O terceiro dia na
ilha voltou a acordar com chuva. Mas ao longo do dia o Sol foi aparecendo. Depois de uma visita ao
Museu Francisco Lacerda na Calheta, seguimos viagem em direcção a Rosais. O objectivo era visitar a
Fajã de João Dias, mas como as placas com indicações eram raras, demos por nós a visitar o
parque florestal das Sete Fontes. Seguimos viagem por Santo António, Urzelina e depois Porto Manadas.
Antes do almoço ainda fomos visitar a fábrica de queijo Lourais. Visitámos a nova unidade industrial e o antigo armazém. Tivemos a possibilidade de ver como é que o queijo é tratado depois da cura. Primeiro é todo raspado e, depois com uma esponja mergulhada num líquido branco, é encerado ou como ouvi, "leva o plástico". Depois deste processo, a casca do queijo fica brilhante.
O
queijo S. Jorge, Denominação de Origem Protegida, surge em dois tipos que são determinados pelo tempo de cura. A base do queijo é a mesma, o que difere é o tempo de cura. Temos, como ali se diz, o queijo frescal e o queijo velho, com mais tempo de cura e que fica ligeiramente picante.
Neste dia para almoçar escolhemos o restaurante
Fornos de Lava, em Santo Amaro. Começámos com as famosas
Amêijoas da Fajã da Caldeira de Santo Cristo e seguimos para uma
Cataplana de Arroz de Peixe e Camarão. As amêijoas estavam boas, mas estariam muito melhores senão fossem congeladas, pois em Agosto as amêijoas estão no período de reprodução.
Em conversa com a dona do restaurante descobri que havia ali em Santo Amaro a Queijaria Canada, que andava a tentar descobrir desde que ali tinha chegado.
Depois do almoço, seguimos viagem e fomos até à
Fajã dos Cubres para fazer daí o percurso a pé até à
Fajã da Caldeira de Santo Cristo, onde se encontra o viveiro das famosas amêijoas da ilha.
A ligação entre a Fajã dos Cubres e a Fajã da Caldeira de Santo Cristo é feita por "estrada" , ou melhor um caminho de terra batida irregular onde circulam pessoas e apenas motoquatro, dado as condições do terreno. É uma experiência única. São no total oito km de caminhada, quatro para cada lado. O ambiente é quase tropical. Muita vegetação, ambiente húmido e abafado. Ao longo do percurso somos acompanhados pelo chilrear dos pássaros, e pelo barulho das ondas ou da rebentação nas pedras. Inesquecível.
O nosso último dia na ilha começou com a visita à Queijaria Canada, uma unidade de produção familiar e onde pudemos acompanhar todo o processo de fabrico do queijo. O queijo Canada só se encontra à venda nas ilhas do grupo central. A produção não é suficiente para chegar ao continente.
O almoço foi no Restaurante Velense, em Velas, e não foi nada de especial. Escolhi um
Boca Negra grelhado e arrependi-me logo assim que ele chegou à mesa. No entanto, dei o benefício da dúvida, apesar de achar estranho o peixe estar a ser servido sem cabeça. Assim que comecei, arrependi-me. Não era fresco. Foi a pior experiência gastronómica que vivi em
S. Jorge.
Apesar do almoço ter sido para esquecer, a tarde foi maravilhosa. Depois da visita à
Ponta dos Rosais fomos dar uma volta de barco. O objectivo era seguir os passos do escritor
Onésimo Teotónio Almeida, mentor desta nossa viagem, e efectuar um percurso de barco por ele sugerido.
À noite sentamo-nos à mesa no restaurante Açor, em Velas, com o Francisco, o Lino, a Ana, o filho destes e um amigo americano. Boa comida e boa conversa.
A nossa viagem à ilha de S. Jorge não poderia ter terminado da melhor forma, com novos amigos e uma vontade imensa de ali voltar.
Agradeço ao
Onésimo Teotónio Almeida e a todos os que amavalmente me deram sugestões para esta viagem, aqui no Cinco Quartos de Laranja.