Foi a primeira vez que fui a
Granada. Cheguei de carro, após uma viagem que
passou por Sevilha, onde fomos para aproveitar os feriados de
10 e
13 de Junho, com direito a fim-de-semana prolongado. O calor que se fazia sentir foi minimizado pelo ar condicionado do carro, graças a Deus! Ao longo do percurso fomos acompanhados por uma paisagem dominada, não pelas oliveiras tão comuns na
Andaluzia, mas por extensões e extensões de campos cultivados com girassóis, que transformaram todas aquelas planícies num mar de verde e amarelo, muito bonito.
Depois de nos alojarmos num hotel perto do centro, escolhemos jantar no restaurante
Tendido 1, localizado num dos cantos da Praça de Touros, com uma esplanada, onde se estava lindamente. Ambos os restaurantes da praça estavam cheios. Optámos por uma selecção de queijos e peixe fumado, a dividir por todos. É claro, que os rapazes insistiram primeiro em pedir um
salmorejo e um
gaspacho! :)
No dia seguinte partimos à descoberta de
Alhambra e de
Generalife. O calor era tanto que nem as lagartixas se atreviam a sair do fresco. Chegámos por volta da hora do almoço. Comprámos bilhete e iniciámos a nossa caminhada. Começámos por visitar o Palácio de Carlos V e uma exposição com trabalhos de
Escher, que numa visita a Alhambra se encantou com os mosaicos de um dos palácios árabes e pelo modo como as figuras se entrelaçavam e repetiam. Este foi o ponto de partida para alguns dos seus trabalhos mais famosos onde o artista procurou preencher regularmente o espaço. Daqui fomos para a
alcáçova. Antes de entrarmos, comprámos uma sanduíche para cada um (só havia de presunto!) e água. Comer presunto num dia de calor! Ui! :( Haveríamos de nos aguentar. Para além disso, o almoço ficava para mais tarde.
Comemos as sanduíches à sombra de uma das grandes
tílias, em flor, que encontrámos no jardim, entre o Palácio de Carlos V e a alcáçova, a zona do aquartelamento militar. À nossa frente um grupo de jovens francesas sentadas num dos muros apanhavam todo o sol que conseguiam, enquanto davam pequenos pedacinhos de comida a muitos dos gatos que por ali vivem e se aproximam dos turistas.
Quando entrámos na alcáçova, era ver-nos a andar encostados aos muros, em busca de fresco ou de alguma pouca sombra que existisse. Acompanhou-nos um grupo de turistas japoneses, bem mais equipados do que nós. Chapéus de chuva a proteger do sol, as caras carregadas de creme e, algumas das senhoras ostentavam umas proteções para os braços. Quem sabe, sabe!
As visitas ao complexo de palácios têm hora marcada. Quando compramos o bilhete é indicada a hora a que pudemos entrar. Quando chegou a hora da nossa visita juntámo-nos à fila.
Quando penso em Alhambra penso em
Isabel de Solís, a cristã cativa por quem o rei de Granada Muley Hacen se apaixonou. Diz a lenda que Isabel era uma mulher muito bonita, beleza a que o rei não foi indiferente. Isabel converteu-se ao islamismo, recebeu o nome de Zoraya, que significa estrela da manhã, e o rei tornou-a a sua esposa favorita. Depois de muitas intrigas, o rei abdica a favor do seu irmão e parte para o exílio com Isabel e os dois filhos. A lenda é inspiradora. Alhambra fica assim para sempre associada ao nome de uma bela cativa, de nome Isabel! :)
Os interiores dos palácios são a prova viva da excelência da arte islâmica e da habilidade dos artesãos árabes dos séculos XIII e XIV. Andar por aqueles palácios, ver toda aquela beleza arquitetónica, os pátios, as janelas, os jardins, não nos deixa indiferentes.
Depois de visitarmos Alhambra e o Generalife, já que estávamos tão perto fomos até à
Serra Nevada. Ao subir, numa das encostas, do lado direito vi portas, como se tivessem escavado casas na encosta. Achei tão curioso e surpreendente. Casas feitas em grutas, será?! Não comentei nada e seguimos a nossa viagem.
Quando chegámos, ao longe, a Serra ainda com neve olhava para nós com ar imponente. Sem saber bem ao que íamos começámos por andar nas ruas desta famosa estância de ski. Surpresa das surpresas. Assim que estacionámos o carro, entrámos numa rua à direita e nada. Nada é como quem diz, as lojas estavam todas fechadas. Algumas das janelas estavam tapadas, as montras das lojas pareciam abandonadas há semanas. Parecia que estávamos numa cidade deserta, fantasma.
Continuámos a andar. Parámos junto ao teleférico. Em frente, num campo verde, pastavam duas vacas leiteiras enormes que pareciam andar por ali à vontade, sem dono por perto. Sons de gente, nada. Olhámos em volta e os hotéis, lojas e escolas de ski, restaurantes, tudo encerrado. Aquela localidade deserta fez-nos lembrar o filme
The Shining, de
Stanley Kubrik, com
Jack Nicholson no papel principal. O filme apresenta-nos uma família que vai cuidar de um hotel durante o Inverno numa zona isolada. Recordo-me da cena em que a criança anda de carrinho de rodas pelos corredores do hotel completamente deserto e a música a sugerir-nos que alguma coisa de mal vai acontecer ... Lembram-se? Quando vimos duas pessoas a almoçar numa esplanada, começámos a rir, é claro. Era melhor deixarmo-nos de filmes. Assim que soubemos que ainda serviam almoços, respirámos de alívio. Numa localidade deserta, a cheirar a filme de terror, cheios de fome, encontrar pessoas e saber que podíamos almoçar foi um alívio. Acreditem, com a fome que nós estávamos até o espírito do mal que vagueava pelo hotel deserto de The Shining, se afastava. Nem houve disposição para as fotos documentais.
À noite, petiscámos na Meson Alegria, no centro de Granada. Assim que nos sentámos, pedimos cervejas e a acompanhar veio uma tapa de frango guisado, que comemos com imensa satisfação. Quando recebemos a conta, percebemos que esta tapa não estava incluída. Em Granada, há tapas grátis, como por cá temos em certos locais os pires de tremoços. Para compor o estômago, pedimos ainda uma salada de bacalhau com batata e azeitonas e bacalhau assado em papelote com salada. Para sobremesa, decidimos passar numa gelataria, situada perto da Plaza Campillo, que nos chamou a atenção pelo enorme e esplendoroso candeeiro que ostentava. Depois de comermos o nosso gelado seguimos de carro até ao bairro
Albaicín.
No dia seguinte, partimos com destino a
Marbelha. Ali, almoçámos num bar na rua marginal à praia. Depois, fomos tomar a sobremesa e o café, na esplanada de um restaurante, a poucos metros do mar. Enquanto esperávamos pelas sobremesas, decidi fotografar o peixe que um dos empregados do restaurante colocou a assar. Curioso, não é? Assam o peixe num espeto. Parece muito prático, assim não têm o problema do peixe se pegar à grelha! :)
Ali, à beira mar, num dia de sol, com gente na praia, soube muito bem saborear um pudim com arroz-doce. O Ricardo, o Nuno e a Graciete optaram pelos gelados. Quando acabámos, retomámos a nossa viagem. O jantar seria em
Badajoz.