De 31 de Março a 9 de Abril de 2011 decorre a quinta edição do evento
Lisboa Restaurant Week.
À semelhança das outras edições procurei, juntamente com os meus amigos de sempre, conhecer alguns restaurantes. O Nuno Vaz é o responsável por escolher os restaurantes, às vezes a partir de algumas das nossas sugestões, e fazer as reservas - é como carinhosamente lhe chamamos - o nosso Relações Públicas! ;)
O nosso primeiro jantar desta edição foi, no domingo, no
restaurante Arola, situado no
Penha Longa Hotel Spa & Golf Resort. Os pratos têm a assinatura do premiado chef catalão
Sergi Arola. O restaurante é um espaço moderno, decorado em tons de branco, sobressaindo também os metálicos. Curiosamente a decoração fez-me lembrar o
Unique de
Fátima Lopes a que fui no início de Agosto do ano passado.
Mas passemos à comida. Para
couvert serviram-nos pão torrado, que devíamos preparar esfregando um dente de alho e depois completar com tomates cereja, azeite e uma pitada de sal, que se revelou agradável. Para entrada, tivemos lascas de lombo de porco ibérico com abóbora, toranja e queijo parmesão,
tempura de legumes e coca cocalivado com vegetais e azeite virgem extra.
Coca é uma espécie de piza, mas com a massa a lembrar as
flammes (
flammekueche). A aposta nos legumes nas entradas foi uma excelente opção.
Para prato principal poderíamos escolher entre lombo de bacalhau com favas salteadas, puré de batata e emulsão de pimento e lombo de borrego com beringelas fritas e salada de citrinos. Eu escolhi o borrego e achei que estava saboroso. A carne desfazia-se de tão tenra que estava. Acompanhámos o jantar com uma garrafa de tinto
Quinta do Casal da Coelheira reserva de 2007.
Para sobremesa comemos
panna cotta de iogurte com doce de ruibardo e
sorbet de gengibre que estava uma delícia. A combinação de sabores resultou muito bem. O café foi servido com
mignardises (queques, quadradinhos de marmelada e bombons de chocolate, em miniatura).
O serviço foi marcado por algumas irregularidades. Atencioso por um lado, mas despreocupado por outro. O ambiente era quase agradável, com música ambiente, mas achei as luzes demasiado frias, tornando-se um pouco desconfortável, especialmente na mesa onde ficámos, mais ou menos a meio.
Na segunda-feira, o local escolhido para jantarmos foi o restaurante
Varanda do
Hotel Ritz Four Seasons. Assim que entramos, respiramos elegância e sofisticação. O chef
Pascal Meynard surpreendeu-nos com um magnífico
risotto aquarello com pato
confit e abóbora roti com gengibre, que ficou agradavelmente registado nas minhas memórias gustativas.
Para prato principal escolheu bacalhau cozido lentamente acompanhado com puré de batata, azeite de limão e couve braseada com vinagre balsâmico branco. Um prato confeccionado na perfeição onde não há reparos a fazer! Acompanhámos a refeição com um tinto
Quinta das Brôlhas de 2006.
Para a sobremesa foi servido um
carpaccio de ananás e hortelã,
macaron de coco, gelado de malibu e crocante de ananás. Com o café foram servidos uns deliciosos
mignardises. O serviço acompanhou a elegância do espaço. Atencioso e competente.
O restaurante do
Lapa Palace Hotel foi o local escolhido para o nosso jantar de terça-feira. O espaço está decorado em tons rosa, com candeeiros de vidro de
Murano, mesas redondas e música ambiente, que vinha do piano tocado ao vivo, ali ao lado, no bar.
Começámos a nossa refeição com o
couvert, diferentes tipos de pão - o de tomate seco é um dos meus preferidos! - e manteiga. Foi-nos servida uma pequena degustação de pato fumado com
chutney de manga, que se revelou fantástica. O chef Hélder Santos começou desde logo a conquistar-nos. O restaurante ao contrário de outras edições, resolveu este ano optar pelo menu fixo. Veio então para a mesa, como entrada, um surpreendente mil folhas de presunto e pêra com requeijão curado e redução de Porto.
Para prato principal
spaghettoni al nero com lulinhas salteadas e
coulis de ervilhas - que estava muito saboroso - com ambas, a massa fresca e as lulas
al dente. Sobressaía um agradável sabor a mar e no final, o fresco aroma da ervilha. O vinho que nos acompanhou durante a refeição foi um tinto
Palhas Canas de 2006.
A sobremesa foi uma deliciosa tortinha de mel e canela com sorvete de maçã verde e molho de framboesa. A tortinha apesar de ser um clássico, resultou na perfeição, ou não tivesse canela! ;) Com o café vieram também uns
petit four. O serviço superou as expectativas, especialmente graças à chefe de sala, sempre disponível - e sem pretensiosismos! - fez-nos sentir muito bem.
Na quarta-feira o jantar foi no restaurante
Panorama, no
Hotel Sheraton. O espaço tem uma deslumbrante vista sobre parte da cidade de
Lisboa. À noite, o negro é salpicado pelas luzes dos edifícios, das ruas e dos carros que lá passam. Esta vista, a meu ver, é o ponto forte do restaurante.
A nossa refeição começou, para entrada, com uma salada de camarão, com puré de aipo e mistura de folhas verdes, com manga e queijo parmesão. Uma combinação interessante, mas onde se sentia a falta de um elemento de ligação entre os vários ingredientes. Faltava, como alguém disse à mesa, alma à salada. Por outro lado, achei que não veio à temperatura certa. Os camarões, por exemplo, estavam demasiado frios.
Para prato principal poderia-se optar entre lascas de bacalhau com puré de grão, ovo de codorniz com espuma de salsa e lombinho e bochechas de porco com batata. O prato de bacalhau pareceu-me uma desconstrução sofisticada do nosso clássico bacalhau com grão. Gostei particularmente do puré de grão. O vinho escolhido para acompanhar a nossa refeição foi um tinto
Três Bagos de 2007.
A sobremesa foi um irresistível bolo húmido de chocolate com sorvete de tangerina e molho de
fava tonka. Nesta sobremesa, o bolo de chocolate valeu só por si. Magnífico. Intenso! Por esta sobremesa, o chef
Leonel Pereira merece os meus parabéns.
Como éramos seis pessoas acabámos por ficar numa mesa que se revelou gigante, a distância entre os dois lados da mesa tornou as conversas um pouco complicadas, dado que não convinha gritar, claro está! O tempo entre pratos revelou-se demasiado demorado. O serviço revelou-se distante, pretensioso e pouco eficiente.
Destes quatro restaurantes visitados, destaco tanto o
Varanda do
Ritz Four Seasons como o
Lapa, do
Lapa Palace Hotel porque conseguiram aliar o espaço, a comida e o serviço de forma muito competente. Definitivamente, posicionam-se num nível de qualidade muito acima dos outros dois! Para quem quiser descobrir dois bons restaurantes, aqui fica a sugestão.