quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Filetes de cavala e cuscuz com tomate cereja e laranja


Nos últimos tempos só se tem ouvido falar de crise. A crise chegou e instalou-se nas nossas vidas. Se fosse uma senhora, as notícias caracterizariam-na, como pouco simpática, avarenta e que torna a vida dos outros cada vez mais complicada, deixando-nos a todos, quase à beira de um ataque de nervos perante tanto corte e tanto aumento.

Eu tinha prometido a mim mesma não falar de crise. O facto de estarmos sempre a ouvir falar do mesmo, bloqueia-nos, começamos a viver em função daquilo que ouvimos. E na minha opinião, essa senhora que nos puxa pelos cordões à bolsa, não merece tanta da nossa atenção diária. Como já ouvi alguém dizer, existe vida para além da crise e esta pode ser um ponto de partida para muitas coisas.

Há uns tempos atrás, uma amiga minha dizia que a crise a levou a reflectir e que deu por si a perceber que não precisa assim de tanta coisa material e que o mais importante são as pessoas e os bons momentos que passamos com elas. E eu concordo plenamente. Esta pode ser uma altura para as pessoas se voltarem umas para as outras, aproximarem-se, estreitarem laços. Tudo se torna mais fácil com o apoio e ajuda de quem nos rodeia. Não somos ilhas, e para fazermos face ao quer que seja é muito melhor estarmos acompanhados e podermo-nos ajudar uns aos outros. Estabelecer uma rede de contactos é fundamental.

Por outro lado, a crise pode funcionar para nos impulsionar a sermos cada vez mais exigentes. E até alterarmos alguns dos nossos hábitos, por exemplo, preferirmos cada vez mais os produtos da estação, visitar mercados e feiras, e comprar aos produtores directamente. Ou até descobrir novos produtos a que não davamos grande importância.

Eu, por exemplo, ando encantada com as cavalas, um peixe pouco valorizado e ralativamente barato. Durante uns bons anos não liguei nenhuma a este peixe. Cavalas ou sardas, só cozidas com batatas e isso, não me seduzia nada. Por isso, foi um peixe a que torcia rapidamente o nariz. Mas agora que as comecei a confeccionar em filetes, tenho-me tornado uma verdadeira fã. A carne deste peixe é muito saborosa. Disseram-me que fritas e alimadas também dão num belíssimo petisco. O que eu andei a perder!


Ingredientes:
2 a 4 filetes de cavala
sumo de 1 limão
1/2 colher de chá de harissa
1/2 colher de chá de cominhos em pó
sal
1 colher de sopa de manteiga bem cheia


1. Numa taça misturar o sumo de limão com os cominhos, a harissa e o sal. Mexer.

2. Regar os filetes com o preparado anterior e deixar a marinar durante 30 minutos.

3. Colocar a manteiga numa frigideira. Levar ao lume, quando a manteiga estiver derretida colocar os filetes com o lado da pele para baixo, e o molho da marinada. Deixar alourar de um lado e do outro.

4. Servir os filetes com cuscuz. Regar com um pouco do molho dos filetes.


Cuscuz com tomate cereja e laranja

Ingredientes:
250g de cuscuz
2,5dl de água quente
2 colheres de sopa manteiga
1 cebola roxa picada
8 tomate cereja cortado ao meio
supremos de 2 laranjas
pimenta preta de moinho
folhas de rúcula

1. Colocar os cuscuz numa taça. Regar com a água quente de modo a tapar os cuscuz.

2. Numa frigideira colocar a manteiga. Levar ao lume. Assim que a manteiga estiver derretida, adicionar os cuscuz. Envolver na manteiga com a ajuda de um garfo de modo a separar os grãos.

3. Colocar os cuscuz numa taça. Adicionar a cebola picada, o tomate cereja, os supremos de laranja cortados, a pimenta e folhas de rúcula. Mexer.

4. Servir os cuscuz com os filetes de cavala e um pouco do seu molho ou então, com um fio azeite.


Os filetes ficam com um delicioso sabor a cominhos e a limão, e no final de boca toque ligeiramente picante da harissa.

O importante, também, é pensar de forma positiva e sorrir. Em Lisboa, na Av. da Índia, existe uma exposição de fotografias com pessoas a sorrir, inserido no Projecto Inside Out, e com um ar tão bem disposto que nos contagia. Ao vermos as imagens, acabamos por inevitavelmente sorrir também e pensar, que apesar dos cortes e das dificuldades, nunca, de maneira nenhuma podemos perder o pensamento positivo, olhar em frente e sorrir.

A todos, votos de um dia com muitos sorrisos.

22 comentários :

Ondina Maria disse...

Concordo plenamente que há vida para além da crise e que devemos rever as nossas prioridades em termos de necessidades de bens materiais. As pessoas e a interacção social são tão mais importantes!
Quanto a cavalas, é peixe que adoro mas consumo sempre em conserva (molho de tomate, azeite picante, com pickles, bring them on!). Faço muitas vezes sanduiches com cavala, rúcula e fatias de queijo e pode dizer que ficam divinais (quem diria, uma coisa tão básica). Frescas e confeccionadas por mim ainda não aconteceu. Mas é mais dia, menos dia :p

Ana Rita Marreiros disse...

Concordo com o que escreves te e revejo me um pouco , pois aprendi a calcular melhor as escolhas e a olhar para o que me passava despercebido, dando mais importancia a outras coisas bem mais simples da vida.
Sabes que o meu marido por vezes pesca cavalas e sardas mas como tu não sou apreciadora do peixe , pois tb só ainda o provei cozido.Tlavez a tua sugestão me encante mais....

Bjoka
Rita

Notas Soltas e Coisas Doces disse...

Olá, Laranjinha! :-)
Gostei muito deste post por duas razões: 1ª - concordo plenamente com a tua visão sobre a crise, de facto existem outras prioridades e existe vida para além da crise, o que não era fácil de ver porque andávamos todos embrenhados na corrida das compras; 2ª - sou uma apreciadora de cavala! Sempre gostei dela cozida. Nunca a comi de outra forma, por isso, vou aproveitar esta tua ideia e colocá-la em prática lá em casa. Cuzcuz e cavala são uma combinação excelente. Com esta sugestão já me roubaste um sorriso descarado. ;D
Beijinhos,
Paula

7gramasdeternura disse...

Olá,
Optima sugestão para confeccionar as cavalas, pessoalmente também não aprecio esse peixe mas estou tentada a exprimentar...
beijinho

Ameixinha disse...

Já provei cavala alimada e é uma delícia, imagino-a assim, também deve ficar saborosa :)

Anónimo disse...

Esta receita é uma boa alternativa para variar a maneira de servir este peixe. A cavala é um peixe muito bom para a saúde, principalmente para quem tem problemas de colesterol. Quando se trata de cavala pequena, gosto dela assada na brasa (embora seja mais seca do que a sardinha)ou então de caldeirada. Quando é grande, fica muito boa frita às postas com molho de escabeche. Também gosto de filetes de cavala em conserva.

Fernanda

SandraB disse...

Desculpe a ignorancia, mas o que são supremos de laranja?

Laranjinha disse...

Olá Ondina,
a ideia da sandes de cavala, parece-me deliciosa.
A experimentar.

Um beijinho.

Laranjinha disse...

Sandra,
são os gomos de laranja limpos da pele que os protege.

Em saladas, ou numa sobremesa, ficam muito mais bonitos. :)

Um beijinho.

Rita disse...

Adoro peixe confeccionado desta maneira. Tão simples de fazer, mas cheio de sabor quando se usam os temperos certos. Cavala ainda não fiz desta forma, mas vou experimentar! Beijinho

saboracasa disse...

em pequena comiamos cavala muitas vezes. Curioso que hoje em dia nunca me lembro de comprar
com uma sugestão tão apetitosa o mais provavel é comprar em breve.

Laranjinha disse...

Olá Paula,
o teu comentário deixou-me também a sorrir.
Gostei muito.

Um beijinho grande.

Laranjinha disse...

Olá,
eu também até há pouco tempo, era peixe que não pensava em comprar.
Agora, assim em filetes tenho gostado imenso.
Espero que goste.

Um beijinho.

soblushed in USA disse...

boa, cavala!eu gosto de cavala..basta assim escalada, na brasa.simples mas mt bom! ai poxa! agr fiquei c uma vontade de um peixe na brasa!!qd fui a PT enchi a barriguinha do meu peixinho fresco..:)

Ilídia disse...

Realmente, a cavala é um peixe pouco amado. E eu gosto muito. Adoro-a recheada. Qualquer dia, faço, pois ando com saudades. Na Terceira, é hábito vermos, nas zonas piscatórias cavalas a secar ao sol. Depois são consumidas como petisco. E que petisco!
Em relação à crise, concordo. Tenho pensado muito no que disseste. Se calhar a nossa sociedade estava a precisar de uma abrir de olhos para o que é realmente importante e que o dinheiro não pode comprar. Mas vou ter saudades do subsídio de férias :(
Um beijinho

Laranjinha disse...

Olá Ana Rita,

experimenta fazer assim em filetes. Vais gostar.

Um beijinho.

Laranjinha disse...

Olá 7gramas de ternura,
eu desde que experimentei assim, que comecei a ver este peixe de outra forma.

Um beijinho.

Laranjinha disse...

Olá Fernanda,

a cavala grelhada e frita com molho de escabeche parece-me que dever ser óptima.

Um beijinho.

Laranjinha disse...

Olá Soblushed,
o nosso peixe é magnífico!
Escalda na brasa nunca experimentei, mas só pode ser óptima.

Um beijinho.

Laranjinha disse...

Olá Ilídia,
eu também vou ter saudades do subsídio e de outras regalias ...!! :(
Mas os tempos de crise, não podem servir para desesperar mas para encarar a vida de outra forma e até encontrar novos projectos. É isso que devemos pensar.

A cavala, é um peixe mal amado como referes e nem sempre é fácil encontrar. Recheada também me parece que deve ficar muito bem.

Um beijinho grande.

Ápis Flora disse...

Sou brasileira, descobri a cavala há algumas semanas e estou muito empolgada. Aqui ela custa muito pouco e existe em abubdância. Penso que é um sinal de inteligência e amor próprio se consumir regularmente um peixe como a cavala que parecer produzir o mesmo efeito benéfico do atum e da sardinha e ainda é versátil de preparar e saboroso. Procuro aumentar o consumo no período pré-menstrual pois é sabido o efeito regulador hormonal que os peixes como esse possuem. Gostei muito desse post pois também foi a crise que me fez encontrar essa pérola. Esse link que anexo apresenta uma receita muito boa de cavala frita à moda mediterrânea, espero que contribua. Abraços http://globotv.globo.com/gnt/jamie-oliver/v/receita-de-cavala-estilo-mediterraneo/2865503/

Laranjinha disse...

Ápis Flora,
o seu comentário fez me lembrar que já não como cavala há já algum tempo. Na minha próxima ida ao mercado, vou procurar.
Obrigada.
Um beijinho e votos de um bom ano de 2014.