Às 12h30 de ontem, sentei-me no sofá da sala. Liguei a televisão e assisti à estreia da série Chefs na RTP1. Este novo programa pretende, em cada emissão (serão 10), dar a conhecer um chef português. Para além de sabermos um pouco do percurso de cada cozinheiro, da sua vida, de quem o rodeia, onde faz compras, é também lançado um desafio através de um convidado mistério que escolhe dois ingredientes que o chef terá que incluir num prato. O chef só sabe para quem cozinhou no final. A primeira chef foi Justa Nobre, que juntamente com o seu marido, são donos do restaurante Spazio Buondi Nobre. Justa revelou-nos a receita da sua famosa sopa de santola, confeccionou umas perdizes maravilhosas com vinho do Porto, em honra do seu pai que era caçador e que aprendeu com a mãe, e teve como convidado José Carlos Malato, que escolheu como ingredientes peixe e ovo.
Através deste programa fiquei encantada com Justa Nobre. Revelou-se uma mulher com uma energia, determinação e força de vontade incríveis. O modo como falou da importância da família, os cheiros da comida da mãe - para ela as mães são as melhores cozinheiras do mundo - das suas raízes transmontanas e de como isso a influencia em cada cada prato que faz, a importância de tratar bem a comida, tocou-me imenso. Gostei tanto de a ouvir e senti-me tão inspirada que assim que o programa acabou fui para a cozinhar preparar o almoço, cheia de vontade de confeccionar algo bom.
Para o meu almoço fiz filetes de peixe-porco em papelote, inspirada numa imagem que vi no programa, que acompanhei com risotto de limão e espargos crocantes.
Filetes de peixe-porco em papelote:
6 filetes de peixe-porco ou de outro peixe a gosto
1 colher de sobremesa de pimenta vermelha
pimenta preta de moinho
ervas picadas (salsa, coentros e cebolinho)
zestes de 1 limão
sal
azeite
1. Colocar uma folha de alumínio num recipiente de forno, grande o suficiente para fechar, e por cima colocar uma folha de papel vegetal.
2. Dispor os filetes. Temperar com sal, pimenta preta de moinho, pimenta vermelha, a mistura de ervas picadas, as zestes de limão. Por fim regar com azeite. Fechar o papelote e levar ao forno.
Risotto de limão:
150 g de arroz para risotto
vinho branco
1 chalota picada
2 dentes de alho picados
azeite
caldo de peixe
zestes de 1 limão
queijo parmesão ralado
1. Colocar a chalota e o alho num tacho juntamente com o azeite. Assim que a chalota quebrar, adicionar o arroz e mexer. Refrescar com o vinho branco.
2. À medida que o arroz vai cozendo adicionar pouco a pouco o caldo de peixe.
3. Uns minutos antes de o arroz estar cozido, adicionar as zestes de limão e o queijo.
4. Assim que o arroz esteja cozido, retirar do lume e servir de imediato.
Servi os filetes com o risotto e com espargos que mergulhei durante uns minutos em água a ferver. Os espargos ficam crocantes e dão textura ao prato.
Esta refeição nasceu assim do improviso. Vi na cozinha de Justa Nobre um tabuleiro com o que me pareciam filetes com ervas aromáticas picadas e pimenta rosa e resolvi experimentar. Os espargos eram para terem sido usados numa piza, estória que fica para outra altura, e achei que ficariam aqui muito bem. O caldo de peixe foi feito com a espinha e cabeça do peixe-porco.
E para mim cozinhar é isto. É diversão. É uma forma de criatividade, de fugir à rotina. A cozinha é como um laboratório de experiências em que me divirto a "inventar" ou a reinventar sabores, a combinar ingredientes, a colocar em prática ideias que no final me deixam feliz. Adoro cozinhar sem medidas. Sem pesar ou medir os ingredientes. O resultado final, é quase sempre magia. O pior é quando quero repetir! Para não me esquecer do que faço, tenho sempre um caderno na mesa da cozinha para ir tomando nota dos ingredientes que uso e dos passos que dou em cada receita. Como diz o Ricardo, a cozinha é a minha casinha de bonecas onde me entretenho a brincar. :) Quando se olha para a cozinha como uma forma de diversão, nada pode correr mal. E mesmo quando corre, dá-se a volta! ;) E para vocês, o que é cozinhar?