O Pico atrai-nos, fascina-nos, capta para si a atenção. Quer queiramos ou não, damos por nós a contemplar o Pico. Ora atravessado ou coberto de nuvens, ora limpo e a reflectir, consoante a hora do dia, diferentes tonalidades como refere Raul Brandão:
"Hoje decidiu morrer em violeta, mas, antes de morrer, passa por todos os tons do violeta. Desfalece e por fim envolve-se numa nuvem para o não vermos exalar o último suspiro. Desconfio que foi posto ali de propósito e à distância calculada para nos atrair e encantar. Nas noites de luar é um fantasma branco e imóvel. A gente espera que ele se mexa. Nas noites negras é um fantasma negro e trágico que se vai pregar na escuridão. Passo dias a olhar para ele. (...)
Espero a hora de assombro em que esta montanha enorme emerge toda vermelha do mar verde, num céu que empalidece e com a nuvem cor-de-rosa agarrada a um dos flancos. É um espectáculo extraordinário - delicado e extraordinário: a vida da nuvem e a cor da montanha. Na base manchas roxas - verdura de pinhais, e no alto o barrete vermelho aguçado até à extremidade." in As Ilhas Desconhecidas.
A minha visita ao Pico começou com um reconhecimento da ilha. Pegámos no carro e fomos contornando a costa, parando em tudo o que era miradouro ou local que permitisse ir ao banho. A paisagem do Pico tem características diferentes das outras ilhas, apesar do verde, das vacas a pastar a céu aberto e claramente felizes, das hortências, das escarpas verdes e húmidas, o Pico é das ilhas mais negras, onde o basalto negro se mostra vivo e intenso, especialmente na parte entre Cachorro e a Criação Velha.
Ao longo da ilha os campos cultivados e murados a pedras são dominados pela cultura do milho, inhame e batata-doce. As figueiras nalgumas partes da ilha são baixinhas, estendem os ramos junto ao solo e deitam assim os seus frutos protegidos da força do vento. Aprendi que as gentes do Pico costumam untar os figos para ajudá-los a amadurecer. Untar os figos consiste em usar uma varinha com algodão na ponta mergulhada em gordura, especialmente azeite. Os figos são untados na ponta e passados cerca de nove dias estão prontos a serem colhidos.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhl__OfAa0lIXBkGdBV7zW-0A7pGd_HcrAoDwC1f70RoS63PD1J6XHP_3TA9hYJA6W-IBWW5mqz1Eec7u_BEpV9PIGnYb3vd5pKfYpQygen7UHIFsc365bW9etU_4chFmPA8H1eg/s400/casa_ilha_do_Pico.jpg)
A ilha também produz vinho. As vinhas estão nos famosos currais. Espaços murados a pedra de basalto que permitem proteger do vento e fornecer às videiras o calor suficiente para a maturação da uva. Os vinhos do Pico que provámos, Frei Gigante, Terras de Lava branco e Terras de Lava tinto, têm sido uma verdadeira descoberta. Para além dos vinhos também encontramos diversos licores: mel, amora, funcho, figo, entre outros e a famosa "Angélica". A ilha é também produtora de queijo. O mais afamado é o queijo de São João do Pico, também conhecido como queijo do Pico.
A gastronomia no Pico é rica e variada. Desde o peixe fresco, passando pelos crustáceos, moluscos até às carnes, encontramos várias propostas. No entanto, as nossas experiências gastronómicas, em restaurantes, dignas de destaque no Pico foram duas.
A descoberta do restaurante O Ponta da Ilha, em Manhenha, foi por acaso. Nesse dia andávamos com dois amigos, o João e a Rita, a explorar a ponta sul da ilha. Depois de sairmos da Baía de Engrade e com a fome a apertar decidimos ir almoçar e não demorou muito a encontrarmos um sinal a indicar o referido restaurante.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguITCglFuSdcLkBoh4qOjkuY8dPTwyd71vfv49qkwIRk1mGOmjWr3zCIiceb3mcbufKOHhZBy1uOMCRSJL2fzU6wviqRUlxtNcCG307KTW0p9Qufv6vgjsHpLTTKGXTAYB18YPnw/s400/Queijo_fresco_com_massa_de_malagueta.jpg)
Começámos a nossa refeição com umas entradinhas: queijo fresco com massa de malagueta (muito comum nos restaurante açorianos), linguiça e morcela.
Para pratos principais deliciámo-nos com peixão grelhado, polvo guisado e lulas grelhadas. Para beber, uma garrafa de Frei Gigante.
Outra das refeições que nos agradou foi no restaurante da Aldeia da Fonte. O dia estava quente e abafado e, escolhemos uma mesa na esplanada, à sombra, debaixo dos plátanos. Ali pouco mais se ouvia que o cantar de um ou outro passarinho que se aproximava.
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Começámos o nosso repasto com uma roda açoriana: linguiça, morcela, inhame, favas e laranja. De seguida regalámo-nos com Polvo à Aldeia da Fonte e Novilho assado. A carne de novilho era tenra, quase que se desfazia. Muito boa. O polvo era suculento e apetitoso. Refrescámos o nosso paladar com uma garrafa de Terras de Lava branco fresquinho.
A nossa visita à ilha do Pico ainda envolveu uma visita ao Museu do Vinho, um passeio no mar para observar de perto baleias e golfinhos, a visita a uma adega, várias travessias pelo interior da ilha para contemplar a paisagem e as lagoas e, algumas idas ao banho. Por fazer ficou principalmente a subida ao Pico.
"Hoje decidiu morrer em violeta, mas, antes de morrer, passa por todos os tons do violeta. Desfalece e por fim envolve-se numa nuvem para o não vermos exalar o último suspiro. Desconfio que foi posto ali de propósito e à distância calculada para nos atrair e encantar. Nas noites de luar é um fantasma branco e imóvel. A gente espera que ele se mexa. Nas noites negras é um fantasma negro e trágico que se vai pregar na escuridão. Passo dias a olhar para ele. (...)
Espero a hora de assombro em que esta montanha enorme emerge toda vermelha do mar verde, num céu que empalidece e com a nuvem cor-de-rosa agarrada a um dos flancos. É um espectáculo extraordinário - delicado e extraordinário: a vida da nuvem e a cor da montanha. Na base manchas roxas - verdura de pinhais, e no alto o barrete vermelho aguçado até à extremidade." in As Ilhas Desconhecidas.
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Ao longo da ilha os campos cultivados e murados a pedras são dominados pela cultura do milho, inhame e batata-doce. As figueiras nalgumas partes da ilha são baixinhas, estendem os ramos junto ao solo e deitam assim os seus frutos protegidos da força do vento. Aprendi que as gentes do Pico costumam untar os figos para ajudá-los a amadurecer. Untar os figos consiste em usar uma varinha com algodão na ponta mergulhada em gordura, especialmente azeite. Os figos são untados na ponta e passados cerca de nove dias estão prontos a serem colhidos.
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A ilha também produz vinho. As vinhas estão nos famosos currais. Espaços murados a pedra de basalto que permitem proteger do vento e fornecer às videiras o calor suficiente para a maturação da uva. Os vinhos do Pico que provámos, Frei Gigante, Terras de Lava branco e Terras de Lava tinto, têm sido uma verdadeira descoberta. Para além dos vinhos também encontramos diversos licores: mel, amora, funcho, figo, entre outros e a famosa "Angélica". A ilha é também produtora de queijo. O mais afamado é o queijo de São João do Pico, também conhecido como queijo do Pico.
A gastronomia no Pico é rica e variada. Desde o peixe fresco, passando pelos crustáceos, moluscos até às carnes, encontramos várias propostas. No entanto, as nossas experiências gastronómicas, em restaurantes, dignas de destaque no Pico foram duas.
A descoberta do restaurante O Ponta da Ilha, em Manhenha, foi por acaso. Nesse dia andávamos com dois amigos, o João e a Rita, a explorar a ponta sul da ilha. Depois de sairmos da Baía de Engrade e com a fome a apertar decidimos ir almoçar e não demorou muito a encontrarmos um sinal a indicar o referido restaurante.
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12 comentários :
Que comidinhas mais apetitosas e as paisagens lindas...
Aposto que essa paisagem abre o apetito mesmo e que bela comidinha para o saciar :)
Também gosto muito do Pico.
Vejo que andaram sempre muito bem alimentados :P
Obrigada, por nos presentear com essas maravilhosas imagens!
Gostei muito do seu blog e coloquei um link no meu. Também usei uma imagem de um tomate, espero que não se importe... E gostei muito de lembrar os Açores onde também já passei momentos maravilhosos.
Luisa
Cada foto que aqui vejo abre-me ainda mais o apetite!!!
Também quero conhecer os Açores e só de ler e ver este post ainda me dá mais vontade.
Bjs
Que delícia de post. Fiquei com vontade de voltar aos Açores. Também passei bons momentos no Pico.
Beijinhos.
Susna B.
a começar pelas paisagens a acabando na comida e toda a descriçao feita ainda tenho mais vontade de ir aos açores.
beijinhos
Que inveja. Que lugar lindo...e os petiscos não ficam nada atrás!
Quero agradecer a mensagem que passou da minha ilha. É mágica, imponente e traz em suas entranhas a força, bravura e carinho dos seus habitantes.A famosa Angelica é uma das deliciosas bebidas que aquece a alma dos forasteiros e adocica a vida solitária de um ilhéu... Majestosa, que se ergue no mar de sonhos.. PICO
Muito obrigada pelo seu post sobre o nosso restaurante Fonte Cuisine, do Hotel Aldeia da Fonte.
Tem que nos visitar de novo. Nas épocas baixa e média temos 2 Buffets: comida Chinesa às sextas feiras, "Sabores do Mundo" ao almoço de domingo.
Entretanto visite a nossa página http://aldeiadafonte.com/restaurante-fonte-cuisine.html
Boas Festas e um Próspero Ano Novo
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