segunda-feira, 24 de março de 2014

Batata-doce assada com curgete e ovo estrelado


Crescer no campo tem vantagens. Mas, nem sempre pensei assim. Quando entrei para a universidade e tive a oportunidade de deixar a pequena localidade que me acolheu durante dezoito anos, senti-me radiante. Para quem sempre viveu com os pais, para mim, esse foi um momento muito importante. A vinda para a universidade foi o bilhete da (aparente) independência.

A primeira semana que passei em Lisboa foi simultaneamente emocionante e solitária. Lembro-me que foi vivida cheia de saudades dos meus pais, da rotina do dia-a-dia, dos vizinhos que conheci desde sempre. Saudades das pequenas coisas. De passear pelo quintal. De brincar com os cães. Assim que pude, regressei a casa no primeiro autocarro.

Em Lisboa tudo era novo. Uma cidade a fervilhar de coisas interessantes. Para quem chega a uma grande cidade vinda de um meio pequeno, há sempre coisas a que nos temos que adaptar. A primeira vez que andei de metro sozinha, enganei-me e tomei o sentido contrário. Os autocarros apinhados de gente na hora de ponta, levaram-me muitas vezes a preferir andar a pé. Outra das coisas que estranhei foi a comida. No meu primeiro contacto, lembro-me de achar que tudo tinha molhos que me enjoavam um pouco e que havia imensa coisa com queijo.

A pouco e pouco fui-me apaixonando por Lisboa. Hoje é a cidade onde escolhi viver. É a minha cidade. Gosto de passear nas ruas, de parar nas esplanadas, de visitar os mercados. E gosto também de voltar à minha terra. Uma das primeiras coisas que faço, é espreitar como está o quintal. Continuo a gostar de ver o que está cultivado. Como estão as laranjeiras. Gosto de apanhar bem-me-queres, de passar as mãos pelo alecrim e inspirar fundo. Sabe tão bem!

Uma das vantagens de se viver no campo, é o espaço. Há espaço para a horta, para o galinheiro, espaço para colocar uma mesa grande no alpendre para um almoço com a família, espaço para ter um forno a lenha. A minha mãe durante anos usou o forno todas as semanas. Uma das coisas que fazia era cozer pão e era sempre uma festa. Pão quente com manteiga é de ir aos céus. E para mim,
ninguém o faz como ela. Quando cozia aos domingos, aproveitava e colocava um tabuleiro com carne a assar para o almoço. Lembro-me de lhe pedir tantas vezes para assar também batata-doce num tabuleiro à parte sem mais nada. Adoro batatas-doces e comia-as como se fossem guloseimas. Ainda hoje, sou capaz de comer uma batata-doce bem assada em vez de uma sobremesa.

A minha sugestão de hoje tem batata-doce, mas não é uma guloseima. É uma forma diferente de preparar uma refeição com apenas uma batata que desenvolvi para a edição de Março de 2014 da revista Saber Viver.


Batata-doce assada com curgete e ovo estrelado

Ingredientes para 4 pessoas:
4 batatas-doces grandes
315 g de curgete
3 dentes de alho
55 ml de azeite
30 g de manteiga sem sal
Sal e pimenta-preta q.b.
Flor-de-sal q.b.


1. Lavar muito bem as batatas.

2. Picar as batatas com um garfo. Temperar com sal. Regar com 15 ml de azeite.

3. Levar ao forno pré-aquecido a 220ºC durante 45 a 50 minutos minutos.

4. Cortar a curgete com a casca em pequenos cubos.

5. Levar o restante azeite numa frigideira ao lume. Adicionar os dentes de alho picados. Deixar frigir um pouco e adicionar a curgete. Temperar com sal e pimenta-preta a gosto. Saltear durante um a dois minutos.

6. Levar a manteiga ao lume numa frigideira anti aderente. Quando derreter, estrelar os ovos.

7. Cortar as batatas ao meio. Rechear com a curgete salteada.

8. Servir as batatas com um ovo estrelado por cima.

9. Polvilhar o ovo com flor-de-sal.

12 comentários :

Tertúlia da Susy disse...

Uma sugestão interessante. Eu tb só capaz de comer batata-doce assada (em casa) como sobremesa, é tão boa.
Bjs

Masterchef cá de casa disse...

Adoro batata doce e com ovo deve ficar ótima!

Ondina Maria disse...

Sempre vivi na cidade "grande", ou seja, no Porto. Tive esse "choque" quando me mudei para Londres e aí sim, fiquei com a sensação de ter saído da minha aldeia para a grande metrópole. Mas tive a sorte de ficar inserida num circulo de pessoas em que a maioria também era de fora e portanto a adaptação foi mais fácil. E como não podia regressar a casa no primeiro autocarro, tive mesmo, mesmo que me desenrascar :p

Ondina Maria disse...

Ah esqueci-me de dizer que esta receita lembra-me as muitas Jacket Potatoes que comi em Londres, lol!

Babette disse...

Era feliz com este prato para o jantar ;)
Que aspecto tentador!!!
Beijo
Babette

Agnieszka disse...

Adoro Lisboa. E a tua receita.

Paula Vieira disse...

uma delicia...
Bjs.
Paula

Joana Amaral disse...

Aih aih aih!!
Adoro!!

Beijinhos**

Luisa disse...

Hoje, vou experimentar esta receita. :-)

Laranjinha disse...

Luísa,

espero que goste.
Um beijinho.

Luisa disse...

Quer eu, quer a minha filha gostámos imenso. :-)

Laranjinha disse...

Luisa,

muito obrigada. Fico muito contente.
Adoro batata-doce e assim, acho que fica óptima.
Um beijinho.