Para além destas apresentações, este ano a organização decidiu trazer ao evento o
chef Luís Barradas para um
workshop e duas apresentações de
sushi com peixe do rio (achigã, truta, carpa, lúcio e barbo) e outros produtos locais tais como a castanha, o dióspiro, a nabiça e o azeite. Quando comemos
sushi uma das coisas que nos passa logo pela cabeça é a qualidade e a frescura do peixe. Ali, não havia qualquer dúvida. O peixe chegava vivo às mãos do
chef. Quando vi e tive a possibilidade de tirar alguns dos peixes da rede de pesca, só pensei, isto é mesmo único e especial. Uma das coisas que adorei feitas pelo Luís foi o
sushi com couve penca em vez da tradicional alga. Nunca tinha experimentado, mas fica muito bom.
Ainda neste fim-de-semana assisti ao
lançamento do livro Comeres Bragançanos e Transmontanos de Armando Fernandes que já entrou na minha lista de leituras. Sinto uma curiosidade imensa em saber mais sobre as nossas tradições e este livro vai por certo dar-me uma grande ajuda.
Ao visitar o evento fiquei surpreendida com o número de expositores, alguns vindos do outro lado da fronteira e que me deram a conhecer, por exemplo, chouriço de cavalo, entre outros tipos variados de enchidos e produtos fumados à base de carne. Foi curioso ver quanta coisa boa se produz na região de Trás-os-Montes, desde os enchidos, os azeites, as castanhas, as compotas, os frutos secos, o pão, os doces e o vinho. De Bragança trouxe a vontade de experimentar vários produtos da região na minha cozinha. Um desses produtos
foi os cuscos, o outro será o azedo e quem sabe se consigo fazer butelo com cascas.
Bragança é uma terra de coisas boas a que por certo espero (tenho que) voltar.