Um destes dias, ao ver uma publicação de uma pessoa sentada num sofá com roupas glamorosas, daquelas que só uma peça custa, pelo menos, um ordenado, numa casa luminosa, magnífica, esplendorosa, daquelas que criam desejo e nos abrem as portas para a secção dos sonhos difíceis - leia-se impossíveis - de concretizar, quando dei por mim, estava a questionar-me sobre o luxo. O que é o luxo?
Luxo é tudo aquilo que é caro? De uma maneira geral, sim.
«Etimologicamente, a palavra luxo deriva do latim lux, que significa luz, brilho e iluminação. Está associada a algo brilhante, precioso, desejável e exclusivo.» Há roupas, sapatos, casas, carros, jóias, relógios de luxo. Este tipo de luxo existe, é inegável. É um tipo de luxo acessível a poucos - e por isso, também, tão atrativo - estando associado à pose de muito dinheiro.
É esse o tipo de luxo que queremos na nossa vida? Todos queremos viver bem, de forma confortável e, por isso, o luxo ser apreciado de formas diferentes. Mas ao fazer esta pergunta, lembrei-me de uma frase de Otto von Bismarck,
a liberdade é um luxo a que nem todos se podem permitir. Mais do que bens materiais, que nos dão
status social ou que nos categorizam economicamente - e que obviamente são importantes, luxo, hoje em dia, é termos liberdade. É podermos fazer escolhas. É termos tempo para fazer coisas de que gostamos ou para estarmos com a família e os amigos. É termos saúde e não precisar de ir para um hospital.
Mais do que vivermos focados em conseguir os grandes luxos, podemos concentrar-nos nos pequenos luxos, ou nos nossos luxos simples do quotidiano, que nos preenchem a alma e nos trazem a felicidade da satisfação. Então, que luxos encontro na minha vida que me ajudam a viver de forma menos complicada, a sentir-me melhor comigo e com os outros?
Para mim, luxo é ter trabalho. Ter um trabalho que me motiva e que me ajuda a ter um propósito. É dormir bem, sem preocupações ou ansiedades. É poder namorar. É olhar para o céu azul, num dia bonito e sorrir. É andar junto ao mar e sentir a tranquilidade do cheiro fresco a maresia. É tomar café no silêncio do campo. É combinar fazer doces, para o ano inteiro, com a sogra. É poder ter uma horta com a mãe.
Colocar na mesa coisas que plantei, com a minha mãe, é algo a que, hoje, ainda me posso dar ao luxo! Luxo é, também, partilhar coisas boas e saborosas com vocês. A receita de hoje, tem muitos ingredientes que trouxe da horta, principalmente o tomate. Espero que gostem!
Grata por redescobrir a alegria das pequenas coisas nas experiências do dia-a-dia e apreciar o requinte da simplicidade.