A minha primeira viagem a
Roma foi há muitos anos atrás. Fi-la na companhia da princesa Ana e do jornalista Joe Bradley, personagens do filme
Férias em Roma, interpretadas por
Audrey Hepburn e
Gregory Peck. Como eu me diverti e sonhei com as suas aventuras!
Este verão retornei a Roma, mas com outros companheiros de viagem, bem mais reais, a Graciete, o Nuno e o Ricardo. A nossa viagem de férias começou em Roma e passou por várias cidades italianas, terminando em
Milão.
Roma chama para si o peso da história de um império. É impossível ficar indiferente aos edifícios, às igrejas, às fontes que por todo o lado nos lembram a importância desta cidade, associada aos irmãos
Rómulo e Remo. Os vestígios da imponência de Roma e do seu império são visíveis. Em cada passo dado sentimos a presença de personagens importantes que fizeram história e marcaram a cultura a que chamamos nossa. O
Império Romano é relembrado a cada momento, nas estátuas dos vários imperadores, nas ruínas ou no imponente
Coliseu, que à noite, iluminado, atinge o seu esplendor. Quantas histórias escondem aquelas paredes? De gladiadores, escravos obrigados a combater? Quantas paixões, negócios e traições ali se terão executado? Trágico, mas simultaneamente misterioso e romântico.
Roma é uma cidade de amores. Foi aqui que a princesa Ana e Joe Bradley se apaixonaram um pelo outro. Os telhados com pequenos terraços cheios de flores deixam-nos a sonhar. Por todo o lado circulam vespas e ainda se encontram os famosos
Fiat Cinquecento. Em quase todas as praças encontramos artistas a vender as suas obras ou vendedores com interessantes reproduções de quadros. A vista da cidade ao pôr do sol a partir dos jardins da
Villa Borghese é inspiradora, a
Fontana di Trevi, mesmo apinhada de gente, tem um charme especial, as esplanadas, tudo isto nos transmite um ambiente convidativo ao
dolce far niente. No final do filme
Férias em Roma, a resposta à questão de um jornalista sobre qual seria a cidade europeia que mais a marcou, Ana, responde: - "Roma, sem sombra de dúvida, Roma!". Para mim, passou a ser uma das minhas cidades preferidas.
Roma é uma cidade de boa cozinha. A nossa primeira incursão gastronómica foi no restaurante
Antica Enoteca, numa ruazinha entre a
Piazza del Popolo, a
Piazza di Spagna e o rio, um espaço muito agradável, com frescos alusivos à produção de vinho. No centro do restaurante, junto a uma das paredes, encontramos um balcão comprido de madeira escura, onde é possível sentar e beber uma bebida. Aqui pedimos presunto de
Parma com
mozzarella de búfala, rolinhos de
bresaola com laranja, ravioli de carne com molho de cogumelos, tortellini de
ricotta com molho de quatro queijos,
tagliata de vaca com batatas. Acompanhámos a refeição com um vinho tinto Colle Ticchio. Para sobremesa escolhemos tiramisù e um mil folhas com morangos e
chantilly. Esta primeira refeição foi excelente. A comida estava óptima, principalmente os pratos de pasta.
Outras das refeições dignas de registo foi na
Osteria Pucci. Um restaurante de cozinha romana muito boa, situado no bairro
Trastevere. Bairro onde começa a história do livro
Receitas de Amor. Aqui comemos um carpaccio de polvo e alguns pratos de pasta. Escolhemos macarrão com molho de tomate e manjericão, Cacio e Pepe e lasanha. A comida agradou-nos imenso. Achámos que as pastas estavam excelentes. A massa fresca e um bom molho faz toda a diferença. Mas a revelação foi mesmo o prato Cacio e Pepe, tradicional de Roma e arredores. Uma receita tão simples, mas muito deliciosa. É apenas a combinação de massa cozida, esparguete por exemplo, queijo ralado e pimenta acabada de moer. Em alguns locais é servido num cestinho feito a partir de queijo fundido.
Em relação aos gelados, passámos pela gelataria Alberto Pica e pela mais antiga,
Giolitti. Em cada uma delas procurámos provar sabores diferentes. Adorámos o sabor a mirtilo que experimentámos na Giolitti. Ao pequeno almoço pedia invariavelmente um
cappuccino e um cornetto, a designação para croissant, em Roma.
Em Roma deliciei-me ainda com as imensas lojas de roupa e de sapatos de design italiano que encontramos por toda a cidade, perfumadas de puro luxo. Visitei a Basílica Papal
Santa Maria Maggiore, magnífica, o
Panteão - com o seu impressionante tecto abóbado, passei pelo
Monumento a Vittorio Emanuel II, conhecido como a máquina de escrever, dedicado ao primeiro Rei da Itália unificada e que actualmente serve de monumento ao soldado desconhecido, pelo
Campo di Fiori, pela
Piazza Navona, pelo
Arco de Constantino, passeei à beira rio e não resisti a tentar visitar a igreja de
Santa Maria in Cosmedin. Aqui a fila para entrar, como em muitos locais, era enorme. Tirei uma foto à
Boca da Verdade, onde Gregory Peck docemente engana Audrey Hepburn numa cena muito divertida e segui viagem por uma Roma inundada de turistas por todo o lado e onde atravessar uma passadeira é mesmo uma aventura.
Que mais se pode dizer de uma cidade com séculos de existência, com centenas de igrejas, por onde passaram vários povos, pano de fundo de milhares de estórias, ponto de encontro e de paixões. Onde se come e vive muito bem. Onde tudo me parece belo e charmoso. A mim, só me resta dizer que em Roma, a vida é bela!