sexta-feira, 29 de junho de 2012

A carta de Verão do restaurante Arola


Sábado, 16 de Junho de 2012. O céu azul lá no alto empurrou as nuvens e deixou o sol brilhar. Eu, saí de Lisboa, ao início da manhã, com um sorriso nos olhos. O tempo estava mesmo propício a um fim-de-semana cheio de mimos e coisas boas no Penha Longa, Hotel Spa & Golf Resort.

Situado perto da vila de Sintra, o hotel é abraçado por uma cintura de verde. Para onde quer que se olhe, a nossa visão encontra o verde dos pinheiros, das oliveiras, dos eucaliptos, dos sobreiros e dos choupos. O verde escuro, intenso, forte da floresta, contrasta com o tom de verde claro do campo de golfe, dando-nos uma imagem de beleza comparada à dos quadros de Cézanne.

Um dos motivos que me levou ao Penha Longa foi o convite para participar num workshop e conhecer a nova carta do restaurante Arola, do conhecido chef Sergi Arola, discípulo de Ferra Adrià, agora com o chef Bruno Neves a comandar a cozinha.

O restaurante decorado em tons de branco, cheio de luz, com espaços informais, sofás com almofadas, música ambiente, tem uma vista privilegiada para o campo de golfe. Todo o espaço nos transmite uma enorme sensação de tranquilidade. Em dias de bom tempo, a opção é escolher uma mesa na esplanada.


A nossa refeição começou com um aperitivo já tradicional na casa, pão torrado com tomate, alho e azeite. Não sei se é da nossa ligação com a cozinha do mediterrâneo, mas este entretém de boca é sempre maravilhoso. Começamos por esfregar um alho cortado ao meio no pão, de seguida tomate e por fim regamos com azeite e quem preferir, pode polvilhar com sal. Que maravilha. Faça chuva ou vento, este é um dos amuse-bouche que a mim me sabe sempre bem.

A seguir como entradas provámos sardinhas marinadas com tomate e nem as espinhas sobraram para contar como estava bom. Depois das sardinhas seguiu-se uma salada de caranguejo com tomate, ovo e cebolinho picado, acompanhada com umas tostas finas de pão. Uma das entradas que me deixou a sonhar com mais foi a da beringela. Simplesmente magnífica. Beringela fumada, depois cozida e servida com pinhões, redução de vinagre balsâmico e cebolinho picado. Que sabor bom! Notavam-se umas ligeiras notas a fumado e depois, no final, a dar textura, os pinhões, que enriqueceram esta beringela como um colar de pérolas no pescoço de uma mulher.

Ainda nas entradas provámos lascas de lombo ibérico com maçã, pistácio, malagueta verde e queijo parmesão ralado. Adorei o toque picante da malagueta neste carpaccio, finalizado com a textura do pistácio. De seguida atacámos os calamares que foram servidos cortados em tiras finas, passadas por um polme e fritas, acompanhadas com molho aioli, óptimo para partilhar com amigos. Esta entrada vive da textura crocante e do molho. Outra entrada que nos encantou foi as batatas bravas com tomate picante e molho aioli no topo. Magníficas, para além de terem um aspecto muito simpático, são muito saborosas. O picante deixa-as bravas e nós adorámos.


Mas a entrada que nos deixou completamente rendidos, a sonhar por mais, foi o polvo à la brasa. Pedaços de polvo, tenros, com pimento de piquillo, batata, aioli de pimento, crocante de presunto e decorado com folhas de salsa desidratadas, crocantes. Um prato visualmente muito bonito e que nos conquistou pela deliciosa mistura de sabores.


As entradas foram acompanhadas por um vinho branco Lagoalva de Cima Reserva de 2011.

Já satisfeitos e prontos para ir dormir a sesta à beira da piscina, eis que nos chega à mesa um prato com um delicioso ar a verão, muito fresco, que nos levou a não querer sair da mesa. Bacalhau fresco com gnocchi de azeitona e uma macedónia de tomate e pepino. É notório que o bacalhau se sente um verdadeiro rei no prato, especialmente enaltecido pela frescura da combinação do tomate com o pepino e pelo molho, o verdadeiro segredo deste prato. Caros leitores, este molho vale uma ida ao restaurante Arola. É rico, aromático e deixa-nos a boca a saltar de contentamento com um ligeiro toque picante no final. Ajuda a acentuar a frescura do prato. Nesta altura apeteceu-me chamar o chef Bruno Neves e dar-lhe os parabéns!


O prato de carne foi leitão, confitado, preparado por camadas e cozinhado a baixa temperatura. Foi servido com espargos, maçã e esferificação de manga. O leitão tenro e saboroso combinou bem com a mistura crocante de maçã e espargos, que acrescentaram ao prato notas frescas. O prato de carne foi acompanhado com um vinho tinto Quinta do Cachão 2008, com um sabor a fruta estruturado, muito bom.


Na hora das sobremesas chegou-nos à mesa iogurte cremoso com doce de frutos vermelhos, crumble e gelado de coco assim como uma copa catalana com creme de bolacha, gelado de laranja, crumble, creme de limão e finalizado com açúcar mascavado ligeiramente queimado. Ainda hoje não consigo dizer qual delas era a melhor. Quem sabe se não encontro aqui um pretexto para justificar, ao Ricardo, uma nova ida ao Arola! Quando passarem por lá, para não ficarem na dúvida como eu, o melhor será escolherem as duas e dividir. Depois digam-me se tenho ou não razão.


Como dois amigos que se sentam à mesa e conversam, foi assim que decorreu a pequena entrevista que fiz ao chef Bruno Neves, a quem agradeço desde já a disponibilidade.

1. Quem é o chef Bruno Neves?

Tenho 33 anos, trabalho há cerca de 14 anos em cozinha. No princípio, começou como um hobby, depois trabalhos no verão para ganhar uns trocos. Depois quis seguir uma carreira completamente diferente daquela que acabei por seguir. Como não havia dinheiro para ir para a faculdade acabei por seguir este caminho. O bichinho começou a crescer, a crescer, e finalmente tomei o gosto pela cozinha. Tive a sorte de encontrar chefs que apostaram em mim. Que me incentivaram a aprender ainda mais como o chef Fasto Airoli, os chefs da Escola de Hotelaria de Lisboa, o chef Manuel Gabriel e o chef António Henriques. Depois como sou uma pessoa ambiciosa, não consigo estar parado. Gosto das coisas. Interesso-me. E esse interesse levou-me a evoluir ainda mais. Trabalhar com chefs bons. Na Bica do Sapato, no Eleven, no Four Seasons, em Angola também - estive lá cerca de sete, oito meses - e finalmente no Arola, antecedida de uma semana de formação intensiva no Arola de Barcelona.


2. Como é que foi a sua experiência em Angola?

Foi uma experiência diferente, não digo que seja má nem boa. Há quem goste e há quem não goste, mas aprende-se sempre qualquer coisa. No meu caso, aprendi, não em termos técnicos mas nas relações interpessoais. Ali a cultura é completamente diferente da nossa. Um ritmo mais calmo, não se pode ser tão exigente em termos técnicos. Enfim, o mais importante foi a gestão das pessoas. Muitos produtos vinham de Portugal mas de vez em quando haviam algumas dificuldades. O avião vem não vem. Atrasa-se. Os produtos não chegam.


3. E como tem sido a sua experiência no Arola?

É um conceito de cozinha diferente. Já implementado pelo chef Sergi Arola. Aqui o conceito que existe e que o chef Arola implementou com muito sucesso é baseado numa ideia informal: As pessoas podem partilhar e falarem à vontade sobre a comida. Uma relação informal com a comida. Nada de muitas formalidades. Repare que o restaurante tem mesas redondas e vários sofás com almofadas. Para ajudar a relaxar, para comer com tempo. Queremos que as pessoas venham cá pelo prazer da comida, pelo prazer do convívio. Queremos que o cliente fique satisfeito, se sinta bem recebido e que volte. Isso é o fundamental. Com a minha entrada e uma coisa que eu gosto bastante é usar ingredientes portugueses, não digo receituário mas comida ao gosto português. O conceito pode ser o do chef Arola com coisas que são imagem de marca como por exemplo, as Batatas Bravas, mas há liberdade para criar e colocar na ementa e é desta maneira que tento pôr o meu cunho pessoal.


4. E qual é o seu contributo pessoal? O que é que pode acrescentar?

Primeiro que tudo temos que nos adaptar ao sítio onde estamos. Procuro manter o conceito, apostar em produtos de boa qualidade. Prefiro ter menos quantidade e mais qualidade. Com uma carta muito grande acaba-se por perder em qualidade. Aposto em produtos portugueses como o borrego, o leitão, o bacalhau, o robalo ... receitas ao gosto que eu já conhecia ou receituário típico depois dando-lhe um pequeno "twist", uma pequena reviravolta adaptando-as ao conceito do chef Sergi Arola.


5. O que é cozinhar para si?

Há vezes em que é uma obrigação! (risos) Não gosto muito de cozinhar para mim. Gosto de cozinhar para os outros. Quando é para mim não sou exigente, é só uma forma de me alimentar. Gosto muito de cozinhar para os amigos e para os clientes do restaurante.


6. Como é que determina a apresentação visual de um prato?

Não é automático. Muitas das vezes só chego ao empratamento final depois de várias tentativas. Os pratos têm que ter uma estrutura. A carne em baixo, os legumes em cima. Compro vários livros de culinária para arranjar inspiração. É importante ir vendo e experimentando. Outra coisa que é importante é quando levamos os sabores à boca, eles têm que conjugar. Normalmente a proteína tem que estar sempre um pouco afastada da guarnição, para distinguir bem. Molhos sempre colocados não pela carne ou peixe todo, mas de maneira a mostrar estes últimos  com alguma subtileza.


7. Reparei que a equipa é jovem. Como é que gerir a cozinha com esta equipa?

Para já tento encaminhá-la. Um chef é tão bom quanto a sua equipa. Não posso bloquear as ideias das pessoas. Tento sempre ouvir a sua opinião. Quando estou a desenvolver novos pratos peço ideias e sugestões de maneira a que eles se sintam envolvidos e motivados. Todos os elementos da equipa não estão cá só para confeccionar, estão também para contribuir com a sua opinião para a elaboração da carta. As pessoas sentido-se envolvidas trabalham ainda mais e melhor. Pessoas que trabalham dez a doze horas juntas, se fizerem sempre as mesmas coisas todos os dias perdem a motivação. É muito complicado. Nas horas críticas funciona como a tropa. Mas nos outros momentos tento criar o melhor ambiente possível e dar uma certa liberdade de actuação às pessoas.


8. E nós em Portugal, temos o melhor peixe do mundo?

Concordo plenamente. Há peixe que em Portugal usamos que mais ninguém no mundo sabe utilizar. Algo que deveríamos dar mais valor. Recentemente vi uma reportagem na TV em que o peixe português é utilizado em restaurantes em várias partes do mundo. E cá, muitas vezes acabamos por não o valorizar tanto. Como a cavala, a sardinha, o salmonete ... apesar de constatar que recentemente tem havido um esforço para os promover. Há muita gente que tem a ideia que sardinhas, só grelhadas! Mas não. Se o produto for bem tratado é uma mais valia. Por outro lado, mais vale uma sardinha bem grelhada do que um foie gras. Gosto muito de uma boa sardinha grelhada! (risos)


9. Vou provar a nova carta de verão. Em termos gerais o que é que caracteriza a nova carta?

Acho que é uma carta sazonal e com produtos frescos. Estamos na época do verão e aproveitando o ambiente que rodeia aqui o Arola, muito verde e fresco que caracteriza aqui o Penha Longa. Um carta muito fresca e muito leve. Temos um bacalhau fresco com água de tomate, leitão, maçã ...


10. Já está a trabalhar na próxima carta?

Sim, já comecei. À medida da disponibilidade, vou trabalhando aos poucos. Pesquiso em livros e sítios da Internet. Falo com outros chefs. Entre colegas aqui no Penha Longa. Os cozinheiros são como os ciganos, conhecem-se todos uns aos outros. (risos) Vou também a feiras e a eventos como o Mercado do Peixe, a Alimentária, o Peixe em Lisboa entre outros. Vou vendo o que os meus colegas de profissão andam a utilizar. É assim que funciona. Sempre a ver com a sazonalidade. Numa carta de inverno não vou colocar morangos, apesar de agora haver todo o ano. (risos) Comer um morango no verão e no inverno são coisas completamente diferentes. E depois tento fazer coisas que eu gosto, recorrendo sempre aos contributos da minha equipa.


11. O seu sonho é ... ?

Todo o chef tem o sonho de um dia abrir o seu próprio restaurante. Também sou realista e sei que é muito, muito difícil. Mas não é impossível. Ter um restaurante implica um investimento de valor monetário muito elevado, em equipamentos, pessoal e produtos. É complicado. Por enquanto o meu objectivo é continuar a trabalhar em grande cadeias de hotéis que nos suportam. São a nossa almofada até em termos de evolução. Por exemplo, aqui no Penha Longa tenho liberdade para criar, para comprar, para experimentar. Se fosse um restaurante meu, possivelmente não poderia correr tantos riscos. Mas como sou novo, tenho ainda muita coisa para aprender. Quero continuar a evoluir através de pequenos passos consistentes.


Muito obrigada.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Açorda de courgette


Eu sou uma apaixonada por courgette e nesta altura do ano, procuro aproveitá-las de todas as maneiras e feitios como se costuma dizer. É um produto barato e com imensas aplicações. Hoje a proposta é uma açorda de courgette.

Ingredientes:
130g pão duro
450g courgette com casca
1dl azeite
1 cebola média picada
4 dentes de alho
4 ovos
5dl água quente
1 raminho de salsa picada
sal
pimenta preta de moinho


1. Cortar o pão em fatias e colocar num recipiente. Regar com a água quente e reservar.

2. Colocar a cebola, os alhos esborrachados e picados, e o azeite num tacho. Levar ao lume e deixar refogar até a cebola estar transparente.

3. Acrescentar a courgette ralada finamente. Mexer. Temperar com sal a gosto.

4. Juntar o pão demolhado e desfeito com as mãos. Mexer, com a ajuda de uma colher desfazer os pedaços de pão maiores de modo a uniformizar a açorda.

5. Bater os ovos e temperar com pimenta preta acabada de moer. Adicionar os ovos à mistura anterior, mexer e deixar apurar.

6. Antes de retirar, adicionar o raminho de salsa, mexer e servir.



Já fiz esta açorda cá em casa duas vezes. E das duas vezes desapareceu num instante. Da última vez que fiz acompanhei com lascas de bacalhau salteadas em azeite e alho. Primeiro cozi as postas de bacalhau, depois limpei de peles e espinhas. De seguida coloquei uma frigideira ao lume com alho picado e azeite. Assim que o alho começou a dar sinais que o calor se fazia sentir, adicionei o bacalhau em lascas. Temperei com pimenta e mexi. Passados um a dois minutos, retirei e servi com a açorda. Que coisa boa! Como podem imaginar, não sobrou lasquinha para contar a história.

Boas receitas!

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Água fresca de melancia e framboesas


O calor finalmente chegou em grande. Nestas alturas, o que nos ajuda a suportar o tempo quente são as roupas frescas, os chinelos e as bebidas frescas. Ontem, a meio da tarde quando cheguei a casa, a opção para combater o calor foi uma água fresca de melancia e framboesa.

Ingredientes:
600g de melancia sem casca e sem sementes
10 framboesas
4 colheres de sopa de sumo de limão
2 colheres de sopa de açúcar amarelo
1L de água fria
folhas de hortelã
gelo


1. Triturar a melancia com as framboesas, o sumo de limão e o açúcar.

2. Colocar o preparado num jarro com a água, mexer muito bem.

3. Juntar as folhas de hortelã, o gelo e servir.


Fresquinha, sabe mesmo bem!

[ Published in English as Fresh watermelon and rasperry water ]

terça-feira, 26 de junho de 2012

Carne de vaca no tacho com massa bagos


Uma vez por outra sabe-nos bem carne de vaca guisada no tacho com muito tomate e especiarias. Desta vez acrescentei massa bagos e cortei a carne em pedaços pequenos para combinarem. Este é daqueles pratos que ainda ficam melhores no dia a seguir.

Ingredientes:
1,100Kg de carne de vaca cortada em pequenos cubos
1 cebola picada
2 dentes de alho picados
1dl de vinho branco
1dl de azeite
10 grãos de pimenta-da-Jamaica
1 pau de canela
1 lata de tomate pelado (400g)
300g de massa bagos
pimenta preta de moinho
9dl de água quente
1 raminho de coentros picados
sal


1. Colocar a carne, a cebola, os alhos, o vinho branco, o azeite, as pimentas, o pau de canela, o tomate num tacho e sal a gosto num tacho. Tapar o tacho e levar ao lume médio durante 40 minutos.

2. Acrescentar a massa e a água e deixar acabar de cozer, mantendo o lume médio.

3. Servir com coentros picados.


A carne de vaca pode ser substituída por outra a gosto, assim como a massa.

Bom apetite!

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Salada de lentilhas com courgette e queijo Halloumi grelhado


As courgettes continuam a ditar o que se cozinha cá por casa. Mas eu não me importo. Nesta altura, a minha cozinha anda muito mais criativa e os pratos com courgette resultam sempre. Não dá para enjoar porque a courgette é tão versátil que raramente a faço da mesma maneira.

O queijo Halloumi é um queijo do Chipre que pode ser grelhado ou frito. Por vezes, quando se come parece que range ou chia na boca.


Ingredientes:
200g de lentilhas
2 courgettes
250g de queijo Halloumi
1 cebola roxa picada
1 raminho de salsa picado
0,5 dl de azeite
2 colheres de sopa de vinagre de vinho tinto
1 dente de alho espremido
sal


1. Cozer as lentilhas. Escorrer e reservar.

2. Cortar as courgettes em fatias e grelhar.

3. Cortar o queijo Halloumi em fatias e grelhar.

3. Numa saladeira juntar as lentilhas, as courgettes, a cebola roxa picada e a salsa.

4. Temperar com sal, azeite, o alho e sal a gosto.

5. Mexer e servir com o queijo Halloumi grelhado.


O queijo Halloumi pode ser substituído por outro queijo. A salada combina muito bem com queijo Feta ou queijo de cabra curado.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Creme de courgette com coentros


Para dar caminho a umas quantas courgettes que ainda tinha da minha última ida a Santarém, resolvi fazer uma sopa. As sopas são sempre uma excelente opção quando queremos usar e abusar dos legumes. Cá em casa, gostamos imenso de sopa e de courgette então, sei que é sucesso garantido.


Ingredientes:
1,350kg de courgettes
1 cebola picada
2 dentes de alho picados
1dl de azeite
1dl de vinho branco
1Lde água ou de caldo de legumes
1 raminho de coentros picados
sal


1. Colocar numa panela a courgette cortada aos cubos, a cebola, os alhos, o azeite e o vinho branco. Levar ao lume e deixar refogar um pouco.

2. Acrescentar a água e o sal a gosto. Tapar a panela e deixar acabar de cozinhar a courgette.

3. Triturar a base da sopa. Juntar um ramo de coentros picados e servir.


Este creme de courgette fica simplesmente delicioso. Os coentros ajudam a dar frescura. É importante que o vinho branco usado seja de qualidade.

Bom fim-de-semana a todos!

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Água fresca de meloa para comemorar a chegada do Verão


O Verão é sinónimo de abundância. Chegam-nos os figos, as uvas, o melão e a melancia. Chegam-nos as courgettes, os pimentos, os pepinos e o tomate. Chega-nos a vontade de desfrutar do bom tempo e das idas à praia. De uma tarde na esplanada e de ver o mar.

O Verão é uma estação madura. Ir aos mercados nesta altura do ano é uma verdadeira festa para os sentidos. Sentir os cheiros a fruta madura, inspirar o perfume de um pêssego, saborear um tomate acabado de colher, são momentos verdadeiramente únicos. As bancadas coloridas parecem mantas de retalhos bonitas e vivas. Os pratos quentes e sopas trocam-se por saladas, petiscos e coisas frias. Apetecem as bebidas frescas e os sumos de fruta. É caso para dizer, viva o Verão!

E para comemorar a chegada do Verão nada melhor do que uma bebida fresca de fruta.


Ingredientes:
1 meloa Gália pequena madura (aproximadamente 900g)
1L de água fresca
15 folhas de hortelã
gelo


1. Limpar a meloa de casca e pevides.

2. Cortar a meloa em pedaços e triturar.

3. Colocar a polpa de meloa num jarro. Adicionar a água, o gelo e a hortelã rasgada grosseiramente com as mãos. Mexer e servir.


Esta água fresca de meloa é excelente para um dia de calor.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Cinco Quartos de Laranja na revista Saber Viver

Queridos leitores,

o Cinco Quartos de Laranja começou a colaborar com a revista Saber Viver. Na edição do mês de Julho 2012, já nas bancas, tive à minha responsabilidade quatro páginas com receitas inéditas divididas em dois artigos. Uma com ideias para piqueniques - com a chegada do verão sabe bem aproveitar o bom tempo e nada como fazê-lo com deliciosas sugestões - a outra, apresenta cinco receitas com cinco ingredientes diferentes, ruibarbo, pastinaca, queijo halloumi, orzo e panko. Sempre ideias práticas e que vos aconselho a experimentar. Espero sinceramente que gostem.

Como as coisas boas devem ser partilhadas e para comemorar este momento importante para mim, a revista Saber Viver oferece a um(a) leitor(a), uma assinatura (para uma morada em Portugal continental e ilhas) com duração de seis meses da revista, para assim poderem acompanhar todas as novidades e sugestões que a Saber Viver tem para oferecer.


Quem quiser participar deverá deixar até às 24h do dia 30 de Junho 2012, nos comentários a este post, uma frase que junte as palavras "Cinco Quartos de Laranja" e "Saber Viver". Só serão considerados válidos os comentários que para além da frase, incluam pelo menos um nome e um endereço de eMail ou de blogue/página pessoal de maneira a poderem ser univocamente identificados e eventualmente contactados. No dia, 1 Julho 2012, será anunciada a frase contemplada.

Aguardo desde já as vossas frases. Participem!

terça-feira, 19 de junho de 2012

Medalhões de pescada no forno com mostarda e salsa


Ter um dia durante a semana em que posso vir almoçar a casa deixa-me tão feliz que quase pareço uma criança dentro de uma loja de guloseimas. Fico com um sorriso de orelha a orelha e venho sempre para casa com planos sobre como irei desfrutar da minha tarde livre. Procuro colocar algumas leituras em dia, dou andamento a alguns afazeres relacionados com a casa e uma vez por outra ainda vou as compras. Mas antes de fazer o que quer que seja, a primeira coisa com que me preocupo é com o almoço. Ontem, não foi excepção.

Medalhões de pescada no forno com mostarda e salsa

Ingredientes:
4 medalhões de pescada
1 colher de sopa de mostarda
2 colheres de salsa picada
sumo de 1/2 limão
3 colheres de sopa de azeite
sal e pimenta preta de moinho


1. Pré-aquecer o forno a 200ºC.

2. Temperar os medalhões com sal e pimenta preta acabada de moer.

3. Barrar os medalhões com a mostarda e passá-los pela salsa picada. Colocá-los num prato de forno.

4. Regar com sumo de limão e por fim o azeite.

5. Levar ao forno durante 12 minutos.


Estes medalhões também ficam muito bem polvilhados com um pouco de pão ralado antes de ir forno. O pão ralado ajuda dar-lhes textura.

Servi os medalhões de pescada com um couve coração de boi cozida com cenouras cortadas às rodelas. Eu nunca me lembraria de servir couves cozidas com peixe assado no forno ou grelhado. Mas há uns anos atrás estive numa conferência, em Aveiro, e ao almoço serviram-me, no restaurante, lulas grelhadas com couves cozidas e cenouras e não é que gostei! Já há algum tempo que não fazia, mas ontem ao abrir o frigorífico a couve sorriu para mim e rendi-me, não havia discussão.


Couve cozida com cenoura

Ingredientes:
1 couve coração de boi ou lombardo (pequeno) cortada em tiras
3 cenouras cortadas às rodelas
sal
azeite


1. Colocar uma panela com água ao lume. Quando ferver adicionar a couve e a cenoura.

2. Temperar com um fio de azeite e sal quanto baste.

3. Depois dos legumes cozidos, escorrer a água e voltar a regar com azeite a gosto.


E assim, rapidamente se fez uma refeição que nos soube muito bem e que me ocupou pouco tempo na cozinha.

Bom dia a todos!

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Salada de toranja


A toranja, resultante do cruzamento do pomelo com a laranja, apresenta um sabor ácido e amargo com notas doces, por isso nem sempre é uma fruta que reúna consenso em termos de paladar. É um parente da laranja e do limão, conhecida também como laranja-melancia ou laranja-romã, denominações que não reflectem a cor da casca mas da polpa.

Há uns tempos trouxe da zona de Santarém uma quantidade razoável de toranjas e sempre que olho para elas penso em dar-lhe um destino digno de registo. Comecei com os sumos, fiz a salada que vos apresento hoje e ando a pensar em fazer um bolo e quem sabe ainda um gelado. Vamos ver se consigo!

Ingredientes:
2 toranjas cortadas às rodelas
2 colheres de sopa de azeitonas pretas às rodelas
1/4 de cebola roxa cortada em fatias finas
50g de queijo feta
2 colheres de sopa de nozes picadas
1 colher de sopa de coentros picados
2 colheres de sopa de azeite
sal e pimenta preta de moinho


1. Colocar os ingredientes numa taça. Temperar com sal e pimenta preta de moinho a gosto.

2. Regar com o azeite, mexer e servir.


Como referi, o sabor ácido e amargo caracterizam a personalidade da toranja. Quem não gostar pode sempre substituir a toranja por laranja. Mas para quem gosta, a salada será uma boa surpresa. Muito boa!

Votos de boa semana.

Outras receitas com toranja:
- Sumo de toranja com morangos e framboesas;
- Sumo de toranja e laranja;
- Toranja no forno com açúcar e canela;
- Salada de laranja e toranja com ovo cozido.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Rota das Estrelas no restaurante Ocean


A felicidade começa a desenhar-se a partir do momento em que nos é permitido sonhar. O sonho é o motor da vida. Mas quando conseguimos viver ao vivo o que sonhámos, isso é a felicidade no seu estado mais puro, mais autêntico. A coisa boa de sonharmos é podermos ultrapassar as certezas aparentes da vida, conseguirmos ir para além do que pensamos como improvável. Para os sonhos terem forma, basta que se encontre a rota certa num oceano de possibilidades e que as estrelas lá do alto nos sorriam. E foi como um sonho que recebi o convite para ir jantar ao Ocean no passado dia 19 de Maio 2012. Um sonho que me encheu de sorrisos e de uma felicidade que quase não me cabia no peito.

E foi ao início da tarde de sábado que cheguei ao Vila Vita Parc Resort & Spa e procurei sentir o ambiente maravilhoso que ali se vive. Um sonho que ganhou forma e por isso, o melhor seria aproveitá-lo o mais intensamente possível. Foi como algo bom que sabemos que terá um fim que procurei aproveitar assim cada instante que passei no Vila Vita Parc. Almocei no restaurante Adega, dedicado à cozinha portuguesa, passei pelos jardins, vi as fontes, sonhei com um mergulho nas piscinas, depois de me refastelar numa das espreguiçadeiras colocadas na relva com vista para o mar e fui até à praia colocar os pés na areia. Soube tão bem ali estar. Todos os espaços estão cuidados e pensados para a comodidade dos clientes. Na altura senti-me uma verdadeira privilegiada.


Antes do jantar participei numa prova de presunto da marca Jabu com a presença de um cortador e com comentários do responsável da empresa importadora Iguarias de Excelência, Bruno Costa, que nos foi revelando algumas curiosidades sobre o presunto. De seguida houve lugar para uma prova comentada de caviar harmonizada com champanhe. Provámos de forma tradicional, ou seja na mão entre o polegar e o indicador como nos explicou o dinamizador, ovas de caviar de diferentes proveniências, desde o rio Mississippi, passando pela China e a França até ao selvagem Beluga do Irão, da House of Caviar & Fine Food. Achei interessante perceber as diferenças que existem nos diferentes caviares, desde o tamanho das ovas até ao sabor mais ou menos salgado.


E foi ao pôr-do-sol que nos sentámos para jantar. Não consegui deixar de reparar na vista fabulosa para o mar que o envidraçado da sala trazia até aos meus olhos. Um verdadeiro luxo.

Como o jantar se inseria na iniciativa Rota das Estrelas, na cozinha a preparação era feita a várias mãos estreladas, Dieter Koschina do restaurante Vila Joya, Ricardo Costa do restaurante The Yeatman, Benoît Sinthon e Yves Michoux do restaurante Il Gallo D'Oro e Hans Neuner, o anfitrião. Dos chefs, as estrelas da noite, apenas conhecia as apresentações feitas no Peixe em Lisboa, de Ricardo Costa e de Hans Neuner e por isso estava cheia de curiosidade com a ementa do jantar.


O jantar começou com as entradas da responsabilidade do chef Koschina que nos deliciou o palato com macarron de beterraba com enguia fumada, simplesmente delicioso. De seguida, tempura de caviar, que igualou o macarron. O chef Koschina começou muito bem a sua participação, mas deixou-me completamente rendida ao seu trabalho quando nos foi servido choco recheado com morcela sob favas acompanhado de uma hóstia. E não satisfeito com a nossa completa rendição, este premiado chef, ainda nos surpreende com uma geleia de tomate com lasanha de chouriço e ovo de codorniz, que estava simplesmente sublime. O vinho escolhido para acompanhar as entradas foi o Weingut am Nil Riesling 2011.

Da responsabilidade do chef Ricardo Costa veio para a mesa uma composição de vieiras, santola e molho de azeite, prato que me confirmou que o talento tem forma e sabor. O vinho escolhido foi Grauburgunder Weingut am Nil 2010. O prato seguinte, uma criação de Benoît Sinthon, vindo da Madeira, foi lagostim com gaspacho, flor de courgette, geleia de tomate e bolo do caco, um prato colorido e muito apelativo. O vinho escolhido foi Herdade dos Grous 2010.

Hans Neuner supreendeu-nos com um coelho recheado com fígado servido com couve de bruxelas, ragout de coelho e molho Madagáscar. Com este prato foi servido o melhor vinho da noite para mim, Herdade dos Grous Reserva Magnum 2008. Hans não contente com a nossa satisfação em relação ao seu prato de coelho ainda nos serviu uma tranche de novilho Nebraska Hereford, carne de bovino americano, com míscaros, amêndoa e moleja acompanhada por um vinho Herdade dos Grous Moon Harvested Magnum 2008, que nos soube muito bem. Quem cozinha assim merece um oceano de estrelas!

Para sobremesa, adoçámos a boca com um arroz doce sem canela acompanhado com lima, sorbet de banana, maracujá e espuma de coco. A sobremesa do pasteleiro Yves Michoux surpreendeu pela apresentação e serviu-nos sorbet de morango, parfait de iogurte e macarrons, tudo composto fazendo lembrar uma elegante mala de senhora, mas o caramelo apresentava características um pouco duras demais para o que seria suposto. As sobremesas foram acompanhadas com Murganheira Czar Grand Cuvée Rosé 2005.


O jantar foi um dos melhores que tive nos últimos tempos, pela comida naturalmente, mas também pela companhia e por todo o ambiente vivido nessa noite. Mágico, é mesmo a palavra.

Este jantar foi o mote para uma entrevista ao chef Hans Neuner do restaurante Ocean, premiado com duas estrelas Michelin:


Foto da autoria de
GUERRILLA Food Photography
1. Que alterações identifica na cozinha do Ocean desde 2007?

Bem, fui eu quem inaugurou a cozinha do Ocean, por isso a cozinha que fazemos hoje é uma evolução constante do que fazíamos no início. Mas é claro que hoje sou um chef mais maduro, com um maior conhecimento da região e das suas particularidades, da sua cultura gastronómica ... e também tenho um leque muito mais vasto de fornecedores, produtores locais que fazem um trabalho de grande qualidade, e que vou conhecendo melhor.


2. Que preocupações tem quando pensa numa nova carta?

Eu mudo a carta do Ocean com frequência porque me divirto a variar os pratos, a explorar pequenos pormenores, a construir coisas novas, mas tenho sempre a preocupação de utilizar os produtos sazonais e da região. De resto, há que manter o rigor das técnicas, mas também invertê-las um pouco, brincar um pouco com as coisas. Por exemplo, ainda há uns dias estive em Marraquexe, para explorar o mundo das especiarias ... é fascinante e muito complexo, um desafio para a minha cozinha, sem dúvida.


3. O que é que procura transmitir a quem vai degustar os seus pratos?

Eu gosto de divertir as pessoas que provam os meus pratos, gosto que elas participem no acto da degustação, brincando com algumas peças de loiça, por exemplo, ou com os amuse-bouche, recriando memórias e sentimentos, como a paixão que os portugueses têm pela cerveja com tremoços. Mas também gosto que as pessoas sintam prazer nos meus sabores, que sintam a minha paixão pela cozinha e o desejo de voltarem ao Ocean. Creio que esta é a compensação maior, as pessoas voltarem.


4. Como define a sua cozinha?

É uma cozinha feita sobretudo a partir do mar, já que o Algarve tem um peixe e mariscos maravilhosos, e dos produtos regionais, e por isso será bastante mediterrânica. Mas o meu lema é fazer uma cozinha o mais simples possível, explorando ao máximo o sabor e as texturas dos produtos.


5. Olhando para o seu percurso, quais foram, para si, as suas grandes influências?

A minha maior influência, sem qualquer dúvida, foram os anos de aprendizagem em grandes restaurantes de nível e com estrelas Michelin. O úlltimo foi o Adlon, em Berlim.


6. Entre a Áustria e Portugal existe uma grande diferença em termos gastronómicos. Foi fácil adaptar-se aos sabores e produtos portugueses? Existe algum que destaque?

Não foi muito difícil, uma vez que a alta-cozinha tem as suas regras e os produtos base são muito idênticos nos diversos países, mas é óbvio que houve todo um período de pesquisa e de experimentação da gastronomia portuguesa e em particular da algarvia. Até porque há imensos produtos da região, como o peixe e o marisco, que fazem esta cozinha muito diferente da austríaca.


7. Como é que chega à ideia final de um prato? De que inspirações se alimenta a sua criatividade?

Para chegar à ideia final de um prato há que fazer várias tentativas e não ter medo de experimentar coisas novas. É um processo que por vezes leva muito tempo, meses, anos, ou não! Depende. O que mais inspira são as viagens ... paisagens, pessoas, culturas diferentes ...


8. O Ocean recebeu recentemente a sua segunda estrela Michelin. No dia-a-dia o que significam estas duas estrelas?

No dia-a-dia significa sobretudo mais trabalho e mais responsabilidades. É o peso do prestígio do Guia, inevitável. Mas ao nível do conceito da cozinha, a segunda estrela não alterou nada. Apresentamos hoje os pratos que apresentávamos quando só tínhamos uma estrela. Mas agora conseguimos chegar a mais pessoas, não só portugueses, como também estrangeiros, pessoas que viajam para comer nos melhores restaurantes.

9. A terceira estrela é um sonho alcançável?

Por enquanto não ... nada é impossível, não é? (risos)


10. É importante participar na Rota das Estrelas?

Sim, claro, é muito importante o intercâmbio entre os diversos chefs e restaurantes com estrela Michelin. Trata-se de uma cozinha muito específica e exigente, e neste tipo de eventos damos não só a conhecer o nosso trabalho a um número maior de pessoas, como também trocamos ideias, técnicas e tendências.


11. Foi fácil trabalhar na mesma cozinha com tantos chefs estrelados, Dieter Koschina, Ricardo Costa, Benoît Sinthon e Yves Michoux?

Somos todos amigos e assim torna-se muito fácil trabalhar! Sobretudo, divertimo-nos muito! As equipas é que sofrem sempre um bocadinho mais, pois têm que nos aturar! (risos)


12. Qual o prato que mais gostou da ementa da Rota das Estrelas, no Ocean?

Hummm não é fácil responder a essa pergunta, pois tivemos coisas muito boas, mas, pessoalmente, gostei muito dos Choquinhos Recheados com Morcela do meu colega Koschina.


Os sonhos são feitos de estrelas e por isso, às vezes, é preciso atravessar um oceano para encontrar sabores que nos desafiam. O restaurante Ocean do Vila Vita Parc merece sem dúvida uma visita em nome de uma estrela brilhante de felicidade.


[ Fotos da GUERRILLA Food Photography fornecidas por Amuse Bouche ]

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Carne de vaca assada com puré de cherovias com azeite trufado


Os dias continuam incertos. Ora parece que temos calor e apetece andar como se fosse Verão, ora temos a chuva, o vento e um friozinho a fazer-nos companhia. Estas mudanças de tempo não funcionam bem comigo. Fico mais sensível às variações de temperatura e os resfriados atacam-me como um enxame de abelhas num campo de flores.

Com o tempo incerto, continua a apetecer pratos quentes de forno, como a receita que vos deixo para hoje.

Ingredientes:
2kg de carne de vaca
3 dentes de alho
20g de salsa
raspa de 1 limão
1 limão cortado às rodelas
sal q.b.
pimenta preta de moinho q.b.
1dl de azeite


1. Pré-aquecer o forno a 160ºC.

2. Num almofariz trabalhar os dentes de alho, com a salsa, a raspa de limão, o sal e a pimenta até obter uma pasta.

3. Adicionar o azeite à pasta de salsa e envolver bem.

4. Barrar a carne com a mistura anterior.

5. Por cima da carne, dispor as rodelas de limão.

6. Levar a assar durante duas horas e trinta minutos.


A carne que assei era um pedaço alto. Para controlar mais eficazmente o tempo de forno, aconselho o uso de um termómetro de carnes.

A carne, como é assada lentamente, fica tenra e cheia de sabor, com notas de citrino e aromas frescos da salsa.


Puré de cherovia com azeite trufado

Ingredientes:
350g de cherovias
1 colher de sopa de azeite trufado
2 colheres de sopa de manteiga
3 colheres de sopa de leite
3 colheres de sopa do caldo de cozer a cherovia
sal e pimenta preta de moinho q.b.


1. Cozer as cherovias em água.

2. Depois de cozidas escorrer, reservando um pouco do caldo de cozedura.

3. Colocar as cherovias, o azeite, a manteiga, o leite e o caldo de cozedura num robot de cozinha. Triturar.

4. Por fim, temperar com sal e pimenta preta acabada de moer a gosto.


O puré fica divino. É como se costuma dizer, de comer e chorar por mais.

Bom apetite!

terça-feira, 12 de junho de 2012

Goraz assado no forno com batatas e pimento vermelho


Na passada quinta-feira fui visitar os meus pais e regressei a Lisboa com peixe fresquinho apanhado pelo meu pai nas suas idas à pesca com os amigos. No fim-de-semana, coloquei mãos à obra e um dos peixinhos que trouxe foi logo para o forno. Sabe tão bem comer peixe bom!

Ingredientes:
1 goraz
5 batatas médias cortadas às rodelas finas
1 cebola às rodelas
2 dentes de alho picados
2 pimentos vermelhos assados e limpos
1dl de azeite
1dl de vinho branco
0,5dl de água
1 raminho de coentros frescos
1 limão cortado às rodelas
sal e pimenta preta de moinho q.b.


1. Num pirex colocar as batatas cortadas em rodelas finas, a cebola, o alho, os pimentos cortados às tiras e uma colher de sopa de coentros picados. Temperar com sal e pimenta e misturar os ingredientes.

2. Temperar o goraz com sal . Colocar no interior rodelas de limão e coentros. Por cima, dispor 3 rodelas de limão com um raminho de coentros. Colocar o goraz em cima da mistura de batatas.

3. Levar ao forno pré-aquecido a 190ºC durante 40 minutos.


Nesta receita é importante que as batatas fiquem em rodelas finas para se assarem bem.

Bom apetite!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Pão-de-ló húmido de chocolate


O pão-de-ló húmido de chocolate exerce sobre mim fortes poderes, especialmente quando como a primeira fatia. É tão bom! Que as forças ocultas dos deuses do chocolate obrigam-me a repetir. A repetir! Ainda bem que quando faço este bolo não estou sozinha.

Ingredientes:
8 ovos
180g de açúcar amarelo
10 gemas
85g de farinha com fermento
15g de cacau em pó
30g de chocolate em pó


1. Pré-aquecer o forno a 230ºC.

2. Bater os ovos com o açúcar durante cinco minutos com a batedeira.

3. Bater as gemas e adicionar ao preparado. Bater, com a batedeira, mais dois a três minutos.

4. Misturar a farinha com o cacau e o chocolate. Envolver a mistura acima mencionada na massa cuidadosamente.

5. Levar ao forno, numa forma redonda, com 26 cm, forrada com papel vegetal durante 11 minutos.


O pão-de-ló húmido de chocolate fica tipo mousse por dentro. Assim que se corta a primeira fatia o interior corre como se fosse um rio de chocolate espesso que nos obriga a ir buscar uma colher e nunca mais parar. Vão ver que tenho razão. Experimentem!

Votos de boa semana!

[ Published in English as Moist chocolate sponge cake ]

sexta-feira, 8 de junho de 2012

30 receitas de courgette


Fui, ontem, colher as primeiras courgettes da estação. As courgettes são tão versáteis que ficam bem em quase tudo. Eu adoro-as, em assados, grelhados, sopas, arrozes, bolos, guisados e saladas.

Para comemorar a chegada das courgettes deixo-vos trinta receitas, uma para cada dia do mês de Junho:
- Arroz de safio e courgette;
- Batatas rechedas com bacon, courgette e aipo;
- Bolo de chocolate com courgette e avelãs;
- Bolo de courgette;
- Bolo de courgette com cacau e nozes;
- Bolo de courgette com cenoura e laranja;
- Bolo de courgette com farinha de alfarroba e amêndoas;
- Bolo de courgette e limão com sementes de papoila;
- Bolo de courgette e nozes;
- Courgette recheada com farinheira e tomate;
- Courgettes balsâmicas;
- Courgettes com legumes no forno;
- Courgettes grelhadas com manjericão e limão;
- Creme de courgette com manjericão;
- Duas saladas com courgette;
- Esparguete com courgette salteada;
- Flan de courgettes;
- Macarrão com courgette, cenoura e bacon;
- Risotto de courgette com ovo escalfado e azeite de trufa;
- Salada de frango com cuscuz e courgette;
- Salada de legumes grelhados com queijo mozzarella e azeite de coentros;
- Salmão assado com courgette, limão e ervas;
- Sopa de courgette;
- Sopa de courgette com alho-francês e amêndoa;
- Sopa de courgette com manjericão e beldroegas;
- Sopa de courgette com ovos mexidos;
- Sopa de courgette com queijo de cabra;
- Sopa de courgette, ervilhas e hortelã;
- Strozzapreti com legumes, camarões e pistácios;
- Tarte de courgettes em flor com tomate e requeijão.

Bons cozinhados!

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Do ouvido à boca, a nova carta do restaurante Feitoria

Foto da autoria de Paulo Barata

Espreitei a paisagem pelo envidraçado do restaurante Feitoria, premiado com uma estrela Michelin, com um copo de vinho rosé fresco na mão. Ao longe, o rio, de onde outrora partiam e chegavam naus cheias de especiarias vindas do outro lado do mundo, estava calmo e brilhava com tons de prata aos últimos raios de sol. Do alto do Padrão dos Descobrimentos, o Infante D. Henrique, indiferente a tudo o resto, acalenta no olhar de pedra, planear uma nova viagem. A imagem criada pelo jardim de relva, a lembrar-me o mar ondulado, ladeado de árvores, deu-me um enorme sentimento de tranquilidade. Inspirei fundo. Olhei a fachada branca do hotel e a vida da esplanada que se avista ao fundo. Quando dei por mim, a Primavera de Vivaldi terminava e começava o Verão, mote para a apresentação da nova carta do Feitoria no passado dia 24 de Maio de 2012.


Foto da autoria de João Andrés
Conduzida à minha mesa, sentei-me e finalmente abri a ementa do chef Cordeiro a degustar nessa noite e para a qual fui amavelmente convidada.

A mesa, elegante e bonita, insere-se no ambiente de requinte que é apanágio do Altis Belém Hotel & Spa, do qual faz parte. A carta, intitulada em jeito de partitura musical, Prova Anónima, Do Ouvido à Boca, despertou-me logo a curiosidade. E se o ouvido e os olhos já estavam encantados, o palato não esperava pela demora.

O jantar começou com um gaspacho servido com esferificação de azeitona verde, a fazer lembrar o Martini com azeitona do agente secreto britânico mais charmoso do mundo. De seguida, saboreámos foie com gelatina de Grandjó colheita tardia. Estou certa que James Bond haveria de gostar tanto como eu de saborear este amouse-bouche antes de partir para uma das suas perigosas e arriscadas missões.

Depois do palato aprumado, o ouvido também precisava de alimento. E foi ao som de A Mãe de Rodrigo Leão que saboreámos as entradas. Lagostins do mar com espargos brancos e verdes, syrah e pequenos torresmos de leitão, um prato com um cheiro tão bom e com a textura crocante dos espargos a fazer-se notar. De seguida provámos presunto de porco alentejano e queijo monte da vinha, beldroegas e pequenas folhas de beterraba. Um prato floral e colorido. Achei tão curioso o uso das beldroegas, um produto que nos últimos tempos tem vindo a ser valorizado e vê-lo ser servido ao nível da alta cozinha deixou-me satisfeita. O vinho escolhido foi Vale das Areias Sauvignon & Arinto 2011.

Fotos da autoria de João Andrés

Para acompanhar os pratos de peixe, o chef Cordeiro, escolheu Gente da Minha Terra cantada por Mariza. E foi com elementos da terra que abrimos os pratos de peixe. O chef Cordeiro preparou um robalo acompanhado com “cuscos” de lingueirão decorado com feijão verde. Os cuscos são feitos com trigo Barbela e depois passados pelas mãos, revelando-se uma tarefa árdua e, actualmente, em risco de se perder. Um prato com o sabor à terra de Trás-os-Montes. Bebemos com este prato um vinho Quinta do Monte d'Oiro Lybra Syrah 2008.

A seguir veio um dos meus pratos favoritos, monocromático de salmonete e carabineiro com morangos silvestres e beterrabas biológicas. O sabor de elementos de combinação aparentemente tão improvável, como os morangos e a beterraba, resultou num tom encantador e numa conjugação de sabores muito especial. O lado terra da beterraba com o aroma fresco e adocicado do morango, soube muito bem. Quase que posso dizer que os morangos nasceram para serem servidos com a beterraba. O vinho que acompanhou este prato foi Vale das Areias Rosé Touriga Nacional 2008. Estes pratos de peixe foram para mim a espinha dorsal da carta, com uma força, sabor e textura tão fortes como os arrepios que senti ao ouvir a voz de Mariza a cantar Gente da Minha Terra.

Fotos da autoria de João Andrés

Passando para os pratos de carne, mudámos também de música. A escolha recaiu sobre Né Ladeiras e a sua La Molinera do álbum Trás-os-Montes. O vinho Quinta do Monte d'Oiro Têmpora 2006 acompanhou o peito de pato com escorcioneira, cogumelos e areados de pistácio. A escorcioneira é uma planta de flor amarela e em que a raiz é a parte comestível. É também usada em doces. À semelhança do que aconteceu com as beldroegas, voltei a ficar agradavelmente surpreendida com o uso deste ingrediente, revelador da preocupação do chef Cordeiro pelos produtos e tradições portuguesas. Finalizámos os pratos de carne com uma degustação de porco bísaro, servido com um vinho Vale de Areias Touriga Nacional 2008.

Fotos da autoria de João Andrés

E ao som de António Variações, saboreámos um tentador pão-de-ló de abóbora e doce de ovos, creme de requeijão, alfazema e gelado de mel de urze. O pão de ló estava tão bom, que era capaz de conduzir ao inferno o mais beatífico dos santos. Por fim, saboreámos uma sobremesa em que a maçã tinha sido confeccionada de sete maneiras diferentes. Em gelado, mousse, bolo, frita, ao natural, em soufflé e em crumble. E como diz a música, O corpo é que paga. Mas enquanto o corpo paga, a alma congratula-se e pula de satisfação!

Fotos da autoria de João Andrés

E fazendo minhas as palavras proferidas nessa noite pelo gastrónomo José Bento dos Santos, Glória a quem sabe deslumbrar o paladar desta maneira.

Foto da autoria de Paulo Barata


[ Fotos fornecidas por Altis Belém Hotel & Spa ]

terça-feira, 5 de junho de 2012

Risotto com cogumelos Portobello


Há pratos que me deixam sempre a sensação de conforto. Um desses pratos é o risotto. Simples, com poucos ingredientes e revela-se um oceano de sabor.

De volta a casa do trabalho, ontem, passei no supermercado e não resisti aos cogumelos Portobello. Sempre que vejo estes cogumelos, lembro-me do mercado em Portobello Road, em Londres, onde estive pela última vez em 2009. Penso que a associação resulta apenas do nome ou será também do ar especial e exótico do mercado que associo também a estes cogumelos? Quem sabe?!


Os cogumelos, estavam com um ar risonho, mesmo a pedir que se fizesse com eles algo de especial. E foi o que fiz. Às vezes as coisas simples são as que resultam melhor. Este risotto ficou maravilhoso. Eu sei que se diz que a fome é o melhor tempero, mas não era caso!

Ingredientes:
240g de arroz para risotto
1 cebola picada
2 dentes de alho picados
1dl de azeite
1dl de vinho branco
450g de cogumelos Portobello fatiados
8dl de caldo de legumes
1 colher de sopa de manteiga
2 colheres de sopa de queijo parmesão ralado
cebolinho picado para polvilhar


1. Refogar a cebola e o alho no azeite. De seguida acrescentar o arroz e deixar fritar um pouco.

2. Refrescar o arroz com o vinho branco. Assim que evaporar ir adicionando o caldo de legumes a pouco e pouco. Mexer de vez em quando.

3. A um quarto de caldo, adicionar os cogumelos e deixar cozinhar, juntando sempre que necessário mais caldo. Temperar com sal a gosto.

4. Quando o arroz estiver cozido, retirar o tacho do lume e ligar o arroz com a manteiga e o queijo.

5. Servir com pimenta preta ralada e cebolinho picado.


Este risotto ficou cremoso, cheio de sabor. Por cá, sobrou muito pouco para contar como delicioso estava. Por isso, aconselho-vos a experimentar! Vão gostar.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Chá verde gelado com limão e canela


Assim que o calor aperta, começam a apetecer as bebidas frescas. Os sumos de fruta naturais são uma excelente opção, mas as bebidas feitas com chá também não se ficam atrás. Cá em casa andamos fãs.


Ingredientes:
1L de água
3 saquetas de chá verde
1 pau de canela
1 colher de sopa de mel (facultativo)
1 limão pequeno cortado às rodelas
gelo


1. Ferver a água.

2. Colocar a água num jarro e deixar o chá em infusão durante cinco minutos.

3. Depois de retirar o chá, adicionar o pau de canela, o mel e mexer. Deixar arrefecer.

4. Quando estiver frio, juntar o limão às rodelas e levar ao frigorífico.

5. Servir com cubos de gelo.


Um copo de chá verde gelado com limão num dia de calor, é uma delícia. É como refrescar os pés num riacho depois de uma caminhada intensa ou dormir a sesta à sombra de uns pinheiros com o mar ao fundo, num dia de altas temperaturas.

Boa semana!

[ Published in English as Ice-cold green tea with lemon and cinnamon ]