terça-feira, 31 de maio de 2011

Bacalhau com puré de grão e sálvia


Hoje vou-vos falar de algumas coisas que tenho feito ultimamente e que gostaria de partilhar convosco. Espero que gostem.

Revi, ontem, uma das cenas mais bonitas de um clássico do cinema. Um diálogo de amor, intenso, do filme Jonhy Guitar.

Ando apaixonada pelas fotos com movimento do blogue From Me to You. Quando visito este blogue, fico sempre atenta para perceber se a foto é animada ou não. Acho as fotos uma verdadeira delícia!

Gostei de ler os seguintes artigos, um da Saveur sobre a breve história dos blogues de comida, outro, a questionar se a dieta mediterrânica realmente existe, no New York Times e este, sobre como fazer crescer água na boca com fotografias e food styling.

Recomendo-vos a leitura de um dos excertos mais bonitos sobre uma refeição feitos por Eça de Queirós. O excerto magnífico, cheio de aromas e sabores, é do livro as Cidades e as Serras, quando ele nos fala do caldo de galinha e do arroz de favas. Oh! Que delícia! Depois de o lerem, tenho a certeza que vos irá apetecer ir para a cozinha, ou então, por certo vos irá abrir o apetite! Este tipo de livros/excertos é um perigo! :)

Foi o que me aconteceu. Mas sem galinha para fazer o caldo e sem favas para o arroz, optei por um bacalhau com grão, sabores bem portugueses a que por certo, Jacinto, se renderia também.


Ingredientes:
2 postas de bacalhau
1dl de azeite
paprika
pimenta
sal q.b.
4 a 6 batatas pequenas

Para o puré:
600g de grão cozido
2 colheres de sopa de azeite
1dl de leite
1 dente de alho
1 colher de sopa de sálvia em pó


1. Colocar o bacalhau e as batatas num tabuleiro de forno. Polvilhar com a pimenta e um pouco de paprika, se mecessário temperar com umas pedrinhas de sal. Regar com o azeite e levar ao forno pré-aquecido a 200ºC durante aproximadamente 35 minutos. Antes de retirar do forno verificar se as batatas estão assadas.

2. Colocar num liquidificador o grão, o alho, o leite e a sálvia. Triturar. Rectificar os temperos se necessário e se precisar adicionar sal a gosto.

3. Servir o bacalhau com as batatas e o puré de grão.

Este prato poderá ser enriquecido com ovo cozido, se assim o desejarem. Cá por casa adorámos. O puré de grão fica aveludado, cremoso. De certeza que irei fazer mais vezes.

E vocês, o que vos têm interessado nos últimos tempos? Leituras? Filmes? Artigos? Adoro receber as vossas sugestões e comentários. Não hesitem!

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Salmão em sal com chá de rosas


Há uns anos, passou na RTP um dos melhores programas de gastronomia e culinária portugueses, na minha opinião. Feito por José Bento dos Santos e intitulava-se O Sentido do Gosto.

Num dos programas, José Bento dos Santos ensina-nos a fazer lombo de salmão em sal com chá de rosas. O modo como mostrou a receita, o modo como falou dos sabores, da mistura do sal com o chá, deixou-me este tempo todo com água na boca. Foi uma receita que nunca mais esqueci, pela simplicidade e pelo potencial. Aos anos que ando para a experimentar!


Ingredientes:
400g salmão (lombo)
1 colher de flor de sal
3 colheres de chá de chá de rosas
1 colher de chá de açúcar
pimenta preta q.b.
gaze
papel de alumínio
puré de batata
50g de ovas de lumpo (sucedâneo de caviar) ou ovas de salmão


1. De véspera temperar o salmão. Misturar numa taça o sal, açúcar, chá de rosas e pimenta acabada de moer.

2. Envolver o lombo de salmão com a gaze, de modo a que fique embrulhado.

3. Sobre uma folha de alumínio colocar metade da mistura seca da marinada. Por cima colocar o salmão envolvido na gaze. Salpicar o salmão com a restante marinada seca. Fechar a folha de alumínio e reservar no frigorífico. De preferência virar o lombo de salmão de 6 em 6 horas.

4. No dia, retirar o lombo do frigorífico e retirar com cuidado a gaze de modo a que o lombo fique limpo da mistura de sal com o chá.

5. Cortar o lombo de salmão em pequenas tranches. Grelhar o salmão numa frigideira anti-aderente.

6. Servir o salmão com puré de batata e ovas de lumpo.

Para fazer o puré cozi 1 kg de batatas, previamente descascadas e cortadas em cubos, em água temperada com sal. Depois de cozidas, reduzi-as a puré com a ajuda de um passe-vite. Adicionei 50g de manteiga e mexi muito bem. Temperei com pimenta e noz-moscada a gosto. Adicionei 1 dl de leite. Mexi muito bem e servi.

Na receita original, este prato é servido com ovas de salmão, como não consegui encontrar arranjei uma solução alternativa, ovas de lumpo, que se encontram facilmente nas grandes superfícies.

O sentido do gosto é um sentido poderoso, forte. É algo que nos move. Mesmo que esteja adormecido, mais cedo ou mais tarde desperta e manifesta-se. A vontade de querer comer algo, de experimentar um sabor, uma textura, é inquietante. Quando não se satisfaz, fica latente. Como um lobo, quieto, à espera que a presa se mexa.

Pela memória, pelas sensações de ver cozinhar e ouvir falar deste prato, tinha que o experimentar. O salmão em sal, com o toque especial e misterioso do chá de rosas, fica diferente, bom! Sigam, o vosso sentido do gosto. Experimentem!

Uma Laranjinha na revista Activa

Queridos leitores,

sei que o dia é de chuva, intensa, chata, e que não apetece sair de casa. Uma chávena de café quente, forte, a fumegar, um livro, era o que me bastaria para nestes dias me deixar feliz. Se não fossem as obrigações laborais, ficaríamos um pouco mais no aconchego dos lençóis, não é verdade? ;) Eu pelo menos, se pudesse, cederia de bom grado a esse pequeno luxo.

Mas não é de chuva ou de dias chatos que vos quero falar. É sobre algo que me deixou orgulhosa e que gostaria de partilhar convosco. Vocês, que me acompanham, que me alegram com as vossas visitas, que me vão deixando comentários e sugestões, que me dão força e motivação para continuar.

A revista Activa, edição de junho 2011 - já nas bancas - traz uma receita do Cinco Quartos de Laranja e um brevíssimo apontamento sobre a Laranjinha. A receita está incluída num artigo que procura dar pistas para fintar a crise.

Espero que gostem. Como devem calcular, estas pequenas coisas deixam-me a sorrir. Mesmo em dias assim, cheios de chuva e chatos.

Um beijinho.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Bolo de courgette com farinha de alfarroba e amêndoas


Hoje vou-vos contar uma pequena mania que tenho. Pequenina, não penso que seja nada de problemático, mas o que é certo é que há dias em que dou por mim e estou de volta deste pequeníssimo capricho.

E que mania é esta que me assola? De vez em quando dou por mim a ver o que publiquei num determinado dia em anos anteriores. Estranho? Acham? Não! Então vejam! Quando não encontro o dia, dou por mim a ver o mês. Varro o blogue a ver o que fiz, por exemplo, em Maio de 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010. Será que sofro de alguma desordem psicológica? Isto será sinal de alguma dependência bloguistíca? :)

Ora, acompanhem-me! Vejam, então, o que publiquei no dia 27 de Maio. Em 2006, nada - afinal o que terei feito neste dia? Em 2007, escrevi uma pequena nota sobre uma viagem a Cáceres onde passei depois de uma visita a uma central nuclear. Em 2008 perdi-me de amores por um risotto. Imaginem de quê? Courgette, presunto e cogumelos shiitake. Em 2009, este mesmo dia foi contemplado com uma deliciosa salada com laranja sanguínea, que tinha trazido da minha viagem a Itália e que nunca encontrei por cá à venda. Sim, eu trouxe laranjas na bagagem! Especiais, é certo, mas não deixam de ser laranjas. Mas não me fiquei por aqui. Trouxe também, sal, chocolate, massas, polenta, queijos, livros, azeite trufado, tomate seco e mais mil e uma coisa. A colega italiana que me acompanhou só dizia: mas em Portugal, não há? - Há, dizia-lhe eu, mas é diferente! Deve ter ficado com uma impressão minha muito especial, de certeza! :) Em 2010, fiz uns choquinhos na frigideira acompanhados com batatas cozidas. Uma delícia.


E em 2011? Ora bem, em 2011 procurei aproveitar as personagens do reino das courgettes, que merecem ser muito bem dignificadas, por serem especiais e preciosas. Por isso, hoje, ofereço-vos um bolo de courgette e alfarrofa, farinha que adoro e que gostaria de explorar mais.


Ingredientes:
4 ovos
350g de açúcar
125 de manteiga sem sal
7,5g de açúcar baunilhado (1 pacotinho)
1dl de leite
40g de farinha de alfarroba
1 courgette grande ralada (aprox. 320g)
250g de farinha com fermento
1 colher de chá de canela
1/4 de colher de chá de noz moscada
1 colher de chá de bicarbonato de sódio
1 pitada de sal
50g de amêndoa ralada na máquina com a pele (em alternativa poderão utilizar nozes ou avelãs)


1. Bater a manteiga com o açúcar. Juntar os ovos e mexer.

2. Adicionar o açúcar baunilhado e o leite, mexer.

3. Juntar a farinha de alfarroba, a courgette ralada, o bicarbonato, a canela, a noz moscada e a farinha. Mexer muito bem.

4. Por fim, adicionar a amêndoa ralada.

5. Colocar o preparado numa forma untada com margarida ou usar spray para untar. Levar ao forno pré-aquecido a 190ºC durante aproximadamente 40 minutos. Antes de retirar do forno verificar com um palito se está cozido.


Este bolo fica uma tentação. Doce, apenas o suficiente, e a farinha de alfarroba a marcar uma agradável presença com um toque achocolatado. A amêndoa imprime-lhe, principalmente, textura.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Sopa de courgette com rebentos de alho-francês e iogurte grego


O reino das courgettes inavadiu a minha cozinha. Abro o frigorífico e tenho pequenas abobrinhas em todas as prateleiras. Grandes, muitos grandes e outras pequenas. Enchem de verde pintalgado todos os espaços que consigo aproveitar, à espera de destino. De preferência, um delicioso destino.

O reino das courgettes exige atenção e cuidado. Se fica muito tempo à espera, os seus habitantes vão perdendo qualidades. Um dos primeiros sinais, é começarem a ficar chochas, murchas. Por isso, uma das minhas primeiras receitas foi uma sopa cremosa.


Ingredientes:
120g de barriga de porco fumada ou bacon cortado em cubinhos (retirar a pele)
1,2Kg de courgette cortada em cubos
1 chuchu descascado e cortado em pedaços
1 alho-francês sem rama cortado às rodelas finas
1 cebola picada
4 dentes de alho
3 colheres de sopa de azeite
1,7L de água
sal q.b.
rebentos de alho-francês para servir (facultativo)
1 iogurte grego (facultativo)


1. Colocar a barriga de porco fumada numa panela juntamente com o azeite. Levar ao lume e deixar cozinhar um pouco.

2. Acrescentar a cebola e o alho. Deixar cozinhar até a cebola quebrar.

3. Adicionar a courgette, o chuchu, o alho-francês e sal q.b. Mexer bem e adicionar a água. Tapar a panela e deixar cozer os legumes.

4. Depois dos legumes cozidos, triturar com a ajuda da varinha mágica. Rectificar o sal se necessário.

5. Servir a sopa com uma colher de chá de iogurte grego e rebentos de alho-francês.


A barriga e porco fumada dá a esta sopa um sabor muito agradável. Os rebentos de alho-francês ajudam a dar textura e o iogurte grego acrescenta um toque fresco e ligeiramente acidulado.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Algarve e uma salada de muxama de atum com azeite de ervas


Quando penso na região do Algarve penso em praia. Extensos areais e mar de água azul transparente. Sol. Excelentes dias quentes de céu sem nuvens que convidam irresistivelmente a tardes na esplanada.

Quando penso no Algarve, penso em Tavira, em Santa Luzia, na Praia do Barril, em Pedras D'el Rei, na ria Formosa, no pôr-do-sol em Cacela Velha, na Praia Verde, em Albufeira (onde passei férias pela primeira vez), na Ilha do Farol, no Castelo de Silves, nas termas de Monchique, na serra Algarvia por onde andei de jipe, nas esplanadas de Vila Real de Santo António, na ponta de Sagres, para sempre ligada ao Infante D. Henrique.

Algarve, terra de pescadores e navegadores destemidos ou não fosse Lagos "a capital dos Descobrimentos".

Quando penso no Algarve penso em vestígios romanos, em castelos e mouras encantadas. Penso nas chaminés rendilhadas das casas, nas portas de reixa e nas casas caiadas de branco. Penso em turistas! Ruas cheias de comércio. Faróis. Penso em cenários com milhentas histórias ainda por contar.

O Algarve é a região das amendoeiras em flor, da alfarroba, do mel, dos figos secos, das laranjas sumarentas e doces, dos morgadinhos, dos D. Rodrigo, da aguardente de medronho, do polvo de Santa Luzia, do Xarém, da batata-doce de Aljezur, do arroz de lingueirão, das amêijoas, das ostras frescas com limão e da muxama de atum.


Ingredientes:
200g de muxama de atum cortada em fatias finas
1dl de azeite
1 raminho de coentros
1 raminho de salsa
pimenta preta de moinho
mistura de verdes (agrião, rúcula)
6 a 9 tomates cereja cortados ao meio


1. Dispor a muxama cortada em dois ou três pratos juntamente com a mistura de verdes e tomate cereja.

2. Colocar o azeite num copo. Juntar os coentros e a salsa, limpos dos talos mais duros. Com uma varinha mágica triturar.

3. Temperar o azeite com pimenta preta acabada de moer.

4. Regar a muxama e a salada de tomate com folhas verdes com o azeite de ervas.


Algarve, região a que todos os anos gosto de voltar!

E para vocês, o que significa Algarve?

Com esta publicação respondo ao simpático convite feito pelo Blog Turismo do Algarve a participar na iniciativa Sabores do Algarve.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Batatas gourmet recheadas com bacon, courgette e aipo


A empresa Eurobatata enviou-me, amavelmente, uma amostra de batatas gourmet, um dos produtos alimentares que comercializam. Como sabem as batatas são uma importante fonte de amido, possuem fósforo, ferro, potássio e cálcio. Por cada 100g têm cerca de 65 calorias. Ao contrário do que se pensa, qualquer dieta as deve incluir. Comer regularmente batatas, desde que não sejam fritas, pois o número de calorias aumenta substancialmente, é uma excelente fonte de hidratos de carbono de assimilação lenta.

Com as batatas recebidas resolvi fazer uma receita onde as pudesse apreciar num todo. Escolhi uma receita em que o principal ingrediente fosse a batata, por isso nada melhor do que batatas recheadas.


Ingredientes:
6 batatas
130g de bacon cortado em cubos
0,5dl de azeite
1 cebola picada
3 dentes de alho picados
1 courgette cortada com a casca em cubinhos
1 a 2 talos de aipo cortados
sal e pimenta q.b.
noz-moscada a gosto
1dl de natas ou leite
queijo cheddar em fatia ou ralado


1. Lavar as batatas e secá-las com um pano. Embrulhar cada batata em papel de alumínio. Colocar num tabuleiro e levar ao forno pré-aquecido a 180ºC entre 50 a 60 minutos dependendo do tamanho das batatas. Antes de retirar do forno verificar com um palito se estão assadas.

2. Numa frigideira funda colocar o azeite. Levar ao lume e adicionar o bacon. Deixar cozinhar um pouco.

3. Juntar a courgette. Mexer e passados um a dois minutos adicionar o aipo. Temperar com sal e pimenta. Deixar cozinhar até os legumes estarem tenros. Desligar o lume e reservar.

4. Com uma faca afiada, cortar uma tampa em cada batata e, com a ajuda de uma colher de chá, remover a parte de dentro, tendo o cuidado de não romper a casca. Reservar as batatas.

5. Esmagar com a ajuda de um garfo o interior retirado das batatas.

6. Adicionar a batata esmagada à mistura de bacon. Levar ao lume, adicionar as natas e temperar com noz-moscada a gosto. Mexer bem e retirar do lume.

7. Rechear as batatas com o preparado anterior. Em cada batata colocar por cima queijo cheddar ou outro queijo a gosto.

8. Levar ao forno a gratinar, até o queijo ficar dourado.


Servir as batatas recheadas com salada, de preferência mista.

Estas batatas são alongadas, têm casca fina, são tenras e suculentas. A polpa é consistente, suave e uniforme. Um excelente produto!

Um especial agradecimento à empresa Eurobatata e, em particular, à Carina Silva. Muito obrigada!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Risotto de cogumelos shimeji com vinagre balsâmico


Na minha cozinha acontece muitas vezes isto muito o que vos vou dizer, não sei se na vossa também? Na minha cozinha acontece que quando, por vezes, começo uma receita parece que ela ganha vida própria e começa a exigir ingredientes que quando a iniciei nem tinha intenções de usar. Acontece-vos isto não acontece? Digam-me?

Uma dessas situações foi com este risotto. Decidi fazer o risotto para não deixar estragar uma caixa de cogumelos shimeji frescos que tinha no frigorífico. Estes cogumelos têm ar de combinar na perfeição com um prato suculento de carne. Entre decidir o que fazer e usá-los no risotto, decidi cozinhá-los logo.

A ideia era fazer um risotto de cogumelos. Mas quando coloquei os cogumelos no tacho começo a ouvir na minha cabeça: - Vinagre balsâmico! Vinagre balsâmico! :) Abri o frigorífico, retirei a embalagem de vinagre balsâmico cremoso e satisfiz assim as exigências dos ingredientes. É por isto que gosto de cozinhar! É fabuloso o modo como exercemos a nossa criatividade.


Ingredientes:
240g de arroz para risotto
1dl de azeite
1dl de vinho branco
2 chalotas picadas
300g de cogumelos shimeji (ou outros a gosto)
3 colheres de sopa de vinagre balsâmico cremoso
sal e pimenta q.b.
8dl de água quente
1 colher de sobremesa de manteiga
queijo parmesão ralado


1. Num tacho colocar o azeite e as chalotas picadas. Levar ao lume e deixar cozinhar até as chalotas quebrarem.

2. Adicionar o arroz. Deixar fritar durante um a dois minutos mexendo regularmente.

3. Refrescar o arroz com o vinho branco. Mexer.

4. Adicionar os cogumelos e o vinagre balsâmico cremoso e ir, sempre que o arroz o exigir, acrescentando água.

5. Quando o arroz estiver al dente, retirar do lume e adicionar a manteiga. Mexer.

6. Servir com queijo parmesão ralado.


O risotto ficou cremoso e o vinagre balsâmico deu-lhe um toque muito especial.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O bolo da tia Rosa, da receita ao blogue ...


Hoje vou vos contar uma pequena história. E como todas as histórias, esta também começa com um "Era uma vez".

Era uma vez um bolo conhecido na família da Manuela - uma senhora simpática, cheia de ternura e de olhos alegres - como o bolo da tia Rosa. Um bolo especial. Cheio de memórias e recordações. Um bolo que fica grande e combina muito bem com um chá a meio da tarde ou com o café da manhã.

A história não é muito grande, mas o que é certo é que o bolo da tia Rosa também começou a fazer parte da minha família. Não tem havido fim-de-semana que visite a minha mãe e uns tios da parte do meu pai, que não leve este bolo. E toda a gente adora. Quando digo que o bolo é o bolo da tia Rosa, o meu pai diz-me sempre: - Da tia Rosa? E conta-me a história de uma tia Rosa, dona de um restaurante, no Alentejo, onde ele ia há muitos, muitos anos atrás e cozinhava um ensopado de borrego de chorar por mais. É tão engraçado ver como a comida nos une a todos, não é?

Mas a história não termina aqui. Entre trocas de eMails com a Manuela, eis que um destes dias me diz que o bolo da tia Rosa é agora também um blogue. Fiquei tão contente. Nem imaginam o que gostei de saber que o bolo da tia Rosa se transformou num blogue.


Ingredientes:
6 ovos
raspa de 1 limão
raspa de 1 laranja
sumo de 2 laranjas
300g de farinha com fermento
500g de açúcar
1 pitada de sal
margarina ou spray para untar a forma


1. Partir os ovos, separando as claras das gemas.

2. Bater as gemas com o açúcar. Adicionar as raspas de laranja e de limão e o sumo de laranja. Mexer bem.

3. Adicionar a farinha.

4. Bater as claras em castelo com uma pitada de sal.

5. Envolver as claras no preparado anterior.

6. Untar um forma de buraco com margarina ou usar o spray. Colocar a massa na forma e levar ao forno pré-aquecido a 200º C durante 30 minutos.


Aqui vos deixo a receita do bolo da tia Rosa, a que fiz pequeníssimas alterações, e o convite a descobrirem o blogue com o mesmo nome, da Manuela.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Pão de chocolate e especiarias para o lançamento de Carlota Cookie's


Na passada sexta-feira a minha amiga Carlota, reuniu em sua casa um grupo de amigos para o lançamento do projecto Carlota Cookie's. Uma ideia inovadora. O projecto consiste na venda de bolachinhas decoradas. Lindas. Feitas com imenso bom gosto. Daquelas que nem apetece comer para não estragar!


Para a festa, levei um pão de chocolate e especiarias, receita de David Lebovitz do seu livro The Sweet Life in Paris.


Ingredientes:
100g de manteiga sem sal
200g de chocolate para culinária
160g de farinha com fermento (se usarem sem fermento, acrescentem à receita 1 colher de chá de fermento em pó)
25g de cacau em pó
1/2 colher de chá de canela em pó
1/2 colher de chá de gengibre em pó
1/2 colher de chá de de cominhos em pó
uma pitada de sal
1 colher de chá de sementes de anis
2 ovos à temperatura ambiente
2 gemas
80g de mel
130g de açúcar


1. Pré-aquecer o forno a 180ºC. Forrar uma forma tipo inglês com papel vegetal e untar com margarina o papel.

2. Derreter em banho-maria o chocolate e a manteiga. Deixar arrefecer, fora da água.

3. Numa taça misturar a farinha, o cacau, o fermento se for caso disso, a canela, o gengibre, os cominhos e o sal. Adicionar as sementes de anis.

4. Noutra taça bater com a batedeira eléctrica durante 5 minutos os ovos, as gemas, o mel e o açúcar.

5. Deitar metade da mistura dos ovos no chocolate derretido. Mexer bem. Juntar esta mistura à mistura dos ovos batidos.

6. Adicionar pouco a pouco os ingredientes secos, usando uma colher para misturar bem.

7. Colocar o preparado na forma e levar ao forno durante aproximadamente 35 minutos.

8. Retirar o bolo do forno. Deixar arrefecer cerca de 15 minutos antes de desenformar. Deixar o bolo à temperatura ambiente, tapado, durante 24 horas antes de consumir para os sabores se misturarem.

Este bolo de chocolate fica denso, intenso e muito saboroso. Excelente companhia para uma chávena de café ou chá.

Segundo David Lebovitz o bolo deve ficar húmido por dentro antes de sair do forno. Eu acabei por não seguir essa indicação e deixei-o cozer um bocadinho de mais! :( Mas mesmo assim, o bolo é óptimo ou a receita não fosse de uma grande referência da cozinha internacional.

Já vos disse que a Carlota aceita encomendas das suas bolachinhas? Passem por lá!

P.S.: As fotos das bolachinhas foram retiradas da página da Carlota Cookie's.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

E quando uma receita nos faz lembrar um livro ...


Quando comecei a fazer a receita, achei que me fazia lembrar um livro. Quando me sentei à mesa e comecei a comer, tive a certeza que a salada de mozzarella, tomate, morangos e manjericão do livro Around My French Table de Dorie Greenspan me fazia lembrar o romance de Anthony Capella que lera recentemente.

Receitas de Amor de Anthony Capella é um livro fresco, leve, próprio para dias quentes, descontraídos. Não sei se foi o queijo mozzarella, o manjericão ou a própria salada em si, com os morangos e o tomate, numa combinação fora do comum que me fez lembrar o livro.

Muito resumidamente, Laura é uma jovem estudante americana que vai para Itália e decide que só sairá com homens que saibam distinguir o molho béarnise do béchamel, portanto, alguém que saiba cozinhar. Tommaso, um jovem italiano, interessante, bonito, que se faz passar por chef, conquista as atenções de Laura. Como Tommaso não sabe cozinhar, coloca o seu amigo Bruno, que é realmente um chef - trabalha no famoso Templi do conceituado Alain Dufrais - a preparar deliciosas refeições para Laura. Nisto, Bruno apaixona-se por Laura. E nem tudo corre como era suposto! É sempre assim, não é?

O que me agradou no livro, para além da história a lembrar Cyrano de Bergerac, foi a sensualidade, a magia da cozinha italiana. Tão rica! Apaixonada. Envolvente.

Os vários capítulos, organizados em secções como se fossem uma refeição italiana, antipasto, primi, secondo, insalata e dolci, estão cheios de referência à comida e à cultura italiana. O primeiro capítulo, fala-nos dos cornetti e do ristretti: «Um ristretto é feito com a mesma quantidade de café moído que um expresso normal mas com metade da água (...). O que saía do bico (...) quase não era um líquido, mas um fio castanho-avermelhado com o aspecto do mel a gotejar da ponta de uma faca de manteiga, com um creme de cor castanha e um travo doce e oleoso que dispensava o açúcar (...)». Para além disso refere que qualquer italiano sabe que tomar café sentado dificulta a digestão (sabiam?) e que não passaria pela cabeça de um italiano servir cappuccino depois das 10 da manhã. Em Itália é muito comum pedir latte macchiato.

Quando Tommaso decide abordar Laura, dá-lhe uma lebre de leite e diz-lhe para fazer sugo di lepre em vez da massa que ela estava a pensar cozinhar. Em relação às massas é referido que: «(...) se não quiser comer spaghetti, podemos comer bucatoni ou fetucine, ou pappardelle ou tagliolini ou rigatoni ou linguine ou garganelli ou tornnarelli ou fusilli ou conchiglie ou vermicelli ou maccheroni, mas (...) cada um deles exige um molho diferente. Por exemplo, um molho oleoso liga bem com massa seca mas um molho de manteiga liga melhor com a massa fresca. Fusilli - As pessoas dizem que foi inventada por Leonardo da Vinci. As aletas em espiral absorvem mais molho do que a superfície plana (...)».

Segundo o romance, existem três tipos de restaurantes em Roma. «Há as tratorie e osterie locais que, na sua maioria, só servem cozinha romana. É uma tradição fortemente enraizada nos ingredientes disponíveis nos mercados e matadouros em que não se desperdiça uma única parte do animal. Desde as orelhas à cauda existe uma receita própria e indicada para tudo, transmitida de geração em geração. Depois existe a cucina creativa, a cozinha que parte dessa tradição e faz experiências com ela. Muitos romanos comuns continuam profundamente desconfiados da experimentação para não falar dos elevados preços que a acompanham, acreditando firmemente que quanto mais se gasta menos se come. E, em terceiro lugar, há a cucina gourmet - a estranha colisão entre as cozinhas francesa e italiana (...)».

Numa das conversas entre Bruno e Tommaso, Bruno explica-lhe que «o marisco tem propriedades afrodisíacas. Os moluscos também ... como caracóis ao alho. Talvez algumas alcachofras bebés cozinhadas com hortelã-pimenta, abertas com os dedos e embebidas em manteiga derretida. E vinho, evidentemente. E depois para terminar, uma injecção de açúcar, qualquer coisa leve, mas artificial para encher de energia e felicidade (...). Se quiseres que uma pessoa se apaixone por ti, cozinhas uma refeição muito diferente, absolutamente simples mas intensa. Qualquer coisa que revele a tua compreensão da alma dela».

Bruno vai confecionar deliciosas e apaixonadas receitas para Laura. Numa dessas confecções refere que «a pasta caseira nunca se prepara sobre mármore; a frieza deste enrijece a massa e impede a decomposição dos glútens». Eu não fazia ideia. Agora que ando com vontade de voltar a fazer mais massa fresca é bom saber, que o mármore não é uma boa opção. :)

Receitas de Amor é um livro de conquista pela comida, uma comédia romântica, com imensas referências gastronómicas e no final, até são dadas algumas das receitas apresentadas no romance. Achei apenas um pouco exagerado as descrições sexuais dos encontros amorosos de Laura com Tommaso.

Vamos então à salada de mozzarella com tomate, morangos e manjericão:


Ingredientes:
2 queijos mozzarella
16 morangos
16 tomates cherry ou mini tomate chucha
pimenta rosa
flor de sal
folhas de manjericão frescas
azeite extra-virgem
vinagre de framboesa


1. Cortar os queijos em três fatias cada. Distribuí-las por dois ou três pratos.

2. Cortar os morangos e o tomate ao meio.

3. Distribuir os morangos e o tomate pelos pratos.

4. Polvilhar o queijo com um pouco de pimenta rosa ligeiramente desfeita com os dedos.

5. Polvilhar a mistura de tomate e morangos com flor de sal e as folhas de manjericão cortadas.

6. Regar com azeite e um pouco de vinagre de framboesa a gosto.


A salada soube muito bem. A combinação queijo, morangos e tomate, que me parecia inicialmente fora do comum, resultou na perfeição. Achei que o tomate e o morango fazem uma deliciosa junção.

Às vezes questiono-me. Faz-nos falta um romance que faça a exaltação da cozinha portuguesa, não acham? Quais os (bons) romances portugueses em que a cozinha aparece?

Boas leituras e bons cozinhados!

terça-feira, 17 de maio de 2011

Túberas com manteiga e coentros e a realização de um desejo


A caixinha chegou pelo correio. Quando vi o remetente, os meus olhos riram-se de entusiasmo. A caixa que segurava nas mãos continha túberas, vindas de Estremoz. Túberas! Conseguem imaginar o meu entusiasmo. Eu parecia uma criança dentro de uma loja de guloseimas a tentar ver o que a caixa continha. Era a primeira vez que ia ver túberas "ao vivo".

Um dos desejos que gostaria de ver concretizados em 2011 era comer túberas. Nunca encontrei túberas à venda, sei que se encontram na região do Alentejo (e Ribatejo) e são aí muito apreciadas. A minha querida amiga Cristina Lebre teve a amabilidade de me ajudar a realizar este desejo. Na minha vida tenho tido a sorte de me cruzar com pessoas maravilhosas e a Cristina é uma delas!


Para as cozinhar segui a receita da Cristina à risca, tanto que até deixo algumas das suas indicações dentro dos parêntesis retos.

Ingredientes:
túberas
manteiga
2 dentes de alho
sal
coentros

1. Escovar as túberas com uma escova, de seguida raspar com uma faca até ficarem sem terra. [ Dizem para não molhar, que ficam mais saborosas ... mas eu lavei-as em água corrente depois de estarem arranjadas para tirar todos os "olhinhos de terra". É que depois não é nada agradável mastigar terra. ]

2. Depois de bem limpas cortar em rodelas grossas. [ Grossas porque se ficarem finas as túberas desfazem-se todas - rodelas com 8 mm por aí. ]

3. Esmagar um ou dois dentes de alho com pele e colocar num tacho anti-aderente com a manteiga.

4. Deitar as rodelas de túberas e colocar sal quanto baste. Deixar cozinhar bem de um lado e do outro. Polvilhar com coentros picadinhos [ mas pouco para não abafar o sabor das túberas. ]. Deixar cozinhar em lume brando. Assim que as túberas estiverem tenras, retirar do lume.


Em relação às túberas tinha mais curiosidade do que expectativas. Não fazia a mínima ideia que sabor ou textura poderiam ter. Por isso quando provei, gostei imenso. Não achei que tivessem grande sabor, mas sim textura. Um certo granulado, parecido com o que encontramos nas ovas. Gostei tanto que coloquei um prato ao lado do tacho e o que era só provar, passou a ser mais do que isso. Mais um pouco e nem havia registo! ;)

Na caixa, juntamente com as túberas vieram uns bombons de figo e chocolate. Uma delícia. Foram pequenos pedacinhos de paraíso para o meu palato. Obrigada Cristina.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

A falar de comida na Feira do Livro de Lisboa


Na passada sexta-feira, tal como anunciei aqui, estive na Feira do Livro de Lisboa, a convite de Nuno Seabra Lopes e moderador da conversa, a falar de comida. Na mesa, duas outras ilustres convidadas e com obras publicadas na área, Margarida Pereira-Muller e Paulina Mata. Já conhecia alguns dos seus trabalhos, mas estar ali na mesa ao seu lado, foi um prazer e, no início, com algum nervosismo até. Coisas de principiante nestas andanças! ;)

A conversa andou à volta da sazonalidade dos ingredientes, da importância de falarmos de comida em família, de colocarmos as crianças a ajudar em pequenas tarefas, pois quando se participa as coisas têm outro sabor. A cozinha da mãe acaba por ser a cozinha dos afectos, das sensações, da memória que nos acompanha. Falámos também de algumas mudanças. Hoje encontramos uma grande variedade de produtos durante o ano todo. De certa forma perde-se o encanto de comer determinada fruta, por exemplo, apenas em certa altura do ano. Por outro lado, encontramos muitos mais produtos que há alguns anos atrás. As courgettes, as beringelas, os chuchus, mais recentemente as acelgas, o romanesco, a pastinaga, as ervas aromáticas em vasinhos, apareceram regularmente nas secções de frutas e legumes há para aí dez ou quinze anos, talvez.

Houve uma altura em que encontrava receitas de ruibarbo em blogues ingleses e americanos com muita frequência e só há cerca de dois ou três anos é que comecei a encontrar à venda por cá. Só ainda não consegui encontrar laranjas sanguíneas! Se temos mais variedade de produtos, consequentemente a nossa maneira de cozinhar modifica-se. E aqui os blogues, na minha opinião, têm tido um papel muito importante.

Os blogues de comida, a grande maioria, é feita por pessoas sem formação na área, o que facilita o aumentar a proximidade entre o autor e o consumidor/leitor. Os blogues permitem ainda uma grande interação e partilha. O sistema de comentários é uma excelente ferramenta para os leitores tirarem dúvidas ou até darem o seu feedback de como resultou a receita ou até se foram feitas alterações ou não. Outro aspecto que é possível observar nos blogues é a republicação de receitas e o consequente enriquecimento destas, por exemplo, eu faço uma receita e depois outra pessoa acrescenta um ingrediente ou faz num bolo uma cobertura de que não me tinha lembrado. Isto já acontecia com os outros meios ditos tradicionais, mas agora o fenómeno é mais rápido e mais visível. As publicações cruzadas é outro aspecto que os blogues trouxeram através de pequenos desafios ou de concursos. Por exemplo, quando o Cinco Quartos de Laranja fez 5 anos, lançou um desafio que se intitulava Cinco anos, Cinco ingredientes, em que pedia às pessoas receitas com apenas cinco ingredientes.

Os blogues de comida são uma excelente ferramenta de divulgação da gastronomia. Chamam a atenção para ingredientes e maneiras de confecção, relatam experiências, explicam conceitos, indicam autores, fazem referências para outros blogues, traduzem receitas e arriscam combinações inovadoras. Dão a conhecer produtos. Ajudam a criar hábitos e a mudar o modo como nos relacionamos com a comida. Dado as características dos próprios blogues, estes permitem que se estabeleçam relações de confiança e empatia entre quem lê o blogue e quem o escreve. Por exemplo, eu já recebi comentários a dizer-me que vão fazer aquela receita porque as receitas da Laranjinha lhe saem sempre bem ou vão arriscar usar determinado ingrediente porque eu o aconselho! Isto acontece no Cinco Quartos de Laranja e em todos os outros blogues de comida.

Os blogues permitem uma consulta rápida das receitas e que os leitores escolham os seus favoritos. A escolha é feita pela proximidade. Escolhe-se o blogue com que nos identificamos. Há centenas de blogues de comida em Portugal e cada um tem o seu estilo. Se gosto do blogue X ou Y, quando quero procurar uma receita é a esses que vou em primeiro lugar. Sobre blogues de comida/gastronomia muito ainda há para dizer. O assunto começa a ser agora discutido e a ter alguma atenção dos meios de comunicação, o que é muito bom.


E os livros? Os livros de receitas ainda são a referência ou não? E o YouTube?

Na minha geração, penso que os livros ainda são a referência por isso há programas de televisão que se transformam em livros, há blogues que fazem livros. Muitos dos grandes blogues de comida ingleses, americanos e franceses têm livros publicados ou artigos em revistas. O livro funciona ainda como um factor de credibilização. Ter um blogue é uma coisa, mas ter um livro publicado é outra. O patamar de referência e de estatuto é diferente. Se os livros continuarão a ser a referência para as próximas gerações ainda é uma coisa para ver. As alterações tecnológicas são tantas que o mais certo é o conceito de livro se transformar. Possivelmente com o Kindle (ou outro leitor de livros digitais), tal como foi referido na conversa, o conceito livro já se está a alterar.

Quando penso procurar uma receita normalmente não recorro ao YouTube. Faço-o quando quero ver como se faz uma determinada técnica, pois tem a vantagem de conseguir mostrar passo a passo e de forma visual a execução de uma receita, o que muitas das vezes é mais difícil colocar por escrito. Quando se escreve uma receita, há certos pormenores e passos que ficam esquecidos por parecerem tão evidentes e aí o YouTube poderá ser mais esclarecedor.

É bom falar de comida, especialmente com pessoas que têm cartas dadas na área. É bom saber que os blogues começam a ter espaços nestas conversas. Esperemos que haja mais!

Um muito obrigada ao Nuno Seabra Lopes por esta oportunidade.


P.S.: Desde quinta-feira ao final do dia que o Blogger.com, o serviço que aloja este blogue, tem tido alguns problemas. No caso do Cinco Quartos de Laranja ainda não estão repostos todos os comentários.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Peixe assado no forno e um convite


Todos os anos visito a Feira do Livro de Lisboa, que decorre até dia 15 deste mês, no Parque Eduardo VII, e este ano não foi excepção. Umas compras, encontrar amigos, aproveitar o espaço numa tarde de sol, são algumas das coisas que costumo fazer. No entanto, este ano gostaria de fazer-vos um convite.


Na sexta-feira dia 13 estarei lá, às 18h no auditório da APEL na Feira do Livro, numa conversa em jeito de debate sobre a forma como "a gastronomia e a culinária chegam hoje ao público, como se tem vindo a renovar e a modificar".

A moderação está a cargo de Nuno Seabra Lopes e participam a autora Margarida Pereira-Müller, a especialista Paulina Mata, e a autora deste blogue. É uma excelente oportunidade para falarmos de culinária, de gastronomia e da sua divulgação. Gostaria muito que aparecessem.

Até lá, deixo-vos uma deliciosa receita de peixe no forno acompanhada com tomate assado com orégãos e azeite.


Ingredientes:
2 sargos
2 batatas cortadas às rodelas
1 cebola cortada em meias luas
sumo de 1 limão ou vinho branco
sal e pimenta q.b.
1 raminho de salsa picada
100g de azeitonas sem caroço cortadas
1dl de azeite
1 colher de chá de paprika
1 cacho de tomates maduros
1 colher de sopa de orégãos
3 colheres de sopa de azeite


1. Num pirex colocar as batatas, as cebolas, as azeitonas e a salsa.

2. Dispor o peixe em cima da mistura anterior. Polvilhar com a paprika, regar com o sumo de limão e o azeite.

3. Levar ao forno pré-aquecido a 200ºC durante aproximadamente 50 minutos. Antes de retirar do forno verificar se as batatas estão tenras.

4. Fazer um corte em cruz na base de cada tomate. Colocá-los num tabuleiro de forno. Polvilhar com os orégãos secos e regar com o azeite. Levar à assar no forno juntamente com o tabuleiro do peixe.


Assados de peixe são a alternativa cá em casa ao adorado peixe grelhado. Não se poderá comparar, é certo, mas constituem uma excelente refeição.

Bons cozinhados! Até sexta-feira, na Feira do Livro.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

O mês de Maio e pernas de coelho ao vinho


Maio. Gosto do mês de Maio. É a altura do ano em que faço a separação psicológica entre o tempo fresco e o tempo quente. É a altura do ano em que arrumo definitivamente as camisolas de lã, os sapatos fechados e as botas, e coloco nas gavetas as camisas leves, as t-shirts, em que as calças são substituídas por saias e os chinelos estão sempre a jeito. Gosto do mês de Maio. É um mês de mudança.

Associo Maio a flores, a campos verdes, a nêsperas maduras e suculentas comidas logo que são apanhadas da árvore. Em Maio começo a sonhar com as idas à praia, os almoços demorados à volta do peixe grelhado, os dias sem pressas, com tempo para fazer o que gosto ou às vezes, até não fazer nada.

Se Maio fosse, uma cor seria certamente laranja. Uma cor alegre, que desperta emoções positivas, em que se renova a fé pela vida.

Em Maio e em todos os outros meses, nos meus cozinhados, procuro aliar os legumes e a carne ou o peixe. Não escondo o meu gosto por carne, às vezes até parece politicamente incorreto nos tempos que correm dizer-se que se gosta de carne. No entanto, como em tudo é importante que o consumo seja moderado e que se prefira as chamadas carnes brancas. Hoje, dentro deste espírito apresento-vos uma receita de pernas de coelho com uma base de legumes que adaptei do site Marx Food, preparada ao estilo do clássico coq au vin.


Ingredientes:
2 pernas de coelho grandes ou 4 médias
2 cenouras cortadas em cubos
2 cebolas picadas
80g de bacon cortado em tirinhas
1 courgette cortada em cubos
3 batatas cortadas em cubos
1dl de azeite
1 ramo de manjerona
2dl de vinho branco
1dl de água
sal e pimenta q.b.


1. Temperar as pernas de coelho com sal e pimenta.

2. Alourar o bacon num tacho. Retirar o bacon e alourar as pernas de ambos os lados. Reservar as pernas.

3. Colocar o azeite na frigideira e adicionar a cebola e a cenoura. Deixar cozinhar durante uns minutos.

4. Adicionar o vinho branco, a água, as pernas de coelho, o ramo de manjerona, as batatas e a courgette.

5. Rectificar o sal e a pimenta. Deixar cozinhar em lume brando com o tacho tapado.


O coelho ficou saboroso, tenro, suculento. Quando a carne de coelho fica seca perde toda a sua magnificência. Mas o bacon, o molho com a manjerona e os legumes ajudaram a tornar estas pernas de coelho uma excelente refeição.

Bom mês de Maio!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Bacalhau assado no forno com puré de favas


Eu adoro favas. Este ano, ao contrário de outros, fiz poucos cozinhados com elas. Conto, uma salada que repeti e a receita de hoje. Mais nada! Não houve direito a favas guisadas com coelho, frango ou com enchidos e entrecosto, que adoro, nem a arroz, nem a uma sopinha farta e reconfortante.

A receita de hoje foi adaptada do site Mar da Noruega. A receita original sugeria puré de ervilhas, mas eu decidi fazer de favas. As últimas favas frescas da temporada.


Ingredientes:
2 postas de bacalhau
2 batatas cortadas em rodelas fininhas com a casca
2 colheres de sopa de azeite
400g de favas
2dl de natas
1,25dl + 1,5dl de leite
1 dente de alho
sal e pimenta q.b.

1. Colocar as batatas no fundo de um tabuleiro de forno e em cima, as postas de bacalhau.

2. Bater 1,25 dl de leite com 1 dl de natas. Regar o bacalhau com esta mistura. Antes de ir para o forno, pré-aquecido a 220ºC, distribuir 2 colheres de sopa de azeite pelo bacalhau. Deixar no forno aproximadamente 20 minutos, antes de retirar verificar se as batatas estão cozidas.

3. Cozer as favas num tacho com o alho, 1,5dl de leite e 1 dl de natas. Depois de cozidas colocá-las no liquidificador. Temperar com sal e pimenta a gosto. Triturar até ficar homogéneo.

4. Servir o bacalhau com o puré de favas.


Ao fazer o puré não retirei a pele das favas, porque achei que como eram tenrinhas não valia a pena, no entanto, sem a pele o puré deve ficar mais homogéneo, mais cremoso.

As adaptações têm sempre riscos, mas se assim não fosse, não tinha piada, não acham? O resultado final do meu puré foi bom, mas não foi excelente, ou seja, achei que ficou um seco demais, se tivesse ficado mais solto, ficaria melhor. Na altura quis logo servi-lo, nem pensei. Poderia, ter acrescentado mais um pouco de leite, por exemplo, ou de natas. Mas diga-se em abono da verdade, que ninguém se queixou e não sobraram quaisquer vestígios para contar a história. ;)

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sevilha, o começo para outras viagens


Tínhamos que voltar a Sevilha, Espanha. A primeira visita soube a pouco e a chuva não nos deixou explorar a cidade como gostaríamos. Por isso voltámos. Saídos de Córdova no domingo de Páscoa, onde deixámos uma cidade a fervilhar de turistas, chegámos a Sevilha a meio da tarde. O local para ficarmos hospedados foi o hotel da vez anterior, Virgin de los Reys. Depois de já estarmos no hotel, onde decidimos descansar um pouco, começou a trovejar e a chover. Será possível? Fizemos a viagem com um sol tão bonito, o céu estava azul e agora chuva?! Será que estávamos fadados a visitar Sevilha sempre com chuva? Felizmente, que foram apenas uns aguaceiros. Quando saímos do hotel em direção ao centro histórico, ainda existiam vestígios da chuva, mas o céu parecia despreocupado e sem nuvens. Ainda bem! :)

Quando viajamos gostamos de conhecer as cidades andando a pé. Só assim podemos descobrir ruas, cafés e sentir o pulsar do local onde estamos. Antes de jantarmos passámos novamente em frente à Catedral. É imponente. Na rua, poucos já eram os vestígios da Semana Santa, restavam apenas uma ou outra pilha de cadeiras para recolher.

Depois de darmos uma volta pelos restaurantes, alguns cheios com turistas e locais, decidimos sentarmo-nos no Robles Placentines, uma sugestão da Cristina Lebre. Ali, escolhemos tapear. Eu fiquei fã deste conceito. Poder numa refeição provar diferentes pratos, é quase uma versão do paraíso para uma apaixonada por comida. Sentados ao balcão, a olhar para uma fila de presuntos curados e sob o olhar atento de um imponente touro, que nos parecia embalsamado, pedimos muxama de atum com tomate e orégãos, uma delícia. Cá encontramos muxama facilmente na região do Algarve e eu fiquei tentada a reproduzir esta saladinha que tão bem nos soube. Pedimos também queijo velho de ovelha com dois anos, beringelas recheadas com fiambre e rafalito frito, um peixinho entre as nossas petingas e as sardinhas. Ora bem, eu que digo que não sou grande fã de beringelas nesta viagem passei grande parte das refeições a pedir beringelas. Estarei convertida? O Ricardo é que se sente muito feliz. Agora acha que eu vou cozinhar beringelas com muito mais frequência. Provámos ainda almôndegas com legumes, ao estilo da nossa jardineira e uns rolitos de presunto e salsicha com mostarda fresca que me deixaram a sonhar por mais.


No dia seguinte os planos envolviam uma vista ao Real Alcazar e à Catedral. A fila para entrar na Catedral levou-nos a ponderar e decidimos ir primeiro ao Real Alcazar, residência de monarcas, um complexo com vestígios arábes e magníficos jardins. Salas sumptuosas que ilustram o passado árabe, tectos ricamente decorados, e outras a demonstrar a presença dos reis cristãos. Uma das salas está decorada com azulejaria e traços arquitetónicos portugueses. Passámos ali a manhã e só saímos depois de visitarmos os banhos de Maria de Padilha, mulher que, segundo uma lenda local, revelou uma imensa coragem. Pedro I de Castela, conhecido como Pedro, O Cruel, apaixonou-se por Maria. Com o intuito de a ter só para si, mata-lhe o marido. Maria, resiste aos avanços do rei e para o afastar, desfigura a cara com azeite a ferver. Em Sevilha, tornou-se o símbolo da pureza.


Antes de deixarmos Sevilha em direção a Portugal escolhemos o restaurante Pando para almoçarmos. Na nossa primeira visita adorámos algumas das tapas e queríamos repetir. Eu escolhi uma sopa de tomate com camarão e manjericão e o Ricardo optou pelo salmorejo cremoso com ovo, presunto e passas. De seguida, não poderia faltar a torrija de berenjena com queijo de cabra de que ficámos fãs e que já tentei reproduzir sem o sucesso esperado. Como é que farão a beringela? Na minha primeira tentativa passei-as por pão ralado e não resultou. De seguida e para salvar a situação passei-as por ovo, mas ficaram a milhas das servidas no Pando que não me parecem ter ovo. Ainda não desisti de tentar. Da próxima vez, estou a pensar passá-las por pão ralado e levá-las ao forno. Vamos ver como resulta. No entanto, se houver alguém que saiba como se faz esta tapa, não hesite em explicar. Eu fico muito grata. Mas as nossas experiências gastronómicas não terminaram por aqui. Ainda tivemos o prazer de provar uma salada de abacate com bacalhau marinado, tomate raff e vinagrete de laranja, peitos de galinha com molho de caril e alho e bacalhau confitado em azeite com puré de grão. Para sobremesa ainda tivemos a coragem de dividir um toucinho do céu com sopa de laranja, granizado e coulis de erva doce.


Sevilha, será de certeza o ponto de chegada para outras viagens. Ficámos com vontade de voltar.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O gosto de fazer pão e duas experiências com farinha de centeio


Pão, para mim, é sinal de satisfação, companhia e conforto. Pão, é tão bom até mesmo quando é só pão.

Nos meus desejos de Ano Novo, decidi que este ano seria o ano de fazer experiências de pão sem a máquina do pão. Eu adoro pão. Quentinho, é sempre irresistível. O cheiro a pão no forno, não deixa ninguém indiferente. Feito por nós, é muito mais especial!


Ingredientes:
0,5Kg de farinha de centeio
0,5Kg de farinha de trigo T65
25g de fermento fresco
7 dl de água morna (aproximadamente)
sal q.b.

1. Dissolver o fermento em 2 dl de água.

2. Num alguidar juntar as duas farinhas e o sal. Regar a farinha com o fermento dissolvido na água e mexer. Ir adicionando a água restante a pouco e pouco à medida que se vai amassando.

3. Deixar levedar (durante aproximadamente 3 horas).

4. Depois da massa leveda dividi-la em dois. Com esses dois pedaços de massa fazer dois pães. Num colocar 250 g de figos secos cortados às rodelas e 60 g de nozes picadas grosseiramente e no outro fazer simplesmente uma bola.

5. Aquecer o forno a 250ºC.

6. Colocar os dois pães no forno, e baixar a temperatura para 200ºC. Deixar cozer durante 40 minutos.


Eu coloquei 250g de figos secos, mas poderão reduzir a quantidade. Eu como adoro figos secos não resisti a colocar uma dose considerável.

Desta vez, para um quilo de farinha, diminui a quantidade de fermento e o resultado final ficou ainda melhor.

Dos dois pães, o que mais sucesso fez foi o de figos com nozes, que acabou acompanhado de generosas fatias de queijo.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

A cidade velha de Córdova


A viagem de Ronda até ao encontro da auto-estrada que nos levaria até Córdova foi marcada por uma paisagem cheia de oliveiras. Extensões de terra a perder de vista cultivadas com oliveiras. Na altura, cheguei a pensar, como é que o azeite português consegue competir com a produção espanhola?

Chegados a Córdova uma das primeiras coisas que fizemos foi almoçar. Depois de um breve reconhecimento, de espreitar para um ou outro restaurante que íamos encontrando, acabámos por nos decidir pelo Garum 2.1. Um espaço elegante, com cozinha de autor, com balcão para tapas, no piso de baixo e no primeiro andar, restaurante.

Para almoçar escolhi beringelas fritas com salmorejo e ovos rotos para entrada e rabo de boi à cordobesa como prato principal. Eu que nem sou grande fã de beringelas, nesta viagem rendi-me. Fiquei conquistada. Em Espanha as beringelas são cozinhadas de forma magnífica. O rabo de boi estava tenro. Esta carne é mesmo um espetáculo. O Ricardo escolheu salmorejo de tomate com ovo e presunto e salmão com molho de iogurte e pepino, que estavam ambos também muito agradáveis. Finalizámos a nossa refeição com dois cálices de vinho doce Gran Barquero da casta Pedro Ximenes.


Assim que saímos do restaurante, a chuva obrigou-nos a abrir o chapéu de chuva. Durante toda a tarde tivemos a sua companhia. Mas mesmo assim, turista que é turista vai à aventura. Andámos toda a tarde pela cidade velha. Atravessámos a ponte romana, entrámos na Calleja de las Flores, passeámos pelas ruas estreitas, cheias de lojas e turistas. Ao final da tarde, fomos visitar a catedral, antiga mesquita construída por cima de uma igreja cristã visigoda. O cruzamento de culturas é mesmo fascinante e esta catedral é resultado disso mesmo. Magnífica.


No dia seguinte acordámos cedo. O dia estava bonito e enquanto houvesse sol, era de aproveitar. De manhã, voltámos a dar a volta pelas ruas da cidade. Com sol, tudo se torna mais bonito. A meio da manhã, fomos visitar o Alcazar dos Reis Cristãos e o seu jardim. Nos jardins achei piada encontrar canteiros de favas e de alcachofras. As laranjeiras, que são uma constante por toda a cidade, estavam aqui a fazer de sebe.


Ao almoço comemos Gaspacho Andaluz, alcachofras, morcela assada e peixe espadarte, este último quando pedimos pensávamos que era peixe espada! :) O Ricardo ficou fã do salmorejo e do gaspacho, eu gosto, mas não me derreto de amores por este tipo de sopas. A morcela, era muito parecida com as nossas, esta tinha era muito mais cebola. As alcachofras estavam saborosas e o peixe espadarte grelhado não surpreendeu.


A cidade velha de Córdova é dominada pela catedral, imenso comércio voltado para os turistas, pelas ruas estreitas e irregulares, algumas vão dar a minúsculas pracetas. Os pátios são muito comuns, tanto em casas particulares como em espaços comerciais, herança dos romanos que foi aprofundada pelos arábes. A comida é o resultado do encontro de culturas, com influências romanas (azeite), arábes (especiarias várias, beringela, frutos secos) e judias (mistura dos frutos secos com legumes) muito vincadas. Na doçaria destaco o pastel cordobés, um bolo feito com massa folhada e recheado com doce de abóbora. Córdova conquistou-me. É uma cidade simpática, com o peso histórico e cultural que cada rua, cada edifício deixa transparecer.


Com o céu limpo, partimos outra vez em direcção a Sevilha.