
Quando cheguei a
Santa Luzia,
Tavira, de férias procurei conciliar aquilo que gostaria de fazer com as actividades que a restante família também queria, de maneira a que todos os dias tivéssemos uma actividade diferente e assim aproveitarmos o tempo o melhor possível. Uma das actividades que agendei foi a ida ao
mercado de Olhão.

Em Abril quando participei no programa
Paladares ao Sul, dinamizado pela
Associação do Sotavento Algarvio, falhei a visita a este mercado e agora não quis perder a oportunidade. Na passada quinta-feira o programa era passar o dia na
Ilha do Farol - como é usualmente conhecida uma das pontas da Ilha da Culatra onde fica o farol - mas antes de apanharmos o barco e seguirmos viagem ainda tive tempo de visitar o mercado que está dividido em dois edifícios. Um deles dedicado ao peixe fresco e o outro às frutas, legumes e carnes. Por mais mercados que visite continuo a deliciar-me com a qualidade dos produtos, a variedade e a apresentação. De férias faço as compras sempre nos mercados. O peixe é fresquíssimo, as frutas e legumes são saborosas e têm cheiro. Um pêssego cheira a pêssego, o tomate a tomate, etc.






A visita ao mercado foi muito rápida, mas ainda descobri o
litão seco, um pequeno tubarão que costuma também ser servido na noite de consoada na zona de Olhão.

A viagem até à Ilha da Culatra demorou sensivelmente 45 minutos. O barco ia cheio de veraneantes carregados de chapéus de sol, sacos com toalhas de praia e lancheiras. Procurei um lugar onde pudesse contemplar as vistas e sentir os salpicos da água fresca do mar. Ao longo da viagem a paisagem é bonita. Descobri que há locais marcados pelos respectivos proprietários para a apanha da amêijoa. As canas e as bandeiras são disso sinal. Chegámos à Ilha do Farol antes das 10 horas da manhã e a nossa missão foi descobrir a Casa Cor-de-rosa, dos primos Téte e Gino. Ora é no final desta rua - diziam os meus sogros ... ora não é. Se calhar é na outra rua, acho que é mais junto à água, diziam o Ricardo e o Hugo - e assim andámos um bom bocado até encontrarmos a Casa Cor-de-rosa. Desde que conheci o Ricardo que ouvi falar da Ilha do Farol, das estórias de verão ali passadas com os primos Telma e André, mas esta foi a primeira vez que ali fui e estava cheia de curiosidade. A ideia que construí não correspondeu àquilo que vi. A zona residencial está bem arranjada e organizada. As casas são bonitas, algumas até parecem de brincar.

A manhã passámo-la na praia. E foi preenchida com muitas idas à água, banhos de sol e muita conversa, especialmente com as primas Telma e Téte sobre a Ilha, a Casa Cor-de-rosa que tem cerca de 45 anos e que sempre foi cor-de-rosa. Falámos também das dificuldades do dia-a-dia dos primeiros moradores, do modo como se abasteciam de víveres - durante muitos anos não houve luz eléctrica e só muito recentemente tiveram água canalizada. Condições duras para usufruírem de um pedacinho de paraíso.
Na Ilha do Farol a água é límpida e de vários tons de azul, azul transparente, azul intenso. Não há carros e à noite deve-se ouvir apenas o som das ondas e pouco mais. Silêncio.

À hora marcada, sentámo-nos para almoçar. Que privilégio almoçar com vista para a Ria! Começámos a nossa refeição com ovas de choco feitas na frigideira com azeite, alho e colorau. Uma verdadeira surpresa. Nunca tinha visto nem comido ovas de choco. Estavam macias e são completamente diferentes de outro tipo de ovas que já comi, como por exemplo de pescada ou até mesmo de sardinha.


De seguida veio para a mesa amêijoas à Bulhão Pato, umas amêijoas grandes, fresquíssimas (ainda nessa manhã as tinha visto vivinhas num alguidar com água) e saborosas. A simplicidade dos temperos só se consegue se a qualidade do produto for excelente. Estas amêijoas feitas com alho, azeite e coentros estavam divinais!

O prato principal foi uma magnífica feijoada de chocos feita pelo Gino e pela sua irmã Bélinha. Esta feijoada ainda soube melhor sabendo que foram eles que apanharam os chocos numa das suas muitas idas à pesca.

Para sobremesa foram servidas fatias frescas de melancia, comprada essa manhã no mercado de Olhão, encharcada de ovos e bolo.


Finalizámos a refeição com um
vinho branco Quinta da Alorna 2007 de colheita tardia, bem fresquinho, que o Gino fez questão de nos dar a conhecer. Sugestão aprovada! ;)

À tarde demos um passeio até ao pontão da barra. Surpreendi-me mais uma vez com a quantidade de peixe que se consegue observar e acima de tudo com a transparência da água.

Pude também ver ao longe a
Ilha da Barreta, mais conhecida por Ilha Deserta. Ao pôr-do-sol regressámos a Olhão com a sensação de um dia muito bem passado.