segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Apontamentos gastronómicos de uma viagem a S. Jorge III

O terceiro dia na ilha voltou a acordar com chuva. Mas ao longo do dia o Sol foi aparecendo. Depois de uma visita ao Museu Francisco Lacerda na Calheta, seguimos viagem em direcção a Rosais. O objectivo era visitar a Fajã de João Dias, mas como as placas com indicações eram raras, demos por nós a visitar o parque florestal das Sete Fontes. Seguimos viagem por Santo António, Urzelina e depois Porto Manadas.

Antes do almoço ainda fomos visitar a fábrica de queijo Lourais. Visitámos a nova unidade industrial e o antigo armazém. Tivemos a possibilidade de ver como é que o queijo é tratado depois da cura. Primeiro é todo raspado e, depois com uma esponja mergulhada num líquido branco, é encerado ou como ouvi, "leva o plástico". Depois deste processo, a casca do queijo fica brilhante.

O queijo S. Jorge, Denominação de Origem Protegida, surge em dois tipos que são determinados pelo tempo de cura. A base do queijo é a mesma, o que difere é o tempo de cura. Temos, como ali se diz, o queijo frescal e o queijo velho, com mais tempo de cura e que fica ligeiramente picante.

Neste dia para almoçar escolhemos o restaurante Fornos de Lava, em Santo Amaro. Começámos com as famosas Amêijoas da Fajã da Caldeira de Santo Cristo e seguimos para uma Cataplana de Arroz de Peixe e Camarão. As amêijoas estavam boas, mas estariam muito melhores senão fossem congeladas, pois em Agosto as amêijoas estão no período de reprodução.

Em conversa com a dona do restaurante descobri que havia ali em Santo Amaro a Queijaria Canada, que andava a tentar descobrir desde que ali tinha chegado.

Depois do almoço, seguimos viagem e fomos até à Fajã dos Cubres para fazer daí o percurso a pé até à Fajã da Caldeira de Santo Cristo, onde se encontra o viveiro das famosas amêijoas da ilha.

A ligação entre a Fajã dos Cubres e a Fajã da Caldeira de Santo Cristo é feita por "estrada" , ou melhor um caminho de terra batida irregular onde circulam pessoas e apenas motoquatro, dado as condições do terreno. É uma experiência única. São no total oito km de caminhada, quatro para cada lado. O ambiente é quase tropical. Muita vegetação, ambiente húmido e abafado. Ao longo do percurso somos acompanhados pelo chilrear dos pássaros, e pelo barulho das ondas ou da rebentação nas pedras. Inesquecível.

O nosso último dia na ilha começou com a visita à Queijaria Canada, uma unidade de produção familiar e onde pudemos acompanhar todo o processo de fabrico do queijo. O queijo Canada só se encontra à venda nas ilhas do grupo central. A produção não é suficiente para chegar ao continente.

O almoço foi no Restaurante Velense, em Velas, e não foi nada de especial. Escolhi um Boca Negra grelhado e arrependi-me logo assim que ele chegou à mesa. No entanto, dei o benefício da dúvida, apesar de achar estranho o peixe estar a ser servido sem cabeça. Assim que comecei, arrependi-me. Não era fresco. Foi a pior experiência gastronómica que vivi em S. Jorge.

Apesar do almoço ter sido para esquecer, a tarde foi maravilhosa. Depois da visita à Ponta dos Rosais fomos dar uma volta de barco. O objectivo era seguir os passos do escritor Onésimo Teotónio Almeida, mentor desta nossa viagem, e efectuar um percurso de barco por ele sugerido.

À noite sentamo-nos à mesa no restaurante Açor, em Velas, com o Francisco, o Lino, a Ana, o filho destes e um amigo americano. Boa comida e boa conversa.

A nossa viagem à ilha de S. Jorge não poderia ter terminado da melhor forma, com novos amigos e uma vontade imensa de ali voltar.

Agradeço ao Onésimo Teotónio Almeida e a todos os que amavalmente me deram sugestões para esta viagem, aqui no Cinco Quartos de Laranja.

5 comentários :

Manuela © disse...

S. Jorge é uma ilha muito bonita.

Sempre que lá vou não dispenso a caminhada até à Caldeira de Santo Cristo! Vale a pena :)

Isabel (pipoka) disse...

Como apaixonada por S. Jorge, li com paixão estes teus relatos sobre as férias.

bjs

Luis Eme disse...

muito nos contas, Laranjinha...

S. Jorge, só vi a ilha de avião (e é linda, apesar de parecer mais estreia do que é...) e também do Pico, e ao longe, do Fayal...

abraço

Anónimo disse...

Que belas ementas e que bela viagem!

Espero que te tenhas divertido muito!

Beijinhos

Unknown disse...

Olá! Estava à procura de fotografias da ilha e encontrei o seu blog. Fiquei contente com a forma como descreve esta ilha, acho que realmente vale a pena visitar este cantinho...A falta de placas é de facto um dos problemas mas espero que não deixe de continuar a visitar-nos :)

Continuação de Bom dia!