quinta-feira, 30 de abril de 2015

Bolo de maçã com tâmaras


Há dias em que gosto de fazer um bolo, dos que se cortam às fatias, sem cobertura, com os ovos caseiros que trago da casa da minha mãe. Daqueles bolos que perfumam toda a cozinha com os aromas doces da canela, que nos transportam em sonhos para locais distantes. Daqueles bolos que nos deixam em pulgas para nos sentarmos à mesa e cortarmos a primeira fatia. Um bolo caseiro sabe sempre tão bem. Reconforta-nos a alma!

Com o fim-de-semana prolongado à porta, deixo-vos este delicioso bolo de maçã e tâmaras que preparei para a revista Comer de Janeiro/Fevereiro de 2015.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Galo guisado no tacho


Gosto das comidas que me fazem lembrar a minha mãe, a casa dos meus pais, a vida que partilhámos e continuamos a viver. Há pratos que só ela faz como ninguém. Sabem sempre a conforto, a comida boa, a abraços abertos prontos a receberem quem chega com um sorriso largo. Um dos pratos que guardo na memória sempre com boas recordações à volta da mesa é galo guisado no tacho e que ainda hoje adoro quando tenho a sorte de numa das minhas visitas a Santarém a minha mãe o confeccionar. Guisa o galo cortado aos pedaços no tacho que costuma servir com batatas cozidas ou às vezes fritas e salada de alface. A simplicidade de um prato transforma-se quando o recordamos como especial. Que alegria a minha quando me calhava no prato a perna rechonchuda do galo!

terça-feira, 28 de abril de 2015

Salada de polvo com grão


Os pratos de polvo são sempre bem-vindos cá em casa. Desde arrozes a assado no forno com batata-doce, à lagareiro, na cataplana ou em saladas como a que vos trago hoje, cá em casa sabe sempre muito bem.

O truque que uso para cozer o polvo é congelá-lo ou comprá-lo já congelado. Depois coloco-o numa panela, sem o descongelar, e sem nenhum tempero. Tapo a panela e deixo-o cozer durante 45 minutos. Para mim, nunca falha. Fica tenro e sempre bom.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Quem quer ir jantar à Casa dos Sabores?


Já imaginaram uma casa à vossa disposição onde podem juntar os amigos ou a família à volta da mesa e não terem que se preocupar com mais nada? A Iglo vai proporcionar de 7 a 30 de Maio de 2015 esta possibilidade, numa casa cá em Lisboa, para 25 jantares exclusivos. As candidaturas para jantar na casa são feitas através da página da Casa dos Sabores. Para concorrerem, basta escolherem o conceito do jantar que pretendem e a data. Os vencedores contemplados só terão depois que juntar 11 amigos e muita diversão.

A Ana Gomes, a Sónia Morais Santos e eu, estaremos na Casa dos Sabores para vos receber em três dos vinte e cinco jantares programados. Para jantarem comigo na Casa dos Sabores no próximo dia 22 de Maio 2015, estou à procura de onze leitores para uma refeição muito especial e divertida. O menu vai ser com produtos Iglo apresentados de forma diferente e original preparados pela Isabel Queiroz. Eu irei confeccionar uma pequena entrada para degustarmos antes de nos sentarmos à mesa. Acho que irão gostar!



Para jantarem comigo na Casa dos Sabores deverão:

i) Completar a frase a seguir indicada nesta caixa de comentários da página de Facebook do Cinco Quartos de Laranja até às 24h de 18 de Maio de 2015:
Eu quero ir jantar com a Laranjinha à Casa dos Sabores da Iglo porque ...

ii) Ter disponibilidade para jantar no dia 22 de Maio de 2015 em Lisboa;

iii) Cada leitor poderá indicar até cinco frases;

iv) A Iglo irá seleccionar as onze frases mais originais e/ou divertidas;

v) No dia 19 de Maio de 2015 serão divulgadas as onze participações contempladas. Os respectivos autores serão contactados através do Facebook;


Estou curiosa para ver as vossas frases. Participem! Estou à vossa espera para jantar na Casa dos Sabores.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Bolo de farinha de milho com amêndoa e laranja


Gosto de ter a minha casa cheia de livros. Preciso de andar sempre a ler um ou mais livros. É como se tivesse sede e fome de palavras, de ideias, de andar sempre a viajar pelas histórias, pelas páginas dos livros.

Estive, ontem, na Biblioteca Municipal de Oeiras a falar de "Livros que nos inspiram a cozinhar" numa actividade integrada no Dia Mundial do Livro. Para além de apresentar duas receitas, uma do Cozinha para Dias Felizes e outra do Delicioso Piquenique, falei de alguns dos muitos livros que ao longo destes anos me têm inspirado a preparar receitas, a querer ir para a cozinha, a fazer memórias, a visitar restaurantes ou cidades durante algumas das minhas viagens. Entre os vários títulos de que falei destaco: Cinco Quartos de Laranja, Chocolate e Vinho Mágico da Joanne Harris, Os vários sabores da vida, Receitas de Amor e A Rainha dos Gelados de Anthony Capella, Julie & Julia e As Aventuras da Carne de Julie Powell, A Festa de Babette de Karen Blixen, A Viagem dos Cem Passos de Richard C. Morais, Como Água para Chocolate de Laura Esquivel. Da literatura portuguesa referi Longe de Manaus de Francisco José Viegas, O Primo Basílio de Eça de Queirós e o Cozinheiro do Rei D. João VI do chef Hélio Loureiro. Para cada livro partilhei pequenas curiosidades, o que me inspirou e que receita ou receitas fiz. Houve livros, como por exemplo o Comer, Orar e Amar de Elizabeth Bard, que me inspirou para além de cozinhar a ir visitar a cidade de Lucca, pela descrição que fez dos talhos e dos mercados.

Cada livro esconde emoções, viagens, momentos e até receitas. Só precisamos de os abrir e começar a viajar em cada palavra, em cada frase.

E para acompanhar uma boa leitura nada como um chá e uma fatia de bolo. Por isso, hoje, deixo-vos um bolo de farinha de milho com amêndoa e laranja para tornar as vossas leituras ainda mais saborosas.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Workshop Doces e Sobremesas em Lisboa


No próximo dia 9 de Maio, sábado, vou realizar, em Lisboa, das 14h30 às 17h00, um workshop dedicado a Doces e Sobremesas. Neste workshop iremos preparar várias receitas doces a pensar numa festa, para uma ocasião em que queiram surpreender a família ou aquela pessoa especial. Entre as várias receitas a confeccionar, destaco o crème brûlée, a tarte de limão merengada, a panna cotta, trufas de chocolate, os palmiers, um delicioso bolo de camadas com frutas frescas, entre muitas outras coisas boas, que vão tornar a nossa tarde bem docinha e feliz. Conto com a vossa presença?

O workshop vai ter lugar na ACPP - Associação de Cozinheiros Profissionais de Portugal, perto do Jardim da Estrela.

De manhã, das 10h30 às 13h00, terá lugar o workshop de Entradas e Petiscos II. Quem se inscrever nos dois workshops terá 10% de desconto.

Conto com a vossa participação. Inscrevam-se!

Inscrições e mais informações:
formacao@acpp.pt   21 362 2705   ACPP


Que temas gostavam que eu abordasse nos meus próximos workshops? Deixem as vossas sugestões no formulário. Obrigada.


quarta-feira, 22 de abril de 2015

Pastéis de arroz com queijo


Um destes dias fiz um arroz de cenoura tradicional para um almoço cá em casa e acabou por sobrar mais do que o esperado. O arroz reaquecido nunca é tão saboroso e seria, para nós, um castigo quase idêntico ao de Sísifo termos que andar a comer o que sobrou como acompanhamento durante o resto da semana. Por isso resolvi dar-lhe uma outra roupagem e transformá-lo nuns deliciosos pastéis. Há pratos feitos com sobras que ganham outra vida. Cá em casa, sobras de arroz a partir de agora já têm um novo e saboroso destino. Espero que gostem!

terça-feira, 21 de abril de 2015

Geleia de tangerina


As histórias à volta da comida e dos ingredientes despertam-me sempre a curiosidade. A receita que hoje vos trago é uma geleia de tangerina que confeccionei quando trouxe do quintal dos meus pais, em Santarém, uma caixa de tangerinas, lindas e perfumadas. Lembrei-me de partilhar a seguinte curiosidade: a origem dos nomes Tangerina, Mandarina e Clementina, citrinos que encontramos facilmente à venda.

Fortunato da Câmara, diz-nos no seu livro Alimentos ao Sabor da História o seguinte:

« Os Espanhóis levaram a laranja para o Novo Mundo. Enquanto a descoberta do caminho marítimo para a Índia, impulsionou de tal forma os portugueses para o comércio de laranjas que ainda hoje o fruto se chama "Portugal" em países como a Grécia, a Turquia ou a Roménia. É assim que surgem espécies como a Citrus reticulata, mais conhecida como mandarina e cuja pele se "despe" como se fosse uma peça de roupa. É que no séc. XVIII na região de Cochinchina, o missionário João de Loureiro classifica a mandarina como citrus nobilis. É provável que o botânico português tenha associado o fruto à cor de laranja vibrante que ostentavam as vestes dos altos funcionários do Império chinês, os mandarins. (...) Mais tarde surge então a tangerina (...). Esta laranja aromática nasceu em Marrocos, fruto do "casamento" entre uma mandarina e uma laranja azeda. A adstrigência deu-lhe um perfil mais refrescante que a laranja. Por ser pequena consideravam-na "comida de bolso". Era levada do porto de Tânger para Espanha, o que deu origem ao nome tangerina. (...)
Em 1892 o monge Vital Rodier chega à Argélia para dirigir o orfanato de Misserghin. Foi o religioso francês que abençoou esta nova "união" na família dos citrinos. O padre Clément, como era conhecido, "casou" uma mandarina com uma laranja doce. A experiência hortícola deu origem a uma variedade sem sementes e mais pequena que a "prima" tangerina, que foi baptizada de clementina em homenagem ao padre horticultor. »
Págs. 156 e 157

E é com estas pequenas histórias que vos deixo a receita de geleia de tangerina, que podem fazer também com mandarina ou clementina. Haja escolha!

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Workshop Entradas e Petiscos II em Lisboa


No dia 9 de Maio, sábado, das 10h30 às 13h00 terá lugar o workshop Entradas e Petiscos II, cá em Lisboa, agora com novas receitas a pensar nos dias quentes que se avizinham. Iremos confeccionar mais de uma dezena de receitas práticas para petiscar ou para servir como entrada num dia de festa, desde mexilhão à espanhola, pastéis de cogumelos, rolinhos de massa filo, wraps, asinhas de frango picantes até pataniscas, entre muitas outras coisas boas e especiais para juntar a família e os amigos à mesa. No final, degustaremos todos os pratos realizados, num ambiente bem disposto e divertido.

O workshop vai ter lugar na ACPP - Associação de Cozinheiros Profissionais de Portugal, perto do Jardim da Estrela.

À tarde, das 14h30 às 17h00, terá lugar o workshop de Doces e Sobremesas. Quem se inscrever nos dois workshops terá 10% de desconto.

Conto com a vossa participação. Inscrevam-se!

Inscrições e mais informações:
formacao@acpp.pt   21 362 2705   ACPP


Que temas gostavam que eu abordasse nos meus próximos workshops? Deixem as vossas sugestões no formulário. Obrigada.


sexta-feira, 17 de abril de 2015

Pão caseiro de trigo e centeio


Fazer pão exige mais do que trabalho, tempo. Não se pode pensar em fazer pão como se faz um bolo ou uma refeição. Não é algo que se prepara e já está. E o tempo, no caso do pão, está associado ao sabor.

Há uns tempos atrás decidi fazer uma broa de centeio da revista Comer. Mas para essa broa era necessário fazer um isco, que se preparava da forma abaixo indicada. Com o isco preparado comecei a ter curiosidade em usá-lo nos meus pães. Um dos que fiz recentemente foi este de trigo e centeio que hoje vos trago.

A massa-mãe, feita com o isco, dá ao pão um sabor ligeiramente azedo, a lembrar o pão alentejano. Para além do sabor, permite que se use menos fermento o que nos ajuda na sua digestão. Um pão feito com isco aguenta-se muito mais tempo sem ganhar bolor comparativamente a outro que leve só fermento.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Beringelas assadas com cebola caramelizada e queijo feta


Existem várias espécies de beringelas com tamanhos, formas e cores diferentes. Por cá encontramos facilmente à venda as roxo escuro. Nos últimos tempos, nos supermercados, têm aparecido as brancas mosqueadas de roxo, que acho muito bonitas. No mercado já vi à venda brancas. Mas as menos comuns que me lembro de ter visto foi nos mercados por onde passei, tanto em Boston como em Nova Iorque. Eram grandes, mais finas do que as de forma oblonga que encontramos por cá, e em tons de violeta.

A beringela é ingrediente de vários pratos conhecidos. Os franceses não a dispensam no seu ratatouille de legumes, os gregos preparam a conhecida moussaka, na Turquia e alguns países do médio oriente encontramos a deliciosa baba ghanoush. É também muito utilizada na Índia.

A minha relação com a beringela nem sempre foi de amor. Confesso que ainda hoje a olho com algumas hesitações apesar de cada vez, e receita a receita, me ir conquistando. Este meu namoro com a beringela começou fora de casa. Sempre que ia a um restaurante e vinham pratos de beringela para a mesa, eu gostava. E assim, pouco a pouco, fui-me rendendo aos encantos desta maçã de Sodoma, como era inicialmente conhecida. Por isso, hoje, trago-vos uma receita em que o ingrediente principal é a beringela, que bem assada combina muito bem com o doce caramelizado da cebola.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Salada de favas com arroz integral e queijo


Visitar os meus pais é sempre uma alegria. Entre muitos beijinhos de saudades e abraços que revelam o quanto gostamos uns dos outros, adoro conversar, sem fim, com eles. Procuro saber as novidades. O que têm feito, como vão os vizinhos, a família, como tem reagido o nosso cão mais velho - Neco ou melhor, Nequinho - à chegada do filho, um cachorro lindo, todo branco, gordinho, que faz as delícias da família. Nem imaginam, os ciúmes e o amuo com a chegada deste novo elemento que começa a ocupar os mesmo espaços que eram só dele e a receber muita atenção. Tão engraçado!

Sempre que os visito, gosto de andar com a minha mãe pelo quintal, nas traseiras da casa. Gosto de espreitar as galinhas. Nem imaginam o prazer que é segurar um ovo, morno, acabado de ser posto. Há como que uma alegria infantil de descoberta e prazer que não conseguimos conter assim que o seguramos nas nossas mãos. Gosto de ver o cantinho onde crescem as ervas aromáticas, salsa, coentros, hortelã, erva-cidreira e alecrim. Eu já tentei que cultivassem tomilho, sálvia, manjericão, cebolinho, mas como não usam, acaba por ser mais difícil que eu consiga que tratem destas ervas. E eu peço com muito cuidado!

Em cada visita há quase sempre um ritual. Sair da casa principal, passar pelas hortas e ir até ao laranjal. Quando está em flor, o cheiro fresco, adocicado, a citrinos é tão intenso e delicioso, que não somos capazes de ficar indiferentes. Nós e as abelhas que correm de um lado para o outro para aproveitarem o pólen doce que até se sente no ar.

E depois há a horta. Há legumes que os meus pais procuram ter como couves, galega e por vezes de fechar, cebolas, batatas, alhos, feijão verde, tomate, abóboras, curgetes, pimentos, alfaces e nesta altura do ano têm sempre uma boa sementeira de favas. E o que eu adoro favas! Guisadas com entrecosto, em sopas e saladas, são uma delícia. Este é daqueles legumes que raramente compro congelado. Acho que têm muito mais sabor nesta altura do ano. Adoro a época das favas. Na minha última ida a Santarém trouxe do quintal dos meus pais um grande saco de favas, uma das receitas que usei para as aproveitar foi a salada que hoje vos trago.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Hambúrguer de vaca com ovo a cavalo


Os hábitos que os nossos pais têm em casa são as nossas primeiras referências e influenciam-nos sem qualquer sombra de dúvida. Não quer dizer que não se aprenda, não se mudem ideias e práticas, mas de qualquer forma estão sempre presentes na nossa maneira de estar, de viver e de comer. Em casa dos meus pais nunca me lembro de comer carne picada. A carne chegava à mesa sempre com alguma forma, possibilitando perceber de que lado do animal vinha, por exemplo costeletas do lombo ou costeletas do cachaço, pá de porco ou perna, etc. Mas a pouco e pouco e com alguma insistência por parte do Ricardo, a carne picada vai tendo lugar em mais pratos cá em casa. Gosto de carne picada, mas não sei se foi por ter crescido sem a ver à mesa, que me esqueço muitas vezes que a posso usar. Reconheço que é muito prática e versátil, e que se podem preparar pratos deliciosos.

No fim-de-semana passado, para um almoço mais apressado preparei uns hambúrgueres de vaca para o nosso almoço. Deveriam ter visto a cara de contente do Ricardo.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Entrecosto estufado com cerveja


Desde que comecei o Cinco Quartos de Laranja que tenho procurado aprender mais sobre comida e sobre como cozinhar. Como em qualquer área há tanto para aprender que sinto sempre que ainda sei muito pouco. Sempre que posso, procuro frequentar cursos de cozinha, participar em workshops temáticos, ver apresentações de chefs, ler artigos e livros da especialidade. A minha biblioteca gastronómica aumenta em média dois livros por mês. Houve uma altura em que escolhia muitos livros de receitas, mas agora tenho procurado preenchê-la também com obras dedicadas à história da alimentação, tema que adoro. Isto sem esquecer os romances em que a comida é um dos ingredientes principais.

Por mais que se aprenda, que se veja, que se experimente há alturas em que procuramos o conforto da comida de casa, que nos lembra as nossas origens. Sabe tão bem! Deixo-vos, hoje, uma receita com sabor à cozinha das nossas mães. Espero que gostem.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Scones de maçã e canela


Adoro scones com manteiga ou compota, ou às vezes com as duas, são deliciosos para acompanharem um chá. Das vezes que estive em Inglaterra adorava comer scones com doce e clotted cream. Uma mistura de sabores irresistível.

Com o fim-de-semana à porta, deixo-vos uma receita de scones para um lanche de fim de tarde com a família e amigos ou, para um brunch de domingo.

Preparei esta receita para a revista Comer de Janeiro/Fevereiro de 2015.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Cookies de manteiga de amendoim com chocolate


As minhas primeiras referências à manteiga de amendoim vieram do cinema e das séries americanas onde era muito comum aparecerem, por exemplo, sandes deliciosamente apetitosas com este ingrediente. Referências que me deixavam com uma curiosidade e vontade de experimentar do tamanho do mundo. Não me lembro da primeira vez que provei, mas sei que gosto e penso que desde sempre!

A manteiga de amendoim é muito versátil. Pode ser usada para barrar no pão, para acompanhar pedaços de fruta fresca como snack ou como ingrediente de muitas sobremesas. Deixo-vos, hoje, umas deliciosas cookies que se comem num abrir e fechar de olhos, com uma combinação vencedora, manteiga de amendoim e chocolate. O que vos parece?

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Pão de nozes com vinho tinto


Fazer pão é quase como fazer magia. Com apenas farinha, água e sal, o tanto que se consegue fazer. Um dos meus objectivos deste ano é aprender mais sobre a arte de fazer pão. Para mim, fazer pão não é uma novidade. Desde que me lembro que a minha mãe faz pão. Todas as semanas cozia o pão da semana, numa altura em que não se tinha o hábito nem os meios para congelar e o pão aguentava-se sem ficar com bolor. No início guardava um prato com massa lêveda para na semana seguinte usar como isco. O pão era sempre muito saboroso. Ainda hoje quando faz pão, apesar de ter abandonado a técnica de guardar massa e se ter rendido ao fermento de padeiro fresco, não há quem a iguale.

Na arte de fazer pão há o que se chama de pré-fermentação. Este processo serve para tornar o pão mais saboroso, dar-lhe textura, e ajuda a levedar, diminuindo a quantidade de fermento usado. A pré-fermentação consiste em fazer um pouco de massa previamente e depois juntá-la quando se preparar o pão. Penso que podemos dizer que é uma massa mãe, como quando fazemos o nosso isco. Existem várias maneiras de fazer a pré-fermentação. Eu nesta receita usei a mesma quantidade de farinha e de água. Há também quem coloque sal. Para terem uma ideia, existem, de uma maneira geral, três tipos de pré-fermentação: poolish, biga e a massa fermentada/lêveda.

No poolish usa-se a mesma quantidade de farinha e de água, usando a seguinte fórmula: 100% de água, 100% de farinha e 0.2% de fermento. Como em casa não temos balanças com capacidade de pesar os gramas com precisão, aconselho a usar a experiência do que sabemos ser uma pitada, em relação ao fermento de padeiro seco. O poolish é muito usado na confecção de baguetes. O processo designado por biga foi desenvolvido pelos padeiros italianos e é uma pré-fermentação com menos hidratação que o poolish. É feito seguindo a seguinte fórmula - sim, em padaria usam-se muitas fórmulas! - 100% de farinha, 60% de água e 1% de fermento. A massa fermentada é útil para quem faz o mesmo pão regularmente. Consiste em guardar 1/3 da massa levedada para usar na base, como massa mãe, do próximo pão. Esta massa pode ser guardada no frigorífico durante 3 dias, mas também pode ser congelada. Fazer pão é mesmo um mundo com muitas coisas por descobrir, ou não tivesse esta arte mais de 6000 anos!

Deixo-vos, hoje, um pão de nozes com vinho tinto. A ideia para fazer este pão veio de uma ida ao restaurante da Herdade do Esporão, onde tive o prazer de participar num almoço para conhecer a nova carta e onde nos foi servido um pão de vinho tinto com avelãs e amêndoas. Gostei tanto que resolvi experimentar fazer cá em casa.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Fidalguinhos de amêndoa


Zé Manel cresceu no campo, numa propriedade - como hoje se diz - no meio do Alentejo, com o seu avô, um homem forte, alto, de corpo enxuto, mãos largas, calejadas pelos trabalhos duros da terra, em que o rosto foi escurecendo pelo sol ao longo de mais de cinquenta anos. Quando sorria, sobressaiam os dentes certos, o brilho dos olhos verdes marotos e o bigode já grisalho.

Em criança, quando perguntavam a Zé Manel onde vivia, não sabia dizer. De cabeça baixa e com alguma vergonha pela falta de não saber o nome da sua terra, respondia, o que costumava ouvir o avô dizer: - Moro ao pé do olival grande, de onde se avista o rio Degebe. E pelos vistos, toda a gente ficava a saber.

O avô gostava de acordar de madrugada, ainda com a lua a iluminar a Terra. Colocava a albarda no lombo da mula e seguia estrada fora, fosse Verão ou dia de chuva. Regressava a casa depois da velha Beatriz ter dado o milho às galinhas na capoeira. Vinha sempre bem disposto. Como se aquela viagem diária fosse um bâlsamo, uma busca de energia que precisava para viver ou se sentir vivo. Chegava sempre cheio de fome e se houvesse alguém a dormir, acordava de certeza com o barulho das botas de pele de vitela, feitas por encomenda, a esmagar o soalho de madeira de um lado para o outro. Zé Manel gostava de já estar levantado. Mesmo nas férias da escola em que podia dormir até tarde, fazia questão de receber o avô, vindo do seu misterioso passeio.

Antes de se sentar à mesa e reunir com o capataz da herdade, o avô tinha um pequeno hábito guloso, passava pela cozinha e enquanto esperava pelo café com os aromas perfumados a madeira de uma aguardente velha que fazia com o engaço das uvas apanhadas junto à lagoa, colocava a mão num frasco e tirava uns fidalguinhos de amêndoa que comia com enorme satisfação.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Perna de borrego assada no forno com especiarias


Estes dias de Páscoa com aromas a mini-férias foram aproveitados para descansar um pouco. Quando podemos sair da rotina dos dias iguais, sabe sempre muito bem. Entre almoços e encontros com a família, o Ricardo e eu, de vez em quando gostamos de ficar por casa. Sem pressas de ir a algum lado. Sem compromissos. Com tempo para fazermos um almoço demorado com direito a abrir uma garrafa de vinho servido em copos de pé alto. De colocar flores na mesa. Gosto tanto destes almoços a dois com um ligeiro sabor aos tempos de namoro. Para este almoço de Páscoa a dois, preparei perna de borrego assada no forno com uma mistura de especiarias e um toque exótico de picante.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Folar de rosas com doce de gila e amêndoa


Esta altura do ano é propícia a umas pequenas férias, a fazer as malas e fugir do reboliço da cidade. O conforto do campo ou uns passeios na areia com o mar ao fundo, sabem muito bem. Os dias bonitos de Primavera convidam a estas escapadinhas com sabor a férias. Mas mesmo que vá para fora, no domingo de Páscoa faço questão de estar em família.

A minha mãe faz pão caseiro como só ela sabe para termos fresco e estaladiço ao almoço. Prepara o cabrito ou borrego assado sem pressas no forno de lenha com batatas em volta. A carne fica tenra, suculenta, afasta-se do osso só com um toque do garfo. Um assado assim é uma verdadeira alegria para quem se senta à mesa. É um bocadinho de céu, uma forma especial de chegar a alguns dos prazeres divinos a que simples mortais podemos ter acesso. Este conforto de estar em família à volta da mesa é muito especial.

Desde que comecei a cozinhar, a mim, cabe-me a tarefa de fazer os bolos para enfeitar a mesa e degustarmos no final da refeição com o café. Nunca faço os mesmos. O estar sempre a experimentar, a levar sempre bolos ou doces diferentes é uma atitude que nem sempre agrada à minha mãe. Às vezes diz-me: - "Dantes fazias um bolo de laranja que a Mãe gostava tanto, ainda te lembras da receita?".

Este ano na mesa da Páscoa vamos ter um bolo de laranja cuja receita de tanto fazer nunca mais esqueci, e um folar de rosas com doce de gila e amêndoa, uma receita nova, que hoje vos deixo.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Entrecosto assado no forno com laranja


Abril chega com um sol bonito. Adoro estes dias assim cheios de luz. No final ou início de um novo mês gosto de fazer pequenos balanços. Cada mês é uma janela de oportunidades. Pode-se sempre recomeçar, mudar, experimentar ou persistir. O importante é caminhar e fazermos o que nos deixa feliz.

Em Março estive no Porto para dois workshops, de manhã, Entradas e Petiscos e à tarde, Doces de Páscoa. É sempre com um enorme carinho que regresso a esta cidade. Passei também pelas bibliotecas municipais de Algés e de Carnaxide para ateliers com crianças, onde preparei uma receita de brigadeiro com coco, que preparei para o efeito, entre várias histórias, uma delas a dos três porquinhos e da avó Matilde.

Assisti ao trabalho do chef Jean Charles Karman na Escola de Turismo de Lisboa onde apresentou receitas com os queijos Président. Desta apresentação fiquei com várias ideias de receitas para colocar em prática. Eu adoro queijos e as receitas pareceram-me tão acessíveis. Participei no workshop da Vaqueiro onde usámos a nova margarina com sabor a manteiga, numa noite muito divertida e cheia de coisas boas.

Fui conhecer a carta do restaurante do Hotel Real Palácio num almoço com sabores de Páscoa, num dia bonito de céu azul. Fiz uma visita à Herdade do Esporão seguida de um almoço para conhecer a nova carta do restaurante, que valoriza os produtos locais e os sabores portugueses, pela mão do chef Pedro Bastos. Os pratos foram acompanhados pelos vinhos da herdade e no final tive a oportunidade de provar a aguardente Magistra. Confesso que até há bem pouco tempo eu dizia que não apreciava aguardente. Como as nossas percepções mudam! Que bem que ali se esteve. Uma paisagem encantadora a perder de vista, com oliveiras e vinhas.

Estive ainda no lançamento do último livro do chef José Avillez, Receitas Leves. Gosto sempre de acompanhar o trabalho dos chefs em termos editoriais. É também uma forma de aprender.

As minhas leituras em Março incidiram nos clássicos. Terminei O Leopardo de Guiseppe Tomasi di Lampedusa e comecei - estando quase a terminar - Se Numa Noite de Inverno um Viajante de Italo Calvino.

Março foi um mês de cozinhados, desde um arroz de entrecosto em vinha d'alhos, passando por um caldo verde de curgete e uma sandes de frango com cebola caramelizada até as asinhas de frango. Ontem, preparei para o jantar este entrecosto assado no forno com laranja que nos soube muito bem. Que Abril seja um mês de águas mil, mas com muitas alegrias à volta da mesa.