A vida tem muito mais sentido quando olhamos para trás e fazemos o balanço do que vivemos. O nosso passado acompanha-nos, faz parte daquilo que cada um de nós é hoje. As situações, as vivências, moldam-nos e tornam-nos mais fortes, mais determinados, mais conscientes do que queremos ou do que não queremos. Olhar para o passado, é uma forma de determinar o futuro, de escolher dentro de um conjunto de possibilidades aquilo que queremos que a nossa vida seja. E a cada dia que passa, cada um de nós, deve procurar ser feliz. E neste caminho para a felicidade uns dos primeiros passos é agradecer. Agradecer pela vida, pelas pessoas que temos à nossa volta, pelas possibilidades que ainda temos à nossa frente. Agradecer por podermos olhar para o céu, por vivermos em paz, por termos alguém que nos ama ou que nos faz bater o coração.
Março foi um mês bom para mim. Começou com uma
ida ao programa do Fernando Alvim no Canal Q, onde falei do meu livro
O Livro de Petiscos da Isabel e do blogue. O meu último livro tem muitas receitas práticas para partilhar em dias de festa ou para momentos informais, à volta da mesa, com os amigos ou a família. Já faz parte da vossa estante?
Foi em Março que teve lugar a
festa de aniversário do Cinco Quartos de Laranja que se realizou em jeito de
workshop, patrocinado pela
Pescanova, que juntou muitos leitores do blogue numa manhã feliz à volta da cozinha.
11 anos de blogue. Como o tempo passa! Parece que foi ontem que me sentei em frente ao computador e escrevi
o primeiro apontamento. Agradeço muitas vezes ter tido a ideia e a força para começar este projecto que, aos poucos e poucos, tem mudado a minha vida.
Março levou-me num passeio pelo Douro de barco a convite da
Compal. Este era um passeio que tinha curiosidade em fazer, há já algum tempo. Entre as várias actividades, podemos provar a deliciosa e suculenta maçã de
Armamar. De provar doces tradicionais e produtos desenvolvidos com as frutas produzidas na região de
Resende e Armamar, assim como uns fantásticos queijos da Serra de Fragas. Este momento serviu também para a apresentação do néctar de Maçã de Armamar e do Limão de Resende, uma edição limitada que esgotou rapidamente. Este sumo resultou do trabalho realizado pelo
Centro de Frutologia da Compal em colaboração com os agricultores da região. Para mim, confesso, foi uma forma de perceber que temos uma maçã de Armamar e um limão de Resende, e que são muito bons. Pena que não se encontrem numa ida às compras.
Na minha opinião, um dos mais interessantes festivais gastronómicos de Lisboa é o
Peixe em Lisboa. Este ano realizou-se no
Pavilhão Carlos Lopes, junto ao
Parque Eduardo VII. Tive a honra de pertencer ao júri, juntamente com Virgílio Nogueiro Gomes, Cristina Liz, Osvaldo Piuza, Carlos Braz Lopes e Domingos Soares Franco, no concurso
O Melhor Pastel de Nata. Esta iniciativa tem tido, a cada ano que passa, mais pastelarias a concorrer. E verdade seja dita, houve muitos e bons pastéis de nata a concurso. Este ano o pastel vencedor foi da pastelaria
O Pãozinho das Marias, na Ericeira. Uma das revelações nesta décima edição do festival, foi o concurso
A Melhor Patanisca de Lisboa. Participaram vários restaurantes. Espero que seja um concurso que mantenha a continuidade e que seja uma forma de enaltecer uma receita tão lisboeta.
Tive também o prazer de ir almoçar ao restaurante do
El Corte Inglés, no âmbito das
Jornadas Gastronómicas da Argentina. Estas jornadas ajudam a descobrir a cozinha e os produtos que caracterizam a gastronomia de um país.
Março levou-me até ao
Teatro da Trindade para assistir à peça
Avenida Q. Um musical onde um grupo de amigos reflecte sobre as desilusões que os afectam como o desemprego, os amores, os preconceitos, os problemas de relacionamento com colegas de casa, com actores e marionetas em palco. Achei tão curioso ir ver esta peça numa altura em que andava a acompanhar a série
Big Little Lies. É que na série a peça está em ensaios no teatro da cidade. Achei que foi uma coincidência tão gira!
Assisti na
Associação de Cozinheiros Profissionais à tertúlia sobre a amêndoa, uma conversa conduzida por Virgílio Nogueiro Gomes e que teve como convidada Paula Alves da pastelaria
Alcôa. No final, houve provas de amêndoas cobertas, fruto tão associado à Páscoa. Fui também aprender a fazer ceviche no restaurante
Segundo Muelle com o
chef peruano Javier Iparraguirre. Neste prato, aparentemente tão simples, peixe cru cozinhado num ácido, tem afinal muito que se lhe diga. O
chef chamou a atenção para o corte do peixe e da cebola, entre outros aspectos, como por exemplo, que não devemos espremer as limas até ao fim. Usar apenas 1/3 do sumo de cada metade de lima, para que não passe o amargor. Curioso, não é?
No mês de Março li
A Vegetariana de Han Kang. Uma história contada a várias vozes. No início achei a história estranha, fora do normal. Uma mulher, Yeong-hye, depois de ter um sonho, decide ser vegetariana. Decisão que transforma de forma irreversível a ordem da família. O seu casamento acaba. O marido começa a olhar para ela como uma desconhecida. De uma forma muito egoísta, não a tenta perceber ou ajudar. O cunhado, artista falhado, começa a ficar obcecado com o corpo de Yeong-hye e a sua mancha mongólica. Decide filmá-la. A irmã, dona de uma loja, começa a perceber que viver não significa fazê-lo apenas em função dos outros ou por uma questão de sobrevivência. Aos poucos fui querendo perceber o que ia acontecer às personagens. Ao chegar ao fim, fiquei a pensar: - até que ponto podemos fazer tudo o que queremos ao nosso corpo? É essa a nossa única liberdade? Afinal, como é que as nossas decisões podem afectar de forma tão vincada aqueles que nos rodeiam.
Chegou também à minha cozinha o último livro do
chef Kiko,
A Cevicheria e
TOP de Fortunado da Câmara.
Em Março, andei pelo campo. Comi pinhões. Olhei para as árvores floridas. A Primavera tem o dom de nos oferecer um espectáculo único na natureza. Fica tudo verde, florido. Fica tudo tão mais bonito! Olhar para as pequenas coisas que nos rodeiam e termos a capacidade de sorrir e agradecer, é um grande passo a caminho da felicidade.
Que Abril que nos traga dias cheios de luz e muitos, muitos sorrisos!