quinta-feira, 31 de março de 2011

Uma festa de despedida ...


Quando cheguei a mesa já estava posta e tudo pronto para começar a festa. A Carlota como sempre, fez uma mesa linda, desta vez decorada em tons de rosa, com as gerbérias a marcarem a diferença. A cada festa, a Carlota supera-se a si própria com os seus excelentes arranjos de mesa. A razão desta festa, a despedida de uma querida amiga que vai viver para o outro lado do Atlântico. Vamos sentir tantas saudades! Ela sabe o quanto gostamos dela e de como nos é muito especial!


Para esta festa vieram amigas de norte a sul. E quando nos juntamos a comida é sempre em fartura. A Gisela, trouxe do Alentejo uns magníficos enchidos, pão, pãezinhos de linguiça e o bolo das rosas.


A Ameixinha trouxe dois tipos de bolachinhas, umas doces e outras salgadas.


A Margarida, do seu reino dos Algarves, brindou-nos com um empada de galinha e vegetais, Muxama, chips de beterraba, cherovia e cenoura e para sobremesa um fantástico bolo de ruibarbo. A Manuela serviu-nos azeitonas em crosta, que são sempre um sucesso garantido, almôndegas de frango e cenoura e pão-de-ló com leite creme e amêndoas torradas.


A Helena deliciou-nos com beringela fumada com iogurte, lasanha e um pudim flan, a lembrar os sabores de outros tempos. A Pipoka trouxe um delicioso Caril de frango com banana e panna cotta de iogurte e erva-príncipe. A panna cotta estava tão boa, que quando virei costas, já não havia! :) A Gasparzinha colocou na mesa Favetta, Salada de Bulgur com couve, frango e laranja e uma irresistível Tarte de Uvas e Noz.


A Suzana um pão brioche fofo e delicioso recheado com mozzarella, presunto e manjericão e uns morangos acompanhados de um creme de chocolate e castanhas. Eu levei entrecosto assado no forno e um bolo de chocolate com courgette e avelãs.

A anfitriã surpreendeu-nos com dois pães recheados, Brie com amendoim, muffins de atum e pesto, Tarte de foie gras com figo e Bavarois de iogurte e mel.


No final, presenteou-nos - não tenho outra palavra para o descrever - com um espectacular bolo de chocolate com framboesas.


Como imaginam, esta festa foi uma verdadeira animação. Uma casa cheia de pessoas. Muita, muita conversa. E havia sempre alguém a provar mais qualquer coisinha ...


Tanta animação que nem deu para fotografar nem para provar tudo! ;)

A Ameixinha, depois das sobremesas ofereceu-nos uma pequena lembrança com um verso. Cada uma de nós, à vez, foi lendo os versos. Este foi um momento de muitas emoções. Aqueles versos acabaram por contar uma pequena história, a história dos muitos e bons momentos que temos passado juntas. Mais uma vez, tive a certeza que as pessoas que este blogue me tem dado a conhecer são mesmo, mesmo, muito especiais, com um enorme coração.

À minha amiga e para o seu novo começo, para a sua nova vida, votos de muito, muito sucesso! Nós continuaremos por cá. A amizade também se alimenta, mesmo quando estamos longe.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Arroz-doce de camomila


Sempre me lembro de a minha mãe fazer arroz-doce. Fazia-o e ainda faz, sempre numa versão muito simples, arroz, limão e açúcar. Uma ou outra vez, amêndoa moída. Na preparação desta sobremesa, adorava a altura em que a minha mãe colocava o arroz-doce nos pratos e depois, já frio, decorava com canela em pó. Com as mãos habilidosas desenhava, deixando cair a canela dos dedos, padrões, arabescos ou até corações. Eram momentos deliciosos. Curiosamente, arroz-doce nunca foi uma das minhas sobremesas preferidas. É raro perder-me de amores por arroz-doce. Nos últimos anos, tenho procurado contrariar a minha predisposição para com esta sobremesa, que até gosto, mas a que não tenho dado muita atenção.

A receita de arroz de camomila da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa já estava na minha lista de receitas a confeccionar há já algum tempo. Quando recebi os meus pais e os meus sogros, para o almoço de aniversário do meu pai, esta foi uma das sobremesas que servi.

Ingredientes:
50g de flores de camomila
125g de arroz carolino
125g de açúcar
1L de leite gordo
500ml de água
1 casca de limão
sal e canela em pó q.b.

1. Levar a água ao lume até começarem a surgir as primeiras bolhas e retirar sem deixar ferver. Colocar as flores de camomila e deixar em infusão alguns minutos. Quando a água estiver com aparência de chá, coar as flores através de um passador e levar a água novamente ao lume, agora com o arroz e um pouco de sal.

2. Quando o arroz estiver quase cozido, reduzir o lume para o mínimo e deixar evaporar o resto da água.

3. Ferver o leite com a casca do limão. Juntar a pouco e pouco o leite ao arroz e deixar engrossar a mistura, mexendo ocasionalmente.

4. Quando alcançar a consistência desejada, juntar o açúcar e envolver. Retirar do calor, colocar num prato de servir e deixar arrefecer. Decorar com canela em pó.


Este arroz-doce fica muito agradável, a camomila confere-lhe um aroma perfumado, muito especial.

terça-feira, 29 de março de 2011

Manhãs Gloriosas ou o gosto por uma frittata


De vez em quando sabe bem quebrar a rotina e ir ao cinema ver um filme bem disposto, daqueles tipo fast food cinematográfico, se é que isso existe! :) O filme foi escolhido pelo Ricardo, que normalmente tem uma forte tendência para escolher filmes de guerra. Ainda hoje me custa ouvir falar do Black Hawk Down, já para não falar - que me desculpem os cinéfilos - do Apocalypse Now! É que não é só ver o filme. O pior é o que se segue. Compra-se o DVD e depois é: "E já viste esta cena? E aquela?". E quando vêm amigos cá a casa, a dose repete-se. Poderia não chatear ninguém com isso, mas insiste em partilhar e não há como lhe dar a volta! ;) Ao escolher este, Morning Glory, até me senti aliviada. :)

O filme é uma comédia romântica que retrata o dia-a-dia no programa Daybreak e da jovem produtora Becky Fuller, protagonizada por Rachel McAdams. Becky confrontada com as fracas audiências do programa, decide apostar em Harrison Ford, o veterano Mike Pomeroy do chamado jornalismo sério, que encara o programa com grande desprezo, mas que devido a cláusulas de contrato não se consegue desvincular. Deste modo é obrigado a apresentar Daybreak ao lado de Diane Keaton no papel de Colleen Peck, que é uma mulher bem disposta e extrovertida. Como se calcula, as desavenças entre os dois são constantes, tanto no ecrã como nos bastidores e Becky tem de intervir. Ao longo do filme vamos tendo algumas cenas bem divertidas, especialmente do responsável pela meteorologia. Mas hoje trago aqui este filme porque ali também se cozinha pela mão de Harrison Ford. Pouco, mas o suficiente para me ter despertado a vontade de fazer uma frittata.


Frittata de peixe com abóbora

Ingredientes:
6 ovos
1/2 cebola roxa cortada em meias luas
100 g de abóbora cortada em cubinhos
4 filetes de pescada cortados em pedaços
1 ramo de salsa
1/4 de pimento vermelho cortado tiras
5 colheres de sopa de leite ou natas
Sal e pimenta-preta q.b.


1. Colocar o azeite numa frigideira. Levar ao lume e saltear a cebola, o pimento e a abóbora. Por fim, adicionar os filetes cortados em cubos e deixar cozinhar. Antes de retirar do lume, adicionar um raminho de salsa picada.

2. Bater os ovos com o leite. Temperar com sal e pimenta a gosto.

3. Colocar o preparado de legumes com o peixe num recipiente de forno, forrado com papel vegetal. Regar com os ovos e levar ao forno.


Servir com uma salada de alfaces e tomate. Cá em casa, desapareceu num instante. De todos os sabores, o que mais sobressai é o do pimento.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Sopa de grão-de-bico e agrião


Um destes dias recebi uma caixa com agriões frescos apanhados numa ribeira, daqueles que ninguém plantou. Lindos, viçosos! Uma das primeiras coisas que fiz foi uma sopa, que encontrei no My Recipes. À ideia original apenas acrescentei abóbora.


Ingredientes:
1,5L de água
1 cebola picada
2 dentes de alho picados
2 cenouras cortadas
220g de abóbora cortada em pequenos cubos
600g de grão cozido
1 molho de agriões
sal q.b.

1. Colocar a água numa panela e levar ao lume. Adicionar a cebola e os dentes de alho. Deixar ferver um pouco.

2. Adicionar as cenouras e a abóbora. Deixar cozinhar os legumes.

3. Juntar o grão cozido e um os agriões, previamente arranjados.

4. Regar com um fio de azeite e temperar com umas pedrinhas de sal. Retirar do lume, assim que os agriões estejam cozidos.


A sopa fica muito agradável. O agrião com o seu sabor característico marca presença.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Perna de borrego assada no forno com azeitonas pretas


Apesar de não estar na minha lista de desejos para este ano, uma das coisas que tinha curiosidade em cozinhar era uma perna de borrego assada inteira no forno. Eu adoro carne de borrego e não sei bem porquê, a perna de borrego assada inteira sempre me revelou um certo encanto. Para assar a perna de borrego o livro, Olives & Oranges de Sara Jenkins e Mindy Fox, não indicava o tempo de forno, mas a temperatura da carne. Ora bem, se queria fazer a receita, estava na altura de comprar um termómetro para carne! :)


Ingredientes:
1 perna de borrego (aprox. com 2Kg)
100g de azeitonas pretas sem caroço
3 hastes de alecrim, apenas as folhas
3 dentes de alho
2 colheres de sopa de orégãos secos
sal
pimenta preta de moinho
2 colheres de sopa de azeite

1. Aquecer o forno a 125ºC.

2. Picar muito bem as azeitonas com as folhas de alecrim e os dentes de alho. Por fim, juntar os orégãos secos.

3. Fazer pequenas incisões na carne com a ponta de uma faca e colocar aí a mistura de ervas e azeitonas. Fazer isso em toda a perna. O que restar colocar por cima da carne. Temperar com sal e pimenta a gosto.

4. Colocar a perna num tabuleiro de forno. Regar com duas colheres de sopa de azeite e levar ao forno com o termómetro espetado na carne.

5. Retirar do forno quando a temperatura da carne estiver a 82ºC.



Usar o termómetro foi uma aventura. Primeiro, o ponteiro que indica a temperatura não mexia. Ou melhor, não mexeu durante sensivelmente uma hora! - Ricardo o termómetro não mexe?! O que achas que se passa?! - Dizia eu, em frente ao forno impacientemente. O Ricardo veio, olhou, confirmou que realmente não se tinha mexido, empurrou um pouco mais o termómetro na carne e disse: - Deve estar avariado. Não ligues! - Como é que eu podia não ligar!? E ali fiquei, a ver a carne a assar, o tempo a passar, e eis que o ponteiro se movimenta! Excelente, pensei eu. Problemas de quem usa um equipamento pela primeira vez! ;)

Esta perna de borrego foi feita para o almoço de um daqueles domingos de acordar tarde e ficou óptima. A carne ficou suculenta e muito saborosa.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Apanhar espargos, a origem de um desejo


A origem do meu desejo de apanhar espargos bravos começou, acredito eu, num texto de Francisco José Viegas publicado na já extinta Grande Reportagem, na sua coluna O Cozinheiro Ideal, que partilho aqui:

«"Estou tão contente por não gostar de espargos", diz uma menina num dos contos de Lewis Carroll. "Se gostasse teria de comê-los", responde o amigo. Os espargos são uma lenda campestre e volto a eles - verdes, colhidos no campo, só em meses de chuva. Eu sei que o leitor mal tem tempo para caminhar, quanto mais ir colhê-los ao campo, embrulhado em botas e mal protegido das intempéries. Nas estradas de província, no Douro ou no Alentejo (de onde vêm os melhores), há quem os venda aos molhinhos, a cinco euros, preço médio na sua época. Juntamente com as azedas do Douro, que crescem nos muros, e as melhores saladas de Primavera exigem (e, dirá o leitor mais afectuoso, as labaças para juntar aos ovos, as beldroegas para a sopa e para a salada, o cardo para a sopa), os espargos são mais do que essa lenda e a sua utilidade; a sua existência cumpre uma mitologia desregrada e saudável, mesmo que saibamos que responde pelo nome asparagus Lenuifolius, o que não nos deve afastar do essencial que é o seu sabor.
      Vamos, pois, aos asparagus Lenuifolius. Lavem-se os espargos do molhinho, verdes e fibrosos, corte-se a parte mais rija do caule e mergulhem-se em água por cinco minutos (podem juntar-se umas gotas de vinagre durante o banho de imersão). A seguir vem o alho, de que devem picar-se três dentes, que deve estar a aquecer numa frigideira (de ferro é preferível, senhores). Juntem-se os espargos quando o alho amarelecer sem queimar, e deixe-se frigir o conjunto enquanto se batem os ovos, com sal, pimenta e mais nenhuma outra invenção - são eles que devem amaciar os espargos, daí a menos de cinco minutos, até ficarem apenas cremosos. É uma benção, desde que o pão com que são comidos seja de boa qualidade. Depois disto, qualquer espargo de lata sabe a salbutamol ou benzofluoranteno. Sabe o que é?»

As crónicas sobre gastronomia de Francisco José Viegas, na Grande Reportagem, fascinavam-me. Adorava as palavras, as receitas, o modo como nos transmitia a sua paixão pela comida. Não sei se continua a escrever sobre gastronomia em alguma publicação nacional - se souberem, avisem-me s.f.f.! - mas eu guardei cuidadosamente as suas crónicas. Com a mudança de casa tive que me desfazer da colecção de revistas da Grande Reportagem, mas as crónicas do Francisco José Viegas dos números em que ele colaborou foram resgatadas e guardadas. Ao reler novamente a crónica sobre os espargos, decidi que seria este ano, o ano em que iria ao campo apanhar espargos. E assim nasceu um desejo, que entretanto foi concretizado pela mão da Cristina Lebre, em Estremoz.


Mas da crónica do escritor Francisco José Viegas surgiu também a vontade de fazer ovos com espargos bravos que tão deliciosamente descreve. Quando visitei o mercado de Estremoz, não resisti e comprei um molho de espargos na banca do senhor Henrique.



Ingredientes:
1 molho de espargos-bravos
6 ovos
3 dentes de alho
sal e pimenta preta de moinho q.b.
manteiga
fatias de pão para servir

1. Lavar os espargos. Retirar parte do caule duro.

2. Escaldar os espargos durante cinco minutos em água a ferver.

3. Picar os dentes de alho.

4. Colocar a manteiga numa frigideira e levar ao lume. Assim que a margarina derreter adicionar os dentes de alho e deixar frigir um pouco, sem que o alho queime.

5. Adicionar os espargos cortados grosseiramente. Deixar cozinhar um pouco.

6. Bater os ovos com sal e pimenta a gosto. Juntar os ovos com os espargos na frigideira. Mexer e deixar cozinhar até os ovos estarem prontos.

7. Servir os ovos mexidos com as fatias de pão.


Uma benção! Os espargos ficam crocantes, estaladiços, proporcionando explosões de sabor. Em relação à receita original apenas substituí o azeite pela manteiga.
Eu já tinha experimentado fazer estes ovos usando um molhinho de espargos de compra e realmente não tem nada a ver. Então com espargos de lata nem se fala!

terça-feira, 22 de março de 2011

Missão Laranjinha: Entre poejos e uma cozinheira de mão cheia


A última etapa da Missão Laranjinha foi passada em casa da Cristina e do João em Estremoz. Começámos por preparar várias iguarias para o nosso jantar. Mas entre a preparação do jantar, havia uma surpresa. Eu ia fazer massa fresca. Ah, pois é! Sem apelo nem agravo! A máquina foi colocada na mesa da cozinha e a Cristina pacientemente mostrou-me como deveria preparar a massa: 100g de farinha, fazer uma covinha na farinha e adicionar um ovo daqueles bem fresquinhos e de preferência de galinhas felizes, uma pitada de sal e um fio de azeite e amassar bem a massa. Perante o meu desastrado amassar - ou mimoso nas palavras da Cristina :) - acabou por me aconselhar: "tens que sentir a massa!".


Colocar os pedaços da massa na máquina para esticá-los e depois vê-los sair cortados, é realmente uma agradável experiência. Há quem diga que eu cantarolei tal era o meu nervosismo, mas por enquanto ainda não apareceram as provas definitivas! ;) Obrigada Cristina, por me ajudares a concretizar mais um objectivo para 2011.

A massa foi cozida al dente e servida com amêijoas abertas em azeite e dentes de alho esborrachados, uma sugestão da chef Alice. Por fim, acrescentou-se queijo parmiggiano reggiano ralado e folhas de manjericão. A massa fresca fica a anos luz da massa seca e feita por nós então, o sabor é mesmo outro.

A Cristina para este jantar foi incansável e revelou-se uma cozinheira de mão cheia. Tanto que até a aconselhei a criar um blogue e divulgar a boa cozinha alentejana. Se ela aceitar o desafio, pode contar já com uma fã!

A mesa de jantar estava pronta, com uma toalha branca bordada e um arranjo de cinco laranjas estrategicamente colocado. Este arranjo combinava com as laranjas colocadas na escadaria da entrada da casa, que me surpreenderam logo à chegada. A mesa encheu-se com ovos mexidos com os espargos que apanhámos ao final da tarde, queijo fresco caseiro que tem logo uma consistência diferente, farinheiras branca e preta - acho que nunca tinha comido farinheira de sangue! - confeccionadas por mão alentejana, queijo ovelha curado derretido com orégãos, azeitonas, temperadas na água com folhas de louro, casca de laranja e orégãos, e pasta de chouriço que estava uma delícia. Tivemos também Cabeça de Xara cortada em fatias finas e servida com umas gotinhas de limão, de que fiquei fã.


Para além da massa fresca, a Cristina ainda serviu cação com amêijoas e migas de batata, que poderia tentar descrever com vários adjetivos, mas só vos digo que estava óptimo. É o tipo de prato que se fica com vontade de repetir. Quem nos visse a comer, não diria que tivemos um almoço farto. Com tanta coisa boa, era impossível não provar de tudo um bocadinho. ;)


Acompanhámos a refeição com um vinho branco Quinta das Carrafouchas 2009 e um tinto Quinta do Mouro 2005, uma selecção do João, marido da Cristina.

Para sobremesa fomos surpreendidos com um pudim de poejo servido com poejo frito envolvido num polme que ficou crocante e que deu imensa alma ao pudim, do livro Entre Coentros e Poejos do chef António Nobre, que desde já recomendo. É um livro a sério, especialmente para quem aprecia a cozinha alentejana. Este foi uma presença constante durante a preparação do nosso jantar, tanto para o pudim de poejo, como para a receita de cação, assim como para umas deliciosas peras cozidas em licor e servidas com queijo derretido. Para quem dizia que estava cheia, acabei por comer o queijo todo e boa parte da pêra que dividi com o Ricardo. Estava mesmo boa! Por fim, provei ainda uma generosa fatia do bolo Russo, inspirado nos bolos russos típicos da zona e que bilhete a bilhete, colocados nos saquinhos de musselina com casca de laranja seca, fui descobrindo a receita. Acompanhámos o bolo com um licor Fradetine bem antigo.


A conversa prolongou-se noite dentro. Falámos sobre comida, sobre Anthony Bourdain e a sua Cozinha Confidencial, do chef espanhol José Andrés e do romance Cinco Quartos de Laranja, de Joanne Harris. Eu e a Cristina descobrimos que temos imensas coisas em comum, uma dessas coisas é até o nosso primeiro livro de cozinha.

E no quinto e último saquinho de musselina, um bilhete e um poema:

"- Aprende a envelhecer tranquilamente,
Colhe da vida o que ela te quer dar ...
Envelhecer assim não custa nada:
É como quem procura, no poente,
A estrela que brilhou na madrugada ..."

Maria de Santa Isabel

Colhe da vida o que ela te quer dar! Obrigada Cristina, por todos os momentos que vivi em Estremoz! Obrigada por me teres encontrado. Obrigada por me teres feito sentir especial e muito acarinhada.

Espero que esta história não termine aqui.