Um dos blogues que faz parte das minhas leituras regulares, porque admiro o estilo, a sensibilidade e o bom gosto da autora, é o
Tea and Cookies. Quando a Tara anunciou que o seu livro
The Butcher and the Vegetarian estava à venda, eu não pensei duas vezes e comprei o livro, que entretanto já terminei.
Neste livro a autora,
Tara Austen Weaver conta-nos um pouco da sua vida através da relação com a carne. Tara nasceu e cresceu numa família de vegetarianos, mas por motivos de saúde os médicos recomendaram-lhe o consumo de carne. Assim começa a sua aventura e reflexão pelo mundo da carne e da alimentação em geral.
No livro Tara começa por nos explicar o que é viver numa família de vegetarianos e os constrangimentos que normalmente surgem quando se é criança e se brinca com outras crianças que não são vegetarianas. O esforço que a mãe fez para lhe proporcionar, a ela e ao irmão, boa comida e lhe explicar de onde vem a comida. Nesse contexto, a mãe chega a criar galinhas.
O livro relata também as primeiras vezes que Tara foi ao talho, onde inicialmente nem sabia o que haveria de pedir. Mostra-nos também a primeira vez que contactou com o processo de fabrico de enchidos. Conta-nos também algumas das suas experiências de cozinhar carne. Uma dessas histórias fala-nos do fascínio que a autora teve pelos
gaúchos argentinos, com os seus ponchos. Associado aos gaúchos acabou por cozinhar bife com
chimichurri (molho), um prato tradicional argentino, que me deixou curiosa. Pela descrição fiquei com vontade de experimentar.
Ainda em relação ao mundo dos cowboys, fala-nos de Ree,
The Pioneer Woman, que vive num rancho com a família, onde criam gado. Tara refere que ninguém escolhe esta profissão por ser um trabalho fácil. É um trabalho árduo e quem o escolhe é por paixão, pois os animais necessitam de cuidados sete dias por semana.
Comovi-me com as palavra que a autora escreve em relação ao pai. Não compreende o que é que correu tão mal para que o pai, nem a queira ter conhecido e nem sequer manter o contacto. A vida continua, mas ninguém sai sem cicatrizes duma situação deste género. Quando o pai morreu, por nunca ter vivido em família com ele e não tendo memórias dele, pensou que com a sua morte não estivesse a perder algo. Outro aspecto pessoal que me tocou foi uma revelação. Um amigo da mãe, a quem ela e o irmão chegaram a ser confiados, que lhes chegou a fazer sandes de presunto com manteiga, lhe fez coisas que nenhum homem de 56 anos é suposto fazer a uma menina. Diz ela, que dessa experiência concluiu que o presunto e a manteiga só podem conduzir a coisas más.
É feita também referência a
Michael Pollan e ao seu livro
O Dilema do Omnívoro, especialmente ao processo de produção da carne de vaca que Michael descreve através da experiência que faz com um bezerro que compra e vai acompanhando o processo de engorda com milho, que os torna doentes e por isso lhes é dado antibióticos. Com 14, 16 meses são mortos porque aguentam pouco mais a dieta à base de milho a que são sujeitos e que vai contra a sua natureza, pois são herbívoros. Esta é a forma industrial de produzir carne que entra no mercado a baixo preço, no entanto também existem criadores que procuram produzir carne de qualidade com animais criados a erva. O importante é o consumidor, em primeiro lugar preocupar-se com o que come, com a origem do que come e depois escolher.
Tara refere que alguns ídolos da sua adolescência (ex:
Deborah Madison) que eram vegetarianos, começaram a comer carne criada de forma sustentável. "Fazer parte do circuito local de comida (...) significa comer bife." É importante apoiar os produtores da boa carne, que estão a fazer o que é certo. Por outro lado, também existe a teoria "comê-los para os salvar". A produção animal em larga escala está centrada em poucas espécies animais e quanto maior for o respectivo incentivo, maior ou mais alargada poderá ser a produção e garantir que algumas espécies não sejam extintas.
Bem, já falei mais do livro do que inicialmente tinha pensado fazer. Em jeito de conclusão, a obra
The Butcher and the Vegetarian procura transmitir a mensagem que se comemos carne devemo-nos certificar que é de boa qualidade, vinda de um produtor em quem podemos confiar, há algo de muito especial em comprar a nossa comida a quem trabalha arduamente para a produzir e até conhecer o que iremos comer, não tem problema nenhum. Outra mensagem que é passada é a importância de reduzir o consumo de carne. A autora, não nos tenta converter ao vegetarianismo, procura sim, que as escolhas daquilo que comemos sejam mais exigentes.
Apesar de ter nascido numa família em que a carne é valorizada e criada de uma forma muito carinhosa, tenho consciência que também devo diminuir o seu consumo. Por isso a minha sugestão é uma salada onde privilegio os legumes, mas sem deixar de colocar alguma proteína animal.
Ingredientes:
4 ovos cozidos
400 g de batatas cozidas
250 g de ervilhas cozidas
40g de folhas de agrião
10 bagas de alcaparras
pimenta preta de moinho
0,5 dl de azeite
2 colheres de sopa de vinagre de vinho branco
sal q.b.
1. Numa taça misturar os ovos cortados com as batatas em cubos, as ervilhas, agriões e as alcaparras.
2. Temperar com sal, pimenta, azeite e vinagre a gosto.
Esta salada fica muito agradável. Fi-la para aproveitar as ervilhas frescas e as batatas novas que chegaram à minha cozinha, há uns tempos. Só coloquei ovos, mas poderá ser enriquecida com camarão ou outro ingrediente a gosto.