sexta-feira, 29 de abril de 2011

Bolo de courgette com cacau e nozes


Na sexta-feira, antes das férias da Páscoa resolvi surpreender algumas das minhas colegas de trabalho. Não houve nenhuma situação especial. Quando me perguntaram a que se devia o bolo, disse-lhes que estava um dia solarengo, bonito e senti-me tão bem disposta, que resolvi partilhar este sentimento com elas. Às vezes, estes pequenos gestos ajudam-nos a nós e aos outros a sermos mais felizes. Nessa sexta-feira levei um bolo de courgette com cacau e nozes.


Ingredientes:
270g de farinha com fermento
450g de açúcar
40g de cacau
1 colher de chá de bicabornato de sódio
1 colher de chá de canela
1,5dl de óleo vegetal
1 courgette ralada
raspa de uma laranja
1 colher de chá de essência de baunilha
1 pitada de sal
4 ovos
85g de nozes picadas

1. Num recipiente misturar muito bem os ingredientes. Por fim, juntar as nozes e mexer.

2. Levar o bolo ao forno, a 200ºC durante 50 minutos, numa forma untada.


Assim que começámos a comer o bolo, uma a uma foram tentando adivinhar os ingredientes e até foram acertando à excepção de um. Quando eu lhes disse que o bolo levava courgette ficaram agradavelmente surpreendidas. A reacção a um bolo com courgette é sempre tão engraçada. A opinião foi unânime: - courgette num bolo? Nunca me passaria pela cabeça! Em termos de sabor, fica muito agradável.

A mim soube-me muito bem. E sei que às minhas colegas também! ;)

Fugindo da chuva até Jerez de la Frontera


Chegámos a Jerez de la Frontera, vindos de Sevilha, na quinta-feira à noite, depois de uma viagem brindada com alguns momentos de chuva intensa. Não tinha nenhuma ideia formada sobre a cidade. A Jerez de la Frontera apenas associei as concentrações de motards de que já ouvi falar. Ia sem expectativas. Esperava apenas que fosse uma localidade que não estivesse "fechada" com os preparativos da Semana Santa e que se cumprisse o que ali nos levou, que pelo menos de vez em quando o sol espreitasse. Por isso soube muito bem, na sexta-feira sair do hotel com o sol a sorrir lá no alto pelo meio das nuvens.


O nosso passeio por Jerez de la Frontera começou pelo Alcázar, de seguida passámos junto à Catedral e andámos pelas simpáticas ruas da cidade. Em Jerez voltámos a encontrar laranjeiras nas ruas e jardins, e nas pastelarias, vários doces tradicionais da Semana Santa. Percebi que esta localidade é marcada pela produção de vinhos e que Tio Pepe é uma referência.


Ao contrário do que eu esperava, também Jerez de la Frontera se preparava para a procissão e algumas das ruas já estavam com as bancadas montadas.

Para almoçar escolhemos o restaurante Gallo Azul, situado na calle Larga, uma movimentada rua de Jerez, com uma esplanada. Aqui comemos choco frito, almôndegas com molho de cogumelos e bochechas de bacalhau fritas com pimentos. Desta refeição não esqueço, principalmente as bochechas de bacalhau. Uma delícia. Muito saborosas. Nas almôndegas o molho de cogumelos brilhou e em Espanha tenho comido sempre bom choco frito - os famosos calamares. Nesta sexta-feira acordámos tarde, ouvimos chover durante toda a noite, quando saímos do hotel decidimos aproveitar o sol e passear um pouco pela cidade. Quando nos sentámos para almoçar a fome era mais do que muita. Entre ora tiras tu, ora tiro eu, o que é certo é não houve paciência para fazer o registo fotográfico da nossa refeição. :)


A seguir ao almoço, rumámos até Ronda.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Sopa de feijão branco com acelgas


Sempre que volto de uma viagem, uma das primeiras coisas que procuro comer quando chego é uma sopa. É curioso sentir saudades de comer sopa. Deve ser um efeito cultural, de certeza!? Desta vez, para precaver a falta de tempo que o regresso à rotina origina sempre na minha vida, decidi antes de seguir viagem deixar uma sopa feita, à minha espera. Depois de a fazer e deixar arrefecer, guardei-a em caixas de plástico e coloquei-a no congelador. Quando cheguei soube muito bem.


Ingredientes:
2L de água (usei 1L do caldo de cozedura do feijão)
2 cebolas picadas
3 tomates grandes (aprox. 650g) limpos de peles e sementes
2 talos de aipo cortados
3 cenouras cortadas
1 courgette pequena cortada em cubos
1 ramo de salsa picada
1 ramo de manjericão cortado
1 molho de acelgas
500g de feijão branco ou vermelho cozido
sal q.b.

1. Colocar uma panela com a água ao lume. Quando ferver adicionar a cebola picada, o tomate cortado, o aipo, as cenouras e a courgette. Deixar cozer.

2. Adicionar a salsa, o manjericão, as acelgas cortadas finamente e o feijão cozido. Temperar com sal e com o azeite. Deixar acabar de cozer.


Esta sopa foi feita com acelgas cultivadas no quintal dos meus pais, em Santarém, a partir desta receita do blogue Healthy Taste Chow. Depois da aventura das endívias, do ruibarbo e das alcachofras, agora o meu pai já me diz, com jeitinho, não tragas mais sementes, filha! Estas que cá tens chegam! Não sei como lhe vou dizer que tenho cá em casa sementes de açafrão, que ando à procura de sementes de rúcula e que deveríamos semear manjericão. ;)

terça-feira, 26 de abril de 2011

Sevilha e a Semana Santa


As férias da Páscoa, este ano, levaram-me até à Andaluzia. O plano original de viagem foi sendo sucessivamente alterado pois nem tudo correu como era suposto.

Saímos de Lisboa na terça-feira ao início da noite com destino a Monte Gordo. Já vos aconteceu irem na auto-estrada a 100 Km/h e ultrapassarem toda a gente? E a 90? Na primeira paragem para tomar café, surgiu a dúvida, estará o velocímetro avariado? Não, que coisa! Páscoa, é fundamental conduzir com prudência. Eu perante uma situação que se avizinha complicada, tenho sempre tendência a olhar para as coisas de forma positiva. No entanto, a ideia do velocímetro avariado foi rápida e definitivamente confirmada quando estávamos a andar e verificámos que o ponteiro estava parado. Bem, antes a 0 Km/h a andar do que parados! ;)

No dia seguinte, entre alugar um carro e almoçar no Américo, o rei do Peixe assado, em Olhão, foi toda a manhã e parte da tarde de quarta-feira. E isto tudo debaixo de uma chuva forte, como se São Pedro estivesse zangado e não desse ouvidos a ninguém. Em Vila Real de Santo António havia ruas alagadas de tanta água que caiu.

A nossa primeira paragem, destas férias, foi na quarta maior cidade de Espanha e capital da Andaluzia. Sevilha, está situada nas margens do rio Gualdaquivir e viu partir do porto de Palos, Cristóvão Colombo à descoberta do Novo Mundo. Nesta cidade, passeamos pela Praça de Espanha, projectada para a Exposição Ibero-Americana de 1929. Construída em tijolo e cerâmica, em forma semicircular, é rematada por uma torre em cada ponta. Ali é possível observar os painéis de azulejaria feitos em honra de muitas localidades espanholas.

A praça possui também um canal que é atravessado por quatro pontes, onde é possível fazer passeios de barco a remos. Mesmo com chuva, não desistimos de ver a Praça. O conjunto arquitectónico é magnífico. Dos painéis de azulejaria, chamou-me a atenção o de Tarragona - percebem porquê?! ;)


Assistimos a alguma da azáfama para a preparação da procissão de sexta-feira Santa. Houve alturas em que o cheiro das laranjeiras em flor, que existem por toda a cidade, se misturava agradavelmente com o cheiro a incenso saído das igrejas. De vez em quando passavam por nós elementos das confrarias, só ali existem mais de cinquenta, e que preparam as procissões. As suas vestes são tão curiosas e ao mesmo tempo misteriosas. Os sevilhanos, pelo que percebi, vivem a Semana Santa de uma forma muito especial. Só mesmo estando lá é que se percebe toda a envolvente, todo o espírito desta festa tradicional. Para terem uma ideia, vi filas enormes de pessoas para entrarem nas igrejas. É comum, as senhoras apresentam-se de forma extremamente elegante, vestidas de preto e com as mantillas que de lhes dão um ar muito distinto. Este ano, devido à chuva a procissão não se realizou, algo que não acontecia há muitos anos.


Em Sevilha, sê sevilhano, portanto fomos tapear. O local escolhido foi o restaurante Pando. Assim que entrámos, percebemos que o restaurante estava cheio de gente da terra, o que nos pareceu logo um bom presságio. Para a nossa refeição escolhemos presunto de porco ibérico alimentado a bolota servido com batatas fritas, flor de alcachofra com camarão, puré de batata com bacalhau e ovo, tosta de beringela, bacalhau pil-pil e salada de anchova. Para sobremesa pedimos lingote de chocolate e um cálice de vinho Pedro Ximénez. As tapas em termos de porções assemelham-se aos nossos petiscos. O presunto dispensava as batatas fritas, na minha opinião. A alcachofra foi uma surpresa, mas o que adorei foi o bacalhau pil-pil, que é preparado num pequeno fogão com um mecanismo que está sempre a agitar o recipiente onde o bacalhau está com o azeite. Para quem como eu não é grande fã de beringela, aquela tosta obrigou-me a reconsiderar.


Ainda tivemos oportunidade de jantar pelo menos duas vezes num pequeno restaurante, Pasaje, onde por cima do balcão estavam filas de presuntos pendurados. Em vários bares e restaurantes foi comum encontrarmos os presuntos curados pendurados, cartazes alusivos à Semana Santa e a touradas. Sempre que via os presuntos pendurados, não resistia a olhar. Os presuntos assim expostos ajudam a criar um ambiente convidativo à comida! :)

Num dos dias experimentámos ali presunto ibérico alimentado a bolota, salada de ovas, salada de anchovas em azeite e segui a sugestão do simpático empregado e comi uma sobremesa típica da semana santa que se assemelha às nossas rabanadas, a torrija. Enquanto jantávamos, na televisão desenrolava-se a final da taça do Rei entre o Real Madrid e o Barcelona. A casa estava cheia e com muita gente a tomar atenção ao jogo. Quando Cristiano Ronaldo marcou o golo que deu a vitória ao Real Madrid, na sala, toda a gente gritou de euforia e bateu palmas. Quase que nos apeteceu dizer: somos portugueses! ;)

Noutro dia, quis experimentar espinafres com grão, anchovas fritas recheadas e bifinhos de porco com roquefort. A conclusão a que chegámos é que em Sevilha, se come muito bem.


A chuva não nos largou e de cada vez que consultávamos a previsão do tempo, mais preocupados ficávamos. Nova alteração de planos. Na quinta-feira ao final do dia, demos por nós a caminho de Jerez de la Frontera.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

20 Receitas a pensar na Páscoa ...


A Páscoa, tem sido para mim, a par com o Natal, uma festa da Família. De encontros. De partilhas, especialmente à mesa. A mesa é sempre o lugar supremo de festa. Para esta quadra, aqui ficam algumas sugestões. Nesta selecção escolhi, principalmente, dois ingredientes típicos desta altura do ano, o borrego e a amêndoa.


Entradas:
- Salada de cuscuz, maçãs vermelhas e espargos;
- Salada de frango com agriões, amêndoa e laranja.

Peixe:
- Filetes em crosta de amêndoa;
- Salmão com alecrim e amêndoa;
- Salmão em crosta de amêndoa, queijo e coentros;
- Salmão em crosta de azeitona preta e amêndoa.

Carne:
- Borrego assado no forno com tomilho e vinho da Madeira;
- Borrego estufado com ervilhas;
- Costeletas de porco com molho de tomate e amêndoa;
- Perna de borrego assada com alecrim e azeitonas;
- Perna de borrego assada no forno com azeitonas pretas.

Bolos e sobremesas:
- Bolo de amêndoa;
- Bolo de amêndoa com doce de ovos;
- Bolo de amêndoa e figos secos;
- Carpaccio de laranja com calda de anis;
- Folar escangalhado de maçã;
- Gâteau Lawrence;
- Ninho com cobertura de chocolate;
- Pão-de-ló;
- Pêras douradas com gelado, amêndoas e framboesas.


Votos de uma Páscoa Feliz!

terça-feira, 19 de abril de 2011

Peixe em Lisboa, vinhos e muitos chefs


A semana passada fui ao festival gastronómico Peixe em Lisboa, no Pátio da Galé, junto ao Terreiro do Paço, em Lisboa. O dia estava quente, com o sol a espreitar em força no céu azul, um dia convidativo a uma fuga para a praia. Dado o bom tempo soube muito bem, assim que entrei, sentar-me numa das várias mesas da esplanada central. Depois de me ambientar um pouco, de ver as ementas dos diferentes espaços e de quase não conseguir conter o meu entusiasmo ao ver, em tão pouco tempo, tantos chefs conhecidos, resolvi começar a petiscar. Antes ainda passei pelos vinhos José Maria da Fonseca e não resisti a um moscatel roxo rosé Soares Franco, bem fresquinho. ;)

Da minha passagem pelos vários restaurantes, provei a sopa de tomate e o falso cheesecake do 100 Maneiras. Confesso que fiquei a olhar para o hambúrguer feito com pão com tinta de choco e recheado com salmão!


Do chef José Avillez não resisti ao bacalhau à brás com "azeitonas explosivas". As azeitonas explodiam na boca e sabiam agradavelmente a azeitona verde. Vieiras marinadas com guacamole e pão crocante, magnífico o modo como as vieiras combinam com o cremoso abacate e ainda cavala braseada com gaspacho de cerejas. Sempre que vejo este tipo de pratos, penso que tenho que valorizar cá em casa a cavala, que é um peixe a que normalmente torço o nariz e sem razão.


Depois da comida, visitei o mercado gourmet. Encontrei um espaço a vender peixe fresco, queijos, vinhos, azeites, chás, diferentes tipos de sal, conservas, etc. Não resisti a provar o gelado de poejo e o de eucalipto. O sabor do gelado de poejo para mim não foi novidade, agora o de eucalipto, sim, e adorei! O sabor assemelha-se ao odor que tenho do eucalipto, um aroma fresco, amentolado, forte. Achei interessante o modo como algumas marcas se começam a associar a conhecidos chefs. Todos os caminhos que prestigiem a nossa gastronomia são bem vindos. Antes de sair do mercado gourmet, não resisti a provar um pastel de nata da pastelaria Alcoa, ali representada.


No final do dia participei numa harmonização de vinhos com o chef Luís Baena. Foi um prazer enorme e de certa forma uma oportunidade única, ver o chef Luís Baena a cozinhar, a falar sobre comida e a cozinha portuguesa, e ao lado, o enólogo Domingos Soares Franco da casa vinícola José Maria da Fonseca, a falar-nos das suas produções.

Do menu constou uma salada de tubérculos, espinafres e maçã com migas de bacalhau. O segredo está nas duas horas que se deverão passar a puxar as migas. Tudo o que é cozinhado lentamente, ganha em sabor. Há diferença entre cozinhar umas migas de forma rápida ou lentamente. A entrada foi acompanhada com um vinho branco Pasmados.

De seguida vimos preparar um arroz caldento, feito com arroz carolino, e ligado com queijo São João produzido no Pico, Açores. O arroz foi servido com um filete de peixe imperador e uma espuma de salsa. Este prato foi acompanhado com o moscatel roxo rosé, um vinho subtil, com um travo leve. Há quem dissesse que este vinho era conhecido como o vinho do sushi.

Para sobremesa foi-nos servido gelado com telha de alecrim, sublime. Acompanhado com um vinho generoso moscatel roxo de Setúbal.


Durante o jantar Luís Baena falou-nos da excelência de vários produtos portugueses. Falou também do estado da cozinha portuguesa - alma não lhe falta! - e que é importante que deixe de estar adormecida. Para tal, esta precisa de evoluir. E foi com a alma a sentir que valeu a pena, que saí ao princípio da noite, do Pátio da Galé. Para o ano quero voltar ao Peixe em Lisboa!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Arroz de coelho com tomate e um pouco de magia


Os caminhos que me conduzem a confeccionar uma receita às vezes têm curvas e contracurvas. Na base, está sempre a comida reconfortante, a comida da memória, dos afectos, feita pela minha mãe. É inevitável esta influência, pelo menos para mim. Mas o que me leva a fazer uma receita muitas vezes deixa-me a pensar. A pensar na minha vida e de como gostaria que fosse interessante e cheia. Mas não é isso que todos nós pretendemos? Um dia, olharmos para trás e dizermos: «Eu vivi!».

Será que fazemos alguma coisa ao acaso? As nossas escolhas são mesmo nossas? Às vezes parece-me que existem forças superiores que nos agarram as mãos e nos conduzem, como se estivéssemos de olhos vendados. Acho que não acredito no destino, mas há dias em que penso que nem tudo é fruto dos caminhos que escolhemos. Talvez existam forças invisíveis que nos dão pequenos empurrões e nos gritam em surdina: «Agora, por aqui ...» ou «Não, não, para aí não!».

A minha vida reflecte o modo como cozinho e o que cozinho é influenciado pela minha vida. Uma das comidas que adorava quando vivia em casa dos meus pais era um arroz de coelho que a minha mãe fazia. Que bom! Há uns tempos atrás fui jantar com um grupo de amigos ao restaurante Taberna Ideal onde tive o privilégio de comer um arroz de coelho que não esqueci. Foi por estas duas influências que no fim-de-semana decidi fazer este prato.

Às vezes quando se gosta muito de um prato, tem-se medo de destruir a memória que temos dele e, por isso, não arriscamos a confeccioná-lo, para que ele continue especial. É como certos locais que nos marcaram, às vezes o melhor é não destruir a memória que temos deles. Mas com este arroz de coelho não foi o caso. Obra do destino? Ou das opções que fiz?

Bem, todo este discurso metafísico deve ser influência de um dos filmes de Harry Potter que vi no fim-de-semana. A vida com um pouco de magia, parece-me bem mais interessante! :)


Ingredientes:
1 coelho partido aos pedaços (aproximadamente 1kg)
5 dentes de alho picados
2 folhas de louro
0,5 l de vinho branco
1 dl de azeite
1 cebola picada
3 tomates maduros limpos de peles e sementes
350 g de arroz carolino
5,5 dl de água quente
Sal e pimenta-preta q.b.
Salsa picada para servir


1. Deixar o coelho em vinha d´alhos durante 6 a oito horas ou até mesmo de um dia para o outro. Para isso, colocar o pedaços de coelho num recipiente com sal, pimenta, os dentes de alho picadinhos, as folhas de louro e o vinho branco.

2. Refogar a cebola no azeite. De seguida adicionar o tomate. Deixar cozinhar um pouco e adicionar o coelho e o molho da vinha d´alhos. Tapar o tacho e deixar cozer o coelho.

3. Adicionar o arroz carolino e juntar a água ou ir juntando. Mexer de vez em quando e rectificar o sal. Assim que o arroz estiver cozido, servir polvilhado com salsa picada.


Eu adoro o arroz de coelho com um pouco de caldo, malandrinho. Os pratos de arroz, típicos da nossa gastronomia, são excelentes quando acabados de confeccionar seguirem logo para a mesa. Se esperarem por alguém, ficam secos, perdem a graça. Nessas alturas, não há magia que lhes valha! ;)

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Uma salada de favas e o sábio Pitágoras


No século V a.C., o famoso sábio Pitágoras e alguns médicos gregos protestaram contra as favas, que na bacia do Mediterrâneo eram uma importante fonte alimentar. «Segundo a lenda, e a vida real, as favas e o seu pólen estavam associadas a uma doença repentina e aguda que podia causar a morte, sendo que, na verdade, foram elas que indiretamente mataram Pitágoras. Este recusou-se a atravessar um campo de favas para escapar a uma multidão raivosa»*. Anedota ou não, o certo é que Pitágoras ficou para a posteridade ligada a elas.

Eu adoro favas, mas sei que é uma leguminosa que não reúne consenso. Para mim, podem ser guisadas com entrecosto e enchidos salpicadas com uma valente mão de coentros picados, cozidas para saladas ou em sopa, de qualquer uma destas maneiras são sempre bem-vindas. No domingo passado, sem os receios de Pitágoras, entrei num campo de favas e só saí quando tinha já um saco bem cheio. Eu prefiro as pequenas, tenras e suculentas. Quando são assim, não retiro a casca que as envolve.


Ingredientes:
600g de favas cozidas
2 latas de filetes de atum em azeite, previamente escorrido
6 rabanetes cortados às rodelas
1 cebola roxa cortada às rodelas
4 ovos cozidos cortados às rodelas
150g de queijo feta cortado em cubos
1 ramo de salsa picada
sal e pimenta q.b.
azeite e vinagre q.b.


1. Numa taça envolver todos os ingredientes. Temperar com sal, pimenta, azeite e vinagre a gosto.


Esta salada não tem nenhum segredo. Mas cá em casa agradou tanto que já a repeti!

Boas saladas.


* - in Uma História Saborosa do Mundo de Kenneth F. Kiple.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Lisboa Restaurant Week V edição - restaurantes Terraço, Terreiro do Paço e Colares Velho



A semana de comer fora durante a iniciativa Lisboa Restaurant Week continuou. Na quinta-feira, dia sete de Abril, o restaurante escolhido foi o Terraço do Hotel Tivoli Lisboa. O restaurante está situado numa sala ampla, com uma agradável decoração e com umas portas envidraçadas que dão para um terraço. Ali funciona um bar que abre em Maio e funciona durante todo o Verão. Pareceu-me um sítio com um ambiente interessante no Verão, pelo menos as condições estão lá.

A minha refeição neste restaurante começou pelo couvert que consistiu em pães diferentes - não resisto ao de tomate e ao de passas! - gressinos e manteiga. Para entrada em vez da sopa de tomate branco com emulsão de basílico optei por um carpaccio de salmão com salada de citrinos, que me agradou bastante. Gostei da apresentação elegante e da mistura dos citrinos a cortar o sabor intenso do salmão. Esta é uma daquelas entradas que um destes dias quero reproduzir.

Para prato principal as opções eram risotto de pato fumado do mesmo, como me apaixonei pelo risotto de pato do restaurante Varanda do Hotel Ritz Four Seasons, achei melhor nem arriscar, nestas coisas o pior são sempre as expectativas e as minhas eram de tal maneira elevadas que optei pela tranche de robalo crocante de massa filo e salada de ervas. Houve qualquer coisa neste prato que não o fez brilhar! Gostei da ideia de enrolar o robalo na massa, mas houve entre os ingredientes uma falha que não contribuiu para um resultado à altura de um robalo! A nossa refeição foi acompanhada por um Tinto da Ânfora 2005.

Nas sobremesas optei por um crème brûlée de citronella com sorbet de framboesa, com o açúcar queimadinho como eu gosto e fresquinho soube bem, em vez dos papos de anjo com carpaccio de ananás em calda de poejo.

O serviço foi atencioso mas um pouco cansado. Como se sabe, as pessoas fazem uma casa. A impressão com que saímos de um restaurante é marcada não só pela comida, mas também pela simpatia e atenção com que nos recebem.

Na sexta-feira marcámos mesa no restaurante Terreiro do Paço. Situado num espaço nobre, arquitetónica e historicamente falando, encontra-se dividido em três espaços, uma das salas, pela decoração fez-me lembrar as antigas tascas, com as toalhas de plástico com motivos coloridos. O ambiente é simpático, moderno e descontraído. A mesa onde ficámos tinha, ao centro, um Galo de Barcelos, uma garrafa de azeite e um pote com flor de sal, tudo produtos portugueses. Parece-me que esta é uma aposta da casa, produtos portugueses e a cozinha tradicional portuguesa com um leve toque de inovação.

Como couvert foi-nos servido pão e mousse de salmão. Obviamente que não resistimos também a molhar o pão no azeite Quinta de São Vicente que estava desde o início na mesa. Como diz Miguel Esteves Cardoso, o azeite é para nós o "molho" primordial. Há quem não aprecie, mas eu gosto de molhar o pãozinho no azeite. Houve uma altura em que não gostava daquele azeite que pica na garganta, pois associava-o a um grau de acidez elevado, mas depois de o ano passado fazer uma prova de azeites, a minha relação com o azeite mudou e percebi, que este picar a garganta não estava relacionado com a acidez, mas com o tipo de azeitona usada.

Para entrada escolhi o carpaccio de rosbife com mostarda à antiga, que servido só assim achei um bocadinho pobre, mas ainda provei uma fatia de pissaladière de peperonata e queijo de cabra, uma espécie de pizza feita com massa folhada na base.

O prato principal que escolhi foi bochechas de porco com esmagada de batata com espinafres, que estava magnífico. A carne tenrinha, suculenta e a esmagada de batata combinava na perfeição com a bochecha. Em opção tínhamos salmão (mi-cuit) com açorda de caranguejo, lima e gengibre. Uma nota muito positiva para esta açorda de caranguejo que a personalidade vincada do gengibre não me deixou ficar indiferente. O vinho escolhido, foi um tinto Vinha do Meio Queijo de 2008.

Para sobremesa não resistimos a uma mousse de chocolate com salame. Mousse de chocolate com salame? - quem poderia resistir a semelhante pecado de boca? Na nossa mesa, ninguém! ;)

Não achei a música ambiente adequada. Muitos martelinhos misturados com o som das outras mesas acabaram por tornar o ambiente demasiado barulhento. Uma nota muito elevada para o serviço. Simpático, disponível e conhecedor.

No sábado, ao jantar, visitámos o restaurante Colares Velho, em Colares. O espaço é lindíssimo. Uma decoração fabulosa, a lembrar outros tempos, e com um toque de requinte e bom gosto a que não ficamos indiferentes. É de certeza um restaurante único pela decoração, que aproveitou uma antiga mercearia e lhe deu uma vida nova, incorporando os armários e o balcão na nova função deste espaço. O Colares Velho, para além do restaurante possui também um salão de chá.

Para o couvert serviram um pão rústico fabuloso que se comia de forma gulosa mesmo sem nada, manteiga aromatizada com ervas, salada de polvo e salada com orégãos e um shot quente de coentros. Para entrada tínhamos ovos mexidos ou com espargos ou com farinheira. Eu escolhi os ovos mexidos com espargos bravios, mas achei que os de farinheira estavam melhores, menos secos.

Para prato principal optei pelos filetes de polvo laminados servidos com açorda de coentros e tártaro de pickles e alcaparras em vez de rojões salteados na frigideira com molho à Bulhão Pato de amêijoas e camarões - que venham mais filetes e açorda de coentros, por favor! - senão estivesse tão cheia, era o que diria no final, de certeza. Os pratos foram acompanhados por um vinho Quinta de La Rosa.

Para sobremesa, uma generosa fatia de tarte de maçã de Colares e natas frescas batidas. Com o café serviram pérolas de Colares ou seja umas mini tartes de Colares, mas sem o queijo.

Em forma de balanço final da iniciativa posso dizer que notámos algumas incongruências. Há restaurantes que incluem o couvert no preço da refeição, outros não. Para que não hajam surpresas, talvez fosse bom, a organização, colocar esta informação na página da iniciativa quando fazem a apresentação dos restaurantes aderentes. Em alguns restaurantes, os menus são criados especificamente para a iniciativa, apesar de não ver nisso um problema poderá, no entanto, não dar a imagem exacta da cozinha praticada no dia-a-dia. Para os restaurantes, já sabemos, que é uma excelente forma de ganhar clientes. Independentemente de algumas observações que possam ser feitas, acho a iniciativa muito interessante e para mim, é uma excelente forma de ir conhecendo restaurantes, espaços novos, pratos confecionados por alguns nomes sonantes na nossa praça e não só. Para quem estiver interessado, a Lisboa Restaurant Week volta em Setembro.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Sumo de morangos e framboesas


Um destes dias fui ao Hemingway - um bar na marina de Cascais - à noite, com um grupo de amigos. Ao escolher o que ia beber, optei por uma bebida sem álcool, com morangos e framboesas. Do grupo, a minha bebida foi a última a chegar e ainda me pediram para aguardar um pouco. Mas quando chegou fez furor. Colocaram à minha frente, um copo com um sumo bem vermelhinho, decorado com um morango enorme e framboesas. Uau, pensei eu! Esperei mas valeu a pena! Assim que bebi o primeiro gole, soube que fiz uma boa opção.


Ingredientes:
500 g de morangos
250 g de framboesas
6 cubos de gelo
4 colheres de chá de açúcar
1 colher de sopa de vinagre balsâmico cremoso
6 folhas de manjericão grandes
8 folhas de hortelã


1. Colocar todos os ingredientes num liquidificador e triturar.

2. Servir o sumo em copos decorados com framboesas e morangos.


O sumo fica com um agradável aroma a manjericão e hortelã, sabores frescos que ajudam a ultrapassar os dias quentes que já se fazem sentir.

Bons sumos!

[ Published in English as Strawberry and raspberry smoothie ]

terça-feira, 12 de abril de 2011

Tagliolini nero com lulas salteadas e puré de ervilhas


Durante a V edição da Lisboa Restaurant Week tive, no restaurante Lapa do Lapa Palace Hotel, uma das melhores refeições dos sete restaurantes a que fui. O prato principal foi uma pasta com lulinhas salteadas e puré de ervilha. Simples, mas cheio de sabor. Quando gosto e acho que consigo fazer, não perco tempo até experimentar. Eis que aqui está, a minha versão.


Ingredientes:
250g de tagliolini nero fresco
500g de lulas cortadas às rodelas
1dl de azeite
5 dentes de alho
1 folha de louro
500g de ervilhas
75ml de azeite
1 colher de sumo de limão
sal e pimenta

1. Numa frigideira colocar o azeite, a folha de louro e os dentes de alho esborrachados. Assim que o alho começar a sentir o calor, juntar as lulas. Temperar com sal e pimenta a gosto e deixar cozinhar.

2. Colocar uma panela com água temperada com sal ao lume. Quando ferver, adicionar as ervilhas e deixar cozinhar as ervilhas durante 3 a 4 minutos.

3. Colocar as ervilhas, previamente escorridas, num liquidificador, juntamente com os 75ml de azeite. Triturar.

4. Adicionar ao puré sumo de limão e temperar com sal e pimenta a gosto.

5. Numa panela com água e sal, cozer a massa durante 3 a 4 minutos.

6. Servir o puré com a massa e as lulinhas.


A receita do puré de ervilhas é do Good Food Channel. No puré gostei de ter como ingrediente o azeite, em vez das natas e/ou manteiga.

Este prato fica muito saboroso, com contraste de sabores. O puré de ervilha faz a diferença. É uma excelente opção para estes dias bonitos de Primavera.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Sopa de abóbora, batata-doce e grão


A semana que terminou foi preenchida com a Lisboa Restaurante Week. Ainda me falta falar-vos dos três últimos restaurantes a que fui, mas isso fica para depois. Por enquanto, aqui fica uma sopa muito agradável que descobri no site Simple Great Meals.


Ingredientes:
2 cebolas
500g de abóbora
250g de batata-doce
500g de grão cozido
1 colher de chá de cominhos
2L de água
azeite
sal
pimenta
coentros picados

1. Cozer as cebolas, a abóbora, a batata-doce e o grão em 2L de água.

2. Triturar os legumes. Adicionar os cominhos, sal e azeite. Deixar levantar fervura e retirar do lume.

3. Servir com os coentros picados e um pouco de pimenta a gosto.


Esta sopa é, como se poderá dizer, encorpada, graças ao grão e à batata-doce. Os cominhos dão-lhe um toque especial, quase exótico.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Embrulhos de peixe com legumes e erva-doce


As sextas-feiras são o único dia da semana em que consigo almoçar em casa. Para o almoço preparei uns suculentos peixes assados no forno numa cama de legumes, que agradaram e muito. O peixe que o meu pai me oferece, pescado por ele, é motivo de orgulho para mim e como tal gosto sempre de o cozinhar de uma forma especial. Com "especial", quero dizer de modo a que a refeição nos fique na memória!


Ingredientes:
2 choupas ou sargos médios
2 batatas pequenas cortadas às rodelas fininhas
1 cebola cortada às rodelas
8 rodelas de courgette
coentros frescos
sal
pimenta
1 colher de café de erva-doce em grão
azeite

1. Cortar dois retângulos de papel vegetal. Em cada um deles fazer uma cama com rodelas de courgette, cebola e batata.

2. Em cima dos vegetais, colocar o peixe. Temperar com sal, pimenta e a erva-doce.

3. Colocar um raminho de coentros e regar com azeite. Fechar o papel. Embrulhar ainda com uma folha de papel de alumínio.

4. Levar ao forno pré-aquecido a 200º C durante 45 minutos.


Que saudades que tenho do tempo em que tinha um quintal e podia fazer peixe grelhado! :) Apesar disso, assar desta forma o peixe no forno acaba por ser uma excelente alternativa. E o peixe fica tão bom!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Lisboa Restaurant Week V edição - restaurantes Arola, Varanda, Lapa e Panorama


De 31 de Março a 9 de Abril de 2011 decorre a quinta edição do evento Lisboa Restaurant Week. À semelhança das outras edições procurei, juntamente com os meus amigos de sempre, conhecer alguns restaurantes. O Nuno Vaz é o responsável por escolher os restaurantes, às vezes a partir de algumas das nossas sugestões, e fazer as reservas - é como carinhosamente lhe chamamos - o nosso Relações Públicas! ;)

O nosso primeiro jantar desta edição foi, no domingo, no restaurante Arola, situado no Penha Longa Hotel Spa & Golf Resort. Os pratos têm a assinatura do premiado chef catalão Sergi Arola. O restaurante é um espaço moderno, decorado em tons de branco, sobressaindo também os metálicos. Curiosamente a decoração fez-me lembrar o Unique de Fátima Lopes a que fui no início de Agosto do ano passado.

Mas passemos à comida. Para couvert serviram-nos pão torrado, que devíamos preparar esfregando um dente de alho e depois completar com tomates cereja, azeite e uma pitada de sal, que se revelou agradável. Para entrada, tivemos lascas de lombo de porco ibérico com abóbora, toranja e queijo parmesão, tempura de legumes e coca cocalivado com vegetais e azeite virgem extra. Coca é uma espécie de piza, mas com a massa a lembrar as flammes (flammekueche). A aposta nos legumes nas entradas foi uma excelente opção.

Para prato principal poderíamos escolher entre lombo de bacalhau com favas salteadas, puré de batata e emulsão de pimento e lombo de borrego com beringelas fritas e salada de citrinos. Eu escolhi o borrego e achei que estava saboroso. A carne desfazia-se de tão tenra que estava. Acompanhámos o jantar com uma garrafa de tinto Quinta do Casal da Coelheira reserva de 2007.

Para sobremesa comemos panna cotta de iogurte com doce de ruibardo e sorbet de gengibre que estava uma delícia. A combinação de sabores resultou muito bem. O café foi servido com mignardises (queques, quadradinhos de marmelada e bombons de chocolate, em miniatura).

O serviço foi marcado por algumas irregularidades. Atencioso por um lado, mas despreocupado por outro. O ambiente era quase agradável, com música ambiente, mas achei as luzes demasiado frias, tornando-se um pouco desconfortável, especialmente na mesa onde ficámos, mais ou menos a meio.

Na segunda-feira, o local escolhido para jantarmos foi o restaurante Varanda do Hotel Ritz Four Seasons. Assim que entramos, respiramos elegância e sofisticação. O chef Pascal Meynard surpreendeu-nos com um magnífico risotto aquarello com pato confit e abóbora roti com gengibre, que ficou agradavelmente registado nas minhas memórias gustativas.

Para prato principal escolheu bacalhau cozido lentamente acompanhado com puré de batata, azeite de limão e couve braseada com vinagre balsâmico branco. Um prato confeccionado na perfeição onde não há reparos a fazer! Acompanhámos a refeição com um tinto Quinta das Brôlhas de 2006.

Para a sobremesa foi servido um carpaccio de ananás e hortelã, macaron de coco, gelado de malibu e crocante de ananás. Com o café foram servidos uns deliciosos mignardises. O serviço acompanhou a elegância do espaço. Atencioso e competente.

O restaurante do Lapa Palace Hotel foi o local escolhido para o nosso jantar de terça-feira. O espaço está decorado em tons rosa, com candeeiros de vidro de Murano, mesas redondas e música ambiente, que vinha do piano tocado ao vivo, ali ao lado, no bar.

Começámos a nossa refeição com o couvert, diferentes tipos de pão - o de tomate seco é um dos meus preferidos! - e manteiga. Foi-nos servida uma pequena degustação de pato fumado com chutney de manga, que se revelou fantástica. O chef Hélder Santos começou desde logo a conquistar-nos. O restaurante ao contrário de outras edições, resolveu este ano optar pelo menu fixo. Veio então para a mesa, como entrada, um surpreendente mil folhas de presunto e pêra com requeijão curado e redução de Porto.

Para prato principal spaghettoni al nero com lulinhas salteadas e coulis de ervilhas - que estava muito saboroso - com ambas, a massa fresca e as lulas al dente. Sobressaía um agradável sabor a mar e no final, o fresco aroma da ervilha. O vinho que nos acompanhou durante a refeição foi um tinto Palhas Canas de 2006.

A sobremesa foi uma deliciosa tortinha de mel e canela com sorvete de maçã verde e molho de framboesa. A tortinha apesar de ser um clássico, resultou na perfeição, ou não tivesse canela! ;) Com o café vieram também uns petit four. O serviço superou as expectativas, especialmente graças à chefe de sala, sempre disponível - e sem pretensiosismos! - fez-nos sentir muito bem.

Na quarta-feira o jantar foi no restaurante Panorama, no Hotel Sheraton. O espaço tem uma deslumbrante vista sobre parte da cidade de Lisboa. À noite, o negro é salpicado pelas luzes dos edifícios, das ruas e dos carros que lá passam. Esta vista, a meu ver, é o ponto forte do restaurante.

A nossa refeição começou, para entrada, com uma salada de camarão, com puré de aipo e mistura de folhas verdes, com manga e queijo parmesão. Uma combinação interessante, mas onde se sentia a falta de um elemento de ligação entre os vários ingredientes. Faltava, como alguém disse à mesa, alma à salada. Por outro lado, achei que não veio à temperatura certa. Os camarões, por exemplo, estavam demasiado frios.

Para prato principal poderia-se optar entre lascas de bacalhau com puré de grão, ovo de codorniz com espuma de salsa e lombinho e bochechas de porco com batata. O prato de bacalhau pareceu-me uma desconstrução sofisticada do nosso clássico bacalhau com grão. Gostei particularmente do puré de grão. O vinho escolhido para acompanhar a nossa refeição foi um tinto Três Bagos de 2007.

A sobremesa foi um irresistível bolo húmido de chocolate com sorvete de tangerina e molho de fava tonka. Nesta sobremesa, o bolo de chocolate valeu só por si. Magnífico. Intenso! Por esta sobremesa, o chef Leonel Pereira merece os meus parabéns.

Como éramos seis pessoas acabámos por ficar numa mesa que se revelou gigante, a distância entre os dois lados da mesa tornou as conversas um pouco complicadas, dado que não convinha gritar, claro está! O tempo entre pratos revelou-se demasiado demorado. O serviço revelou-se distante, pretensioso e pouco eficiente.

Destes quatro restaurantes visitados, destaco tanto o Varanda do Ritz Four Seasons como o Lapa, do Lapa Palace Hotel porque conseguiram aliar o espaço, a comida e o serviço de forma muito competente. Definitivamente, posicionam-se num nível de qualidade muito acima dos outros dois! Para quem quiser descobrir dois bons restaurantes, aqui fica a sugestão.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Filetes em crosta de amêndoa


Há uns tempos atrás comprei uma boa quantidade de amêndoas com pele que entretanto nunca mais usei. Agora que a Páscoa se aproxima, pensei em fazer algumas receitas com amêndoa ou não fosse este um dos ingredientes mais associados a esta altura do ano. Ao pesquisar na minha coleção de revistas Saberes & Sabores encontrei um número dedicado à Páscoa, o de Abril de 2004, com uns apetecíveis filetes envolvidos em amêndoa moída. A sugestão agradou-me, tratei de descongelar e arranjar os filetes de peixe-porco que ainda tinha das pescarias do meu pai.


Ingredientes:
4 a 6 filetes (solha, pescada, peixe-porco)
sal
pimenta
o,5dl de leite
100g de amêndoa pelada e ralada
2 colheres de sopa de pão ralado
1 pitada de colorau (facultativo)
óleo Espiga
farinha
1 ovo


1. Temperar os filetes com sal e pimenta. Regar com o leite.

2. Misturar a amêndoa com o pão ralado e um pouco de colorau.

3. Levar uma frigideira ao lume com o óleo e deixar aquecer.

4. Colocar um pouco de farinha num prato fundo e bata o ovo.

5. Escorrer os filetes e passá-los primeiro pela farinha, depois pelo ovo batido e por fim pela mistura de amêndoa e pão ralado.

6. Fritar os filetes no óleo quente até estarem dourados. Escorrer sobre papel absorvente.


Servir os filetes com uma colher de maionese, arroz branco e salada mista. A capa de amêndoa ajuda a que os filetes fiquem crocantes, deliciosos.

Esta receita foi confecionada com óleo Espiga, uma oferta da Lusitana, que desde já agradeço.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Fazer pão ou a satisfação de um desejo


Em casa dos meus pais, desde que me lembro, que sempre houve pão caseiro. Houve e continua a haver. Todas as semanas o alguidar de barro enche-se de farinha, fermento, água e sal. Todas as semanas as mãos da minha mãe amassam dez ou mais quilos de farinha. Fazer pão transforma-se numa tarefa especial, mas árdua, extenuante, que exige do corpo imensas energias. Depois do pão levedo, passa-se para o forno que se enche de lenha e que arde até o forno estar no ponto. Diz-se que o forno está quente, quando o tecto parecer que mudou de cor, assemelhar-se a uma autêntica brasa viva. Limpa-se o lastro do forno e começa-se a tender os pães que são ali deitados um a um. Umas vezes, se se quer que fiquem dourados, tapa-se a boca do forno, outras fica assim mesmo, aberto. Passada uma hora, retira-se o pão e é uma autêntica festa. O cheiro a pão quente é irresistível.

Amassar pão sempre me despertou a curiosidade. Fazer pão parece algo tão simples, uma combinação de farinha, água, sal e fermento e já está. Mas normalmente o segredo do pão está no amassar, na forma fantástica, mágica, como se combinam estes quatro ingredientes e, obviamente, no levedar. Coisas, só aparentemente simples. Foi graças a este fascínio pelo amassar, que este ano resolvi fazer pão sem recorrer à máquina do pão.


Ingredientes:
1Kg de farinha T65
50g de fermento fresco
sal q.b.
6 a 6,5dl de água morna

1. Colocar a farinha num alguidar.

2. Dissolver o fermento em 2,5dl de água.

3. Envolver a água com fermento na farinha.

4. Amassar a massa e ir adicionando aos poucos e poucos a água.

5. Deixar levedar.

6. Aquecer o forno a 250ºC.

7. Colocar o pão no forno, reduzir a temperatura para 200ºC. Deixar cozer durante 1 hora.


Para cozer o pão usei a pedra onde faço a piza e coloquei um tabuleiro com água no forno para aumentar a humidade.

Enquanto o pão estava no forno, não resisti a observar o modo como crescia, o modo como a massa se transformava. Depois do pão cozido e assim que o consegui partir, não resisti a barrar uma boa fatia de pão com manteiga.

O Ricardo, achou que o pão era muito grande, mas que não estava nada mal! Isto vindo do responsável por fazer o pão cá em casa, soa-me a elogio, não acham? ;)

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Risotto de morango


Uma das coisas maravilhosas que a Primavera nos faz chegar são os morangos. Vermelhos, bem vermelhinhos. Suculentos e doces. Os morangos são uma das minhas frutas preferidas.

Quando vi a receita de Risotto de Morango na revista Continente Magazine de Setembro/Outubro de 2010, achei que não me ia escapar. Este domingo, foi a sobremesa do nosso almoço tardio e preguiçoso.


Ingredientes:
250 g de morangos
4 colheres de sopa de açúcar
sumo de 1 limão pequeno
raspa de 1/2 limão
85 g de manteiga sem sal
325 g de arroz de risotto
1 dl de vinho branco
1 lt de leite gordo
100g de chocolate branco
folhas de manjericão ou hortelã para decorar

1. Cortar os morangos em pequenos cubos.

2. Numa caçarola e em lume brando, juntar os morangos, duas colheres de açúcar e o sumo de limão.

3. Deixar cozinhar até os morangos ficarem moles e reservar.

4. Num tacho derreter 60 g de manteiga. Juntar o resto do açúcar e o arroz.

5. Aumentar o lume para médio e acrescentar o vinho branco, mexendo sempre.

6. Deitar o leite a pouco e pouco, continuando a mexer e deixar cozinhar aproximadamente 15 minutos ou até o arroz estar cozido. Antes de o arroz estar cozido, adicionar a raspa de limão.

7. Retirar do lume, adicionar o chocolate partido e o resto da manteiga, mexer. Tapar o tacho e deixar repousar durante 1 minuto.

8. Servir em taças individuais com a cobertura de morango. Decorar com as folhas de manjericão ou hortelã.

9. Servir de imediato.


O molho de morangos não fica muito doce, nota-se um ligeiro ácido, mas que acaba por combinar muito bem com o arroz. Morninho, é uma maravilha.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Conte-me a sua Receita - As participações


Conte-me a sua Receita foi uma iniciativa da RTP em parceria com o Cinco Quartos de Laranja que teve uma grande aceitação por parte dos leitores. Pelas mensagens que recebi, a dar-me conta que o prazo era curto, sei que poderiam ter havido ainda mais participações. Este desafio demonstrou que a nossa relação com a comida vai para além da mera alimentação.

As participações revelaram momentos especiais, memórias que não se apagam, afectos, pessoas que recordamos de forma muito especial através de uma receita. A comida pode ter uma dimensão mágica, especial. Pode ser um elo de ligação, uma forma de estabelecer laços. Foi o que aconteceu, especialmente porque o desafio procurava receitas dos anos 60 e 70.

Gostei de ler as histórias à volta das receitas, algumas ainda estão muito vivas e presentes na minha cabeça, da partilha, dos momentos de felicidade e das boas recordações. Houve muitas participações que me tocaram ou, pelo texto e os sentimentos transmitidos ou, pelas fotos de outros tempos a documentar as memórias ou até pelo facto de me ensinarem coisas. Nenhuma me deixou indiferente. E claro, fiquei com vontade de fazer várias receitas. E vocês?

As participações na iniciativa Conte-me a sua Receita, segundo a ordem de chegada, são:

1
Receita:Canja de Bacalhau
Autor(a):Moranguita
Blogue:Doces e Companhia
2
Receita:Coelho Bravo com Vinho
Autor(a):Moira
Blogue:Tertúlia de Sabores
3
Receita:Pão-de-Ló
Autor(a):Susana
Blogue:A Minha Essência
4
Receita:Mioleira com Ovos e Lombinho
Autor(a):Gisela
Blogue:Pão e Beldroegas
5
Receita:Broa de Milho
Autor(a):Ameixinha Seca
Blogue:Canela Moída
6
Receita:Bolo de Limão e Coco
Autor(a):Sónia
Blogue:Iguarias de Açucar e Sal
7
Receita:Bacalhau Fofo
Autor(a):Filipa
Blogue:Recipe Box and Co.
8
Receita:Bolo Chiffon de Chocolate
Autor(a):Babette
Blogue:A Festa de Babette
9
Receita:Bolo de Figos
Autor(a):FG
Blogue:Petiscos da Horta
10
Receita:Leite Creme com Canela
Autor(a):Suzana
Blogue:Gourmets Amadores
11
Receita:Roscos
Autor(a):Tangerina
Blogue:Tangerina Aderente
12
Receita:Sonhos
Autor(a):Elsa Soares
13
Receita:Arroz de Manteiga
Autor(a):Gasparzinha
Blogue:No Soup For You
14
Receita:Bolo Inglês
Autor(a):Raspas de Laranja
Blogue:Raspas de Laranja
15
Receita:Sopa de Peixe
Autor(a):Cozinheira Terceirense
Blogue:Receitas ao Desafio
16
Receita:Bolos Ferradura
Autor(a):Marta
Blogue:Intrusa na Cozinha
17
Receita:Bolo Simples de Limão
Autor(a):Alexandrina Ribeiro
18
Receita:Bolo da Tia Rosa
Autor(a):Manuela Lourenço Marques
19
Receita:Borrachões
Autor(a):Luna Piena
Blogue:No Mundo da Lua
20
Receita:Empadas da Avó
Autor(a):Patanisca
Blogue:As Receitas da Patanisca
21
Receita:Tarte de Amêndoa
Autor(a):Ana
Blogue:Anasbageri
22
Receita:Bolo de Mármore
Autor(a):Helena Mouta
Blogue:Bolachas & Cia.
23
Receita:Sopa de Feijão Branco
Autor(a):Belinha Gulosa
Blogue:Receitas da Belinha Gulosa
24
Receita:Pudim de Gemas Gelado
Autor(a):Fa
Blogue:As Nossas Cozinhas
25
Receita:Mexidos
Autor(a):Rita Baptista
Blogue:Dulce Pigmenta
26
Receita:Bolo de Bolacha
Autor(a):Sandra G
Blogue:Chocolate e Caju
27
Receita:Molhanga
Autor(a):Tia
Blogue:A Casa da Tia
28
Receita:Bolo de Laranja
Autor(a):Pipoka
Blogue:Three Fat Ladies
29
Receita:Tigeladas
Autor(a):Sofia
Blogue:No Reino da Prússia
30
Receita:Fofas
Autor(a):Denise Almeida
Blogue:Da Cozinha da Picarota
31
Receita:Biscoitos
Autor(a):Belocas
Blogue:Iguarias Caseiras
32
Receita:Bolo de Batata
Autor(a):Margarida
Blogue:Figo Lampo
33
Receita:Sardinhas na Telha
Autor(a):Cupido
Blogue:Garficopo
34
Receita:Ovos em Molho de Tomate
Autor(a):Nelinha
Blogue:Pipocas Gourmet
35
Receita:Charcada
Autor(a):Margarida e Carolina
Blogue:Caderninho de Receitas
36
Receita:Pudim Mandarim
Autor(a):Helena
Blogue:Sabores de Canela
37
Receita:Salame
Autor(a):Susana
Blogue:G de Guloseimas


Os contemplados com um exemplar do livro Conte-me como foi, as receitas da Família Lopes, foram seleccionados de acordo com um dos seguintes critérios, texto, fotografia, receita e são respectivamente:

       a) Leite Creme com Canela e a primeira memória culinária do blogue Gourmets Amadores;

       b) Pudim Mandarim do blogue Sabores de Canela;

       c) Sardinhas na Telha do blogue Garficopo.


Os autores destas três participações serão contactados, brevemente, pela RTP e por eMail.

Muito obrigada a todos pelas vossas participações! Parabéns!


Nota: As imagens utilizadas são da autoria dos(as) respectivos(as) autores(as) acima mencionados(as). Quando não havia foto da receita tomei a liberdade de utilizar uma imagem baseado no layout do respectivo blogue.