Há uns tempos atrás, li o romance Longe de Manaus de Francisco José Viegas. Acompanhei os passos do detective Jaime Ramos na investigação de um crime que liga Portugal e o Brasil, mais concretamente à cidade de Manaus.
Francisco José Viegas é um respeitado autor nacional, que se tem destacado na área do romance, na crónica jornalística e gastronómica, na rádio e na televisão. Acompanhei sempre com interesse as suas crónicas (O Cozinheiro Ideal e À Mesa) na revista Grande Reportagem e que ainda hoje guardo. Que pena esta publicação ter acabado!
Mas voltando ao romance policial Longe de Manaus. A determinada altura o personagem Jaime Ramos cozinha um arroz que me deixou cheia de vontade de experimentar, quase que consegui sentir o cheirinho do refogado de tomate e do pimento a invadir os meus sentidos. Como eu gostava de me ter sentado à mesa, nesse dia, com Jaime Ramos e Ramiro.
Francisco José Viegas escreveu assim:
«(...) Jaime Ramos tinha terminado de fazer em lascas o bacalhau apenas escaldado e arrefecido de seguida no parapeito da janela. A água onde fervera durante três minutos o bacalhau fora acrescentada ao refogado de cebola, alhos, tomate, meio pimento verde e meio pimento vermelho. Quando chegou a hora de acrescentar o arroz ao caldo, juntamente com o bacalhau desfeito em lascas, procurou o resto dos pimentos, um molho de salsa, duas malaguetas douradas, uma folha de louro – e olhou para o tacho com melancolia, tapando-o.» (p.198)
Ora bem, como esta receita tinha povoado a minha imaginação, hoje resolvi pô-la em prática. Fiz assim:
1. Cozi durante sensivelmente três minutos duas postas de bacalhau (usei postas de bacalhau congeladas, já previamente demolhadas). Retirei o bacalhau e deixei arrefecer. Reservei a água.
2. Para um tacho, piquei uma cebola, 4 dentes de alhos. Reguei com azeite e levei ao lume.
3. Limpei de peles e sementes 3 tomates grandes e bem madurinhos. Cortei-os em pedaçinhos e juntei ao refogado da cebola e alho.
4. De seguida, cortei 1/2 pimento verde e 1/2 pimento vermelho. Adicionei ao refogado. Deixei cozinhar um pouco.
5. Antes de adicionar 2 chávenas de chá de arroz, juntei ao refogado a água de cozedura do bacalhau. Assim que a água levantou fervura, juntei o bacalhau previamente desfiado, o arroz, 2 piripiris, 2 folhas de louro e um ramo de salsa. Adicionei também um pouco de sal.
6. Tapei o tacho e deixei cozinhar.
Segui, praticamente todas as indicações de Jaime Ramos, excepto a utilização do resto dos pimentos.
Assim que vi que o arroz já estava cozido servi de imediato, pois eu gosto dele malandrinho. Tal como Jaime Ramos fez, eu também acompanhei este arroz com uma garrafa de vinho. Escolhi um vinho branco meio seco do Douro, Grandjó de 2006.
Querem vir almoçar?
22 comentários :
Que maravilha, adorei a receita e o seu relato.
Fiquei assim cheia de vontade de ler o livro, e claro, de provar esse arroz que tem um aspecto, hummm... delicioso.
Eu quero, já estou indo, podes por favor reservar uma lugar à mesa para mim!
Que delícia!
Beijinhos,
ja estou indo! ;-))
um beijo,
Está com um aspecto divinal.
beijo
Eu ia, mas não sei onde mora, por isso vou fazer esta receita do FJV e o almoço é aqui em casa...!
Eu quero...
Fez-me lembrar Eça de Queiroz e as sugestões de receitas que ele vai deixando nas suas obras e que às vezes me apetecem reconstituir...
Belo arroz!
Olha que pena, já vim tarde. Será que ainda há um restinho para o jantar?
Esse arrozinho está perfeito, laranjinha!! Para a próxima experimenta fazer com umas pataniscas...eu não resisto a fazer este arroz com as pataniscas!! Mas esse está um autêntico regalo! :o)
Beijos
De deixar água na boca!!!
Beijinhos
tenho que ver se encontro esse livro para mim, pois se a leitura for tão boa como o aspecto desse prato, vou ficar deliciada.
Era perfeito se não fosse vegetariana, mas mesmo assim é de dar os parabéns a pessoas que cultivam o gosto de comer e fazê-lo, que para mim é o mais chato, mas gostei.
Ah...conheci-te por a Maria alfazema que é tua fã, com toda a certeza.
Bjs e bons cozinhados
Não fosse a hora até que dava uma chegadinha aí. Porém já é noite e agora o arroz com certeza já se foi.
Acho que vou fazer arroz para o almoço.
Que lindo esse arroz?!?! Adorei!
k maravilha de arroz de bacalhau salivei mesmo agora mesmo o meu almoço vai ser arroz de polvo..........bjokas
Fico cheio de orgulho ao ver a minha receita publicada no sue blog. E fico cheio de apetite ao lê-la. Obrigado. Francisco J. V.
Faltam as pataniscas do mesmo. Experimentei hoje com uma receita própria daquelas e acertei em cheio. Posso mandar-lhe a receita.
Vou partilhar consigo outra receita de arroz de bacalhau que se faz por terras alentejanas: faz-se um refogado com alhos, espinafres e coentros, adiciona-se o bacalhau laminado. De seguida o arroz, que refoga, depois água e sal e por fim, perto do fim da cozedura, acrescentam-se ovos a escalfar. Maravilhoso!
Margot,
fiquei com água na boca. Gostei da sugestão. Tenho que experimentar.
Obrigada.
Um beijinho.
vou fazer segunda feira para vinte pessoas , vou usar esta criaçao , sair da tradicional receita de risoto, obrigado , qto ao livro tambem vou procurar.
Obrigado pela receita! Vou fazer hoje!🤗😋
Vou experimentar.....mas parece muito bom.......
Enviar um comentário