quarta-feira, 25 de junho de 2008

Sopa de Letras, evento de culinária e literatura


O blogue Quiche de Macaxeira está a promover o evento Sopa de Letras, juntamente com a escritora Socorro Acioli. Este evento alia a culinária e a literatura, duas coisas que eu adoro e que tento também aqui, no Cinco Quartos de Laranja, promover e divulgar. Achei logo a ideia muito original e interessante. Contactei a Luna e resolvi participar com uma receita aqui publicada, enquanto não ponho em prática outras.

Sem querer, para este evento surge um escritor que também faz a ligação Portugal/Brasil. Tem piada, não tem?


Há uns tempos atrás, li o romance Longe de Manaus de Francisco José Viegas. Acompanhei os passos do detective Jaime Ramos na investigação de um crime que liga Portugal e o Brasil, mais concretamente à cidade de Manaus.

Francisco José Viegas é um respeitado autor nacional, que se tem destacado na área do romance, na crónica jornalística e gastronómica, na rádio e na televisão. Acompanhei sempre com interesse as suas crónicas (O Cozinheiro Ideal e À Mesa) na revista Grande Reportagem e que ainda hoje guardo. Que pena esta publicação ter acabado!

Mas voltando ao romance policial Longe de Manaus. A determinada altura o personagem Jaime Ramos cozinha um arroz que me deixou cheia de vontade de experimentar, quase que consegui sentir o cheirinho do refogado de tomate e do pimento a invadir os meus sentidos. Como eu gostava de me ter sentado à mesa, nesse dia, com Jaime Ramos e Ramiro.

Francisco José Viegas escreveu assim:

“(...) Jaime Ramos tinha terminado de fazer em lascas o bacalhau apenas escaldado e arrefecido de seguida no parapeito da janela. A água onde fervera durante três minutos o bacalhau fora acrescentada ao refogado de cebola, alhos, tomate, meio pimento verde e meio pimento vermelho. Quando chegou a hora de acrescentar o arroz ao caldo, juntamente com o bacalhau desfeito em lascas, procurou o resto dos pimentos, um molho de salsa, duas malaguetas douradas, uma folha de louro – e olhou para o tacho com melancolia, tapando-o.”

Longe de Manaus, p. 198, ed. Asa

Ora bem, como esta receita tinha povoado a minha imaginação, resolvi pô-la em prática. Fiz assim:


1. Cozi durante sensivelmente três minutos duas postas de bacalhau (usei postas de bacalhau congeladas, já previamente demolhadas). Retirei o bacalhau e deixei arrefecer. Reservei a água.

2. Para um tacho, piquei uma cebola, 4 dentes de alhos. Reguei com azeite e levei ao lume.

3. Limpei de peles e sementes 3 tomates grandes e bem madurinhos. Cortei-os em pedaçinhos e juntei ao refogado da cebola e alho.

4. De seguida, cortei 1/2 pimento verde e 1/2 pimento vermelho. Adicionei ao refogado. Deixei cozinhar um pouco.

5. Antes de adicionar 2 chávenas de chá de arroz, juntei ao refogado a água de cozedura do bacalhau. Assim que a água levantou fervura, juntei o bacalhau previamente desfiado, o arroz, 2 piripiris, 2 folhas de louro e um ramo de salsa. Adicionei também um pouco de sal.

6. Tapei o tacho e deixei cozinhar.

Segui, praticamente todas as indicações de Jaime Ramos, excepto a utilização do resto dos pimentos.

Assim que vi que o arroz já estava cozido servi de imediato, pois eu gosto dele malandrinho. Tal como Jaime Ramos fez, eu também acompanhei este arroz com uma garrafa de vinho. Escolhi um vinho branco meio seco do Douro, Grandjó de 2006.

17 comentários :

Marizé disse...

Este evento é uma preciosidade, quando tomei conhecimento dele lembrei-me imediactamente do Cinco quartos de laranja.

Bj

Isabel (pipoka) disse...

Logo que li o post da Luna pensei exactamente em ti e neste post que aqui recordas. Sempre na vanguarda!

bjs

risonha disse...

este post vale ouro: por tudo o que foi escrito, pela receita fantástica que apresentaste (comida ideal para o meu marido) e também pelas fotos lindas....
parabéns!!!

Lua Limaverde disse...

Isabel, seu post antigo tinha feito toda a proposta do evento antes do evento! Que bacana! E o mais legal é que as pessoas ficam curiosas com os livros, não só com as receitas! Eu mesma fiquei com curiosidade deste romance. :D
Obrigada, querida! Bj!

Socorro Acioli disse...

Isabel, sou apaixonada por Portugal, sua culinária e literatura.
Adorei a sua participação!
Muito giro, como dizem os portugueses.
Mil beijos!
Socorro Acioli

Clarissa Magalhães disse...

Que coisa mais linda seu blog, parabéns

Marcia disse...

Esse post é incrível! Gostei demais do que escrevestes, e tb da receita. Bjs

Luciana Macêdo disse...

Uma combinação fantática culinária e literatura, aqui exemplificada com muita competência. Parabéns.
Bjs!

Paula disse...

tudo fantástico desde a receita, fotos, texto enfim...
sem palavras, muitos parabéns para si e para seu cantinho divinal
bjs fofos

ameixa seca disse...

O bacalhau já é personagem de livros ;) E que bela personagem... com um papel fundamental na nossa gastronomia ;)

GreyScale disse...

O bacalhau é como se fosse o REI da culinária portuguesa. Tem prestígio e é uma delícia o que se pode fazer com ele!

Luis Eme disse...

e esta? o inspector Ramos a ser seguido?

Mallory Elise disse...

I love the new banner!

Anónimo disse...

Olá stôra!! Daqui o Batarda a dar-lhe força para ter mais imaginação na área da culinária!

Veja lá se traz um bolinho para a turma 10 TER ahah

beijinhos

Blog do Vidal disse...

Adorei o site. Ainda não tive tempo de explorar. Sou professor de Literatura e pensei aplicar a culinária às minhas aulas. Ainda não sei como fazer, mas acho que encontrarei a resposta aqui. No meu blog arrisco poemas e tenho um livro de crônicas publicado. Felicidades, parabéns.

Alexandrina disse...

transportei a sua ideia e para uma atelier de literatura e culinária "Letras Comidas" que desenvolvemos no âmbito do projecto "Novas Oportunidades a Ler+". Com isto descobri o seu blog e tornei-me seguidora do mesmo e já experimentei algumas receitas. obrigada e parabéns pelo bom gosto, receitas e imagens excelentes

Anónimo disse...

meu essa sopa é horrivel so mais miojo hsuhushushs sopa de letra kkkkkk , ate um cachorro quente e melhor do que isso