segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Janeiro, foi assim ...


Janeiro é sempre um mês frio, com chuva e manhãs de denso nevoeiro. Mas este mês que passou, foi um Janeiro de muitos dias de céu azul e raios de sol que sorriram por entre as nuvens brancas e nos aqueceram o corpo e a alma. Eu confesso que adoro dias cheios de luz. Trazem-nos mais energia. Mais vontade de fazer coisas. Mas Janeiro é assim. Um mês para usarmos gorros, os casacos e cachecóis quentinhos. Um mês para saborearmos o prazer de estar em frente à lareira, a ouvir o crepitar da lenha a ceder aos encantos das chamas. De beber chocolate quente, ou uma chávena de chá, a fumegar. É um mês para fazer pratos de forno e saborear um bolo ao Domingo.

No primeiro dia do mês de Janeiro, gosto de ir ver o mar, de ouvir o som das ondas a chegar à praia, de olhar para o céu a partir do areal. Há qualquer coisa de tranquilizador neste passeio. É como se, depois, o ano já pudesse começar com o seu ritmo desenfreado. Durante a caminhada, o Ricardo e eu, fazemos como que uma espécie de balanço do ano que terminou. É um momento para falarmos. A mudança de contexto ajuda a isso mesmo. E falamos do que nos faz felizes e do que queremos melhorar na nossa vida. Do que é que sentimos falta? Do que é que não gostamos nas nossas rotinas ou na maneira como trabalhamos em conjunto? Reflectimos e definimos pequenas coisas para fazermos a dois. Pensamos em objectivos ou até mudanças de hábitos no sentido de termos uma vida mais equilibrada. É importante avaliarmos o que queremos manter e quais os caminhos que queremos traçar de forma diferente. E isto é válido para as pequenas coisas, como para as grandes decisões. Este passeio é nosso. É a nossa tradição de primeiro dia do ano! É tão bom termos pequenas coisas a que o coração se pode agarrar.


Aproveitei os primeiros dias de Janeiro para descansar um pouco. Planear os primeiros workshops do ano e ler. Sabem como adoro ler, e sempre que posso, leio mais do que um livro ao mesmo tempo. Para o mês de Janeiro, escolhi o romance de Joel Neto, Arquipélago. Um romance de regresso às origens. À terra. É um reencontro de um homem consigo e com o seu passado, no Lugar dos Dois Caminhos, na Ilha Terceira. Joel Neto conduz-nos numa viagem pelos lugares mais emblemáticos da ilha, fala-nos dos hábitos e tradições da sua terra. Mostra-nos os problemas que os lugares pequenos podem evidenciar na vida de todos os dias de quem lá vive. Os conflitos. Os olhares. As suposições. E o mar sempre em volta. Um romance delicioso.

Consegui ler também a obra de Ruth Reichl, Delicious. Achei a história tão doce. Quando a revista Delicious encerra, Billie fica responsável por continuar a dar resposta às solicitações dos consumidores. Um dia, ao procurar uma receita a pedido de uma leitora descobre uma carta de uma jovem dirigida a James Beard, escrita durante a Segunda Guerra Mundial. E depois dessa, vai descobrir mais cartas, escondidas. As cartas escritas por Lulu Swan tocam-nos o coração e deixam-nos perceber muitas das privações que as famílias americanas tiveram na altura. Quando a revista encerra de vez, Billie decide ir procurar Lulu. Será que ainda está viva? Têm que ler!


Este ano decidi continuar o Projecto 365, de tirar uma fotografia por dia. O primeiro ano que comecei o projecto foi com a máquina fotográfica, mas agora, com o telemóvel, acaba por ser mais instantâneo e fácil de realizar. O ano passado correu muito bem. Podem ir acompanhando as minhas histórias diárias em fotografia na página de Instagram do Cinco Quartos de Laranja.


Nos finais de Janeiro, fui conhecer o novo projecto do chef Tanka Sapkota, Il Mercato, no Páteo Bagatela, em Lisboa. Um espaço dedicado aos sabores italianos, com um mercado onde se podem comprar muitos dos bons produtos usadas na cozinha italiana.

Em Janeiro voltei ao mercado, que se realiza aos Domingos de manhã, perto da minha casa. Ir ao mercado é uma viagem de cores e cheiros que me fascina. Apanhei laranjas no quintal dos meus pais. Voltar à terra é, para mim, sinal de conforto. Dá-me uma alegria tão especial. Olhei muitas vezes para o céu. Comprei flores para as jarras que tenho na sala e na cozinha. Gosto tanto de ter flores em casa. É trazer mais um pouco de alegria para a nossa vida. Voltei a preparar os pequenos-almoços, para dois, ao Domingo. Reuni-me com amigas num almoço memorável. Sabe tão bem matar saudades dos amigos numa tarde de muita conversa, risos e com troca de ideias positivas.


Janeiro é um mês de balanços. Um mês para tomar fôlego e continuar a acreditar que vamos conseguir. Que o melhor ainda está para vir. E que a força que nos move é feita da mesma matéria que os sonhos. 2017 só pode ser um grande ano!


Adeus Janeiro, até para o ano! Que Fevereiro nos traga dias de festa. Que nos traga força para continuar a tentar fazer melhor, que nos dê ânimo para aprendermos a olhar mais para nós e para aqueles que realmente importam. Que nos ajude, no dia-a-dia, a dar importância ao que é verdadeiramente essencial e a deixar ir tudo o que se revela como acessório. E que nos permita, a todos, sermos muito felizes!

1 comentário :

As coisas dela disse...

Que fevereiro seja ainda melhor :)