quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Um almoço de peixe grelhado ou a estória de um adeus ao quintal ...

Não me lembrava do quão difíceis são as mudanças. O tempo que gastamos a seleccionar o que se quer e o que já não vale a pena guardar, de seguida colocar em caixotes, caixotes e mais caixotes. Mas o mais difícil ainda é decidir sobre as coisas a que não sabemos dar destino. Ao longo dos anos vamos acumulando coisas que achamos que nos serão muito úteis, usamos uma ou duas vezes e ficam caídas no esquecimento de uma prateleira ou de uma gaveta. Com as mudanças reaparecem - quase como um milagre! - e colocam-nos num dilema: guardar ou não guardar? Mesmo sabendo que as usámos apenas duas ou três vezes em anos a fio e que o mais provável é não voltarmos a usar, no final ainda temos dúvidas!? É curioso como nos agarramos aos objectos e pensamos sempre que talvez um dia, num futuro (muuuuito) distante, poderemos vir a precisar! :)

Nos últimos dias estive de volta das arrumações para a mudança, que ainda não está concluída, mas já falta muito pouco. Desta casa, uma das coisas que me vai deixar saudades é o quintal. Sempre que recebia visitas, pela primeira vez, em casa, regra geral tocavam primeiro para o andar debaixo e só depois de saberem que estavam enganados, tocavam para o (nosso) segundo. Curioso, um segundo andar ter quintal no meio de Lisboa, não é?

O quintal é um espaço mesmo muito especial. No meio da cidade, mas resguardado do reboliço citadino, com várias árvores, flores, ervas aromáticas e onde passei muitos bons momentos com a família e alguns amigos, quase sempre à volta da mesa. E antes de sair, no domingo passado aproveitei para ter o último almoço, a dois, no quintal. Como era no quintal, não poderia deixar de ser um grelhado. O peixe escolhido foi o sargo e a receita encontrei-a no livro de José Carlos Rodrigues, Grelhados - Um saber bem português, editado pela Casa das Letras, que muito nos acompanhou nas aventuras da grelha.


Ingredientes:
sargos para grelhar
sal
azeite
um raminho de poejos

1. Temperar os sargos colocando sal nas guelras.

2. Untar os peixes, se escamados, com azeite. Levar a grelhar.

3. Depois do peixe grelhado, salpicar com o poejo fresco picado e um fio de azeite.

O peixe fica muito agradável com o sabor do poejo. Acompanhei o peixe com uma salda mista de tomate, rábano e pimento verde assado.

O dia esteve solarengo e bonito. A refeição deixou-nos satisfeitos e reconfortados com a ideia da partida. No próximo sábado fazemos a despedida com a família.

15 comentários :

Suzana disse...

Minha querida Laranjinha,
Sei bem a mistura de sentimentos alegres e um bocadinho tristes que estás a sentir e o dilema que se sente em relação às coisas que vamos guardando. Sei que a nova casa vai trazer muitas coisas boas e desejo-vos as maiores felicidades.

Bj enorme*

Nanyca disse...

Laranjinha,

neste momento também estou numa fase de remodelações e ainda ontem vivi este dilema de ter que tirar as ditas coisas que vamos acumulando e ter que nos desfazer de muitas delas....
Então toca a comprar as caixas de arrumação e fechar os olhos para guardar o menos de coisas possiveis....por muito que doa mas tem que ser forte....e la deitamos uma lágrima principalmente quando são coisas dos nossos filhos do tempo de bébé e a dor é como se nos arrancassem o coração...
e isso tudo pode levar-nos um dia inteiro quando podia ter levado 2-3h.....
Como te compreendo ;o))
Tudo de bom na sua nova casa!!! ;o))

Gisela disse...

Laranjinha,
é mesmo muito dificil desfazermo-nos de certas coisas que como dizes, não servem para nada, mas são nossas e recordações não faltam quando pegamos nelas.
Muitas felicidades para a casa nova, e obrigada pelo peixinho
beijinhos aos dois

Tuquinha disse...

É um dilema sim......já passei por isso e sei bem o quanto custou deixar para trás objectos,"tralhas" que tantas lembranças boas me traziam...no entanto tive que pensar: "quem muda Deus ajuda" e ajudou permitindo que ainda hoje eu recorde com muita saudade e carinho tudo aquilo que ficou e que jamais esquecerei.
Desejo de coração que esta mudança lhe traga tudo aquilo que sonhou e que na nova casa consiga concretizar todos os sonhos que idealizou para tal...
Beijinhos e felicidades

Marina Mott disse...

Que lindo seu quintal! Você encontrará muitas alegrias na nova casa e em todos os cantos da vida, que te compensarão a perda desse quintal, que, na verdade, já foi um privilégio você ter!! Um beijo!

ameixa seca disse...

Nunca tive quintal, apesar de ter pátios ao redor da casa, mas não há nada como um pedacinho de terra :) Deve ser difícil a mudança! O peixe deve ficar uma delícia com o poejo :)

Susana Gomes disse...

Eu compreendo-te porque tb sou muito apegada às minhas coisas... O valor das memórias, seja dos objectos, de um quintal, das cores das flores ou do cheiro dos grelhados, torna-se bem evidente na altura de nos despedirmos.
Mas o que importa é que depois do adeus, vem outra história por escrever.
Beijinhos

Ana disse...

Esse quintal por acaso não está para alugar agora que vai ficar livre?

Pami Sami disse...

Bem sei todo o tumulto interior e exterior que trazem as mudanças... Força, desejo-te as maiores felicidades! Tudo de bom! E boas criações! Beijinho*

Miguel disse...

Olá Laranjinha,
É mesma uma despedida da casa, do quintal e do Verão a lembrar esses grelhados.
Talvez o quintal venha a ter um novo dono que se empenhe em lhe dar seguimento (flores, ervas aromáticas, almoços, amigos,...)
Um abraço.
Miguel (Cozinha Sem Tabus)

Ladyhari disse...

Já começo a ficar com saudades do quintal... estou a ver que no sábado vão todos chorar...

Raquel Alabaça disse...

Realmente, ter um pouco de terra é muito útil e faz bem à alma.
Pode ser que consigas ter um pedaço na casa nova, através de vasos.

Poejo é coisa que não tenho no meu quintal e é tão bom, até nas sopas.

Beijinho

Maria Lúcia disse...

Oi
Nem me fale de mudança
tanta coisa pra guardar
e outras pra doar.
Eu mudei pra um lugar
menor.
Vai ficar as fotos
desse lugar muito bonito.
E a ultima refeição pra contar
história.
Esse grelhado está uma gostosura.
Beijos...
Lúcia

moranguita disse...

laranjinha as mudanças ciustam sempre porque no apegamos aos locais por onde passamos
espero que a mudança seja para melhor e espero ver aqui historias com boas memorias
beijinhos

Olguinha disse...

que coisas gostosas e partilhadas com amor são mil vezes mais pareciadas!