Setembro é um mês de renovações. De regressos. Para mim, é como se começasse um novo ano. A cada Setembro há um retomar de rotinas. Pensam-se e definem-se novos projectos. Setembro marca o caminho para a chegada do fim-do-ano. Começam-se a contar os dias para o Natal. Mas antes temos ainda as vindimas. Apanham-se os últimos figos. Colhem-se as abóboras e os marmelos. Começamos a sonhar com as castanhas assadas. Os dias, pouco a pouco, tornam-se mais pequenos. As noites chegam mais frias. Em Setembro anuncia-se a mudança.
No início de Setembro estive na
Festa do Livro nos jardins do
Palácio de Belém. Uma iniciativa de louvar do actual Presidente da República. Ali encontrei amigas de longa data com quem adorei estar a conversar. Soube tão bem!
Fui até Santarém. Gosto sempre de regressar às origens. De matar saudades da família mais chegada. De passear com os cães. De passar a tarde na horta. Ora apanho figos. Ora vou dar milho às galinhas. Ora vejo se a pata está no choco. Será que os ovos vão nascer todos? - é a pergunta que fazemos sempre! Ora vou ver o borrego que acabou de nascer e que ainda tenta encontrar o equilíbrio das suas quatro patas. A cada dia que passa, valorizo cada vez mais estas pequenas coisas. A simplicidade das coisas da terra enche-nos a alma. Quem sente o calor de um ovo acabado de pôr, quem vê nascer um pinto, um porco ou outro animal, quem tem a sorte de ver crescer uma horta, acaba por valorizar a comida de outra maneira. Temos que ensinar às nossas crianças de onde vem a nossa comida e o esforço que é feito para nos chegar à mesa.
Em Setembro estive no
Congresso Gastronómico Estrella Damm. Ouvi vários
chefs nacionais e estrangeiros, entre eles Albert Adrià a falar de inovação. Também estive presente num dos dois dias do
Congresso Nacional dos Cozinheiros, dedicado à temática do risco. E ainda bem que corri o risco de estar presente num dos mais importantes congressos de cozinha da actualidade, em Portugal. Foi com agrado que vi várias apresentações de
chefs nacionais das quais destaco o
chef João Rodrigues, do
restaurante Feitoria, a mostrar cada vez mais a solidez do seu trabalho. Um Henrique Sá Pessoa que me apeteceu aplaudir de pé. Fiquei cheia de vontade de ir ao
Alma provar o prato criado a partir da receita tradicional de
Bacalhau à Brás, que o
chef intitulou
Calçada à Portuguesa. Criativo, surpreendente. Pelas apresentações do
chef pasteleiro Carlos Fernandes e do
chef Alexandre Silva fiquei curiosa com o trabalho que estão a desenvolver no
restaurante Loco. É bom ver
chefs a tentarem arriscar, a fazerem coisas diferentes, a criarem. Se queremos uma cozinha portuguesa de prestígio, com reconhecimento internacional temos que assumir o risco.
Em Setembro, tive também o privilégio de participar num atelier
Nespresso que teve lugar no
Mercado de Santa Clara, onde ouvi um produtor vindo do Brasil falar do que é produzir café para uma marca. Foi uma delícia ouvi-lo. O almoço servido esteve a cargo do
chef Ricardo Costa do
Yeatman. Este atelier serviu também para dar a conhecer os novos cafés da marca que estarão disponíveis apenas nos restaurantes com estrela
Michelin.
Entre passeios e saídas em trabalho, houve tempo para ler. Em Setembro escolhi
A Rapariga no Comboio de Paula Hawkins. Um livro que se lê de um fôlego. Não é uma obra genial de literatura, mas é um policial que nos desperta a vontade de querer chegar rapidamente ao final da história. Uma das coisas que gostei do livro foi abordar também a questão do alcoolismo, de como esta dependência tolda os sentidos, dá cabo da vida de algumas pessoas. Sorte a de quem se consegue libertar. Há alturas em que sabe bem ler livros assim. Agora, estou curiosa para ver a adaptação para cinema que penso que deve chegar durante o mês de Outubro aos cinemas.
Também em Setembro, voltei a um escritor que descobri recentemente e que estou a adorar, Afonso Cruz. Já leram alguma das suas obras? Comecei com um livro fininho mas delicioso com o título
Vamos Comprar um Poeta e agora estou quase a terminar outra das suas obras,
Flores, romance recentemente premiado. Um destes dias, a falar com uma amiga, sobre uma tese que defendia que o processo de sedentarização, entre outros factores, se deu porque o Homem queria fermentar os cereais para o fabrico de álcool. Durante a conversa, disse-me: - Tens que ler
Jesus Cristo Bebia Cerveja. Afonso Cruz defende algo idêntico. Já está na lista para as próximas leituras!
Setembro levou-me até Castelo Branco, onde
realizei um showcooking em boa companhia no espaço Merenda 6000, recentemente remodelado.
Em Setembro, tentei aproveitar a fruta da estação e fiz vários
doces e compotas. Apresentei-vos uma receita em vídeo de uma tentadora
mousse de chocolate branco com framboesas. Comecei um novo projecto intitulado
Vamos Fazer Pão, todas as sextas-feiras. Cresci com a minha mãe a fazer pão todas as semanas para a família. Ainda hoje faz um dos melhores pães que já tive a sorte de comer. Fazer pão em casa torna-se um hábito delicioso. Experimentem!
Retomei as minhas caminhadas. Tenho feito mais de 10.000 passos em cada uma delas, ou seja ando aproximadamente 1h30. Já caminhei pelo
Parque das Nações ou pelo
Parque da Bela Vista. Há por aí muitos fãs de caminhadas? Onde costumam caminhar?
Despedimo-nos de Setembro com um sorriso. Que Outubro nos traga, a todos, dias felizes. Que nos traga sonhos e alegria. Bem-vindo Outubro!