Num sábado de Fevereiro, com sol e céu azul, fui até à Cruz Quebrada para conhecer o restaurante Estória, do chef Vítor Areias. Assim que entrei, achei o espaço muito bonito. O restaurante, aberto desde Outubro de 2015, fica num antigo palácio onde o Marquês de Pombal pernoitava muitas vezes nas suas viagens entre Lisboa e Oeiras, e está divido em três salas com características diferentes. Em todas as salas encontramos vestígios históricos do edifício. O painel de azulejos logo à entrada, em tons de azul, ajuda a tornar o espaço encantador.
Sentados à mesa, fomos recebidos com um welcome drink, um espumante com groselha, fresquinho soube muito bem. Depois de vermos a carta e de conversar um pouco com o chef Vítor Areias que fez questão de nos convidar para este almoço, fomo-nos deliciando com o couvert, manteiga, pasta de feijão e um surpreendente patê de tremoço. Adoro experimentar produtos menos usuais na cozinha e fiquei encantada com o patê de tremoço, que evidenciava uma ligeira textura e que barrado no pão soube a uma viagem numa estrada sem carros, pela planície alentejana, num dia de sol, em que nos sentimos gratos pela vida.
Começámos a refeição com um saboroso caldo, perfumado com chouriço e polvo corado e nabiças. O caldinho com os aromas quentes do chouriço combinou de forma tentadora com o polvo.
Bacalhau à Conde da Guarda ao estilo da casa foi o primeiro prato de peixe. Um bacalhau cremoso, mas sem as natas e o queijo da receita original do mestre João Ribeiro. A acompanhar um feijão verde de cebolada e molho pil-pil. Por cima ervas frescas, salsa e poejo. A combinação do bacalhau com o feijão verde e o molho, revelou-se gulosa. Um prato a repetir numa próxima ida ao Estória.
A seguir fomos surpreendidos com um prato em forma de elogio ao mar. Garoupa com estufado de três tipos de algas - alface do mar, musgo irlandesa e erva patinha - com abóbora glaceada em manteiga e caldo feito das espinhas e fígados do peixe, e caldo de marisco. Cada garfada era um mergulho no mar, fresco, saboroso e com uma textura especial dada pela alga musgo irlandesa. A garoupa estava suculenta e deliciosa. Um prato de peixe muito bom!
Depois do peixe chegou a carne, entrecosto de javali, a que retiraram os ossinhos e a acompanhar aipo bola glaceado em ervas. Um prato com uma mistura de sabores curiosa. O sabor fresco, anisado do aipo sobressai misturado com a carne tenra e suculenta, a desfazer-se a cada garfada.
Os pratos de peixe foram acompanhados com vinho verde Quinta de Gomariz Grande Escolha 2015 e o prato de carne foi acompanhado com um Dão tinto Quinta das Camélias Reserva 2010.
Terminámos o almoço com um surpreendente pão-de-ló de azeite com creme de limão e merengue de flor-de-laranjeira. Uma verdadeira delícia. Saboroso. Fresco. A notar-se os aromas delicados da flor-de-laranjeira. Uma sobremesa que deixou boas memórias!
O Estória é um restaurante para quem gosta de cozinha de autor com influências de matriz portuguesa, com destaque para os produtos da estação. Vale a pena uma visita a este restaurante pela boa comida e pela criatividade do chef Vítor Areias.
2 comentários :
Conheço muito bem o Restaurante (quer dizer o local) vivi nessa rua a minha vida toda ;)
Os Babinhos,
que coincidência gira.
Gostei muito de conhecer o Estória.
Um beijinho.
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